OFÍCIO do governador de Cabo Verde, coronel, João da Mata Chapuzet, ao [ministro da Guerra], Manuel Gonçalves de Miranda, a participar a chegada do desembargador ouvidor, tendo-o encarregue logo das duas devassas mais essenciais, a saber: marchou com ele para a Ribeira do Engenho, tendo sido bem recebido e prendido os cabeças do motim; demorou-se 8 dias e fez uma proclamação, a qual ordenou que fosse lida 2 dias santos seguidos, na freguesia de Santa Catarina e afixada depois na porta da igreja; prometeu voltar, o que cumpriu um mês depois, com o desembargador ouvidor, para decisão de todas as queixas dos habitantes; de seguida viajou para o porto de Santiago e para o resto da ilha; devido às providências que tomou, e apesar de 300 degredados que se encontram na vila da Praia, quase todos facínoras, encontra-se tudo em sossego e harmonia; os povos encontram-se satisfeitos com o seu governo e obedientes, pois antes da sua chegada, pelas ideias falsas que tinham adquirido, julgando-se em plena liberdade com a Constituição, dando-lhes esta, o direito de não pagarem aos proprietários, de serem desobedientes às autoridades e os escravos de ficarem livres como cidadãos, finalmente tudo voltou à boa ordem; esta província parece que foi descoberta ou conquistada há 2 meses, não havendo nada feito e tudo a fazer, tal é o seu estado.
1823-04-17