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TEIXEIRA, João Manuel. Filho de Teresa Pires Teixeira, galega, solteira, moradora no Campo da Feira de Dentro, Vila, e de João Manuel Domingues Marques, solteiro, natural de Remoães. Neto materno de José Teixeira e de Maria Pires, da freguesia de Molon, bispado de Ourense; neto paterno de Maria Benta Marques. Nasceu a 26/7/1858 e foi batizado na igreja de SMP no dia seguinte. Padrinhos: José Maria Pereira, soldado veterano, e Ermelinda Rosa Rodrigues, da Vila. // Ainda novo emigrou para o Brasil, instalando-se em Pará, onde conseguiu na sua atividade comercial arranjar uma razoável fortuna. // Casou na década de oitenta do século XIX com Ursulina Lopes da Silva, nascida por volta de 1865 em Belém de Pará, Brasil, filha de Bernardina Maria de Jesus. // A partir de certa altura começou a vir a Melgaço com alguma regularidade. Mandou sobradar à sua custa a capela da Orada, além de outras melhorias. // A 3/7/1898 dotou a expensas suas o lugar das Carvalhiças com um fontanário público e um tanque para lavar roupa, o qual esteve ativo até à década de setenta do século XX. // Meteu-se nos negócios das águas minerais do Peso. // A 8/12/1903 comprou à porta do tribunal a Francisco Joaquim Lobato, de Riba de Mouro, e a sua mulher, Ermelinda da Glória de Sousa e Castro, de Paderne, Melgaço, uma casa (e campos anexos) na Rua da Calçada, a qual mandou reconstruir e ampliar, casa essa que anos mais tarde pertenceu a Miguel Pereira (Macarrão). // Meteu-se na política, tomando posse de presidente da Comissão Executiva da Câmara Municipal a 2/1/1908; o vice-presidente era o padre Manuel Bento Gomes. Substituía no cargo a José de Sá Sotomaior, mas teve de lhe devolver o lugar logo após o regicídio. // Até 1910 foi regenerador; depois da queda da monarquia passou a ser republicano, tomando posse de presidente da Comissão Republicana a 10/10/1910. A 12/6/1912 eram seus assistentes (vereadores): Justiniano António Esteves, António Evangelista Pereira, e Aurélio A. Azevedo.// De 1912 a 1914 foi secretário da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço. // A 30/11/1913 houve eleições camarárias e ele, como independente, ganhou-as com a vantagem de 111 votos; o seu adversário político, Hermenegildo José Solheiro, conseguiu eleger dois vereadores, salvo erro. // A 30/5/1916 lançou uma nova carreira de autocarros (auto-onibus) entre Melgaço e Monção. // Pode ler-se: «João Pires Teixeira comprou aos herdeiros de José de Sá Sotomaior a propriedade da Folia, em domínio público, como livre e alodial. Essa propriedade, porém, e sabiam-no bem tanto o comprador como os vendedores, não era livre e alodial, por isso que estava aforada por escritura de 1837 à família de Manuel Esteves. Para não se deixarem expoliar daquilo que legalmente lhes pertencia, vieram aquele Manuel José Esteves e mulher embargar de terceiro, protestando contra a venda, embargos que foram distribuídos ao escrivão Monteiro…»// A 4/11/1917 houve eleições administrativas, que a sua lista venceu . Tomou posse de presidente a 2/1/1918. Com a revolução de Dezembro de 1917, chefiada por Sidónio Pais, é nomeada uma Comissão Administrativa para o substituir, a qual durará até à queda do ditador. // Na qualidade de gerente da «Empresa das Águas Minerais de Melgaço» apresenta queixa ao juiz de direito da comarca contra a Comissão Administrativa, presidida pelo padre Francisco Leandro Álvares de Magalhães, a qual dera instruções a Alberto Manuel Gomes, casado, da Folia, Remoães, para apreender seis caixotes que continham garrafas de água da dita empresa . // Em 1919 toma novamente posse como responsável camarário; o seu vice-presidente continua a ser Frederico José de Puga. // A última vez a tomar posse, por ter ganho as eleições, ocorreu em 1923. // Durante a sua presidência construiu-se o matadouro e o lavadouro municipais, além de outras pequenas obras. // Em 1930, já com 72 anos de idade, em plena ditadura militar, expropriaram-lhe o Campo da Vinha (Sulcalcos do Rio do Porto), sendo requerente a Câmara Municipal de Melgaço, à frente da qual se encontrava Hermenegildo José Solheiro, nomeado pelos militantes em 1926. Nesse terreno foram construídos os novos Paços do Concelho. «Por este juízo e cartório do 1.º ofício no processo de expropriação por utilidade pública do prédio Campo da Vinha, ou Sucalcos do Rio do Porto, em que é requerente a Câmara Municipal e requerido João Pires Teixeira, solteiro, maior, proprietário, desta Vila, correm editos de trinta dias citando quaisquer interessados incertos para no prazo de vinte dias após a 2.ª publicação deste, reclamarem o que lhes possa pertencer na indemnização depositada. Verifiquei: o Juiz de Direito, Carlos Saavedra. // O escrivão do 1.º ofício, João Afonso.» «Agradecimento. A todas as pessoas, umas pelo obséquio de me visitarem e outras pelo incómodo de mandar pedir informações do meu estado de saúde, durante a minha longa e grande enfermidade de que fui atingido, venho, por este meio, manifestar a minha gratidão e agradecimento pela amabilidade com que para comigo se dignaram praticar.» JPT Morreu no Porto a 27/10/1932 «A parca, com a sua fouce roçadoura arrebatou do número dos vivos, no dia 27/10/1932, pelas catorze horas, este ilustre melgacense. Apesar de há bastante tempo estar doente, com algumas alternativas de melhoras, não se esperava um desenlace tão prematuro, pois não era um velho (!) e os 74 anos que completou não os demonstrava, pois era um combativo enérgico. No concelho de Melgaço não havia ninguém que não conhecesse JPT. E, fora daqui, o seu nome circulava por muitas terras de Portugal e Brasil. Não cabe num modesto artigo de jornal biografar o que foi o extinto, pois tendo falecido na quinta-feira e realizando-se o seu funeral na sexta [da parte da tarde] não houve, pois, tempo, nem a serenidade precisa para se descrever o que tanto fez. Limitamos-nos por isso, neste assunto, a descrever o seu funeral, deixando para mais tarde as referências que [merece.] // Estando destinado o seu funeral para as dezasseis horas de sexta-feira, durante o dia foi uma romaria à sua casa da Calçada. À hora do saimento a Rua Nova de Melo e residência achavam-se apinhadas de povo, tendo vindo muitas pessoas de Monção, Arcos, etc. // Desde os mais elevados magistrados judiciais - incluindo os do Supremo Tribunal –, funcionários, e todas as classes sociais melgacenses ao povo humilde (incluindo crianças das escolas), tudo ali estava para o acompanhar à sua última jazida. Entre a numerosa assis