OFÍCIO do provedor da Fazenda Real, Raimundo José da Cunha Matos, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar] conde das Galveias [D. João de Almeida Melo e Castro] a participar as obras que foram feitas nos reais hospícios de Santo António dos Capuchinhos Italianos e de São Tiago dos Religiosos Descalços de Santo Agostinho, que se encontravam em ruínas, tendo o primeiro exigido uma despesa de mais de 20 mil cruzados e o segundo, de 2 contos de réis; informa que além do clima e da ausência de religiosos, também concorreu para a ruína destes edifícios, o aumento da libertinagem e devassidão dos escravos nos hospícios, que serviam de recetáculos de vagabundos, prostitutas e covis de facínoras; assim sendo, e concluídas as obras, mandou fechar as portas dos hospícios e entregou as chaves ao almoxarife; nestas obras despendeu-se a pequena soma de 644 mil e 570 réis; mandou também reparar a fortaleza da Ponta da Mina, na ilha do Príncipe, quando ali esteve em 1810 e a casa nobre e capela de nossa Senhora da Glória da fazenda da Praia Melão, pertencente a S.A.R., o que importou em 410 mil réis; refere que se não tivessem sido feitas estas reparações, perder-se-iam os melhores edifícios religiosos da ilha de São Tomé.
1814-03-28