OFÍCIO do governador de Cabo Verde, Marcelino António Basto, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], D. Rodrigo de Sousa Coutinho, sobre: pirataria dos corsários de Goré, com o encalhe e roubo do bergantim do capitão-mor da ilha Brava; pedido de vacas, porcos, água e refrescos, tendo sido hospedados na povoação, nas casas do comandante; regresso a casa do capitão-mor, a quem roubaram e saquearam; prosseguimento do saque a outras casas, que tinham sido marcadas a giz, na noite anterior; homicídios de algumas pessoas; na retirada para bordo, abusaram bárbara e sem piedade, de algumas muheres; estado de absoluta debilidade das defesas, de que resultaram o domínio da ilha por 50 franceses, durante 5 dias; ordem de prisão e envio para a corte, do infiel e traidor contramestre, que entregou a sua família e toda a ilha, aos piratas; fretamento de um navio americano enviado às ilhas de Barlavento participar dos intuitos do inimigo, para se acautelarem, recolher-se e preparar as defesas; ordem para regresso imediato do bergantim da Fazenda Real, Nossa Senhora da Conceição, o qual tinha sido enviado ao Tarrafal e a São Nicolau; explicita as providências tomadas para defesa da capital; a tripulação que atacou a ilha Brava, compunha-se de 160 homens, mistura de franceses, espanhóis, russos e portugueses; pedido de armamento; necessidade da presença de alguma nau ou fragata portuguesa, para defesa desta costa.
1798-03-07