OFÍCIO do governador de Cabo Verde, António Pusich, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], conde dos Arcos [D. Marcos de Noronha e Brito], a participar que depois de visitar a ilha do Maio, se encontra na ilha de São Nicolau, partindo depois a visitar as ilhas de São Vicente e Santo Antão; dá conta do que fez na ilha do Maio, a saber: foi desentupida a salina pequena e foram abertas maretas com poços, trabalho que correu muito bem, pois ficou assegurada uma constante abundância de sal, que pode anualmente chegar a mais de 5 mil moyos, sendo necessário que S.M. ordene aos navios portugueses que de Portugal vão para o Brasil, para irem carregar sal naquela ilha, visto que são raros os navios americanos que este ano têm aparecido e que era a única nação que fazia aquela exportação e que dava os meios para subsistirem, tanto os habitantes da ilha do Maio, como os da Boavista; prejudicada fica também a Fazenda Real e os seus Direitos; na ilha da Boavista promoveu a cultura do algodão, a plantação de coqueiros e a criação de gado, tendo concluído uma fortaleza denominada Leopoldina e mandou formar um cais; o oficial que os comanda interinamente, tem servido de mestre das primeiras letras, com o ordenado de 60 mil réis anuais; mandou consertar os caminhos públicos, limpar as aguadas para o gado e plantar arvoredo pelos montes; desenhou uma fortaleza que o comandante e o povo se ofereceram para fazer, para defesa do porto, que será chamada Príncipe Real; tanto na ilha da Boavista como na do Maio, pôs-se em ordem metódica a escrituração e a cobrança dos Direitos Reais; assegura que a ilha de São Vicente principiará a ser um domínio útil a S.M., e que até agora o era de alguns indivíduos da ilha da Boavista, que dela se tinham assenhoriado, com o imenso gado que ali introduziram e destruindo as plantações, razão de não ser povoada; informa que um navio americano apareceu no porto da vila da Praia, cujo comandante é F. Scriver e tripulação de uma fragata inglesa Erne, que tinha dado à costa na ilha do Sal, tendo fretado uma escuna portuguesa de Joaquim e José pereira Duttra, para os conduzir a Portsmouth, e a cujo comandante, oficiais e guarnição, lhes foi prestado todo o auxílio.
1819-07-27