OFÍCIO do governador de São Tomé e Príncipe, Luís Joaquim Lisboa, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar] António de Araújo de Azevedo, a informar da situação em que o capitão-mor da ilha de São Tomé, João Ferreira Guimarães, deixou os povos angolares daquela ilha; participa que se encontram espalhados pelos matos, com medo que os apanhem e entreguem aos senhores dos escravos, a quem tinham fugido alguns Gabões; estando preso o 2º comandante deles, Diogo Soares, que era réu de desobediência, tendo sido processado, sentenciado e conservado preso em São Tomé, onde arrombou as grades da cadeia, saltou a muralha e fugiu para o mato, viu-se obrigado a perdoar a este réu, em nome do príncipe regente, para que aqueles povos voltem aos seus lares e povoações; alguns anos atrás, tinham saído dos matos e abraçaram a religião cristã, tendo assinado um termo de vassalagem e homenagem, mandado fazer pelo seu antecessor, Gabriel António Franco de Castro, em 8 de Setembro de 1803; estes povos são muito úteis, tanto para a defesa da colónia, pela sua robustez e coragem, como para a agricultura e o trabalho do corte de madeiras, necessárias para o fabrico das casas da cidade, tendo a sua ausência provocado uma grande falta tanto de tabuado, como de bananas e várias criações de porcos.
1816-02-07