REQUERIMENTO do sargento-mor das ordenanças da ilha de São Tomé, António José Coelho, ao príncipe regente [D. João] sobre: queixa-se da cruel morte de seu filho, tenente, Vidal José Coelho, atribuindo a culpa ao governador, Gabriel António Franco de Castro; descreve os acontecimentos; participa que em 30 anos de serviço, nunca viu governador mais cruel e imprudente que este, receando que haja alguma sublevação; pede ao regente urgentes providências para bem destas ilhas e dos seus habitantes; faz um grande elogio à ação governativa do anterior governador, João Baptista e Silva; o alcoolismo do atual governador, tem-lhe feito perder a reputação e o respeito; também tem oprimido o feitor do negociante de Lisboa, prejudicando o comércio e a navegação; pede que seja substituído o atual governador, pois arruina os vassalos e o Estado.
1804-05-17
REPRESENTAÇÃO do vigário da vara, com jurisdição ordinária na ilha, Faustino Dias de Andrade, ao príncipe regente [D. João] a informar que se encontra na ilha, há 8 anos, um religioso Barbadinho italiano de nome Frei Pedro de Pezaro, a fim de desempenhar as suas missões, ensinar a doutrina cristã, praticar os ofícios santos e propagar a Fé na Costa de África, Reino de Oere, tendo o avô de S.A.R. o rei D. João V, mandado estabelecer nas ilhas uma embarcação para o transporte dos missionários, sendo as despesas pagas pela Fazenda Real; o procedimento do dito religioso tem sido muito diferente dos seus companheiros, porque tendo terminado o tempo de 7 anos de serviço a residir nesta ilha, não consta que neste tempo todo, tenha feito predica alguma, nem missão em tempo de Quaresma, nem confessado o povo, nem outros atos ao serviço de Deus e de S.A.R., a que foi destinado e que recebe uma esmola anual da Fazenda Real para a sua subsistência; enumera as falhas do mesmo, tais como: falta de subordinação ao cabido e ao bispo, insultos aos habitantes, aos magistrados, ações escandalosas e indecentes, andar bêbado, fazer batuques e danças ilícitas no hospício, com as janelas abertas e as luzes acesas, tendo no dia 4 de Maio de 1803, sido visto de tronco nu; atendendo a que acabou o seu tempo de serviço, pedem que S.A.R, ordene ao governo ou ao cabido, para o fazerem retirar da ilha.
1804-07-02