Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas
Edifício da Torre do Tombo, Alameda da Universidade
1649-010 LISBOA
Tel.: +351 21 003 71 00
Fax.: +351 21 003 71 01
secretariado@dglab.gov.pt
Identification
Description level
Item
Reference code
PT/TT/CHR/K/45/101-388
Title
Afonso Alvares, morador na vila de Porto de Mós.
Title type
Formal
Holding entity
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Initial date
1500-09-28
Final date
1500-09-28
Content and structure
Scope and content
Sendo aí alcaide carcereiro um Fernão Couto, da mão de Pedro da Silva, alcaide-mor dessa vila, os dois se desavieram, e Fernão Couto deixara as chaves da prisão e o dito carrego. Na cadeia jazia presa Beatriz Mendes, por querela que dela dera Tomás Fernandes, pedreiro, dizendo que, sendo ela sua mulher, lhe fizera adultério com um frade - de que vinha prenhe, e aí parira na dita cadeia -, e depois com outros muitos homens. E estando a dita presa assim na cadeia, Pedro da Silva rogara ao suplicante e lhe mandara, por ao dito tempo viver com ele, que tomasse as chaves e guardasse a dita presa até se buscar outro carcereiro. E o suplicante fizera o que ele lhe mandara e se encarregara da dita presa e guarda dela, pelo que depois viera a dormir carnalmente com ela, per sua própria vontade e consentimento, por ser mulher que a poucos homens se duvidava, como ainda agora fazia. E depois Tomás Fernandes - que dizia ser seu marido - , se reconciliara com ela e lhe perdoara e que mais não entendesse pelo qual foi absolvida e livre por sentença del-rei. E depois de Beatriz Mendes ser solta e livre, o dito Tomás Fernandes, que se dizia seu marido, viera a confessar que não era sua mulher, e ela que ele não era seu marido: e desto passaram instromentos de parte a parte, dizendo que cada um fizesse de si o que lhe aprouvesse, como de feito se logo apartaram um do outro. E ele se fora logo casar ou já era casado; e ela fez de si o que bem viera, tendo de fazer em esta cidade e em outras, com uns e com outros, como ainda agora fazia. E sem embargo disso por ele suplicante assim cometer o crime de dormir com Beatriz Marques, tendo-a presa em seu poder, andava amorado com temor. E Tomás Fernandes, pedreiro, lhe perdoara a culpa, segundo um instrumento público de perdão, feito e assinado pelo tabelião João Rodrigues, na cidade de Lisboa, aos 10 de Março de 1498, [no qual se continha que Tomás Fernandes lhe perdoava todo o mal, dano e injúria que lhe tinha feito, e toda a emmmenda e corregimento que contra ele pudesse haver e percalçar]. Enviando o suplicante pedir, el-rei, vendo se assim era e aí mais não havia, visto o perdão da parte e um parece com o seu passe, lhe perdoou contanto pagasse 1.000 rs. para a Piedade . Francisco Dias a fez.
Comments