OFÍCIO do governador de Cabo Verde, António Pusich, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], conde dos Arcos [D. Marcos de Noronha e Brito], a expor a situação dos presídios da Guiné, que estão em lamentável estado depois do fim do tráfico da escravatura, que era o principal e quase único ramo do seu comércio; faz uma análise sobre os meios que possam remediar a situação, e tornar florescentes os outros ramos do seu comércio antigo, como são a cera e o marfim, e introduzir outros, como algodão, paus de tintura, milhos e pelame; mais, para atrair novamente ao mercado daqueles presídios, os gentios vizinhos que ali costumavam traficar, mas que agora, quase todos vão para o mercado dos ingleses, estabelecidos na Gâmbia, vem propor a formação de uma Companhia de Comércio para a costa da Guiné, remetendo um plano da criação da mesma, que mandou fazer ao desembargador ouvidor-geral da capitania, José Leandro da Silva Sousa, com o parecer dos negociantes, Manuel António Martins e Joaquim José Pereira, que têm grande prática das relações comerciais daquelas paragens.
1819-02-27