OFÍCIO do governador de São Tomé e Príncipe, coronel de Artilharia Gabriel António Franco de Castro, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar] visconde de Anadia [D. João Rodrigues de Sá e Melo] a informar que em 7 de Setembro, conseguiu que 15 indivíduos dos mais importantes dos povos denominados Angolares, que vivem dispersos nas montanhas, jurassem homenagem de fidelidade e sujeição; prometeram reunir-se todos numa povoação, o que se torna fácil por serem da mesma geração, com a condição de se lhes dar o sítio denominado Angra de São João, para ali edificarem as suas casas e vila; este sítio é próximo da ermida de Taboas; pediram também a eleição de um comandante entre eles, o que lhes foi concedido, tendo sido eleito um preto descalço (como todos), porém mais velho e respeitável, ao qual mandou fardar; já se encontram edificadas 50 casas, a maior parte habitadas; estes povos vivem naqueles montes há cerca de 300 anos, tendo origem num navio de escravos de Angola, que ali deu à costa; o sítio escolhido é agradável e o mais saudável da ilha, ficando na extremidade Sul, tem boa água, bons campos e um sofrível porto para pequenas embarcações.
1803-11-17