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OFÍCIO do ouvidor geral das ilhas de Cabo Verde, João Gomes Ferreira, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar, Francisco Xavier de Mendonça Furtado], sobre a fuga do ajudante da vila da Praia, Diogo de Almeida, um dos pronunciados na morte do ouvidor geral, seu antecessor, [João Vieira de Andrade]; acerca dos sequestros, para as dívidas e custas, dos bens dos culpados remetidos [para o Reino], em particular, do coronel, António de Barros Bezerra [de Oliveira]; sobre o estado da ilha de [Santiago] após as prisões efectuadas; sobre a restituição aos juízes Ordinários da cidade da [Ribeira Grande] e vila da Praia, da sua jurisdição cível e criminal como também dos Órfãos, na falta de seus juízes, usurpadas pelos seus antecessores; acerca da carta do ouvidor geral, [João Vieira de Andrade] e mais papéis que tem em sua posse, dando conta do estado da religião e dos factos que considerava erros e contrários aos dogmas da fé da religião católica que versavam e eram praticadas naquela ilha, a saber: 1) A esteira, acto que reputava de gentílico e que consistia em estender esteira aos seus defuntos, a partir do dia do óbito, durante quinze a vinte dias, pelos moradores, quer eclesiásticos ou seculares, nobres ou plebeus, seguido de choro, banquetes e de luxúria; 2) o reinado, que era realizado em todas as freguesias das ilhas e que consistia nos homens e mulheres servirem de reis e rainhas em domingos e dias santos, pedindo em cada uma delas, o reinado, com tambor e gaita, para organizar banquetes, consumando a sua coroação do reinado por um pároco, no final do ano, com uma missa rezada em cada freguesia que representavam, ao que se seguia à adoração de um altar em casa do rei e da rainha, e manifestações de gula e luxúria; 3) o foro ou mel; e outros abusos e erros mencionados e que era preciso evitar; sobre o livro novo do regulamento da disciplina militar que solicitava como auditor dos soldados; comunicando sobre o regresso do capitão e sargento-mor da ilha do Fogo, Manuel Urbano, e pedindo que se informasse sobre si, com os testemunhos deste sargento-mor, dos comandantee das fragatas [Nossa Senhora da Penha de França e Nossa Senhora da Estrela], José Rolllen Vandeck, e Bernardo Ramires Esquivel, e do capelão, padre Luís António, acerca dos seus procedimentos e do governador, [Bartolomeu de Sousa e Brito Tigre]; e informando que remete a carta do preto e antigo tesoureiro menor da Sé da ilha de [Santiago], João Coelho Barros.
1764-04-13