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DOCUMENTO/DATA DE INSTITUIÇÃO: testamento de mão comum com a mulher Ana de Sousa Florença (f. 2-6 v.º) aprovado em 1649-08-09, na cidade do Funchal, nas casas onde vivia o testador. Testamento aprovado pelo tabelião Manuel Ribeiro. Aberto em 1650-05-12, por falecimento do instituidor, em presença do juiz de Fora, Dr. Santos de Sousa Galhardo. Traslado feito pelo escrivão do Resíduo, João Escórcio Drumond, em 1669-01-04 (f. 6 v.º). Testamento muito danificado, lacunas de suporte.MOTIVOS DA FUNDAÇÃO: não foi possível verificar.ENCARGOS PERPÉTUOS (ANUAIS): i) doze missas, sendo nove por alma dos instituidores, «ha honra dos nove mezes que a Virgem Nossa Senhora troxe seu bento filho no seu canto vemtre» (f. 3), e outras três por intenção das almas dos seus pais, filho e mais defuntos; ii) uma missa rezada anual à Santíssima Trindade paga com quatro vinténs; iii) seiscentos réis à Confraria das Almas da igreja da Santíssima Trindade da Tabua (na f. 11, uma quitação de 1653-10-02, menciona o encargo anual de quinhentos réis à dita confraria).Note-se que o testamento de mão comum identifica conjuntamente as pensões de ambas as terças, contudo estes autos de conta respeitam apenas à pensão do testador, como se vê abaixo na f. 15 v.º-16.BENS DO VÍNCULO: terças dos seus bens, as quais foram reservadas aquando da atribuição do dote à filha D. Maria de Ornelas. São os seguintes os bens: trezentos mil réis nas suas casas de morada na cidade do Funchal (eram fregueses da Sé), com o dito encargo de doze missas; 50.000 réis nas casas, quintais, rego de água e bica sitas na Tabua, ao longo do mar, com obrigação da dita missa anual; e 50 mil réis no lugar da Adega, Freguesia da Tabua, onde estava Belchior Gomes, onde impõem o legado à Confraria das Almas. Os bens das terças nunca seriam vendidos, nem alheados.SUCESSÃO: nomeiam o filho António Camacho Florença, sucedendo-lhe o filho mais velho, não o tendo passaria à filha D. Ana, depois seu filho varão primogénito de apelido “Camacho”, «sempre seguindo a linha direita do noso filho Antonio Camacho e sempre andara em varão e nam ô avendo na femea que soceder ate ter filho var[am]]». Extinguindo-se esta linha, a terça passaria à filha dos instituidores, D. Maria de Ornelas, mulher de Diogo Afonso de Aguiar, ou seus descendentes, filhos legítimos, primogénitos e preferencialmente do sexo masculino e de apelido “Camacho” «sempre sarão filho legitimo que sendo bastardo nam posa herdar tal terssa e todo o filho macho que soceder na dita terssa se chamara em apelido Camacho e quando algum varam mais velho queira entrar na dita terssa sem apellido Camacho hira ao segumdo tomando o dito apellido ate ir cempre por linha direita com os emcarguos que temos postos» (f. 2 v.º)ADMINISTRADOR EM 166[9]-[01]-04, data da abertura dos autos (f. 1): o aludido genro Diogo Afonso de Aguiar.ÚLTIMO ADMINISTRADOR: a penúltima conta (1736, f. 15 v.º) é tomada ao padre Gaspar de Valdavesso; a última conta é tomada à revelia do administrador em 1789. Uma nota inscrita na folha de rosto informa que Manuel Carvalho de Valdavesso e sua mãe D. Ana de Atouguia possuem esta fazenda.Outras informações do testamento (f. 2-6 v.º):FREGUESIA: fregueses da Sé, Funchal.TESTAMENTEIROS: o filho António Fernandes Camacho.ENTERRAMENTO: não foi possível verificar.DOTE DA FILHA: ao tempo em que fizeram o dote da filha, acharam que os seus bens valiam 24.000 ou 25.000 cruzados, avaliações verdadeiras «e nam famtastiqyuas» (3 v.º). Atribuíram ao dote 12.000 cruzados, e reservaram para as suas terças 8000 cruzados.CONTAS/LIVROS: o testador declara ter contas com muitas pessoas nesta ilha, em Lisboa, Brasil, e ilhas de Baixo «por conhecimentos e careguasois, por livros boradores, copiadores de cartas missivas e seus conhecimentos» (f. 5).LITERACIA: ambos os testadores sabem escrever e assinam o testamento.TESTEMUNHAS: Gaspar de Abreu; Domingos Pereira(?) Camacho; Belchior Gomes; Pantaleão […], Marcos Fernandes(?) Nogueira; António de Gouveia de Mendonça; António Vieira de Brito.Outros documentos:F. 7-10 v.º – Contêm o traslado de quitações de sufrágios da testamentária do testador, mandados dizer em 1650 pelo padre Gaspar de Abreu, cunhado do testador. As quitações foram emitidas por diversos párocos, pela Misericórdia do Funchal e por mordomos de confrarias. Traslados de 1669.F. 11-11 v.º – Contêm o traslado de quitações de encargos de 1651 a 1653, traslados de 1669. F. 12 – Audiência de 1705-04-[…]. O procurador do Resíduo, João da Mota e Silva, informa que a capela estava muito atrasada, não se prestando contas da pensão de missas deixadas pelo defunto (seis missas cada ano), incumpridas desde 1650 (54 anos em dívida). Solicita a notificação de Pedro Carvalho de Valdavesso «possuidor da tersa do dito defunto».F. 14 – Despacho do juiz do Resíduo, datado de 1705-04-[…], a ordenar a notificação do administrador, sob pena de sequestro, para pagamento do que deve.F. 14--15 – Traslado do pagamento dado à terça do defunto, extraído do inventário do testador, de que fora inventariante a mulher Ana de Sousa Florença, o qual fora apresentado pelo juiz dos Órfãos Manuel Carvalho de Valdavesso. Traslado feito em 1736-04-15, pelo escrivão dos Resíduos, o qual já constatava então o mau estado do dito processo «e declaro que algumas letras dos jtens dos pagamentos estão comidos da traça em tal forma que muitas palavras se não vem as letras delle» (f. 15). Bens dados em pagamento da terça: 25.000 réis na fazenda da Ribeira da Tabua a que chamam a Adega, com casa palhaça; 25.000 réis nos aposentos de casas de sobrado sitas na Tabua, junto ao mar; outro item respeitante a 150.000 réis que não conseguimos identificar devido à lacuna de suporte, mas cremos tratar-se da casa sita na cidade do Funchal.F. 15 v.º-16 – Auto de conta ao padre Gaspar de Valdavesso em 1736-04-15. Identificam-se as pensões e bens desta capela, a saber: 150.000 réis em casas na cidade do Funchal, pensionadas com seis missas anuais; 25.000 réis nas casas e quintal da Tabua com pensão de uma missa de dois em dois anos; e outros 25.000 réis impostos no lugar da Adega, Tabua, com o encargo de 600 réis anuais à Confraria das Almas da igreja da Santíssima Trindade da Tabua.F. 16 v.º-17 – Auto de contas desta capela referente aos anos de 1735 a 1789, não se refere o nome do administrador.