CARTA do capitão de Infantaria, João Pedro Miguéis a Guilherme Helder dando conta da sua viagem da corte para Angola e a boa recepção e acolhimento que teve em Benguela e Luanda, das belas casas, palácios e edifícios, prosperidade para os oficiais europeus e bom clima, contrariamente ao que se diz na corte, apesar dos cuidados para se evitar contrair as doenças tropicais que vitimaram, por destempero, a Joaquim José Cipriano e Manuel Maria; refere as boas fortificações, arsenal e alfândega à semelhança da corte, graças à capacidade do governador [e capitão-general de Angola, D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho]; o muito trabalho na fábrica de ferro de Nova Oeiras; solicita ser recomentado ao [secretário de estado do Reino e Mercês] marquês de Pombal [Sebastião José de Carvalho e Melo] e ao [ secretário de estado da Marinha e Ultramar] Martinho de Melo e Castro, assim como recomendações ao ajudante e condiscípulos de Guilherme Helder. Acrescenta que após 8 anos de trabalhos de fundição do ferro em Angola, foram feitas novas experiências e à terceira tentativa, com base nos cadernos de forja de [René-Antoine Ferchault de] Réaumur conseguiram que o ferro corresse líquido pelo forno, com grande contentamento do governador e de todos.
1771-09-12