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DURÃES, João (Dr.). Filho do Dr. António Joaquim Durães, Conservador do Registo Predial, natural de Paços, Melgaço, e da sua segunda esposa, Emília de La Salete de Barros, proprietária, natural de Lisboa. Neto paterno de João Manuel Durães e de Francisca Caetana Pires; neto materno de António Filipe de Barros e de Emília Perfeita dos Santos. Nasceu na Rua Nova de Melo, SMP, a 20/4/1903, e foi batizado a 22 de Maio desse ano. Padrinhos: Frederico Augusto dos Santos Lima, solteiro, negociante, e Ludovina Rosa dos Santos Lima, viúva, proprietária, ambos de SMP, Melgaço. // Em 1914 sofreu um ataque de “influenza”, gripe maligna . // No verão de 1914 fez exame do 1.º grau na escola Conde de Ferreira, obtendo a classificação de «ótimo»; era seu professor António José de Barros. // A 23/8/1916 fez exame do 2.º grau na dita escola, ficando distinto. // Lê-se: «A gozo de férias da Páscoa já se encontra entre nós o senhor João de Barros Durães, distinto aluno da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.» Licenciou-se em Ciências Farmacêuticas (*). // Depois da morte de Hermenegildo José Solheiro, em 1931, foi nomeado pelo Governador Civil presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Melgaço. Lê-se : «Para presidir aos destinos do nosso município foi escolhido o nosso estimado amigo Sr. João de Barros Durães, farmacêutico pela Universidade de Coimbra. Acertada escolha, tanto mais que o recém-nomeado, privando de perto com o saudoso H. Solheiro, sabia bem o programa traçado para o engrandecimento de Melgaço. Parabéns aos melgacenses.» Também se lê : «Ao Sr. Chefe do Distrito de Recrutamento e Reserva n.º 3. Vieram queixar-se-nos vários mancebos – que foram à inspeção da junta a Viana do Castelo – de que não receberam o subsídio de 6$00 que por lei lhe é dado. Gente pobre na sua maioria, pediu aquele dinheiro emprestado, e [agora] precisa de satisfazer os seus compromissos. No regresso de Viana, e depois da informação que ali lhe deram, dirigiram-se à Câmara Municipal de Melgaço a reclamar esse dinheiro, e ali lhe disseram que não havia ordem de pagamento. Pedimos providências a quem de direito, pois não é humano, nem justo, obrigar esta pobre gente a ir cumprir um dever cívico fora do seu domicílio e não lhe pagar, tanto mais que perderam dois dias de trabalho e agora obrigá-los a perder dias consecutivos a ir reclamar o que lhe é devido à C.M.M. e ainda ouvirem os maus humores dos funcionários.» Havia gente no concelho que não gostava dele. No Notícias de Melgaço é acusado de não fiscalizar a venda do pão feito com farinha de trigo: «NOTA - Depois de escrito este artigo (*) e de termos falado com diversas pessoas sobre o geral do mau fabrico do pão neste concelho, várias destas pessoas nos disseram que em Melgaço não haverá – no geral – por enquanto, bom pão de trigo, pelo preço da tabela, porque a autoridade administrativa, que devia fiscalizar a venda dos produtos alimentares essenciais ao consumo, não o faz, porque cava na vinha e no bacelo; e, para isto, alegam que, sendo boticário e aspirante a chefe local da política nacional, no primeiro dos casos convém-lhe doenças para vender na botica as mezinhas que lhe deixam mais de 200% de lucro; e, no segundo, não se malquista com os industriais de padaria e respetivos vendedores, engrossando assim o partido com o enxame padeiral e anexos. // Mas então, Deus do céu, para quem se há-de apelar? E noticia o Sr. Provedor da Misericórdia que tem o hospital cheio! Pois alargue-o, que maior será o movimento, enquanto for o que tem sido.» // Lusus. /// (*) Antes da nota, escrevera um longo artigo no dito jornal, mas não se justifica aqui a sua transcrição. Manteve-se nesse lugar – presidente da Comissão Administrativa - até 20/12/1942; foi obrigado a abandonar esse cargo devido a um escândalo relacionado com a venda de volfrâmio aos alemães, via Espanha; ele e outros melgacenses, entre eles, o famoso fotógrafo San Payo, criaram uma empresa, a qual explorava esse minério em uns terrenos de Castro Laboreiro; o padre dessa freguesia serrana acusou-o ao ministro do interior, que o demitiu. // Foi provedor da SCMM de 1939 até 1942. // Tornou-se, segundo dizem, um déspota. Uma altura, 18/7/1935, zangando-se com o mestre Morais, que dirigia a banda dos Bombeiros Voluntários de Melgaço, pôs no jornal o seguinte anúncio: «… acha-se aberto concurso para contrato de uma banda de música que pretenda efectuar três concertos públicos nos dias que lhe forem designados pela Câmara, com a antecedência de 30 dias, pela quantia de 1.200$00 e no período que decorre de 1 de Julho a 31 de Dezembro do corrente ano (…) É motivo de anulação do contrato o reconhecimento por parte da CMM de que a banda contratada revelou, em qualquer dos concertos, incompetência artística.» (***) // Em 1938 era delegado da Legião Portuguesa. // Durante a guerra civil de Espanha (1936-1939) esteve sempre ao lado de Franco, tendo ajudado a recrutar rapazes em Melgaço para as fileiras do seu exército. // Enquanto presidente da C.A. mandava perseguir brutalmente os miúdos por jogarem a bola na avenida, ou por brincarem no jardim. // Casou a 14/4/1940, na Conservatória do Registo Civil da Póvoa de Varzim, com a professora do ensino primário, Maria Fernanda Veiga Leite Pinto Coelho, natural da Póvoa de Varzim (lecionou no Fecho, Rouças, e em Prado). // Morreu na Vila a 30/12/1981. // Antes de casar gerou uma criança do sexo masculino numa rapariga de Monção, mas não a perfilhou; do casamento não houve filhos. /// (*) Consta que ficou com a farmácia, à qual deu o seu apelido, graças a uma vigarice, cometida contra António José Alves, conhecido por “Pé d’Anjo”, nascido em Castro Laboreiro a 15/7/1889, o qual, com o desgosto, se suicidou na vila de Melgaço a 4/3/1945. /// (***) A banda dos BVM era considerada uma das melhores do Alto Minho.