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Registos de entrada de crianças na Casa da Roda do Porto, com assentos individuais ordenados cronologicamente. Os assentos eram elaborados com base nas Partes da Directora e contêm as seguintes informações: nome da criança, data e hora da entrada, descrição da roupa e enxoval, descrição dos sinais (pequenos objectos deixados com a criança no momento do abandono, para a sua identificação futura, tais como medalhas, pulseiras, fios, imagens religiosas, etc.) e dos bilhetes de abandono (pequenos papéis, também designados de “escritos”, deixados com a criança no momento do abandono e em que geralmente era anotado o nome que desejavam que fosse dado à mesma). Por vezes, encontra-se anexado ao assento o próprio bilhete, se por algum motivo a sua transcrição não tivesse sido feita no assento respectivo. Para além destes dados, eram anotadas variadas informações de cariz eventual, tais como a etnia da criança, sinais físicos particulares ou deficiências, indicação de que foi vacinada, da sua entrega aos pais, de falecimento dentro do Hospício, etc. Ao lado de cada assento encontra-se a remissão para o respectivo assento de entrega da criança a uma ama de fora, nos livros de Saídas. No final de cada assento ou após o último assento de cada dia, encontra-se a certidão de baptismo das crianças, com referência à data, nome do Capelão que ministrou o sacramento e nome dos padrinhos.Entre 1689-07-06 e 1811, os assentos das entradas foram assinados pelo Provedor da Roda. A partir desta data, o Secretário assumiu esta tarefa. Entre 1825-12-31 e 1830-11-27, os títulos modificaram-se para "Diários da Roda".Nestes assentos encontramos registadas crianças abandonadas e crianças não-enjeitadas. No que respeita aos não-enjeitados, não podemos avançar entre que períodos foram registados nestas fontes.Os assentos destes livros apresentam ligeiras diferenças consoante o percurso da criança na instituição: exposto retirado já cadáver da roda; criança que morre sem nunca ter sido entregue a uma Ama de Fora; criança entregue a uma Ama de Fora; criança procurada pelos pais e criança não-enjeitada.O formato e conteúdo dos assentos destes livros foram variando ao longo do tempo. Todavia, geralmente apresentam, de forma mais completa ou mais incompleta, os dados que se seguem: momento do dia em que ocorreu a exposição («noute», por exemplo); data (dia, mês e ano); hora; sexo da criança; cor (exceptuando, crianças de cor branca); idade, por vezes aproximada; estado da criança («hua menina recem nascida moribunda») e transcreviam o escrito deixado com a criança no momento do abandono. A necessidade de preservar a identidade de cada criança percebe-se pelo destaque conferido a características “especiais” que facilitassem o seu reconhecimento num ambiente marcadamente infantil («trazia ambos os pés escaldados, em xaga») e pela descrição pormenorizada do enxoval e dos sinais (objectos) deixados juntamente com a criança no momento do abandono («por verdadeiro sinal leva hum brinquinho de contas pretas na orelha direita»). De igual modo, registavam cuidadosamente os recados transmitidos verbalmente («quem a expos disse vinha exemplada»).O baptismo tinha um espaço destacado nestes registos (momento do dia («Em a manham seguinte»); data (dia, mês e ano); nome com que foi «baptizado sub conditione»; o local de baptismo; nome do pároco; nome e morada dos padrinhos). Os assentos das crianças não-enjeitadas eram diferentes porque se conhecia a identidade dos progenitores (nome, estado civil, profissão e morada dos pais; o nome e idade da criança e a justificação para o pedido de lactação).Lateralmente, assentavam os dois números da criança (o número atribuído de acordo com a localização do assento da criança no livro e o número atribuído tendo em conta a ordem de entrada no ano económico da Roda: Julho a Junho); o nome da criança; a cor da pele (exceptuando, crianças de cor branca); quando a criança já entrava morta, em vez de surgir o nome colocavam o termo «Morto», por exemplo; indicação de que se trata de uma criança gémea; a idade; calça atribuída; as despesas efectuadas com a criança; o estado da criança «Esta menina não pegava no peito»; informação sobre a falta temporária de amas «Na falta de Amas se esteve lactando por empréstimo fora da Roda 1 mes e 4 dias a 40 rs»; localização do assento de saída (livro e fl.); averiguações de identidade dos pais quando havia denuncias de tal; no caso de a criança falecer surge a data da sepultura (dia, mês e ano) e o local da mesma (geralmente no cemitério do Hospital da Misericórdia); quando se tratava de uma criança não-enjeitada podiam colocar essa nota; entre outras informações.Na documentação mais recente (a partir de meados séc. XIX), a estas informações acrescem outros dados, com a implementação de medidas preventivas da exposição: circunstâncias da entrada da criança (abandonado, apresentado, etc.), local onde foi encontrada a criança, autoridade administrativa que autorizou a entrada na Roda, nome da parteira que procedeu ao parto e entregou a criança na instituição, entre outros dados. Estas informações surgem nas unidades de instalação Livro N.º 108 das Entradas 1853 a Livro N.º 111 Entradas 1856 e novamente após o Livro N.º 113 Entradas 1858, o que é um reflexo dos avanços e recuos da implementação das medidas preventivas da exposição. Para além dos assentos de entrada regulares, a partir do Livro N.º 99 de Entradas 1841 existem assentos de crianças transferidas de outras Casas da Roda do distrito. Estes assentos geralmente contêm as seguintes informações: nome da criança, número de identificação, idade e data com que entrou no Roda de onde veio transferida, assim como a indicação do assento correspondente nas Saídas. Nas Entradas encontram-se igualmente assentos de crianças a quem foi concedido um subsídio de lactação, para os períodos em que não existem livros próprios para registo destes dados (Livro 109 Entradas 1854 a Livro 116 Entradas 1861). Geralmente, estes assentos contêm as seguintes informações: nome da criança, número, idade, data, nome da mãe, freguesia de residência, referência à ordem de concessão do subsídio pelo Governador Civil e do livro de Saídas correspondente. A partir do Livro N.º 114 de Entradas 1859, os assentos de lactação apenas contêm os seguintes dados: nome da criança, número e indicação do livro de Saídas respectivo. Anexados aos assentos, para além dos bilhetes de abandono, podem encontrar-se papéis com anotações feitas pela Secretaria da Roda, assim como boletins de registo civil para averbamento ao nascimento.Ao lado de cada assento encontra-se a remissão para o respectivo assento de entrega da criança a uma ama de fora, nos livros de Saídas e ainda a indicação de como a criança entrou na Roda ou no Hospício, ou seja, se foi abandonada num local público (nestes casos é indicado o nome da rua ou localidade) ou enviada por uma autoridade (por norma trata-se de autoridades administrativas como os Regedores de Paróquia, Administradores de Concelho/Bairro, Câmaras Municipais, mas também parteiras, hospitais, etc.). No final de cada assento ou após o último assento de cada dia, encontra-se a certidão de baptismo das crianças, com referência à data, nome do Capelão que ministrou o sacramento e nome dos padrinhos. Para além dos assentos de entrada regulares, podem ser registados nas Entradas registos de crianças transferidas do Hospício de Penafiel. Estes assentos geralmente contêm as seguintes informações: nome da criança, número de identificação, idade e data com que entrou no Hospício de onde veio transferida, assim como a indicação do assento correspondente nas Saídas.