OFÍCIO [do sargento-mor engenheiro] Manuel Germano da Matado Conselho Ultramarino ao rei [D. José I] sobre a falta de dinheiro e mantimentos na expedição de Bissau, dado que acabaram os mantimentos vindos da ilha de Santiago, informando que mandou o iate São Joaquim e a corveta Nossa Senhora da Esperança para a ilha de Santiago avisar ao governador e capitão-general de Cabo Verde e ao administrador da Companhia do Grão-Pará e Maranhão da situação de carência vivida em Bissau e solicitando mantimentos e dinheiro para pagar os pretos de Cabo Verde, que revindicavam pagamento em dinheiro tal como receberam os marinheiros e soldados da nau de guerra; expondo o incidente que tiveram com os pretos por estes não quererem trabalhar sem receber pagamento em dinheiro não obstando terem uma boa dieta alimentar, advertindo que o episódio foi amenizado pela presença do padre frei Pedro de Valongo e com a promessa de que seriam pagos; queixando-se dos maus procedimentos dos trabalhadores pretos oriundos de Cabo Verde, que só trabalharam bem enquanto frei Luís [Caetano de Castro Vasconcelos] em respeito a guarnição da sua nau, e mencionando que uma revendição de um soldado da Companhia de Manuel de Brito, por mais tempo de descanso, despontou numa série de acontecimentos que levou a uma pequena rebelião; acusando a receção do pagamento e os mantimentos que constavam da relação inclusa; dando conta que remeteria na galera São Pedro uma quantidade de homens incapazes para trabalhar e alguns doentes na galera Nossa Senhora da Esperança, e que pediu ao administrador de Cacheu que convocasse os moradores para trabalharem em Bissau; informando da chegada em Bissau de seis moradores de Geba em fuga por terem sido ameaçados de mortes em Geba, povoação de onde era proveniente a maior dos cativos, cera, marfim e algum ouro, referindo que o capitão cabo daquela praça recebia uma porção de todos os navios que para lá iam carregados de sal ou de carne de cavalo-marinho; informando que ouvidor das ilhas de Cabo Verde, João Gomes Ferreira desrespeitou uma lei do tempo de D. Pedro II proibindo que degredados sentenciados exercessem ofícios, ao colocar Apolinário José, degredado na ilha do Fogo, para servir no ofício de escrivão da correição quando foi a dita ilha averiguar a queixa que o signatário fez contra o vigário Inácio Mendes Rosado e alguns dos seus aliados; e dando conta que pediria mais homens ao governador e capitão-general de Cabo Verde.
1766-05-11