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OFÍCIO do governador de São Tomé e Príncipe, coronel de Artilharia Gabriel António Franco de Castro, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar] visconde de Anadia [D. João Rodrigues de Sá e Melo] a informar que o desembargador ouvidor-geral de São Tomé, Luís Moutão Cordeiro do Vale, adoeceu com a moléstia da terra e tendo piorado, recolheu-se ao seu quartel, onde em poucos dias se restabeleceu e em 13 de Dezembro voltou a casa; nessa noite, alta madrugada, dirigiu-se ao Hospício de Santo António, acompanhado por alguns escravos, e levou para casa o que quis, causando a maior admiração na cidade, por envolver alguns quadros, duas alcatifas da igreja e uma cortina que servia para a exposição do Senhor; guardou silêncio por ver o estado doentio em que se encontrava, apesar de não ter deixado de fazer um auto de corpo de delito, pelo provedor interino da Fazenda Real; em 27 de Dezembro, recolheu-se novamente doente ao seu quartel, falecendo em 16 de Janeiro; participa que imediatamente mandou fazer sequestro em todos os seus bens, para indemnizar a Fazenda Real do que lhe ficou devendo e fez repor no dito hospício e igreja o que tinha tirado; os cónegos receberam mal a sua morte, não lhe querendo dobrar os sinos, tendo sido necessário que lhes ordenasse para fazerem as honras, por ser pessoa tão condecorada; nas disposições testamentárias, deixou-lhe como seu testamenteiro os seus bens, que apenas chegam para indemnizar a Fazenda Real, os quais, além do sequestro, encontram-se debaixo de guarda e as chaves num depósito, tudo inventariado, para algum destes dias irem à praça.
1803-01-22
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