CARTA (do governador e capitão general da capitania de São Paulo), Antônio José da Franca e Horta para o (Príncipe Regente, D. João), a informá-lo, primeiramente, que cumprindo a missão de averiguar as acusações contidas nas representações do Bispo da diocese de São Paulo (D. Mateus de Abreu Pereira), do coronel Jerônimo Martins Fernandes e mais queixosos, sendo a terceira anônima, contra o ajudante de ordens do governador que o precedeu e contra o próprio governador, respectivamente, Tomás da Costa Correia Rebelo e Silva e Antônio Manuel de Melo Castro e Mendonça - as suas diligências não puderam manter-se secretas, em virtude de os procuradores do referido coronel terem sabido do envio das representações e lhe terem informado, como o próprio coronel confessa no requerimento que fez ao autor desta carta. Em segundo lugar informa que, por considerar demasiado importantes para serem objeto apenas de uma indagação particular alguns fatos referidos na representação do Bispo , tomou a iniciativa de oficiar, em nome do Príncipe Regente, ao mesmo eclesiástico para que os comprovasse, ao que este último deu resposta. E, em terceiro lugar, relata que, entrando na averiguação dos fatos, verificou ser voz geral tudo quanto se disse, e estarem rigorosamente de acordo com os depoimentos feitos na inquirição, e na devassa que mandou proceder na Legião de Voluntários Reais de São Paulo. Concluindo, diz ainda, que, dos fatos respeitantes à religião, alguns foram comprovados por pessoas probas, devendo, em soa opinião, ser atribuído, não a razões de descrença, mas à vida libertina e dissoluta que levaram.
1805-02-15