OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, Nicolau de Abreu Castelo Branco, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Conde de Subserra [Manuel Inácio Martins Pamplona Corte Real], sobre o cumprimento das instruções que recebeu na sua partida para Angola, expondo os acontecimentos e os procedimentos que tomou; informa das nomeações que fez dos capitães-mores e regentes; desenvolve o assunto; dá conta do estado e progressão das muitas obras públicas, tais como: caminhos, pontes, o Passeio da Ponte da Isabel, a Igreja de São João, o Quartel do esquadrão de linha, as fendas das muralhas das 3 fortalezas, a Igreja do convento de São José e a Igreja do convento de Santo António; quanto ao convento do Carmo, que caminha para a sua total ruína, o avarento prior que o habita com mais um padre, só trata de enriquecer-se com os seus rendimentos e com o escandaloso tráfico do comércio; acresce que este convento é de todos o mais rendoso, não só pelas fazendas que possui, como pelas sepulturas e enterros de pessoas ricas na igreja e claustro; recebe ainda o prior, a quantia de 8 mil e tantos réis mensais da Fazenda Real a título de missionário, sem que tenha exercido algum vez e outra igual quantia tem o seu superior, a título de Mestre de Moral, que também não exerce; exprime dúvidas na sua atuação, por não querer ser acusado de ingerência contra a propriedade dos religiosos; considera que deverá emanar do governo de S.M. a ordem de remoção do prior do Carmo, mandando-se habitar o convento por alguns religiosos, que desempenhem as funções do seu ministério e tornem a religião respeitável.
1824-11-18