Scope and content
DIAS, Bernardino. Filho de Luís Manuel Dias, natural da Gave, e de Germana Maria Esteves, natural da freguesia de Riba de Mouro, residentes no lugar de Eiriz, Gave. Neto paterno de Maria José Dias, solteira, gaviense; neto materno de João Manuel Esteves e de Florinda Rosa Alves, do lugar de Lijó, Riba de Mouro. Nasceu na Gave a 16/4/1877 e foi batizado na igreja católica local nesse mesmo dia, mês e ano. Padrinhos: Bernardino Esteves Moreira e sua mulher, Maria Claudina Alves, ambos do lugar de Lijó, Riba de Mouro. // Tinha 33 anos de idade, era solteiro, camponês, quando casou na igreja da sua freguesia natal a 19/9/1910 com a sua conterrânea Carolina Ramos, de 24 anos de idade, solteira, camponesa, filha de José Serafim Ramos e de Rosa Joaquina de Castro, perfilhando assim o filho comum, Manuel Duarte, nascido na Gave em 1909 e batizado na igreja a 3 de Fevereiro desse mesmo ano. // Lê-se no Jornal de Melgaço n.º 1169, de 4/8/1917: «Terminou ontem o julgamento, em audiência geral, que se vinha prolongando desde segunda-feira, de Bernardino Dias, João Dias e Jeremias Dias, todos da freguesia da Gave, indigitados autores do crime de assassinato praticado em 23 de Dezembro do ano findo na pessoa de Justino Fernandes, da freguesia de Riba de Mouro, do concelho de Monção, no sítio de Barroca de Eiriz, da dita freguesia da Gave. A acusação particular era representada pelo Dr. António Francisco de Sousa Araújo e a defesa estava a cargo do Dr. António Augusto Durães, dois novos cheios de talento para quem, sem dúvida, está reservado um futuro brilhante na advocacia. O júri deu o crime como provado, considerando os réus Bernardino e João Dias como autores, e o réu Jeremias Dias como cúmplice, sendo em harmonia com este veredictum proferida sentença condenatória pelo meretíssimo juiz desta comarca. Tanto o digno agente do Ministério Público como o douto advogado dos réus apelaram para a Relação do Distrito da sentença proferida.» // Foram depois levados pela Guarda-Republicana para a cadeia da Relação do Porto. Lê-se no Jornal de Melgaço n.º 1171, de 18/8/1917: «Condenados da Gave – Porque rebentou há dias uma greve em Viana do Castelo, não pôde desta cidade sair a força da Guarda Republicana que a esta vila devia chegar na segunda-feira para acompanhar às cadeias da Relação do Porto os três indivíduos que ultimamente, no tribunal desta comarca, foram condenados como autores e cúmplices dum crime de homicídio, cometido na freguesia da Gave.» // No Jornal de Melgaço n.º 1199, de 16/3/1918 lemos esta interessante prosa: «O crime da Gave. Propositadamente não nos temos referido ao célebre crime da Gave porque sendo o redator deste jornal advogado de acusação por forma alguma queríamos e queremos contribuir com os nossos escritos na formação e orientação da opinião pública sobre o caso. Julgamos assim ter praticado um acto em que todos devem ver a honestidade dos processos que temos por norma usar. Ultimamente, porém, com grande espanto e não sabendo por que artes, vimos que a imprensa – O Primeiro de Janeiro – na correspondência de Viana, se ocupou do caso, pretendendo apresentar os assassinos como inocentes condenados pelos depoimentos de testemunhas falsas e, avançando mais, ser autor do crime uma mulher, por nome Aurora Domingues. Certamente o correspondente de Viana, para o Janeiro, que nos informam ser um cavalheiro, digno da maior respeitabilidade e de uma honestidade a toda a prova, foi ludribiado. A mulher que se apresentou a reclamar a autoria do crime é amante dum dos assassinos, apesar de casada, com o marido ausente no Brasil, mulher sem pejo nem vergonha, que está a desempenhar um papel que lhe foi distribuído nesta ignóbil fita. Bastará apontar o facto de quando aqueles assassinos se achavam presos nas cadeias desta vila, ter-lhes oferecido um carneiro que com eles comeu nas grades destas. Pena foi que o hábil polícia não averiguasse este facto do domínio público. Mas há mais: remetida para juízo foi mandada em paz, ao fim de oito dias, não sendo pronunciada. Quanto às testemunhas que de falsas se alcunham são pessoas da maior consideração, com fortuna, que não se acham foragidas, como se diz, mas tranquilas em suas casas. Eis o que, bem contra nossa vontade, nos forçou a dizer o muito digno correspondente do Janeiro, a quem, de sua boa-fé, abusaram.» // No Jornal de Melgaço n.º 1200, de 23/3/1918, lê-se: «Na administração do concelho de Monção apareceu no dia 20 do corrente Aurora Domingues, a célebre mulher que se inculcou autora do crime de homicídio na pessoa de Justino Fernandes. Aí, na presença do administrador e na de mais de vinte pessoas, declarou que não fora ela quem cometera o crime, mas sim os indivíduos condenados, com um dos quais mantinha íntimas relações, e que se fizera na administração de Melgaço a declaração de que fora ela, foi isso devido às irmãs dos assassinos que a tal a induziram, prometendo-lhe 600$00. Mais declarou ter comido um cabrito com os criminosos quando se achavam presos nas cadeias desta Vila…» // E no Jornal de Melgaço n.º 1203, de 20/4/1918, pode-se ler: «O célebre crime da Gave. No Supremo Tribunal de Justiça acaba de ser negada revista no processo-crime de querela movido contra João, Jeremias e Bernardino Dias, os autores do assassinato na pessoa do infeliz Justino Domingues (ou Fernandes). Mais uma vez este Alto Tribunal fez justiça, não se deixando mover por tones grosseiros e miseráveis.» // O Jornal de Melgaço n.º 1204, de 27/4/1918, informa os seus leitores: «Diz-se que motivada por um comunicado inserto há dias no “Primeiro de Janeiro”, e que se referia ao célebre crime da Gave, foi suspenso o chefe da polícia de Viana, senhor Santos.» // Faleceu na sua terra natal a 17/4/1956. // Com geração.