Scope and content
Negativo fotográfico em vidro reproduzindo salva neorenascentista, designada por "Renascença", decorada com motivos grotescos animais e vegetais, em relevo, organizados de forma concêntrica, apresentando motivos vegetalistas espiralados e entrelaçados formando um padrão, terminando em taças com flores, em cabeças de animal fantástico ou em cartelas sem inscrição, circunscritos por dois festões, compondo-se assim a orla. No fundo surgem quatro grifos apoiados sobre cartela sem inscrição, suspensa pelas bocas de quatro leões com cornos. Peça da autoria de António Maria Ribeiro, conforme gravação na mesma, ao nível inferior, junto às marcas de contraste: " António Maria Ribeiro/ Reis Porto". A salva foi realizada ainda quando António Maria Ribeiro era ourives na Casa Reis. Esta peça esteve na Exposição Internacional do Rio de Janeiro, por ocasião da comemoração do 1º centenário da Independência do Brasil, em 1922, no âmbito da mostra da Casa Reis, bem como na Exposição de Pratas na Câmara Portuguesa do Comércio de São Paulo, em 1923 (Trancoso, 2009, p.115).A Casa Reis foi fundada em 1880, no Porto, por António Alves Reis, tornando-se mais tarde na Casa Reis & Filhos, depois de os seus 2 filhos, Serafim e Manuel Reis, enveredarem pelo mesmo ofício. Trabalhava sobretudo para Portugal e Espanha. Em 1893, a Casa Reis & Filhos recebeu o título de ourives honorário da Casa Real Portuguesa. Apostou muito no profissionalismo, preparando muito bem os seus artifices e colocando profissionais muito competentes na direcção. Participou na organização dos I e II Congressos de Ourivesaria Portuguesa, em 1925 e 1926, integrando respectivamente a Comissão de Honra e a Comissão Nacional. Ao nível do tipo de produção, especializou-se em peças revivalistas, neogóticas e, sobretudo, neomanuelinas, religiosas e civis, com maior destaque para as de carácter historicista, em particular as que foram executadas por António Maria Ribeiro que, pelo menos desde 1915, já lá trabalhava, vindo a ser o seu director artístico durante muitos anos. Participou em inúmeras exposições nacionais e internacionais. Aquando da Grande Exposição Industrial Portuguesa em Lisboa, em 1932, já António Maria Ribeiro tinha as suas próprias oficinas de cinzelagem e fundição. A partir da década de 40', as referências à sua actividade começam a rarear, tendo cessado a mesma por essa altura. (Trancoso, 2009, pp.51-55).