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CARTA do ouvidor geral e provedor da Fazenda Real de Cabo Verde, Carlos José de Souto e Matos, ao rei [D. José] dando conta do estado florescente do comércio da ilha de Santiago para os interesses da Companhia de Grão e Maranhão devido aos avultados lucros que dele resultam; advertindo, no entanto, para o perigo do declínio dessa balança comercial, caso não se tomassem providencias necessárias, elencando uma série de factores que, na sua opinião, poderiam conduzir a esse inconveniente, como a exclusividade de todo o comércio dada à Companhia de Grão Pará e Maranhão, a alteração de preços de fazendas e mais géneros devido a essa exclusividade, permutas desfavoráveis entre a população e a Companhia, a restrição da liberdade comercial dos moradores, a queda do comércio de escravos dado o monopólio comercial da mesma Companhia com todas as suas consequências no desenvolvimento comercial, agrícola e da cultura do algodão, mas também nas relações de produção; indicando a abundância de peixes na ilha da Boavista, em especial da baleia, da qual poderia estabelecer-se a actividade da pesca e fabrica de azeites colmatando a falta às populações em tempo de esterilidade; informando acerca da extinção das fabricas do anil na capital [Santiago] por falta de extracção, da carência da circulação de moedas e patacas sevilhanas, pelo que solicitava que se cunhassem novas moedas de cobre, das quais se pagariam também os filhos da folha; e pedindo mais liberdade comercial aos povos das ilhas, facilitando-lhes os meios da sua conservação e aumento.
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