OFÍCIO do [governador e capitão-general de Angola] D. António de Lencastre, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Martinho de Melo e Castro, tecendo considerações sobre a utilidade estratégica do presídio de Encoje que se situava a 70 léguas da costa do mar e ainda a muitas mais dos sertões por onde passavam o contrabando que circulava no Congo e nos potentados vizinhos; informando que dando cumprimento as ordens que constavam da carta particular de 9-06-1772 sobre o combate ao contrabando propunha a fortificação do porto do Loango, ou que Portugal exercesse o direito de Conquista contra a presença estrangeira nos portos do Norte, de onde saiam entre 18 a 20 vinte mil escravos ano, em cerca de 30 navios de armadores e companhias particulares, dos portos do Loango, Cabinda, Molembo e Guitungo; referindo a visita ordenada ao capitão de Artilharia, António Máximo de Sousa Magalhães aos portos do Norte para fazer as plantas da costa norte e informar-se sobre o comércio que ali se praticava pelos navios estrangeiros; solicitando o envio de munições e apetrechos para reparação da artilharia; pedindo oficiais ferreiros, serralheiros e pedreiros para guarnecer os presídios; referindo as providências para a execução de obras nos portos do Norte, que pretendia fazer com poucos custos para o Erário Régio; informando que estava arribado há de um ano uma nau holandesa, com cerca de 10 homens incluindo o comandante, com carga de ferro e fazendas grossas, que aguardava por mais gente para partir; mencionando que pretendia impedir a sua saída sem autorização régia; pretendendo utilizar a referida nau para realizar uma viagem aos portos do Norte, usando para tal tripulação portuguesa, caso recebesse do Reino autorização; solicitando autorização para incluir nessa viagem os seguintes oficiais que eram da sua inteira confiança: como comandante, um cavaleiro da Índia e Ex degredado António Manuel de Melo, que servira como capitão-de-mar-e-guerra; Manuel António Pinheiro, tenente do mar Joaquim de Almeida e o 1º piloto João Ferreira, acrescentando que a referida nau se encontrava bem apetrechada de todas as munições, tanto para defesa como de ataque; dizendo que para a expedição contava com tropas do Regimento de [Luanda]; solicitando por isso, o envio de recrutas e de 30 soldados artilheiros com três oficiais inferiores para se repartirem pelas três fortalezas que iriam ficar desguarnecidas.
1773-03-31