OFÍCIO do governador de Cabo Verde, António Pusich, ao Presidente e Membros da Regência do Reino de Portugal, em que, como o sossego público desta capital e demais ilhas ameaçava uma cruel anarquia, entre este povo rude e supersticioso e a total subversão da boa ordem, devido às maquinações de João Cabral da Cunha Goldofim e seus cúmplices, habitantes da ilha da Boavista, que com o pretexto de aclamarem a Constituição se declararam independentes deste governo e das outras autoridades desta capitania, convocou no dia 4 no quartel general, todas as autoridades eclesiásticas, civis e militares, para tratarem de comum acordo a conservação da unidade da capitania; assim , assentou-se e declarou-se o seguinte: que a ilha da Boavista e o seu intruso comandante fossem emprazados perante o recto juízo de S.M. e da Nação e que se renovasse o juramento de observância à nossa Santa Religião Católica Apostólica Romana, de fidelidade e obediência ao nosso Rei D. João VI e à sua Real Dinastia; que se jurasse reconhecer as Cortes de Portugal e observar e guardar aquela Constituição; remete o auto que o desembargador ouvidor-geral desta comarca foi encarregado; remete a carta que o dito Cabral dirigiu ao comandante desta praça, que é uma verdadeira diatribe respirando insubordinação e maledicência, pelo ódio e paixões particulares que manifesta; mais, remete documentos da sua acção na praça de Cacheu.
1821-04-17