OFÍCIO do governador de São Tomé e Príncipe, Luís Joaquim Lisboa, ao [oficial-maior da Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar] João Filipe da Fonseca, a informar da sua chegada e posterior tomada de posse, sendo esta deferida pelo major de Milícias, Francisco José da França, que estava no governo da ilha, pela ausência do seu antecessor, ao qual já foi passado o competente passaporte para regressar à Corte; informa que os povos das ilhas são selvagens e tornam-se facilmente fanáticos e supersticiosos, por culpa do Clero deste Bispado, que possui uma moral devassa e promove desordens e vícios, tendo chegado ao excesso de declarar por excomungadas publicamente e por Pastorais, as mulheres roubadas por colegas seus e que pediam justiça; o mesmo clero publicou a excomunhão dos oficiais e militares, que pegaram em armas e prenderam um clérigo que armado com espada e punhal e acompanhado por um escravo com um varapau, andou vadiando pela cidade, de noite; participa que o seu antecessor, procurou todos os meios para lesar a Fazenda Real, na quantia de 4 mil cruzados.
1805-10-19