Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas
Edifício da Torre do Tombo, Alameda da Universidade
1649-010 LISBOA
Tel.: +351 21 003 71 00
Fax.: +351 21 003 71 01
secretariado@dglab.gov.pt
Identification
Description level
File
Reference code
PT/TT/AOS/E/0105/00013
Title
Correspondência de Mário José Falcato
Title type
Formal
Holding entity
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Initial date
1962
Dimension and support
10 f. (63-72); papel
Content and structure
Scope and content
Contém a carta de Mário José Falcato, 1.º Cabo reformado da Guarda Nacional Republicana (GNR), residente em Palmela, dirigida ao Dr. Salazar. Inclui, em anexo, uma longa exposição feita pelo autor relativamente às funções desempenhadas no Forte de Caxias por ordem do Diretor da PIDE "ao tempo o senhor Tenente Coronel de Cavalaria Homero de Oliveira Matos". Assim, a 9 de janeiro de 1961, foi incumbido pelo Subdiretor Clara, verbalmente, para o Serviço de Expediente na Secretaria, sendo que o Diretor do Forte não foi informado. No mês de fevereiro foi chamado a Lisboa pelo Subdiretor Falcão, que ao saber das suas funções no Forte, lhe disse que "tinha sido ali colocado como fiscal com o fim de disciplinar os guardas e restantes funcionários". Passadas algumas semanas de trabalho no Forte, o Diretor, o Tenente António Júlio disse-lhe, verbalmente, que "não faria funcionários de serviço". Entretanto demitiu-se a médica Mercedes de Figueiredo e para ocupar o seu lugar foi nomeado o Dr. Magalhães, genro do Subdiretor Falcão. O Cabo Mário José Falcato elaborou relatórios mencionando irregularidades encontradas naquele Forte. Descreve como se encontravam as instalações e de como era feita a entrega de bens necessários aos presos, alimentação, exercício de vigilância, entre outros. Diz o autor: "A fuga que se deu em Dezembro último devia já estar a ser preparada há muito porque os presos da sala de trabalhos andavam à vontade pelo Forte, tendo-os eu até encontrado na Cantina da diligência da GNR, a beberem vinho juntamente com as praças daquela Corporação (...). Também "As portas de acesso interno do Forte, eram abertas e fechadas por qualquer pessoa que quisesse entrar ou sair". A situação do 1.º Cabo piorou com as intrigas feitas pelos enfermeiros junto do médico, genro do Subdiretor Falcão, por se ter recusado a entregar "portas e janelas de casquinha pertencentes à Fazenda Nacional". De modo, que o Subdiretor Falcão o retirou das funções que exercia substituindo-o por um escriturário da Polícia. Efetivamente o 1.º Cabo da GNR não era um elemento da PIDE. Tendo sido "forçado a sair" nunca conseguiu obter trabalho em outra instituição para seu sustento, da mulher e do filho menor. Refere "em todas as portas a que tenho batido. Marcado com o ferrete de ter prestado serviço à PIDE, todos me escorraçam como se fosse um criminoso, ou antes, pior do que um criminoso". Prosseguindo afirma: "a própria PIDE que aceitou os meus serviços e deles beneficiou agiu contra mim, não como PIDE em si considerada, mas através de um mau procedimento de seus funcionários que agem sem qualquer critério de justiça nem interesse para o Estado mas apenas para as suas conveniências pessoais". Mário José Falcato ao trabalhar em defesa do regime vigente foi incluído na lista negra do Partido Comunista Português.
Access and use
Language of the material
Português
Comments