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Manuel Alfredo Tito de Morais nasceu em Lisboa a 28 de junho de 1910. Seus pais, Tito Augusto de Morais e Carolina Loureiro de Macedo de Morais, viviam então na freguesia de São Sebastião da Pedreira, na atual Rua do Viriato, Manuel o mais velho dos três filhos, bebeu cedo os valores da democracia e da liberdade. Tinha pouco mais de três meses quando foi implantada a República em Portugal com a participação ativa de seu pai, oficial da Marinha, que em 5 de outubro de 1910 comandou o cruzador São Rafael que bombardeou o Palácio das Necessidades, empurrando a família Real para Mafra e daí para o exílio.
Tito Augusto de Morais, destacado militante do Partido Republicano, saiu do Quartel de Marinheiros, em Alcântara, a 4 de outubro de 1910, comandando um pelotão que teve um primeiro embate com as forças monárquicas naquele local. Dirigiu nos dias 4 e 5 de outubro todas as operações que o navio teve de efetuar no Tejo até à proclamação da República. Pela sua atuação foi promovido por distinção e o Parlamento da República atribui-lhe o título de Benemérito da Pátria. Desempenhou diversos cargos após a implantação da República.
Quando ministro da Marinha, financiou com duzentos contos, os preparativos para a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada pelos oficiais da Marinha Gago Coutinho e Sacadura Cabral.
Carolina Loureiro de Macedo de Morais, a mãe de Manuel Alfredo, era uma senhora de grande inteligência, cultura e sentido de humor, considerada por muitos o “motor da família”.
Manuel Tito de Morais viajou para a Índia com os pais e estudou em colégios privados e públicos, como o Colégio Académico, o Liceu Camões e o Colégio Militar.
A sua iniciação política data de 28 de maio de 1926, tinha 16 anos quando participou na greve académica.
Frequentou a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde fez as cadeiras necessárias ao ingresso na Escola Naval. No entanto, já aí por razões políticas, viu barrada a sua entrada, o que leva os pais a mandá-lo estudar no estrangeiro. Licenciou-se em Gand, Bélgica, em Engenharia Eletrotécnica, no ano de 1934.
Casou-se em 1931, ainda estudante, com Maria da Conceição Formosinho Mealha, com quem teve cinco filhos. Em segundas núpcias, casou-se em 1954 com Maria Emília Adelaide Pedroso da Cunha Rego Monteiro dos Santos, com quem teve três filhos.
Depois do serviço militar obrigatório, realizado em Mafra, vem residir para Lisboa, onde desenvolve atividade profissional como engenheiro na Marconi (1935), depois diretor do Departamento de Electromedicina da General Electric (1940), seguindo-se diretor do departamento de Electromedicina do Instituto Pasteur (1945).
Foi ainda professor em escolas técnicas de Lisboa.
Em Luanda, onde viveu de 1951 a 1961, trabalhou na empresa angolana Luso Dana, uma subsidiária da Siemens alemã, como diretor do Departamento de Eletricidade.
E, 1961, em São Paulo, Brasil, foi engenheiro na Siderurgia COSIPA. Na Argélia, em 1963, dirigiu os Serviços Técnicos dos Hospitais Reunidos de Argel.
Em 1945, a 8 de outubro, no rescaldo da II Guerra Mundial, foi criado o Movimento de Unidade Democrática (MUD), a que Manuel Alfredo aderiu, tornando-se depois membro da sua Comissão Central (CC) com Mário de Azevedo Gomes, Bento de Jesus Caraça, Manuel Mendes, Luciano Serrão de Moura, Hélder Ribeiro, Mário Soares, Maria Aboim Inglês, entre outros.
Participou na campanha eleitoral do general Norton de Matos, em 1948/49, como representante do MUD, movimento unitário da oposição de carácter nacional, que tinha sido ilegalizado a 31 de janeiro de 1948. Presos todos os membros da CC, Tito sairia da cadeia do Aljube em março de 1948 sob fiança de cem mil escudos emprestados por um amigo. Já anteriormente tinha sido preso, em 16 de dezembro de 1946, e saído sob fiança.
A prisão valeu-lhe o despedimento do Instituto Pasteur e levou-o, com Luciano Serrão de Moura, a uma curta tentativa de trabalhar por conta própria. Criaram uma oficina metalúrgica, a Morais e Moura, limitada, altamente vigiada e sabotada pela PIDE.
Malograda esta iniciativa, Tito viu-se obrigado a procurar trabalho em Angola, em 1951. Integrou uma associação cívica e cultural, a Sociedade Cultural de Angola, a cuja direção presidiu. Quando Maria Emília e os dois filhos chegavam a Lisboa, a PIDE prende-o. Na cadeia de Luanda passa um dos períodos mais duros da sua vida. É sujeito a maus tratos e tortura e enviado para Lisboa, sob prisão.
Participou na campanha presidencial de Humberto Delgado, em 1958.
Tito de Morais parte para França, depois para a Alemanha e mais tarde para o Brasil (1961 a 1963). Em São Paulo trabalha numa das maiores siderurgias mundiais, a COSIPA.
Depressa volta à atividade política, tendo sido membro fundador do movimento Unidade Democrática Portuguesa, uma ramificação do MUD no Brasil.
Na sequência de um grande trabalho unitário, democratas de diversos movimentos e do Partido Comunista fundam, em Roma, a Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN) numa convenção realizada em 1963. A direção da FPLN estabelece-se na Argélia.
Na Junta Revolucionária Portuguesa, órgão diretivo da FPLN, representa a Resistência Republicana e Socialista (RRS), movimento que em 1962 substitui a Resistência Republicana, constituída em 1955. A segunda convenção da FPLN decorre em Praga e elege o general Humberto Delgado como presidente.
Tito de Morais foi redator de uma emissão de rádio” A Voz da Liberdade” e inicialmente até locutor e o primeiro responsável. Muito ouvida em Portugal emitia às quartas-feiras e sábados, à 23h15, em ondas curtas e médias.
Os socialistas da RRS consideraram importante a formação com implantação em Portugal e que retirasse ao governo de Salazar apoios internacionais por ele conseguidos junto de governos ocidentais. Com esse fim, Tito de Morais, Ramos da Costa e Mário Soares transformam a Resistência Republicana e Socialista Portuguesa (ASP), em genebra, a 7 de Abril de 1964.
Em 1966 Manuel Tito de Morais deixa a Argel e estabelece-se em Roma. Membro do Secretariado Nacional da ASP é o representante permanente da organização em Itália, Junto do Partido Socialista Italiano, e o delegado representante da ASP na Internacional Socialista. Aí contacta com importantes socialistas europeus, como Willy Brandt, Olof Palme, François Miterrand, de Martino e outros.
A ação política da ASP foi fundamental para a criação do Partido Socialista e para a ação política partidária após o 25 de Abril, nomeadamente nos apoios internacionais recebidos.
Manuel Tito de Morais foi um dirigente socialista de enorme relevo para a concretização de todo este empreendimento. A par deste trabalho internacional, Manuel Tito de Morais dinamizou atividades inerentes ao seu cargo de secretário de organização da ASP. Para além de tarefas organizativas, teve responsabilidade pela definição de princípios e bases orgânicas, e pela conceção do trabalho político no interior e no estrangeiro, como assinalou no documento “Os Problemas de Organização ASP”, apresentado no I Encontro dos Núcleos da ASP. Outro aspeto particular do trabalho político de Tito de Morais na ASP foi o contacto com os chamados emigrantes económicos. A ASP era um movimento preocupado com a formação política e intervenção dos trabalhadores.
Em Roma Tito de Morais dedicou-se integralmente à política, pela primeira vez na sua vida. Com o apoio do Partido Socialista Italiano, fundou em 1967 o jornal Portugal Socialista, cuja primeira edição saiu a 1 de maio, dia do trabalhador, de que seria o primeiro diretor. Ao mesmo tempo, Raul Rego, diretor do Jornal República, nomeava-o correspondente do diário em Roma.
O “quartel-general dos socialistas funcionava em Paris, onde residiam Mário Soares e Francisco Ramos da Costa, Tito de Morais deslocava-se a França clandestinamente, pois foi decretada a sua proibição de entrada em França, em consequência de um acordo firmado entre De Gaulle e Salazar, quando ainda se encontrava a viver em Argel. Nesse acordo, o ditador comprometia-se a extraditar George Bideau, um dirigente da OAS na Argélia, que fugira para Portugal, desde que o presidente francês expulsasse Manuel Tito de Morais de França.
Em 19 de Abril de 1973, a ASP realizou na cidade alemã de Bad Münstereifel um congresso destinado à transformação do movimento em partido: o Parido Socialista. Tito de Morais foi o primeiro secretário-geral do Partido Socialista até ao primeiro congresso na legalidade, em 1974.
Regressou a Portugal a 27 de Abril de 1974, no chamado “comboio da Liberdade”, junto com Mário Soares e Ramos da Costa.
Desempenhou vários cargos nacionais: Deputado Constituinte, Membro do Governo, Deputado Nacional, Vice-Presidente e Presidente da Assembleia da República, Delegado Português e Vice-Presidente da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e Conselheiro de Estado.
Tito de Morais incutiu ao seu mandado uma ativa dinâmica politica, diplomática e executiva com vista a melhorar a imagem da Assembleia da República e a promover a nova democracia portuguesa no mundo. A nível interno da Assembleia da República foi um grande impulsionador de reformas, propondo uma nova Lei Orgânica.
Entre os seus trabalhos, conta-se a legalização do Partido Socialista e do símbolo (que lutou para que fosse o punho, em vez da rosa), a aquisição de uma sede e a preparação do primeiro congresso.
No primeiro Congresso do Partido Socialista, realizado em 13,14 e 15 de dezembro de 1974, Mário Soares foi eleito secretário-geral e Tito de Morais secretário nacional com a pasta das Relações Internacionais.
Em todos os congressos seguintes, foi eleito para a Comissão Nacional e Comissão Política e fez parte do secretariado Nacional do Partido Socialista, até 1984.
Em 1986, no VI Congresso Nacional do PS, Manuel Tito de Morais foi eleito presidente do Partido Socialista, tendo posteriormente sido eleito e aclamado em 1988, no VII Congresso Nacional, seu presidente honorário, cargo que desempenhou até à sua morte, a 14de dezembro de 1999.
Condecorações:
- GRÃ-CRUZ DA ORDEM MILITAR DE CRISTO, atribuída a 24 de agosto de 1985.
- GRÃ-CRUZ DA ORDEM DA LIBERDADE, atribuída a 1 de outubro de 1985.
- GRANDE OFÍCIAL DA ORDEM DO MÉRITO da República Italiana.
- GRÃ-CRUZ DA ORDEM DE DANEBROG da Dinamarca.
- GRÃ-CRUZ DA ORDEM DA COROA da Bélgica.
- GRÃ-CRUZ DO LUXEMBURGO.
Em 1996 foi-lhe prestada uma homenagem nacional, em Lisboa.
Contém um ofício do Director da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado para o Chefe de Gabinete da Presidência do Conselho, uma cópia de uma informação e um envelope.
Tomar de arrendamento a António Nunes dos Reis. Fiador Manuel Álvares. Não indica o objeto de arrendamento.
Contém um cartão, uma exposição e um memorial do referido Tenente.
Folha com timbre de "Mocidade Portuguesa - Gabinete do Comissário Nacional".
N.º FPM 00434*0, N.º CGA 1334613
Autor: Piteira Santos. Destinatário:Tito de Morais. Argel
Destinatário: Tito de Morais. Roma
Processos de funcionários da Polícia Móvel de Angola.
Contém guias de vencimentos, abonos, notas de serviço, informações e despachos.