OFÍCIO do governador de São Tomé e Príncipe, Luís Joaquim Lisboa, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar] conde das Galveias [D. João de Almeida Melo e Castro] a acusar a receção do aviso real de 26 de Janeiro de 1811, sobre o procedimento do oficial da marinha inglesa Thomas Bounes, contra o ouvidor-geral das ilhas, Joaquim Pedro Lagrange, e da venda feita na ilha do Príncipe do bergantim espanhol Anna, que tinha sido apresado pelo comandante da fragata britânica Crocodilo e entregue ao mesmo Thomas Bounes, que entrou na ilha com água aberta; faz uma exposição circunstanciada das razões que levaram à sua errada venda e dá dois exemplos de embarcações inglesas em que se praticou o contrário, tendo sido tolerada a sua venda; apresenta uma relação dos insultos que nos fizeram os ingleses ao longo do tempo e a partir de 1794; informa das razões porque os ingleses nos desprezam tanto nestas paragens, tais como, o estado indigente da tropa, a falta de artilharia nas fortalezas, a oposição dos nativos da ilha do Príncipe aos portugueses, preferindo os franceses e finalmente saberem que o governador, os magistrados e os europeus estabelecidos nestas ilhas, se encontram à mercê dos pretos nativos, porque a proporção é de 1 para 600; também os mestres dos navios do Brasil, aqui tratam o povo, os magistrados e o governador com jactância e soberba.