Custodial history
Documentação adquirida pelo Arquivo Nacional de Fotografia (ANF) a Ernesto Martins, em 1981 (5.608 documentos), por compra, e a Frederico Oom, em 1989 (573 documentos), neste caso desconhecendo-se a forma de aquisição.Pelo Relatório de atividades 1976-1983 do ANF, elaborado por José Luís Madeira, ao ser referida a primeira aquisição, fica-se a saber que esta documentação esteve em risco de sair do país. Por despacho do Secretário de Estado da Cultura, de 24 de julho de 1981, nos termos dos artigos 1.º e 2.º do Decreto-Lei n.º 38.906/52, de 10 de setembro, foi inventariado o acervo que Ernesto Martins então detinha, sendo afinal publicado o resultado no Diário da República de 10 de dezembro de 1981 (3.ª série, p. 15809-15813).O Decreto-Lei n.º 278/91, de 9 de agosto, ao mesmo tempo que criou o Instituto Português de Museus (IPM), extinguiu a Divisão de Fotografia do Instituto Português do Património Cultural (IPPC), colocando na dependência direta do Diretor do IPM a gestão do património fotográfico. Na lista "Espólios ANF", da responsabilidade de Vitória Mesquita e datada de 1996, este fundo é apresentado como contendo 5.608 documentos fotográficos relativos à primeira aquisição e 573 relativos à segunda, existindo uma discrepância entre a dimensão apresentada nesta lista (total de 6.181 documentos) e a quantidade efetivamente existente na Torre do Tombo (total de 4.984 documentos, compostos por 5.616 negativos, positivos, positivos diretos e diapositivos). Através do Decreto-Lei n.º 160/97, de 25 de junho, foi criado o Centro Português de Fotografia (CPF), e na sua dependência o Arquivo de Fotografia de Lisboa. Parte dos fundos custodiados pelo extinto ANF foram incorporados no CPF, sendo transferidos, em setembro de 1999, do anexo do Palácio da Ajuda para o edifício da Torre do Tombo, local onde se instalou provisoriamente o Arquivo de Fotografia de Lisboa do CPF. O Decreto-Lei nº 93/2007, de 27 de março, e a Portaria nº 372/2007, de 30 de março, consagraram a dependência do CPF em relação à Direção Geral de Arquivos (organismo que resultou da fusão entre o Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo e o Centro Português de Fotografia), e a documentação do Arquivo de Fotografia de Lisboa foi integrada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.Originalmente a documentação fotográfica, constituída essencialmente de negativos (maioritariamente de vidro), estava conservada no interior das próprias caixas em que essas matrizes eram comercializadas pelos fabricantes, tendo Jorge de Almeida Lima habitualmente inscrito indicações sobre o respetivo conteúdo, ou seja, o formato e o total dos negativos, os títulos que concebia para eles e, de maneira menos sistemática, as datas de captura das imagens. Essas indicações foram manuscritas ou datilografadas, em papel que depois era colado na tampa da caixa, mas por vezes também em papéis soltos no seu interior. Verifica-se, de forma esporádica, alguma variação no título de um mesmo negativo, devido a essa duplicidade de autógrafos externos e internos às caixas, o que faz supor tenham sido elaborados em momentos ligeiramente distintos.Jorge de Almeida Lima inscreveu também, numa parcela dessas caixas, uma numeração arábica sequencial, embora tenha antes ensaiado variações, no caso de poucas outras caixas, ao aplicar numeração romana ou sequências alfabéticas (em letras maiúsculas e em letras minúsculas) e alfanuméricas. O facto é que a sua opção predominante acabou por ser a numeração arábica, que, para cada um dos conjuntos correspondentes aos respetivos formatos dos negativos, era repetida desde o início, compondo assim séries baseadas nas distintas dimensões das matrizes, sem maior preocupação de agregar temas (que podem estar dispersos por diversas caixas, inclusive de formatos variáveis). A imitar a numeração de Jorge de Almeida Lima, existe também aquela atribuída pelo seu neto mais velho, Frederico Jorge Oom, mas num âmbito mais reduzido, ou seja, a quase quarenta caixas de formato 9x12 cm e outras quinze de formato 6,5x9 cm (ao que parece, em ambos os casos, por elas conterem a sua própria produção fotográfica).Em 2013 foi possível apurar que na década de 1970 os negativos e certa quantidade de provas fotográficas pertenciam à Livraria Nunes, empresa que já pretendia vendê-los. Para tanto, atribuiu uma numeração arábica contínua às 469 caixas que os acondicionavam, independentemente dos formatos das mesmas, abstraindo assim todas as sequências criadas por Jorge de Almeida Lima e abrangendo algumas eventuais caixas que este fotógrafo deixara de numerar. Subsequentemente, Ernesto Martins, dono da livraria Biblarte, que adquiriu as caixas da Livraria Nunes, revendendo-as depois ao ANF, manteve na íntegra essa mesma numeração. O ANF também a adotou para indicar a localização original de determinado negativo, na ocasião em que o registava em ficha e o removia para contentor (eventualmente, porém, tendo ocorrido mutilação ou outro tipo de dano similar nas etiquetas da numeração de Nunes e, concomitantemente, existindo a numeração de Jorge de Almeida Lima, o ANF optou por esta última).Uma derradeira numeração detetada caracteriza-se como francamente residual, pois abrange apenas três das caixas originais subsistentes, e que além disso não entraram no cômputo de Nunes, o que pressupõe uma integração tardia no acervo, certamente quando este já se encontrava no ANF. Na medida em que se desconhece quem a atribuiu, ela fica referida pela designação (Anónimo) nos registos descritivos.Finalmente, outras cifras recentes, também escritas frequentemente nas caixas, indicam o total de negativos que cada uma delas continha quando estava no ANF (o que nem sempre coincide com o total que fora antes apresentado por Jorge de Almeida Lima).De todo modo, nenhuma das mencionadas numerações sequenciais, quer a autógrafa (referida, nos registos descritivos, pela sigla JAL), quer a de Frederico Jorge Oom (referida pela sigla FJO), quer a subsequente (referida pelo apelido NUNES), foi inteiramente eficaz, pois o CPF, que seguiu preferencialmente esta última, chegou a receber caixas dela desprovidas, sobretudo em decorrência de perda das etiquetas numeradas, o que fez com que por vezes criasse um tipo de numeração suplementar (referida, nos registos descritivos, pela sigla CPF), em que ficava especificado que cada uma dessas caixas integrava o conjunto advindo "Sem Número". Em casos pontuais foi possível inferir a desaparecida numeração de Nunes, tornando então patente que certas caixas tinham sido triplamente numeradas – por (JAL), por (NUNES) e pelo (CPF).Em virtude de diversas lacunas constatadas nas referidas numerações sequenciais das caixas, tornou-se evidente que o CPF não ficou de posse da totalidade dessas primitivas unidades de instalação, restando apenas, portanto, as fichas do ANF como testemunho da existência de caixas originais não entregues.Quando do ingresso do fundo Jorge de Almeida Lima no CPF, a documentação fotográfica estava disposta de duas maneiras: grande parte ainda acondicionada nas caixas de origem, mas a parcela restante já inserida em mais de trinta contentores de plástico, resultantes do esvaziamento, parcial ou total, dos conteúdos daquelas mesmas caixas. A agregação por grandes temas, bem como a palavra "escolhido", que constava dos invólucros de determinados negativos nos contentores, correspondia a imagens reproduzidas no catálogo da exposição "Jorge Almeida Lima: fotógrafo amador", realizada em Lisboa, no Museu do Chiado, em 1997, com a essencial participação do ANF, permitindo assim deduzir que a remoção dos negativos das caixas visou facilitar a seleção temática de imagens para exibição no citado evento, bem como para ilustrar o catálogo publicado no ensejo.Quanto às fichas do ANF, elas apresentam-se em dois grupos: em dossiês de fichas de identificação e representação sistemática de documentos fotográficos (numeradas de 1 a 1.602, mas com várias lacunas) e num contentor de fichas de diagnóstico e tratamento de documentos fotográficos (numeradas de 1 a 1.563, igualmente com grandes saltos).A estratégia aplicada pelo CPF ao fundo Jorge de Almeida Lima consistiu na limpeza, estabilização e reacondicionamento dos documentos fotográficos, cada um deles sendo embalado em envelope de papel neutro. Depois disto, lotes dessas matrizes eram guardados em caixas também "acid-free". Dada as lacunas numéricas no conjunto de fichas do ANF, assim como o facto de que elas abrangiam apenas uma parcela do acervo, o CPF optou por atribuir nova numeração arábica sequencial para a totalidade dos documentos fotográficos, produzindo paralelamente fichas próprias. Isto resultou na criação de dossiês de fichas de imagem, além de ter sido feito um dossiê de fichas de caixas (embora incompleto, por não registar muitas caixas originais que tinham sido esvaziadas no ANF).Além de se constatar recentemente que os conteúdos de várias caixas originais tinham sido alterados relativamente à maneira que Jorge Almeida Lima os dispôs, averiguou-se que não foi entregue ao CPF a quase totalidade das provas de autor. As faltas foram comprovadas graças ao confronto entre as informações presentes nas fichas do ANF e as que constam das fichas congêneres do CPF.O trabalho de digitalização dos negativos, realizado na Torre do Tombo, obedeceu à sequência numérica a eles atribuída pelo CPF, que é exatamente a adotada para os documentos simples descritos nesta base de dados.