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Identification
Description level
UI
Reference code
PT/AHALM/CMALM/P-D/001/0014
Title
Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1805, n.º 16.
Holding entity
Arquivo Histórico de Almada.
Initial date
1805-01-01
Final date
1806
Dimension and support / Extents
1 liv. (10 f.: 10 f. ms. não num., 347 x 224 x 2 mm); papel.
Content and structure
Scope and content
No diário médico do ano de 1805, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando algumas situações clínicas, entre as quais, a de: Henrique José, 37 anos, de idade, morador, em Caparica. O médico terá sido chamado, para assisti-lo, no dia 20 de janeiro. Ao observa-lo, constatou que o doente era uma pessoa robusta, vigorosa, sanguíneo, e de vida bastante exercitada. Havia 2 dias, às 6 horas da tarde, caiu, devido a uma síncope. A seguir, teve uma dor de cabeça intensa, dor pungente, no lado esquerdo, que o sufocava e o proibia de respirar, apesar de naturalmente tossir e o calor, por todo o corpo era tanto, que se queixava, como se o estivessem queimando. A febre e todos os sintomas continuaram, no dia seguinte, altura em que foi chamado o cirurgião que, imediatamente, o sangrou. Mais tarde, recorreram à assistência do médico Dr. José Joaquim Alvares. Além da informação anteriormente descrita, o médico considerou que, apesar da sangria, que já tinha levado, o pulso estava muito frequente, que passava de lento com 20 pulsações, a muito cheio, muito forte e pungente, e deste modo, decidiu continuar com a sangria. O ventre estava intumescido (conceito: inchado) e duro. Prescreveu: clisteres laxantes, que produziram grande evacuação. A sangria e os clisteres causaram algum descanso ao doente, mas teve pouca duração, porque nessa mesma tarde, todos os sintomas tornaram a aparecer e até aumentaram. O doente passou a uma inquietação e frenesim; para além dos sintomas atrás mencionados. Tomou outro clister e levou outra sangria. As 3 sangrias foram abundantes e o sangue que saia era muito vermelho […]. No dia seguinte, mandou-o tomar uma tisana com tamarinho (conceito: usado em farmácia, sobretudo pelas suas propriedades laxantes e como condimento, na preparação de doces e molhos). Este remédio lubrificou o ventre, consequentemente, passou melhor a noite […]. Percebeu existir inflamação; e o doente tinha dores. Como não havia expetoração, concluiu que a causa do morbo (conceito: estado patológico; doença) existia da mesma forma, e que só tinham remetido alguns sintomas como a plenitude de vasos sanguíneos.Na tarde do dia 23, regressaram sintomas, como, por exemplo, o calor extraordinário, o aumento da dor de lado, a ansiedade e frenesim. Tudo isto fez com que decidisse, que a moléstia tinha remitências (conceito: diminuição temporária e interpolada dos sintomas de uma doença) periódicas, e que era prudente aproveitar-se desses intervalos, para a aplicação dos remédios possíveis. Atendendo à tensão de ventre, e a língua que indiciava vício de primeiras vias, receitou-lhe uma oitava de sal alcalino vegetal saturado, com sumo de limão, a que mandou juntar 3 grãos de tártaro emético, e duas onças de maná, para se dissolver em uma libra de água quente, e tomar 4 onças deste remédio de 3 em 3 quartos de hora, até evacuar, superiormente ou inferiormente. Este remédio, à segunda porção, principiou a fazer vomitar o doente; com muita bílis à mistura, e pouco depois, houve 20 dejeções abundantes e fáceis de bílis de mau carácter. Na tarde, noite, deste dia e manhã seguinte, o doente esteve tranquilo, relativamente aos sintomas; porém, de tarde, apareceram, novamente, todos em igual auge. Voltou a sangrar-se e a tomar clisteres e cozimentos diluentes; o que provocou o mesmo que, nos dias antecedentes, até que, no dia 27, mandou que lhe pusesse um vesicatório, sobre a dor, ao mesmo tempo, que ia fazendo estímulo, o remédio atrás referido iria desembaraçar-se mais, e a respiração e todos os outros sintomas que se seguiram.No dia 28, curou-se e, segundo o doente, por causa do cáustico, conseguiu notar o estado em que estava o seu pulmão, porque foi muito longo e profundo. Houve grande descarga de matéria biliosa e pelo uso em que estava de remédios laxantes, teve grandes evacuações alvinas. Com estes únicos remédios, desvaneceram-se todos os sintomas e, no dia 30, passou a ser convalescente.[Im. 3026_0003, 3026_0005, 3026_0006, 3026_0007, 3026_0008, 3026_0009 e 3026_0010]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75323http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75325http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75326http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75327http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75328http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75329http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75330No dia 6 de setembro, foi chamado, para observar José António, 40 e tantos anos, residente, em Caparica, bastante robusto e forte, e havia 2 anos que padecia de uma dor reumática, no quadril do reto, que o impossibilitava de poder andar bem, principalmente, no tempo de mudança de lua ou tempo. Para esta moléstia, tinha feito alguns remédios, no decurso de tanto tempo; porém, quando lhe causavam alguma melhoria, era momentânea.O médico examinou o lugar da dor e viu que era uma dor ciática e muito inveterada, e após o doente ter tomado tantos remédios e todos infrutíferos, o médico resolveu basear-se na supuração (conceito: produção ou corrimento de pus) e aplicou a mesma, no sítio da dor. O remédio atrás mencionado causou uma melhoria no estado do doente, durante alguns dias e este teve a satisfação de se encontrar tão bem curado, que depois desta época, não tornou a sentir o mais leve indício do seu reumatismo.[Im. 3026_0012, 3026_0013 e 3026_0014]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75332http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75333http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75334No dia 4 de dezembro, foi chamado a casa de João Francisco, 50 anos, de idade, temperamento bilioso e colérico, vida marítima, muito robusto. Queixava-se de uma dor no baixo ventre que o mortificava muito, dificultando a respiração, causando-lhe vómitos e não consentia nada no estômago. Estava doente em grande aflição, não conseguindo dormir nada em toda a noite, até não podia jazer na cama. O médico pensou tratar-se de uma cólica biliosa, porque o doente não se acusava, isto é, o doente não se queixava nem da quantidade, nem da qualidade do alimento, em virtude de ter comido um bom peixe cozido que era o alimento a que estava mais acostumado.Receitou-lhe clisteres de uma onça de electuário lenitivo, desfeito em água morna, para tomar de 2 em 2 horas, e para dispor a matéria biliosa que, segundo o sintoma que a língua apresentava, estava muito crassa [?], acompanhado de uma oitava de sal de lorna saturado com vinagre, juntamente a uma libra de água pura em que dissolvesse 2 grãos de tártaro emético, para tomar 2 onças de hora a hora, tomou a primeira, e a segunda, e com esta iniciou o vómito […]. No dia seguinte, aquando da sua visita, o doente encontrava-se melhor, porém, muito pouco. Fez com que vomitasse com 3 grãos de tártaro emético dissolvido em água. Vomitou tanta bílis que não parecia bílis.De tarde, quando o visitou, já quase não sentia nenhuma dor. Receitou um catártico de infusão de sene tartarizada. No dia seguinte, comia, conseguia deitar-se de ambos os lados, o pulso já não estava comprimido, como, no princípio, a língua sem crosta biliosa, e conseguia dormir bem. Com o purgante que tomou, teve muitas e abundantes dejeções de bílis, que acabou por concluir a moléstia. Prescreveu-lhe o uso de infusão de Marcela, para tomar todos os dias de manhã, e restabeleceu-se em breve tempo.[Im. 3026_0017, 3026_0018, 3026_0019 e 3026_0020]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75337http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75338http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75339http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75340Finaliza, realizando uma tabela, na qual, observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos, chuvas e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1805.[Im. 3026_0021]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75341Médico: José Joaquim Alvares.
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