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O autor informa que com a morte de seu pai, [Francesco Bartolozzi], em 7 de Março passado, a sua mãe, de 78 anos, ficou a viver em circunstâncias muito precárias. Informa, ainda, que seu pai deixou por testamenteiro e herdeiro, de um terço dos seus bens, um seu discípulo chamado Francisco Tomás de Almeida, o qual viveu junto de seu pai nos últimos dias de vida deste. Residindo em Londres, e por isso longe da mãe, Gaetano, tendo em conta a proteção que o destinatário sempre dedicou a seu pai, solicita-lhe que apresente o Memorial incluso a S. A. R. e que seja o defensor da viúva e dos interesses da família de um tão famoso artista.
O autor, José Pedro Bayard, Cónego na Basílica de Santa Maria [Maior] em Lisboa [e Juiz na Nunciatura e Legacia Apostólica], remete a António de Araújo de Azevedo, [Min. da Marinha e do Ultramar no Brasil], o Mapa dos seus inventos que estiveram expostos na Junta do Comércio em 1806, por ordem do destinatário. Pede que o ofereça a S.A.R., [o Príncipe-regente D. João], e diz que desde 1794 tem empregado grande parte do seu tempo na concepção dos mesmos. Solicita a autorização do destinatário, caso as suas ideias não sejam acolhidas, para poder oferecer os ditos modelos à Sociedade das Artes e instituto de Londres ou a outras nações que premeiem invenções utéis. Se, acaso, forem aceites, o autor manifesta a sua disponibilidade para instruir a pessoa que for indicada para os montar "nesses imensos Estados" [do Brasil], ou, então, caso estejam disponíveis oficiais, materiais e obreiros das Oficinas e Arsenias Reais, os mesmos poderão ir já montados.
O autor, [1727-1815], informa a António de Araújo de Azevedo, [Min. da Marinha e do Ultramar e Conselheiro de Estado], que lhe vai enviar uma prova da gravura em cobre de Espanha, mas que esta não resultou como desejava em virtude de lhe faltar o material necessário como a tinta preta, o papel e o óleo de noz, que já havia solicitado ao [2.º] Marquês de Borba, [Presidente do Erário Régio e Sec. Estado da Fazenda em Lisboa]. Roga ao destinatário que proteja o seu discípulo Francisco Tomás de Almeida que, inclusive, já apresentou algumas provas de gravura da sua autoria. Afirma que ele é merecedor de toda a proteção e que vive em dificuldades.
O autor, [1727-1815], fala do seu estado de saúde aos 87 anos e das limitações que o mesmo lhe impõe para executar os trabalhos que deseja terminar antes de morrer. Refere que entregou a sua obra ao [2.º] Marquês de Borba [Presidente do Erário Régio e Sec. Estado dos Negócios da Fazenda em Portugal], a troco de cem moedas. Pede a António de Araújo de Azevedo, [Min. da Marinha e do Ultramar no Brasil], que proteja o seu discípulo [Francisco Tomás de Almeida], que muito o tem ajudado e cuja mulher o tem amparado na sua doença, para que o Erário Régio aumente a pensão que dele recebe de 100$000 réis para 400$000 réis.
O autor, José Pereira da Silva Leite de Berredo, [Comandante do Corpo da Guarda Real da Polícia do Porto], participa ao compadre António de Araújo de Azevedo, [Min. da Marinha e do Ultramar], o nascimento de outra filha. Solicita a proteção do destinatário para o portador da carta, seu sobrinho, o qual ofereceu-se para o serviço voluntário na América. Lembra a requisição da Patente, que apresentou em 1814, acompanhada da Planta Baixa da Cidade do Porto e de uma Memória da Força Militar da Polícia, semelhante à que o defunto Patriarca mandou ofercer a José Egídio Alvares de Almeida, [secretário Particular o Príncipe-regente] e compadre e condiscípulo académico do autor. Pede ao destinatário que patrocine o seu requerimento onde solicitava o recebimento da remuneração dos seus serviços, pelo Registo de Mercês, ao qual ficou habilitado pelo Decreto de 13 de Maio de 1813, onde recebeu também o Hábito de Torre e Espada. Comunica que pelo portador, o destinatário poderá receber informações sobre a fuga de Napoleão de Elba e sua chegada a Paris, da reorganização dos seus exércitos e consequente batalha com o Duque de Wellington, após a qual abdicou em favor do seu filho Napoleão II.
O autor, Nicolau Xavier de Figueiredo Bulhões Castelo Branco, Fidalgo da Casa Real, solicita ao Príncipe-regente D. João, que lhe dê posse do Prazo Foreiro da Coroa Real sito nas Lezírias das Barrocas da Redinha, termo da vila de Santarém, e de todos os que ali acrescentar com o seu trabalho.
O autor, J A Hardwige, descreve, ao amigo Nicolau, o ataque das tropas aliadas a Ciudad Rodrigo.
Relação dos familiares "Mártires" que serviram no Paço [Real].
O autor, Samuel Bermet, [administrador da propriedade de Santa Cruz], participa a D. João, Príncipe-regente, uma nova descoberta relacionada com o mar, a qual intitulou de "On the Ebbing and Flowing of the Sea".
O autor informa a António de Araújo de Azevedo a sua ida para o Brasil, em 1811, a convite do Conde de Linhares, D. Rodrigo [de Sousa Coutinho], para adminstrar a propriedade de Santa Cruz, cargo que ocupou durante oito meses. Após a morte daquele, manifestou ao Príncipe-Regente D. João a sua intenção de regressar a Inglaterra, tendo no entanto o monarca lhe pedido para ficar, oferecendo-lhe uma terra, a qual ocupou nos últimos três anos. Pretendendo, agora, encetar a viagem para Inglaterra, com passagens em Lisboa e América do Norte, o autor lamenta que não lhe sejam facultados os passaportes necessários enquanto não proceder ao pagamento dos impostos sobre a referida terra, que lhe foram aplicados pelo Intendente da Polícia, os quais não tem meios de pagar e que o impedem de vender a terra a terceira pessoa. Diz que só poderá sair do Brasil quando receber novos fundos de Inglaterra ou se o Intendente retirar o referido imposto. Manifesta o seu desagrado por esta situação, visto que dedicou tantos anos de trabalho àrduo dedicados a S.A.R.. Oferece um trabalho que compôs em honra do Príncipe e que o mesmo Senhor mandou para imprimir.
A A, remete ao Conde da Barca, [min. da Marinha e do Ultramar e Conselheiro de estado no Brasil], o requerimento que lhe tinha falado no Teatro, esperando que o dest. cumpra a sua promessa com brevidade.
O autor solicita a "poderoza protecção" do compadre Conde da Barca, [Min. da Marinha e do Ultramar e Conselheiro de Estado no Rio de Janeiro], "bem feitor, e o meu único amparo", para o requerimento, devidamente documentado, que agora lhe envia. Lembra que aquele que enviou em mãos de José Caetano de Sequeira Thedin, em que pedia a concretização da promessa feita por S.A.R. no Decreto de 13 de Maio de 1813, não recebeu ainda qualquer resposta.
O autor dirige-se a António de Araújo de Azevedo, [Conde da Barca desde 17 de Dezembro de 1815], em consequência do distinto cargo que ocupa de Ministro da Marinha e Ultramar e considerando "o muito que V. Exa. se interessa pelas artes e sciencias particularmente quando convierem ao bem do Estado e a Utilidade publica", para o avisar das vantagens do emprego do zinco na cobertura, nas chapas e pregos dos navios, conforme são fabricados pela "Dony & Co." em Liége, na Bélgica. Informa que a Real Marinha Mercante local já começou a usá-los e com grande vantagem devido à sua duração e economia quando comparado com o cobre. Refere-se ao tráfico marítimo dinamarquês, onde são utilizados diversos navios a vapor. Oferece ao dest. a interessante obra intitulada "Histoire de Christine Reine de Suéde par J. P. Catteau-Calleville", que acaba de ser impressa.
O autor, [Comandante do Corpo da Guarda Real da Polícia do Porto], solicita ao compadre António de Araújo de Azevedo, [Min. da Marinha e do Ultramar e Conselheiro de Estado no Brasil], proteção para o requerimento documentado que envia em anexo. Refere os serviços de seu tio António Leite Cabral que mereceram a promessa de uma Comenda da Ordem de Cristo, em duas vidas, e da dotação de 150 mil réis ao seu segundo bisavô, o Desembargador Gaspar Leite Cabral, a qual ainda não se verificou em nenhuma das vidas. Acha que ambas as mercês devem verificar-se em si, visto ser o único legítimo descendente e que os serviços que prestou pelo seu tio António de Lemos da Rosa e os das campanhas de 1797, 1801, 1808 e 1810 o habilitam a tal. Recorda, ainda, que com o decreto real de 13 de Maio de 1805, em que o Príncipe-regente D. João lhe outorgou o direito de solicitar a remuneração dos seus serviços, o autor acha-se habilitado para solicitar uma comenda e o Foro de Fidalgo Cavaleiro.
O autor queixa-se ao compadre António de Araújo de Azevedo, [Conde da Barca desde 17 de Dezembro de 1815], [Min. da Marinha e do Ultramar e Conselheiro de Estado], que António Joaquim Guedes de Oliveira e Silva, Tenente da Praça de Peniche, e Gonçalo Cristóvão, Tenente Coronel do Exército, criaram intrigas contra si junto do Marechal General o Marquês de Campo Maior, tentando silenciar o seu despacho de Tenente Coronel Graduado, conforme Decreto real de 13 de Agosto de 1810 e Patente do dia 30 do mesmo mês e ano. Lembra a Planta Baixa da Cidade do Porto e a Memória da força militar da polícia concebidas por si para um perfeito policiamento da Cidade, não aceitando ser afastado do seu cargo de Comandante do Corpo da Guarda Real da Polícia do Porto, independentemente da feição que o referido corpo venha a tomar. Pede a proteção do destinatário para se manter neste cargo, cujo Real Corpo foi criado e organizado por si pelo decreto de 10 de Setembro de 1808 e reorganizou em Janeiro de 1812. Relembra a sua pretensão em ver os seus serviços remunerados conforme o habilita o decreto real de 13 de Maio de 1815. Agradece a resposta à sua carta por via do amigo José Caetano de Sequeira Thedin.
O autor agradece os favores que o Conde da Barca, [Min. da Marinha e do Ultramar e Conselheiro de Estado], tem concedido à sua família, particularmente à sua filha mais nova, promovendo o marido desta a um dos cargos de Oficial da Secretaria de Estado. Informa que apesar da sua demora "involuntária" em Paris terá a satisfação de proporcionar aos seus familiares um encontro com o destinatário nos primeiros meses de 1817.
Oautor, tendo o gosto de lhe ter escrito em 30 de Setembro do ano passado, esta não passa de uma repetição do que na outra manifestou. Revela-se esperançado em cumprir o seu desejo de beijar a mão de António de Araújo de Azevedo e de poder estar novamente ao seu serviço. Aguarda pelas melhoras do destinatário.
O autor agradece, reconhecido, ao Conselheiro de Estado, António de Araújo de Azevedo, todos os favores que lhe tem prestado. Lembra a carta que lhe dirigiu em 15 de Novembro, e torna a solicitar-lhe que interceda junto do Príncipe-regente, D. João e do Conde de Linhares, [Min dos Estrangeiros e da Guerra] para providenciarem o pagamento dos doze mil francos de salários que o autor tem em atraso. Assim poderá pagar a divída que tem para com o portador desta carta, Amaro Batista Pereira, que o auxiliou enquanto esteve doente e a Embaixada foi despedida. Informa que o referido Amaro formou-se recentemente em Medicina pela Universidade de Montepellier, com grandes merecimentos, e que tendo recebido a autorização necessária, regressará à Pátria onde o aguarda a Cadeira de Lente em Cirurgia. Refere que o mesmo é merecedor da proteção do destinatário.
O autor informa António de Araújo de Azevedo, [Min. dos Estrangeiros e da Guerra em Lisboa], que entregou ontem a carta a D. Lourenço de Lima, [Embaixador português em Paris]. Previne o destinatário de que deverá ter mais cuidado com as futuras remessas de cartas dada a presente conjuntura e pelo facto do nome do autor ser indício suficiente para a corrrespondência ser intercetada. Informa-o das medidas que deverá tomar para futuras remessas.
O autor informa António de Araújo de Azevedo, [Diplomata em licença de serviço], das mudanças que se operam no governo francês, de espírito mais moderado, de reflexão e prudência, as quais são prodigiosamente favoráveis para Portugal. Fala da conversa amigável que manteve com Mr. Le Brun, Cônsul da República [francesa] acerca da nomeação do destinatário para negociador [do Tratado de Paz entre Portugal e a França], de cujo conteúdo informou, também, para Lisboa. Comunica ao destinatário que se desejar ir a Paris incógnito ou como particular, que o avise para poder providenciar os necessários passaportes.
O autor, João José Maria de Brito, acusa a receção da carta de 10 de Abril de António de Araújo de Azevedo, por via de Joaquim José de Almeida. Informa que juntamente com o Conde de Palma irão os três conferenciar sobre o a pretensão do dito Almeida. Soube por Francisco Joaquim dos incómodos de saúde porque passa o destinatário e aconselha-o a fazer um passeio por esta capitania. Refere-se à notícia do falecimento da Senhora Infanta e da intenção de [Lord] Strangford em adiar a sua viagem.
Deseja uma rápida recuperação ao [Conde da Barca]. Lembra que os requerimentos que lhe enviou não têm conhecido nenhuma evolução e desconfia mesmo que eles não tenham sido entregues. De qualquer forma, solicita ao destinatário que concorra para que o autor seja despachado, com preferência para a Secretaria [da Marinha e do Ultramar], invocando junto de S.A.R. tanto os serviços que tem prestado como os do irmão Francisco [José Maria de Brito].
A autora comenta o ataque de nervos que [António de Araújo de Azevedo] sofreu e que comunicou na carta de 24 de Maio. Comenta o desprezo demonstrado pelos Governadores do Reino à chegada dos primeiros regimentos do exército português, o que contrastou com a receção feita ao Duque da Vitória [Lord Wellington] e a outros "Papeloens". Refere-se aos auxílios que o Governo de Lisboa presta a Sodré para este ir imediatamente ao Rio de Janeiro e ainda antes do Marechal [Beresfrod] empreender a mesma viagem para apresentar a S.A.R. os serviços prestados pelo exército português; nas acusações que o Lord proferiu publicamente contra o mesmo Sodré, baseadas nos rumores que indicavam a roubalheira com que construiu fortuna e por ter usado indevidamente da proteção que recebia. Pede ao destinatário que desista de lhe alimentar esperanças quanto à sua pretensão, uma vez que sabe que já está fora de questão há muito tempo. Agradece o chá e entregará o café à "Dona" [Mariana de Arriaga]. Comunica a morte de José Manuel. Carlota responde ao recado referindo que está muito triste por não receber carta há anos, à exceção do bilhete a pedir flores e no qual se reconhece "o pouco dezejo que tem devir para cá". Em Ps. autógrafo, "Nicolao" envia graças a S.A.R., ao amigo António de Araújo de Azevedo e a todo o público.
Maria da Penha desconfia que [António de Araújo de Azevedo] não lhe escreve devido ao débil estado de saúde em que se encontra, o qual poderá ser o resultado dos inúmeros trablhos que o destinatário tem à sua responsabilidade, consequência de um patriotismo "que mais nimguem tem". Refere-se às razões que levaram o Marechal Beresford até ao Rio de Janeiro; aos excelentes trabalhos prestados na reorganização do exército português e que não são reconhecidos pelo governo de Lisboa; à Regência de Lisboa que recebeu os soldados portugueses com o maior desprezo, provocando um amotinamento dos mesmos que queriam ver concretizadas as regalias a que têm direito. Acusa D. Miguel Pereira Forjaz de ser um impostor e de, conjuntamente com o seu protegido, o engenheiro João Crisóstomo, ter arruinado o Colégio Militar, razão pela qual a autora retirou de lá os seus filhos. Comenta a sua ida a Lisboa para ser madrinha de casamento da sobrinha Carmo com o sobrinho dos Guiões referindo que mal terminou a festa regressou à Bela Vista, não esperando pela festa que o Senado ofereceu à oficialidade do Exército. Confessa que não conseguiria assistir a uma festa onde se gastou tanto dinheiro, estando os obsequiados com pagamentos em atraso e as respetivas famílias com fome. Recomendações de Nicolau. Informa que o sobrescrito da carta vai com outra letra para que não haja tentação de a abrirem.
A autora recomenda o portador da carta, António Teles, que acompanhou o seu pai, o Marquês de Penalva na sua peregrinação a França e que agora vai ao Rio de Janeiro beijar a mão de S.A.R. em nome de seu pai. Diz não ter arrependimento por não ter assistido ao sumptuoso jantar que o Senado ofereceu aos Militares portugueses, acontecimento que relatará o portador da carta. Em Ps. de 2 de Dezembro, lamenta que o seu tio Azevedo morreu sem que tenha sido reconhecido pelos serviços prestados. Recebeu a carta que António de araújo de Azevedo lhe escreveu com sua própria mão, e onde pode constatar as melhoras do mesmo. Informa que responderá à mesma com mais vagar. Informa da chegada de um figurão inglês, Canning, nomeado para a Embaixada de Lisboa, mas que ainda não desembarcou por falta de casa. Em Ps. de 20 de Dezembro, refere que o Embaixador Canning ainda não se apresentou ao governo e que tal se deve, segundo rumores, a um ataque de "gota". Contudo, pensa que tal não é mais do que uma manobra para poder analisar bem a situação e depois agir. Ficou muito contente por saber que o dito embaixador tem conferenciado muito com o Marechal Beresford e que ambos são da opinião que o ministro António de Araújo de Azevedo é o único que pode segurar a dignidade da nação.
O autor, Félix de Avelar Brotero, [Botanico], [Director do Museu Real e Jardim Botânico do paço da Ajuda], congratula o amigo António de Araújo de Azevedo pelo título de Conde da Barca, com que S.A.R. decidiu remunerar [em 17 de Dezembro de 1815] os seus serviços, cuja notícia tomou conhecimento pela "Gazeta de Lisboa" em Abril de 1816. Ignora se o destinatário recebeu as plantas e o requerimento [enviados em Abril de 1812]. Envia recomendações para o irmão do destinatário, [João António de Araújo de Azevedo], [que se encontra no Brasil].
O autor, Félix de Avelar Brotero, [Botânico], Director do Museu Real e Jardim Botâncio do Paço da Ajuda, agradece ao amigo Conde da Barca, [entretanto falecido em 21 de Junho], a proteção dada ao requerimento enviado e informa-o de que já recebe o ordenado competente após cinco anos de serviço gratuito. Recebeu a notícia de que foram publicadas nas atas da "Sociedade Lineana de Londres", Part. I, Vol. XII, as descrições, da sua autoria, e respetivas estampas de duas novas plantas, a que deu o nome de "Araûjia Scricófera" e "Passiflóra Racemosa", sendo que o nome da primeira é dedicado ao destinatário como forma de lhe prestar um tributo pela proteção que tem dedicado à Ciência Botânica e a quem nela se distingue. Espera poder remeter até final do ano o I Tomo da "Phitographia Lusitana [Selectior]", a qual não tem conseguido publicar por falta de apoios. Recomenda-se ao irmão do destinatário [João António de Araújo de Azevedo], [que se encontra no Brasil].
Maria da Penha exprime o seu desconsolo por não receber cartas do amigo [António de Araújo de Azevedo], embora saiba, por um navio que acaba de chegar, que o mesmo se encontra bem e que acompanhou S.A.R. para Santa Cruz. Fala sobre as discordâncias entre [António de Araújo de Azevedo] e o Embaixador de Inglaterra. Informa que chegou às Caldas muito doente, mas que já se encontra melhor e preparada para seguir o plano do médico. Segue, por isso, para Sintra onde tomará as águas férrias, e dali para Lisboa e depois para a Bela Vista. Como este navio partirá até ao fim do mês, e não sabe se conseguirá escrever às suas parentes, solicita ao destinatário que lhes explique o motivo da falta das suas cartas. Cumprimentos da família.
O autor acusa a receção da carta de 29 do mês anterior, de António de Araújo de Azevedo, juntamente com a do Conde de Palma. Informa que já remeteu a do Conde de Oeynhausen, apesar dos Esquadrões ainda não terem chegado de São Paulo. Tem acompanhado Francisco Joaquim [Moreira de Sá], [primo do destinatário], e família e que todos já estão bem adaptados ao país. Refere-se à chegada de Almeida Lima e dos Linhares; e solicita ao destinatário que faça os últimos esforços a seu favor, visto que alguns dos seus credores têm compromissos com a Fazenda Real. Acusa o envio, neste correio, da informação sobre a pretensão de Maximiano Pires da Costa.
Maria da Penha, apesar de já ter escrito das Caldas por este mesmo navio, volta a fazê-lo para agradecer a carta de 13 de Março que António de Araújo de Azevedo lhe escreveu de sua própria mão, prestando-lhe assim uma prova da grande amizade que por ela nutre e aliviando-a em relação ao seu estado de saúde. Apenas lamenta que nada lhe diga sobre o regresso a Portugal. Informa que as cartas endereçadas para as duas "Personagens Britanicas" serão guardadas até que lhe dê ordem para queimá-las visto que ambos já não se encontram em Lisboa. Refere que Casamayor já dá o justo valor a [António de Araújo de Azevedo], após ter conversado com o Almirante Sidney Smith. Aguarda pela indispensável anulação do Tratado [de 1810] assinado por D. Rodrigo de Sousa Coutinho, [na altura Ministro dos Negócios Estrangeiros], esperando que o destinatário o consiga tornar mais vantajoso para a nação, promovendo a reconciliação com os ingleses anulando, assim, as intrigas promovidas pelos Sousas. Remete uma carta do Marechal Teixeira que é vítima de intrigas no Colégio Militar, o qual está cada vez pior. Pede ao destinatário que leia o bilhete incluso do General D' Urban. Comunica a sua partida para Sintra.
A autora recomenda ao amigo [António de Araújo de Azevedo], Ministro da Marinha e do Ultramar no Rio de Janeiro, o portador da carta, José Máximo Coelho Falcão, que vai ao Rio de Janeiro tratar de assuntos pessoais que dependem inteiramente do destinatário. Informa parte nessa madrugada para Sintra onde passará o resto do verão para recuperar a saúde. Informa da surpresa que o General D' Urban lhe preparou ao fazer chegar o filho António no dia anterior ao do seu regimento, facto que causou uma imensa alegria a toda a família. Solicita ao destinatário que leia este parágrafo às parentes da autora e que lhes apresente as suas desculpas por não lhes escrever neste momento.
O A., João José Maria de Brito, em resposta à carta de António de Araújo de Azevedo, datada de 19 de Fevereiro, agradece a boa vontade do dest. em se encarregar pessoalmente do negócio do Conde da Palma. Informa que por este correio o referido Conde remete ao Conde de Aguiar um requerimento do A. em que suplica a indemnização pecuniária referente às passagens a Portugal ou, caso esta não seja possível, a propriedade vitalícia do Ofício de segundo tabelião da Vila de Sabará, com benefício de dez anos de sobrevivência a contar da data da Mercê. Revela que esta é a única solução encontrada para poder salvá-lo dos abismos que o serviço lhe causou e livrar-se dos seus credores. Solicita, por isso, ao dest. que o proteja e que faça o Conde de Aguiar desembaraçar o negócio.
Termo de responsabilidade das quantias a pagar, a título de pensão, a José António dos Santos Branco, referente ao período compreendido entre 1 de Junho de 1813 e 1 de Junho de 1814.
O autor acusa a receção das cartas de 23 de Outubro e de 6 de Dezembro de 1811, manifestando a sua frustração pelo facto do amigo António de Araújo de Azevedo, [Conselheiro de Estado no Brasil], se encontrar doente. Remete uma nova petição a favor de seu sobrinho, o Padre José de Avelar Brotero, visto que S.A.R. já havia feito a mercê do Benefício simples da Colegiada de São Nicolau de Lisboa ao Padre José António de Figueiredo, Cónego da Real Capela da Bemposta. Informa que o seu desejo é retirar o seu sobrinho da Congregação do Oratório, para poder instruí-lo em História Natural, para que o mesmo possa auxiliar o autor a sustentar a família. Queixa-se de ter sido jubilado pela Universidade com um dos ordenados mais pequenos, de nunca ter recebido o canonicato e de não receber ordenado para dirigir o Museu Real e o Jardim Botânico da Ajuda, apesar dos seus antecessores, os Doutores [Domingos] Vandelli e Alexandre [Rodrigues Ferreira], ainda hoje receberem um conto de réis. Informa que recebeu boas notícias de Viana dos irmãos do destinatário, [João António e do Abade de Lóbrigos], a quem remeteu um maço de sementes, e sabe que ambos remeteram ao destinatário um requerimento de João dos Santos Correia, fiel do museu da Universidade. Avelar Brotero refere que já havia enviado um primeiro requerimento do referido Fiel, ao Conde de Aguiar a pedido dos Lentes da faculdade de Filosofia. Refere-se à desordem em que se encontram o Museu e o Jardim, ao "Diccionário Botânico" de Lamarck e na "Species Plantarum" de Mr. Wildenow, onde vêm catalogadas grande número de plantas novas originárias da América Meridional. Censura a "Flora Fluminensis" do Padre Frei José [Mariano da Conceição] Veloso, [1742-1811], advogando que a mesma não deveria ser publicada devido ao grande número de lacunas e de enganos o que causaria um grande descrédito à nação. Remete, pelo Navio Imperador, algumas sementes e plantas vivas para o jardim do destinatário. Informa que a tranquilidade aumentou com a tomada de Badajoz pelos exércitos aliados.
O autor solicita ao Conde da Barca que intervenha em auxílio do seu sobrinho o Sargento-mor José Barros Pimentel, que é vítima do ódio do Ouvidor da Comarca de Sergipe d'El-Rei, José Teixeira da Mata Bacelar, em virtude de ter tomado posse, por procuração, dos bens herdados pelo Tenente Coronel José Joaquim de Argollo e Queiroz, compadre do autor há muitos anos, e que estava impossibilitado de empreender a viagem para o referido efeito. Mais informa, que o referido Ouvidor, que pretende ser reconduzido no cargo, não cumpriu o despcho que lhe foi enviado pelo [8.º] Conde dos Arcos, [Governador da Baía], nem a Provisão do Desembargo do Paço que restituía o Morgadio à posse do referido Tenente Coronel José Joaquim de Argollo e Queiroz.
A autora, Maria da Penha, felicita o amigo [António de] Araújo [de Azevedo] pela sua nomeação para o Ministério [da Marinha e do Ultramar], [ocorrida em 11 de Fevereiro de 1814], notícia que tomou conhecimento quando foi aos festejos do aniversário do Príncipe-regente D. João, no dia 13 [de Março] no Teatro São Carlos. Faz votos para que S.A. conheça a partir de agora o quanto é vantajoso seguir um "Conselheiro tão digno". Em P.s. informa que estará presente na festa que D. Pascoal dará em honra do Rei Fernando [VII], [de Espanha].
A autora, mesmo sabendo que [António de Araújo de Azevedo] receberá uma carta de recomendação a favor do sobrinho João Infante de Lacerda, solicita-lhe que o ajude a alcançar alguma remuneração pelos seus serviços. Refere que se como não bastasse a situação de indigência em que o mesmo se encontra, casou com "huma espese de fera" que se revoltou contra ele e que só o envolve em dramas infernais. Aproveitando o atraso deste paquete, a autora enviará outra carta.
A autora, que está em Colares, juntamente com toda a família e com duas filhas da [irmã] Piedade, para desfrutar do excelente clima e àguas locais, sentindo muito a falta do amigo [António de Araújo de Azevedo], "o rapas de Bellem". Refere-se ao boato da paz geral, considerando que esta seria indispensável para o regresso de S.A.R. a Lisboa, e à opinião do secretário da Legação inglesa em Lisboa, que acha que S.A.R. tomaria a decisão correta se nomeasse Araújo como Governador do Brasil. Pede ao destinatário se acaso lhe apresentarem esta proposta que a recuse e empreenda o regresso a Portugal e quem "fes o mal que o remedeiie". Soube que Lord Strangford, [Ministro da Inglaterra no Rio de Janeiro], partiu para Londres com autorização para tratar do regresso de [D. João], facto que irritou Stuart. Expõe a conversa que manteve com o mesmo Stuart sobre os bens do [2.º] Marquês de Pombal e aconselha o destinatário a não se comprometer "com esta gente". Acaba de chegar o Almirante Martime Casamaior com notícias sobre a tomada da praça de San Sebastian. Se chegarem a tempo, remeterá Gazetas oficiais e algumas cartas particulares sobre este assunto. Agradece as felicitações pela honra que S.A.R. fez à sua tia, mas lamenta que ela não lha transmita pessoalmente. Lamenta, ainda, a distância que os separa, o envelhecimento e as cartas que o destinatário lhe escreve por mãos alheias, as quais lhe dão uma ideia de inação do destinatário. Recomendações de Nicolau, das filhas e de Monsenhor.
Informações sobre o desaparecimento de um escravo.
A autora, Maria da Penha, acusa a receção da carta do amigo António de Araújo de Azevedo datada de 17 de Janeiro, a quem diz que o facto de lhe omitir o seu estado de saúde e de não escrever a carta com a sua própria mão, fá-la pensar que o destinatário se encontra no mesmo estado de inação que a "Dona" [Mariana de Arriaga]. Queixa-se que já nada importa ao destinatário a não serem "as flores e Botânicas do seu Jardim" tal como ela só se importa com o "jogo". Recomenda-se ao amigo "Manuel Luís", mas não fica admirada se ele ficar indiferente aos seus sentimentos. Refere-se à carta que recebeu da tia Viscondessa do Real Agrado. Pede ao destinatário que fuja do "pestilento clima" e abandone os "malvados intrigantes" e volte a Portugal, assim que houver segurança. Já viu a extensa lista de Despachos do dia 17 de Dezembro, mas que nem a quer analisar. Agradece o auxílio prestado no negócio da [sua irmã], [Maria da] Piedade, a quem já comunicou o recado, bem como a Guadalupe. Informa que [o seu marido] Nicolau escreve agora e que a autora em breve também o fará para contar a conquista de Badajoz, que segundo sabe será tomada hoje.
A autora, Maria da Penha, agradece a carta de 2 de Julho exprime a sua felicidade pelo facto do amigo António de Araújo de Azevedo já se encontra melhor do seus olhos. Pede-lhe que deixe de fazer o papel de "Procurador dos desgrasados" e que concretize a sua intenção de se recolher a outro local durante o verão, afastando-se do Rio de Janeiro. Informa que o "imbecil" do filho da amiga Pessanha, após ter desertado, foi escoltado até ao seu Regimento e que de nada valeu as súplicas da mãe junto do Marechal [Beresford]. Refere-se ao recado que o destinatário enviou ao seu marido [Nicolau Xavier Bulhões de Castelo Branco]. Tem sido procurada por muita gente que lhe questiona se o destinatário tem assumido todas as pastas [Ministeriais] que estão a vagar por morte dos seus titulares. Espera que tal não aconteça porque seria impossível para [António de Araújo] conseguir alterar as circunstâncias actuais. Comenta a substituição do Conde do Funchal, [Embaixador em Londres], por Freire; fala da sua ida a Sintra onde se encontrou com Navarro, da convalescença do Marechal-general e do excelente trabalho que tem feito no exército português; refere-se a Manuel Luís; e aos dotes vocais de Carlota, [filha da autora]. Remete dois requerimentos, um de João de Lemos e o outro de pessoa não identificada.
A autora, Maria da Penha, tendo tomado conhecimento da partida do navio neste momento, será mais extensa na próxima carta para a qual terá portadores seguros. Refere-se ao seu estado de saúde e revela que tomou conhecimento, por uns, que [António de Araújo de Azevedo] só não recebeu o título de Conde da Barca devido à pronta intervenção do Conde de Linhares junto de S.A.R., convencendo-o que este Despacho não seria do agrado do Ministro de Inglaterra [no Rio de Janeiro], [Lord Strangford]; e por outros, que ao destinatário foi-lhe ordenado que saísse da Corte devido à forma como reagiu a esta situação. A autora acredita na primeira informação, mas não na segunda e, de qualquer forma, felicita-o pelo justo merecimento da graça. Insurge-se contra a forma pela qual foi outorgado o Viscondado de Santarém a uma pessoa que se moldou a Junot, e que este título tem escandalizado mais do que aqueles que têm sido dados no Brasil. Informa que Lobato escapou da forca devido à proteção da Condessa da Ega. Sente que a sua família, apesar da fidelidade e dos trabalhos prestados ao Soberano, é injustiçada por algumas pessoas que rodeiam o Príncipe e que a sua vontade era dizer-lhes "quatro verdades" na presença do mesmo Senhor.
A autora, Maria da Penha, remete uma carta que era dirigida a outra pessoa, e que versa sobre a Batalha de Salamanca e pede ao amigo António de Araújo de Azevedo que seja cauteloso a lê-la, mas que dela faça um manejo útil. Refere que o autor daquela carta [Hardwige] é um militar de grande talento a quem todos os generais escutam com atenção e respeitam pela família a que pertence. Queixa-se do Almoxarife da Casa do Cadaval que se recusou a ceder-lhe a Casa da Bela Vista e lamenta ter envolvido o destinatário neste assunto. Pede-lhe, por isso, que se ainda não falou com a Duquesa de Cadaval que não o faça. Refere-se à possibilidade de o destinatário ser agraciado com o título de Conde da Barca nos despachos do próximo dia 13 de Maio. Fala da família; do redator do Correio Braziliense, a quem não perdoa os ataques disferidos contra o destinatário, que passou de "brejeiro" a "galante". Pede que o Conde de Aguiar se lembre do velho Azevedo o qual foi condenado por um crime imaginário. Solicita o envio de notícias.
A Comtesse d' Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida Portugal], [1750-1839], felicita o amigo [António de Azevedo] pela nomeação para Conselheiro de Estado e Presidente da Junta do Comércio, expressando a sua felicidade por ver finalmente um homem que saberá compreender a dimensão e o bem que pode resultar da indústria nacional. Pede que olhe para a sua posição e que a cada dia que passa tem mais necessidade da proteção prometida. Invocando a sua inocência esclarece que não escreve ao Ministro, mas ao velho amigo, ao homem esclarecido. Deseja voltar a exercer o cargo de direção que o príncipe lhe confiou no Palácio [da Ajuda]. Pede ao destinatário para aproveitar todas as ocasiões para colocar aos pés do Príncipe e da Princesa o seu profundo respeito e a lembrança do seu zelo e dedicação, assim como solicitar-lhes a compaixão para as minhas dores. Deseja obter uma defesa mais activa e uma recomendação para o Ministro em Londres [D. Domingos de Sousa Coutinho].
A autora manifesta a constância dos seus sentimentos pelo Conde da Barca, apesar do longo silêncio deste. Anuncia o completo restabelecimento da prima do destinatário D. Mariana [de Arriaga], que após o ataque sofrido, sofreu um novo choque ao saber da morte da Rainha [D. Maria I], [em 20 de Março de 1816, no Rio de Janeiro]. Informa que não pode ficar com ela em Oeiras devido ao facto de ter de prosseguir o seu tratamento nas águas de Sintra. Sabe por outra pessoas que o Conde da Barca tem trabalhado muito mais do que aquilo que deve e manifesta o seu desconsolo por ver que ele a diminui e a desconsidera. Pede-lhe que não se preocupe quando alguém lhe apresentar uma carta sua de recomendação, mas à autora é-lhe impossível negá-las porque conserva o segredo da falta de correspondência que existe entre ambos. Solicita-lhe que escreva à Dona [Mariana de Arriaga], que muito se queixa da sua falta. Recomendações de Nicolau e das filhas.
A autora manifesta a sua impossibilidade em deixar de escrever ao Conde da Barca porque tem receio de estar a cometer uma injustiça, apesar da tirania e ingratidão com que ele a trata há mais de um ano. Acredita que esta falta de correspondência tem uma causa que lhe é desconhecida. Contudo, com a chegada das princesas a Espanha e que anunciaram o regresso do Marechal [Beresford] a Lisboa talvez consiga saber alguma sobre o destinatário. Lamenta ainda não ter notícias do destinatário por Maria do Carmo Aranha. Refere-se ao completo restabelecimento de Mariana de Arriaga, prima do destinatário, após oito anos de sofrimento, e que agora está a tentar resistir às investidas dos sobrinhos que pretendem ser beneficiados no testamento. Demonstra a sua tristeza pelo facto de o Marechal [Beresford] ter chegado no dia 19 e trouxe-lhe várias cartas e nenhuma era do Conde da Barca.
A autora acusa a receção da carta de 26 de Agosto, onde pode constatar as melhoras na saúde do Conde da Barca, único facto capaz de animá-la. Aguarda com ansiedade pela confirmação do regresso de S.A.R. a Portugal, conforme os boatos que circulam. Renova os agradecimentos pelas diligências que o destinatároio empreendeu em Santa Cruz a favor do seu negócio, mas que já não espera por um feliz desfecho do mesmo. Já sabia, através de uma carta da irmã Francisca, que o Marquês de Aguiar opunha-se a este Despacho por não querer dar o exemplo de atribuir títulos pedidos por açafatas. Lamenta que os serviços da mãe de Nicolau não sejam suficientes para que esta receba o título de Visconde, e não compreende porque razão S.A.R. e Aguiar o tinham prometido a Viscondessa do real Agrado. Não se atreve a voltar a pedir ao destinatário que torne a interceder para que não se comprometa, mas que leia o parágrafo ao seu colega [Aguiar] para que ele entenda os prejuízos que está a causar aos filhos de Nicolau. Informa que a tia Viscondessa está ressentida com a carta que a autora lhe escreveu. Agradece o empenho no despacho de Piedade; lamenta não receber notícias do filho António nem de Sebastião Pinto, estando mesmo arrependida em tê-lo deixado partir. Refere-se à Dona [Mariana de Arriaga] que rasgou o testamento que havia feito em favor da sobrinha, e que fez outro em que a autora se recusou a figurar por ter receio de sofrer represálias, tornando o desconhecido António de Vasconcelos seu herdeiro universal. Em Ps. envia recomendações das filhas e pede que entregue as duas cartas ao filho e ao sobrinho. Recomendações de Nicolau.
A autora aproveita a partida de um paquete inglês para manifestar a satisfação que teve quando o irmão do Conde da Barca lhe segurou que ele registava grandes melhoras. Refere-se às intrigas que envolveram o Marechal devido ao seu novo Regimento Militar; relata os abusos que a Dona [Mariana de Arriaga] sofreu dos seus parentes enquanto esteve incapacitada, o que fê-la rasgar o testamento. Espera que o navio que acaba de chegar do Rio traga boas notícias. Recomendações de Nicolau, das filhas e de Monsenhor. Informa que Sarmento partirá para o Rio de Janeiro até 20 deste mês.
B. D'Urban, relata à amiga [Maria da] Penha [de França Pereira de Lacerda], [baronesa de Beduído em 1818], as ocorrências na Batalha de ?Sacé?. Pensa que, com os felizes acontecimentos da guerra do norte, talvez esteja para breve o advento da tranquilidade permanente para a Europa. Participa que António encontra-se bem e que o próprio autor o recomendou a um oficial do seu Estado Maior. Breves comentários sobre o país em que se encontra. Em P.s. recomenda-se a Madame de Lemos [Maria da Luz Willoughby da Silveira, futura Viscondessa de Juromenha] e ao amigo Nicolau [Xavier de Figueiredo Bulhões Catelo Branco], [marido da destinatária].
Pelo qual ordena que pelos rendimentos das ilhas se pague à Condessa de Oeynhausen, D. Leonor de Almeida Portugal, Dama de Honor da Princesa [Carlota Joaquina] as pensões que lhe foram concedidas pela ordem emanada do Brasil em 1808 como as que, por três decretos antecentes, recebia até ao fim do ano de 1805 e parte de 1806 do Erário Régio de Lisboa. Ordena ainda que José Sebastião de França, morador em Turnham Green, fique encarregue de receber as ditas pensões e entregá-las à dita condessa. No caso de a dita condessa falecer as pensões deverão continuar a pagar às suas filhas donzelas enquanto não sair ordem régia em contrário.
Tabela de despesas indispensáveis para a sobrevivência [da Condessa de Oeynhausen, D. Leonor de Almeida].
A Condessa de Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida], [1750-1839], [futura Marquesa de Alorna], Dama de Honor da Princesa, agradece a carta recebida e o facto de [António de Araújo] ver a verdade e a justiça nas ações da autora. Elogia Mr. B. e família sustentando que não há via mais segura que esta para expedir correio. Agradece a notícia de que [seu filho] João [Ulrico] estava em São Paulo prestes a regressar a Minas, porque desde Novembro de 1811 que nada sabia dele. Seria conveniente que ele viesse para junto da autora porque, lamentavelmente, todos os dias inventam notícias sobre ele. Não acredita em nada nem em ninguém a não ser em "V. Ex.ª". D. Domingos de Sousa Coutinho, que está sem vontade "de despir a purpura", recusou-se a receber as filhas da autora que iam acompanhadas de Madame B. "mólher de hum Ministro". Queixa-se da miséria e da perseguição de que é alvo e pede para alançar junto do Príncipe um decreto de teor semelhante à nota inclusa. Não entende a revogação das pensões a que tem direito. O seu intento é viver em Lisboa de onde foi expulsa apesar de ter recebido duas cartas oficiais que ressalvavam que não havia outra razão para o fazer que não o seu próprio arbítrio. Refere-se à sua proposta para ser paga pelos rendimentos das ilhas o que não afetaria os Erários do Brasil e de Lisboa. Recorda as promessas de S.S. M.M. ao Conde de Oeynhausen quando se fixou no serviço de Portugal. P.s. de 14 e 15 de Janeiro, o conde de Palmela, [nomeado para Embaixador] chegou a Londres. Pergunta se recebeu os livros. O livreiro fechou e com ele foi-se toda a edição que já tinha sido paga.
A Condessa d' Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida], [1750-1839], [futura Marquesa de Alorna], agradece a carta de [António de Araújo], datada de 20 de Maio, que "respira aquella honra, sencibilidade e amizade que sempre lhe conheci". Lamenta que as suas notícias tivessem agravado o delicado estado de saúde do destinatário. O falecimento da filha [Luísa] faz com que fique insensível aos insultos e perseguições que lhe movem. Pela resposta de Lord Strangford, [Ministro Britânico no Rio de Janeiro], à recomendação dos ministros ingleses Bathurst e Lord Sidmouth, deixou transparecer a ideia de que a autora cometeu algum erro junto do Príncipe. Só uma feroz calúnia a pode acusar de tal e nada a impedirá de se defender de um modo concludente. Pede ao destinatário e "ao nosso amigo S[ilvestre] P[inheiro]" que examinem esta questão, que deve ser mais uma diabrura dos seus perseguidores. Não recebe carta do filho desde Novembro. Pede ao destinatário que interceda junto do Príncipe para que ele seja nomeado para Cavalheiro da Embaixada em Londres junto do conde de Palmela que deverá chegar em breve. O conde do Funchal acaba de anunciar através da publicação de uma "pastoral" a sua nomeação para Ministro de Estado, dizendo que só aceitou com a condição de apenas permanecer no Rio de Janeiro durante dois anos. Estima saber que o excelente médico e amigo Manuel Luís [Alvares de Carvalho] está na companhia do destinatário. Sampaio não lhe escreve há muito tempo. Deseja saber se os documentos que enviou, por Mr. Hamilton, lhe chegaram às mãos. Enviará na primeira ocasião uma obra que mandou imprimir cujo epígrafe é "Carminibus quoro miserarum oblivia rerum". P.s. Pede para ler e entregar a carta inclusa ao seu filho. Só agora é que descobre a finalidade maquiavélica da Concordata que D. D[omingos] a fez assinar.
A Condessa de Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida Portugal], soube pelo Capitão Miguel de Sousa de Melo e Alvim que a notícia da morte do Marquês de Aguiar, [Min. do Reino no Brasil] era falsa. Feliz pela melhora de saúde de António de Araújo Conselheiro de Estado e Ministro no Rio de Janeiro. Finalmente parte para Lisboa, ainda que "como huma pobre", acompanhada da [filha] Henriqueta, deixando as outras três filhas em Londres devido à falta de meios. Até agora não conseguiu nenhum amparo nem proteção, visto que os dois Embaixadores, [Conde de Palmela e Conde do Funchal] ainda estão em Paris e o Encarregado de Negócios não tem poder para nada. Espera encontrar o filho, [João Ulrico], [Conde de Oeynhausen], em Lisboa e treme só de pensar que não lhe prorrogaram a licença. A glória [do exército] português é o único motivo que adoça as suas amarguras. Pede proteção.
A Condessa de Oeynhausen, [futura Marquesa de Alorna] informa a António de Araújo, Conselheiro e Ministro de Estado no Brasil, Grã-Cruz, que chegou a Lisboa há oito dias, estando hospedada em casa dos netos. Está muito doente e aflita, sem poder ver o filho [Conde de Oeynhausen] que, dois dias antes da sua chegada a Lisboa, partiu para Londres para ir buscá-la. Roga ao Príncipe que lhe conceda a graça de ter o seu filho perto de si enquanto necessitar de assistência e socorro. Informa que já sentenciaram o vínculo da sua Casa a seu favor, muito embora com a "pequena clausula" de não gozar dos prazos nem dos rendimentos do morgado enquanto não apresentar os títulos originais. Deixou metade da sua família em Londres. Endereço do destinatário na última página.
A Condessa de Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida], [1750-1839], [futura Marquesa de Alorna], nunca mais recebeu notícias do amigo [António de Araújo] depois que ele subiu ao Ministério [da Marinha e do Ultramar no Brasil]. Espera que as novas ocupações não lhe prejudiquem a saúde. Supõe que os Governadores do Reino, pela polidez com que a tratam, não lhe querem mal, mas os seus negócios continuam entregues aos juízes subalternos que exigem a apresentação dos títulos para que a autora entre na posse do morgado. Mas, estes documentos, nunca estiveram na sua mão e, talvez, até foram vendidos "a peso para os confeiteiros" como os preciosos manuscritos de sua casa. Sem dinheiro e sem saúde, sempre em luta com ricaços e poderosos, como Braancamp e o cónego Francisco de Sales Barrancho, que pretendem o que lhe pertence, sente que veio a Lisboa para morrer mais depressa. Pede ao destinatário para que o Príncipe e os seus Ministros rejeitem a consulta deste cónego que já seguiu para o Rio de Janeiro. Pede proteção para o Padre Domingos Francisco de Moura, Confessor e Pregador, que remeteu um requerimento a pedir o benefício da Ordem de Cristo para o qual já está habilitado por decreto régio. Transcreve um extrato da sentença de 4 de Junho de 1814 que autoriza à autora a administração dos morgados. A infeliz J[uliana], [sua filha] está nas mãos de parentes em Hannover até que S.A.R. tenha piedade dela.
A autora, Condessa de Oeynhausen, D. Leonor de Almeida, [futura Marquesa de Alorna], informa a António de Araújo que não tem ânimo para partir enquanto não for decidido algo sobre a "minha triste Juliana" que, não obstante de ter enviado uma nova petição ao Conde de Palmela, continua retida em Estocolmo. O Conde do Funchal, que é quem "fora do Reino representa o Soberano", diz que precisa de consultar o Monarca, mas que até agora ainda não o fez. Pede notícias de João Carlos Augusto de Oeynhausen, Governador de Mato Grosso e de seu filho João Ulrico de quem nada sabe desde outubro. A autora tem de ir a Hannover tratar de negócios da família, visto que morreu o seu cunhado e os dois sobrinhos, ficando João como o herdeiro universal. Rejubila com a declaração da Austria contra a França; com a possibilidade da Dinamarca entrar na coalisão, com o entusiasmo germânico que faz abanar Napoleão o "inimigo do mundo". Saluta o exemplo que Potugal deu ao mundo, embora não seja "de nós que se fála". Amontoam-se os documentos de inocência e martírio do seu irmão, o 3.º Marquês de Alorna, falecido em Conisberga, aguardando apenas pela licença do Príncipe para entrar na justificação do que lhe pertence. Remete cópia da carta que recebeu de um homem que estava ao serviço da Rússia e que esteve com o "infeliz [...] quando fasia os maiores esforços para entrar honrosamente no seu Pais". Pretende notícias da saúde do destinatário. Entregue o bilhete junto a quem toca.
A autora, Condessa de Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida], [1750-1839], [futura Marquesa de Alorna], rejubila com a bondade e clemência de S.A.R. que lhe permitirão ir a Lisboa. Comenta as cartas recebidas do Conde de Aguiar, [Min. Do Reino no Brasil], e do Conde das Galveias, [Min. Dos Negócios Estrangeiros e da Guerra]. Preocupada com o filho, [João Ulrico] e com [a filha] Juliana, que deverá chegar a Londres perto da partida da autora para Lisboa. Espera que as representações que Juliana enviou da Rússia, através do Chanceler do Império, já tenham chegado ao Rio de Janeiro, tal como as cópias que a autora remeteu de Londres. Toda a gente gosta do conde de Palmela, [Embaixador em Londres], atribuíndo-lhe o epíteto de "Anjo de Paz" quando o confrontam com os procedimentos do C[onde] do F[unchal], [seu antecessor], que todos os anos "pagame hum tributo de groçarias". Pede perdão pelas últimas cartas que lhe escreveu e sustenta que as mesmas eram ditadas pela aflição. Chegou uma pessoa da Rússia com informações sobre o sucedido nos anos de 1809 e 1810 [com o seu irmão, o 3.º Marquês de Alorna]. Pede que entregue ao seu filho a carta inclusa. Agradece os comentários à sua obra. Quando for possível escreverá "ao nosso S[ilvestre]". Em P.s. diz que a Duquesa de ?C.nha? depois condessa de Unhão conservou as honras de Duquesa. Deseja notícias da saúde de António de Araújo, Conselheiro de Estado, que muito cuidado lhe inspira. Pede para continuar a escrever pela mesma via que é a mais segura. Na última página está anotado o endereço de António de Araújo no Rio de Janeiro.
A autora refere que apesar de já ter escrito em dezembro e janeiro, é obrigada a voltar a fazê-lo devido a incidentes recentes que envolvem o irmão Lemos, nomeadamente na ligação deste com o Marchal [Beresford], o qual solicitou autorização para se deslocar ao Rio de Janeiro para apresentar as suas justificações ao Príncipe-Regente e a António de Araújo de Azevedo. Solicita, por isso, ao destinatário que o encaminhe e o advirta do que deve dizer para evitar uma intervenção dos governadores, caso contrário a sua desgraça aumentará. Solicita também que interceda junto de S.A.R. a fim de que John Campbell, amigo da família e Coronel do Regimento de Cavalaria N.º 4, possa casar com Maria Brígida, filha da sua irmã Piedade, que delegou a aceitação desta união no Príncipe-Regente pelo facto do pretendente ser Protestante. Lembra a pretensão da irmã Piedade, relativa à Fábrica dos Povos, cujo requerimento será entregue por Pedro de Mello. Refere que João de Sousa só compromete o destinatário, conforme Lemos lhe poderá precisar; e diz que se o Príncipe não retorna a sua família terá de abandonar Lisboa para evitar a ruína. Recomendações de Nicolau.
D. Leonor de Almeida, [1750-1839], [futura Marquesa de Alorna], informa a António de Araújo, Conselheiro de Estado no Rio de Janeiro, que não tem recebido quaisquer cartas em virtude do paquete precedente ter sido tomado. Aumentam os cuidados em relação ao seu filho [João Ulrico] pois só teve notícias dele em Outubro passado. Comenta as gloriosas notícias que chegam da Rússia. Como a sua saúde deteriora-se cada vez mais teme que [a confirmação régia da sua inocência] não chegue a tempo [do Rio de Janeiro]. Sente-se caluniada e injuriada, mas disposta a fazer o que promteu ao Soberano na carta que lhe dirigiu quando ele navegava para o Brasil. Invoca a humanidade e piedade do Príncipe para a filha [Juliana] que está em São Petersburgo sob o amparo da Imperatriz e do Imperador. Deseja que o filho vá a São Petersburgo acudir às necessidades e desamparo de sua irmã e descobrir as verdades. Critica um livro recém-publicado sobre as nossas colónias, o qual é muito ofensivo e pouco merecido de um aliado tão generoso e fiel. O facto do Embaixador [Conde do Funchal] não querer partir, apesar [Palmela] seu sucessor já aqui estar, provoca "riso e comentos desvantajosos". Enviará cópia de um apólogo sobre esta questão que ultimamente surgiu, para V. Ex.ª se divertir. Pergunta se recebeu a carta enviada no último paquete. Em P.s. remete a gazeta do dia anterior. Tudo vai por José Correia de Paiva. Lamenta a morte de Francisco Rolin, sogro do primeiro. Na última página está o endereço do destinatário no Rio de Janeiro.
Maria da Penha Pereira de Lacerda roga a piedade do destinatário em favor de "hum desgrasado" apesar da graça que ele pede ser de difícil concessão devido à multiplicidade de homens que estão empregados nestes lugares. Pede que a Providência se compadeça das circunstâncias da família deste e que lhe disponha os meios para garantir a subsistência da mesma.
A autora, Condessa de Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida], [1750-1839], [depois Marquesa de Alorna], expressa a sua felicidade a António de Araújo pela chegada a Londres de um "homem polido estimavel cavalheiro apreciadôr da dignidade portuguesa" como o Conde de Palmela, [recentemente nomeado para Embaixador]. Todos o vêem como um redentor e até o seu antecessor [o Conde do Funchal] se tem adoçado e civilizado, de tal forma que visitou a autora depois de três anos de "groçarias ou para melhor dizer judiarias". Contudo, continua a recusar-se a deixar o cargo impedindo Palmela de entregar as credenciais. Está inquieta em relação ao filho [João Ulrico] e roga ao destinatário que lhe envie todas as notícias que tem sobre ele. Temendo não voltar a vê-lo, em virtude de ter a saúde arruinada, a autora pede a António de Araújo, Conselheiro de Estado no Brasil, que intervenha para que o filho possa ser transferido para perto da mesma.
A Condessa de Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida], [1750-1839], [futura Marquesa de Alorna], aflige-se por não receber notícias de António de Araújo desde Outubro. Apesar de ter anunciado, na última carta, a sua partida de Inglaterra os meios não correspondem à sua determinação, como o destinatário verá pela carta que a autora dirige ao seu filho. Deseja que S.A.R. se digne a aprovar a recomendação do P. de G. para conceder o semestre solicitado. Anuncia que chegou ordem ao Conde de Palmela para permanecer em Londres até que o seu antecessor [o Conde do Funchal] acabe um negócio com Lord Castelreagh. Acusa o [Conde do Funchal], que passa a maior parte do ano em Wording longe dos negócios públicos, de divertir-se a martirizá-la e só espera que ele vá rapidamente para o novo destino, apesar do mesmo se recusar a fazê-lo. As louváveis prestações do exército português face ao até agora invencível "enemigo do Mundo" fazem com que se sinta portuguesa, e sustenta que o facto da Península estar livre de franceses para si é suficiente. Deseja que o Príncipe-Regente a ouça sobre o seu falecido irmão [3.º Marquês de Alorna], [1754-1813], e sobre as perseguições, injustiças e tormentos a que, imerecidamente, está sujeita. Alerta para o número deste mês do "Investigador [Português]" que, cessou subitamente a torrente de lisonjas, e já sugere remédios para alguns dos nossos males. Pede para acusar a receção das duas cartas que remeteu pelo tio do Paiva.
A autora comenta a partida de oficiais do exército português para o Rio de Janeiro, onde vão instruir o exército local. Acha que a nomeação do Marquês de Alegrete para General em Chefe deste corpo é uma "cena comica", devido à sua manifesta falta de conhecimentos práticos de guerra. Lamenta que o destinatário esteja novamente envolvido nesta confusão "que tanto repugnava". Fala da indisposição dos Governadores do Reino contra os ingleses; da forma desprezível com que D. Miguel Pereira Forjaz trata os oficiais da sua secretaria e das farsas com que sustenta as maldades dos outros. Alerta António de Araújo de Azevedo para não se iludir novamente com Sodré, que muito tem desonrado o seu protetor, o Duque da Vitória, elaborando um plano para assumir o comando do Exército. Defende que o corpo militar português deveria ser comandado pelo Marechal [Beresford] que, apesar de ser vítima de injustiças, foi quem o disciplinou; revolta-se contra aqueles que querem expulsar a oficialidade inglesa do exército assim que se julgaram livres [do jugo francês]. Remete cópias intactas de ofícios do Marquês de Campo Maior que provam tudo o que a autora diz e adverte o destinatário para a possibilidade de estes mesmos ofícios chegarem às mãos do Marquês de Aguiar com alguma parte importante subtraída ou até mesmo não serem enviados. Refere-se ao receio com que a regência aguarda pela chegada do novo Embaixador [inglês]. Lamenta que [o seu irmão] Lemos, apesar dos trabalhos prestados, seja vítima deste governo [de Lisboa]. Adverte o destinatário para o "ranxo de Fidalguinhos" que vão ao Rio de Janeiro, instruídos pelos governadores, buscar prémios que pertencem aos que ficam. É necessário consultar o Marechal antes de os despachar para se não cometerem injustiças novamente. Informa dos rumores que circulam contra o destinatário e o envolvem em toda a intriga.
Acusa a chegada de cinco navios da Corte [do Rio de Janeiro] e que em nenhum deles recebeu uma carta do amigo [Conde da Barca], situação indesculpável e que muito a faz desconfiar. No entanto, a sua irmã Carmo recebeu uma carta de Carmo Aranha, onde tomaram conhecimento que o destinatário passa bem e também da lamentável cena que a tia [Viscondessa do Real Agrado] fez no dia de anos da Rainha [D. Maria I]. Demonstra-se muito abatida e desiludida e escreve-lhe para o informar que prescinde dos seus ofícios para não aumentar os seus desgostos. Desiste da pretensão em ser Viscondessa, a qual não era por vaidade mas para poder assegurar o futuro dos seus filhos, mas acredita que tanto Carmo como o Conde da Barca tudo farão para lhes assegurar a subsistência. Pretende um aumento da renda que Nicolau aufere da Comenda da Ordem de Cristo, em pagamento dos serviços prestados a S.A.R.. Informa o destinatário do agravamento da sua doença; lamenta não receber notícias do seu filho e que está arrependida de o ter deixado partir. Recomenda-se a Sebastião Pinto, a quem muito estima, o qual não tem respondido às suas cartas. Recomendações de Nicolau. Carlota escreve também.
A autora lamenta à amiga Carmo que, apesar de chegarem muitos navios, nunca mais recebeu uma carta sua, nem das parentes, nem mesmo do filho. Informa que após a chegada do irmão António [de Lemos] ao Rio de Janeiro, só recebeu uma carta do amigo Conde da Barca. Manifesta o seu padecimento por não saber com precisão o estado de saúde deste e que ele até já nem responde às suas cartas, factos que a fazem pensar que ou está muito doente ou então "transtornado de caracter". Agradece à destinatária os confortos que lhe dirigiu pela irmã Carmo. Comenta as cartas que recebeu das parentes, dizendo que lhe despertaram sentimentos opostos, uma de compaixão e outra de cólera e desprezo. Responde-lhes com algumas verdades que lhes serão amargas. Sente-se consolada em poder desabafar com a destinatária; refere-se à carta que deve entregar ao Conde da Barca. Pede-lhe que fale com ele para ambos decidirem o que fazer do seu requerimento. Refere-se que o seu estado de saúde tem piorado e que já não tem esperanças em viver muito mais tempo. Recomendações do marido e das filhas.
A autora informa que com a partida da Expedição para o Rio de Janeiro surge a ocasião de existirem muitos portadores seguros para as cartas, mas que também não faltam "perseguidores" que lhe solicitam constantemente cartas de recomendação para apresentar a [António de Araújo de Azevedo]. Diz que a todos tem conseguido escapar argumentando que o destinatário se encontra muito doente, à exceção do afilhado de D. Mariana Teles que lhe apresentará uma carta mas que nada vale. Solicita ao destinatário que queime todas as cartas que não puder ler para que não passem pelas mãos daqueles "que tem trahido a boa fé de V. Ex.a". Refere-se a uma carta que recebeu do General D' Urban, escrita pelo Marquês de Campo Maior, em que o primeiro elogia [António de Araújo de Azevedo] e em que remetia duas gazetas contendo as promoções do exército, onde a autora reparou que o seu filho João foi preterido por engano do chefe do seu regimento. Informa que Nicolau também escreve e que se sente muito desolado por ter incomodado o destinatário e depois saber que não tinha direito a um bocado de areia.
Confessa a António de Araújo de Azevedo que se sente muito confusa com as cartas que dele recebe, porque sendo muito lacónicas fá-la pensar que ele não recebeu as suas precedentes. Ficou entusiasmada pela chegada de Sebastião Pinto e pelas notícias que ele trazia do destinatário. Elogia o trabalho do Marechal [Beresford] à frente do exército e comenta as intrigas que têm comprometido o prosseguimento deste trabalho, fazendo com que o mesmo Marechal tenha decidido a ir junto de S.A.R. buscar instruções. Solicita ao destinatário que o guie, pois os inimigos dele são os inimigos de S.A.R.. Diz que da casa de D. M. F. se comenta que [António de Araújo de Azevedo] escreveu-lhe a agradecer o comportamento que tem mantido com os ingleses, mas que não acredita neste rumor porque sabe da opinião do destinatário. revolta-se contra aqueles que cada dia mais o comprometem com a nação inglesa fazendo circular rumores que é "francês". Revolta-se contra a presença do Conde do Funchal, "traidor imfame e dezobediente", em Londres com prejuízo para Freire e para a nação portuguesa; comenta a forma como os governadores do reino os chefes e muitos oficiais do exército contra o Marechal, fomentando a insubordinação na expedição que vai para o Rio de Janeiro. Acha que a maior desgraça do destinatário foi ter voltado para o Ministério. Sebastião Pinto regressa mais cedo devido às intrigas, em especial de D.M.F.. Em Lisboa correm rumores que Manuel Luís protege certos indignos. Pede proteção para o seu filho que é o portador desta carta. Lamenta a pouca sorte de seu irmão [Lemos]. Informa que daqui a uns dias parte para Sintra. Em Ps. de 25 de Julho, informa da segunda suspensão do Plano do Marechal para o exército, efetuada pelos governadores, a qual provocará muitos prejuízos ao corpo militar. Informa da viagem de José Anselmo Correia para o Rio e classifica-o como espião de D. M. F.. Remete um requerimento do médico de Oeiras e outro de um dos rapazes que "V. Ex.a" mandou aprender com o Sarmento "dos bilhetes falsos", o qual foi enganado com falsas promessas de que entraria para o Colégio Militar.
A autora diz que muitas vezes escreve-lhe a recomendar indivíduos que talvez não mereçam, mas sabe que o destinatário já a conhece e que sabe quando as suas frase são forçadas. Contudo, não deixa de ser gratificante para si dar-lhe a conhecer pessoas de merecimento e por isso, roga ao amigo [António de Araújo de Azevedo] que proteja o memorial incluso. Informa que existe muita ansiedade pela chegada de notícias [dos despachos do] dia 13 de Maio. Refere-se às virtudes que [a sua filha] Carlota apresenta no Canto. Recomendações de Nicolau e das filhas.
Recomenda à proteção de António de Araújo de Azevedo, Ministro da Marinha [e do Ultramar], o portador da carta, João Francisco de Brito Villar, filho de joão Rodrigues Vilar, Desembargador e Administrador da Quinta Real dos "Bixos".
Refere-se à chegada de Sebastião Pinto e à carta que António de Araújo de Azevedo enviou por ele. Aconselha o destinatário a conservar a sua saúde para seu próprio bem e para bem do Estado; elogia os trabalhos deste, os quais têm convencido todos os incrédulos; refere-se à expedição do exército que S.A.R. preparou, apesar das dúvidas que alguns políticos manifestaram em que o mesmo Senhor queira retirar tropas de Portugal. Defende a opinião de S.A.R., que em primeiro lugar está a defesa das nossas posses nas Américas e só depois então é que devemos atender as solicitações das nações aliadas. Acredita que tudo melhorará a partir de agora, visto que o Governo [de Lisboa] já tomou conhecimento da forte base de apoio que sustenta o Marechal [Beresford] à frente do exército. Refere-se ao plano engendrado por D. M[iguel Pereira Forjaz] e restante Governo [de Lisboa] para depor o referido Marechal, tendo mesmo envolvido o inocente Sebastião Pinto. Informa dos ataques que Francisco Inácio tem disferido às autoridades militares; pede notícias sobre a "Restituição de Loubo" para poder defender o destinatário das acusações que lhe são feitas. Recebeu carta de Palmeirim, onde este lhe dizia que tinha falado com António de Araújo de Azevedo e lhe comunicava a nomeação de um dos filhos da autora para Ajudante de Ordens. Anuiu ao pedido de Sebastião Pinto e o seu filho assumirá o cargo de Ajudante de Ordens. Solicita ao destinatário que transmita estas novidades às parentes da autora. Apresenta as suas desculpas pela imprudência em tê-lo envolvido na sua pretensão das Lezírias e informa que Nicolau escrever-lhe-á sobre este assunto, enviando a pública forma da setença do Tombo e de uma Provisão. Pede ao destinatário que interceda junto do Marquês de Aguiar sobre a justiça desta graça. Em Ps. de 20 de Junho refere-se ao atraso desta carta e ao receio que o governo [de Lisboa] tem em que cheguem ao Rio de Janeiro as verdades; fala das tentativas para promover intrigas entre o Marechal e os generais americanos; do apoio que este tem dado a Sebastião Pinto. Pede ao destinatário que tenha cuidado com "o tal Amigo e com outros". Acusa a receção de uma carta do destinatário, em que lhe fala sobre o despacho de Nicolau. Informa que comprou uma casa em Sintra.
Como se demora o navio, remete carta e cópia do Aviso de Maria José de Saldanha [e Castro], de quem se compadece pela forma como é tratada pelos familiares do marido. Supõe que o seu irmão [Lemos] já tenha chegado [ao Rio de Janeiro] e diz que a segurança deste é estar António de Araújo de Azevedo no Ministério [da Marinha e do Ultramar] porque assim existe um canal seguro para fazer chegar as intrigas que obstam ao bem do Estado. Comenta o destino dado ao [Conde do] Funchal. Lamenta não poder separar da correspondência particular que lhe escreve os seus negócios, e que esta situação só se deve à falta de empenho das parentes que tem no Rio. Solicita ao destinatário que tome partido da sua família e que a ajude a alcançar do Príncipe a mercê das Lezírias das Barrocas da Redinha, que segundo sabe também são pedidas por outras pessoas.
Informa que continua a aguardar pela chegada do Brigue que o amigo [António de Araújo de Azevedo] lhe referiu na carta de 13 de Novembro de 1814. Comenta a lista de despachos do dia de anos de S. Majestade, a qual causou o amigo [António de Araújo de Azevedo] grande desprazer entre os heróis portugueses devido às injustiças nela contidas. Lamenta que Nicolau Xavier, que se encontra nas "Lezírias de Barrocas" a remediar os estragos, não tenha sido contemplado, continuando assim a ver os seus serviços sem serem remunerados, . Felicita o destinatário pelo seu despacho e exprime a sua felicidade por Manuel Luís também ter sido contemplado. Informa que este Brigue parte com notícias espantosas sobre o "Leão" e os últimos acontecimentos verificados no exército português. Refere-se à sua pretensão em receber a mercê das Lezírias, a qual viria suprir os estragos causado pelo Tejo noutro sítio. Em Ps. de 8 de Abril, não entende porque razão o comandante deste navio recusou receber as cartas devido a ordens superiores. Aproveita, então, para reafirmar a importância de receberem a união dos acrescidos, [as Lezíria], porque assim poderão assegurar o futuro dos filhos. Solicita ao destinatário que interceda junto do Príncipe-Regente, por forma a tornar desnecessário o envio de requerimento a Lisboa para consulta, visto que ali pretendem outorgar estas terras a outras pessoas por razões que a autora desconhece. Espera poder fazer esta surpresa a Nicolau. Pede a António de Araújo de Azevedo que congregue esforços com a tia [Viscondessa do] Real Agrado para tentarem alcançar esta graça.
O autor, [médico], acusa a receção da carta do Conde [da Barca], [datada de 8 de Abril], pela mão de Joaquim Luís da Cruz. Lamenta as moléstias que o destinatário tem sofrido e "que tanto enfraquecerao o systema nervoso". Aconselha-o a procurar restabelecer a saúde. Refere-se ao reconhecimento de Portugal Unido como grande potência aliada às maiores Casas da Europa, ao qual o destinatário não esteve "certamente passivo". Lembra o tempo que passaram juntos; descreve as festas do casamento dos príncipes de Orange. Não escreve nada sobre a "nossa Mad[ame] S[uzanne Cély Cappadoce] filha e marido" por estar persuadido que [Francisco Maria de] Brito, [Secretário da Legação em Paris], se encarrega disso.
A [Condessa de Oeynhausen], [D. Leonor de Almeida], [1750-1839], [futura Marquesa de Alorna], lamenta o silêncio do destinatário e refere que as cartas que outrora escrevia a [António de Araújo] sobre as ciências e as artes tinham sempre resposta. Pergunta se pode contar com o Chevalier que está em Madrid para a sua defesa. Encontra-se em repouso em Londres e como tem perto de si a famosa Mme. [Vigée] Le Brun, [1755-1842], a melhor pintora da Europa, talvez S.A.R. pudesse comprar-lhe um quadro para ornamentar um dos quartos da Princesa. Toda a gente acolhe-a favoravelmente em Inglaterra. Pede uma carta de recomendação a D. Domingos de Sousa [Coutinho], [Embaixador e Londres], [Conde do Funchal em 1808]. Refere-se ao seu afastamento da direção da obra dos ornamentos do novo palácio [de Queluz], não obstante as palavras elogiosas dos intelectuais. Deseja ser reintegrada nas suas funções podendo laborar a partir de Londres. Para isso necessita que o arquiteto Fabri lhe envie uma planta minuciosa do Palácio, que o primeiro pintor [Domingos] Sequeira a informe das obras feitas depois da partida da autora e informações sobre os trabalhos de Foschini. Podem vir dois pintores para Londres para se aperfeiçoarem sob a direção de Mme. Le Brun ou de West.
A Condessa de Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida], [1750-1839], [futura Marquesa de Alorna], depois da intempestuosa carreira na sua pátria só aspira ao descanso. Deseja a reversibilidade das suas pensões para as duas filhas solteiras [Frederica e Henriqueta] e para o filho [João Ulrico] Conde d'Oeynhausen enquanto viverem. Mais seis mil cruzados por ano para providenciar uma educação liberal para o filho, tal como era desejo de seu pai. Recomenda Carlos Augusto de Oeynhausen, [Governador de Mato Grosso] para a carreira diplomática.
A Condessa de Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida Portugal], [1750-1839], [depois Marquesa de Alorna], espera que os seus procuradores tenham feito a petição em seu nome a suplicar a supressão dos documentos extraviados que lhe são exigidos para tomar posse da casa. Há mais de um ano que labuta inutilmente para dar as provas necessárias não à justiça mas aos juízes. Participa que os documentos originais foram queimados e os juízes recusaram aqueles que foram apresentados. Há 15 dias recebeu a visita de João António Salter [de Mendonça], [Governador do Reino], [Visconde de Azurara em 18 ], que já tinha solicitado há um ano, tendo o mesmo ficado ciente dos direitos daautora. Como uma das dificuldades era ler títulos antigos, chamou a si esse trabalho de examinar e apontar as principais passagens de 18 documentos que provam os seus direitos. Anexou-os a uma petição e encarregou o letrado Desembargador José António de Barbosa Araújo de formar os artigos de liquidação e continuar na execução. Contudo em nada se funda a sua esperança se do Brasil não vier uma impulsão benigna.
Informação sobre as experimentações efetuadas pelos professores de Saúde, sobre o uso medicinal da água inglesa da composição de João Ladislau, Boticário da Baía.
Solicita a António de Araújo de Azevedo que mande analisar a porção de ópio que veio de Goa e tem causado alguma incerteza nos boticários, por não saberem se o é ou se está misturado com extratos amargos.
Manifesta a sua satisfação por encontrar António de Araújo de Azevedo no Ministério. Solicita instruções ao destinatário visto que há sete anos que não obtém qualquer despacho. Junto remete uma atestação da sua conduta, enquanto administrou a Fábrica de Salitre de Moura, para que o destinatário dela faça o que lhe aprouver. Refere que o Telegrafo Português continua a ser impresso e que é notório o quanto foi útil para reanimar os ânimos "desalentados, nas circunstancias em que nos vimos".
Aconselhado pelo irmão Rodrigo [Navarro de Andrade], recorre a António de Araújo de Azevedo, [Min. da Marinha e do Ultramar no Rio de Janeiro], para obter a nomeação para Chanceler da Relação da Baía, cargo que está a vagar.
Informa da demora na publicação dos regulamentos que foram expedidos do Rio de Janeiro, no que o Principal Sousa foi indiscreto como lhe é habitual. Refere-se ao descontentamento dos militares devido à falta de pagamento, ao estado das finanças públicas e à organização do exército. Critica o facto do Marquês de Borba ser simultaneamente Chefe do Erário e Membro da Regência do Governo de Lisboa.
Remete uma cópia da informação que apresentou ao Príncipe-Regente [D. João], sobre a Água inglesa. Pergunta a António de Araújo de Azevedo se deve proceder à encomenda.
A Condessa de Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida], [1750-1839], informa a António de Araújo, Conselheiro de Estado no Rio de Janeiro, das afrontas e perseguições que tem sido alvo em Londres, o que a faz pensar em ir passar o resto dos seus dias em Estocolmo, [São] Petersburgo ou Berlim. Relata todo o sucedido com o seu irmão o Marquês de Alorna e a legião composta por 9.000 homens: desde a saída de Lisboa, passagem por Salamanca, Valladolid, os diferendos com o Marechal Bessieres em Burgos, a ira de Bonaparte por suspeitar que a doença do Marquês era falsa; a deslocação para Bayonna como prisioneiro; as tentativas para escapar; a ida para Grenoble; a destituição do comando; as falsidades das proclamações que lhe são atribuídas e das notícias das gazetas; a guerra aberta com Massena; a estada em Portugal e os motivos da sua proscrição pelos seus conterrâneos; a ida para Madrid; a retoma do comando do exército português; a divisão da Legião [Portuguesa] com dois corpos e destinos diferentes, com Gomes Freire a ir para Glabukow e o marquês para Mohilev; o ataque de Bonaparte a Smolensko onde morreram cruelmente grande parte dos portugueses; a chegada a Conisberga de Gomes Freire, Alorna, Marquês de Loulé, José Tancos, António Caetano da Cunha, Forjaz e mais quatro oficiais; e por fim a morte do marquês. A autora pretende que se conheça toda a verdade para assim poder entrar na posse da casa de que é herdeira. O malvado [Heliodoro Jacinto Carneiro Araújo], [viúvo da sua filha Luísa], veio a Londres, munido de uma assinatura do Príncipe-Regente, celebrar uma cerimónia "injuriosa". Na última página está o endereço do destinatário no Rio de Janeiro.
António Maria Calvet, [Cônsul Geral de Portugal em Trieste, em Lisboa sob licença de serviço], agradece as expressões que o Conde da Barca, [Min. da Marinha e do Ultramar] no Rio de Janeiro, lhe transmitiu na carta de 1 de Fevereiro de 1816. Pede ao destinatário que intervenha junto de El-Rei [D. João VI], a fim de lhe alcançar o consulado português em Nápoles, que se encontra vago, conforme requer no Memorial incluso. Solicita que o nomeie Oficial de Secretaria assim que houver vaga. Refere-se aos serviços prestados em Trieste onde alcançou resultados muito positivos para o comércio português e salvou o Arquivo Ministerial, que havia sido deixado ao abandono, das garras de [Joaquim] Murat [Rei de Nápoles durante o domínio francês ocorrido entre 1808 e 1815], conforme pode comprovar o encarregado de negócios em Nápoles, João Pedro Guinn.
D. Leonor de Almeida, [Condessa de Oeynhausen], [1750-1839], [futura Marquesa de Alorna], agradece recebeu com agrado a carta de 8 de Março e diz que, com o cargo [de Conselheiro de Estado] que [António de Araújo] detém, manterá a fé em receber melhores notícias no próximo paquete. Tem de vir uma determinação vigorosa para a desembaraçar deste flagelo, repleto de mentiras e absurdos. Passa as manhãs a ler e reler o livro de Job, e quando lê que "Satanás obteve licença para atormentar por todos os modos aquelle Santo homem, paresse que leio as credenciais do Sobredito [Conde do Funchal] na língua de Camões". Tem tido a tentação de remeter algumas poesias suas, que são o bálsamo com que cura as feridas, e gostaria que as várias obras que tem composto, fiquem como prova de que os seus receios e ocupações inocentes não mereciam uma sorte tão severa. Traduziu Horacio, Thompsom, Wiland, Grai, Goldsmith e outros. As cartas que tem escrito a várias pessoas, incluíndo ao Soberano, continuam sem resposta, ou então extraviam-se. Em 20 de Junho, felicita o dest. pelo facto de S.A.R. ter feito "justiça ao seu talento honra e innocencia". Foi informada por um magistrado que D. D[omingos de Sousa Coutinho] solicitou para a autora um estranho proceder tal como praticou com J. A. Correia. Rejeitam-lhe passaportes para o Brasil e para Lisboa e se esta situação continuar ver-se-à obrigada a refugiar-se em Malta, na Sicília ou na Índia.
Pede a proteção de [António de Araújo de Azevedo] para que o seu requerimento não tarde muito a ir a despacho, visto que se encontra muito doente e não tem meios para se curar. Acusa a receção da carta datada de 4 de Fevereiro e agradece o contínuo interesse que o destinatário tem manifestado por si.
O Marquês de Campo Maior, [1768-1854], [Marechal General Comandante em Chefe do Exército Português], informa, a nível particular, o Conde da Barca, [Min. da Marinha e do Ultramar], da sua chegada a Lisboa após uma viagem de setenta e sete dias. Refere-se à má estadia no Rio de Janeiro e à receção que lá lhe fizeram. Alude às más relações que mantém com D. Miguel Pereira Forjaz [Secretário dos Negócios Estrangeiros e da Guerra em Lisboa].
Refere-se ao estado do exército português e aos preparativos militares que se deviam fazer para resistir e rechaçar a qualquer ataque vindo de Espanha e que os Governadores do Reino não lhe permitiram empreender. Fala sobre as suas relações com os Governadores, os quais considera incapazes de olharem extensa e liberalmente para qualquer questão política. Lembra os serviços que prestou a Portugal e assevera que, por esta razão, é tão português como aqueles que o criticam. Refere-se à expedição ao Rio da Prata e à repercussões desta na Corte de Madrid.
Pede o almoxarifado de Torres Novas com os privilégios e direitos com que o possuía a Casa de Aveiro, conforme lhe fora prometido no Rio de Janeiro. Lembra, ainda, a promessa que fizeram de lhe dar a casa do pátio do Saldanha que pertencia ao Conde da Ega. Refere-se à reorganização da Repartição dos Hospitais, defendendo a nomeação do Dr. Bernando José Abrantes e Castro para Físico-Mor, em substituição do atual José Carlos Barreto, que é um homem sem talento.
Expressa a sua revolta pelos martírios que lhe infligem. Recorda que, há muitos anos, disse ao Príncipe[-Regente] que isto haveria de suceder-lhe. Repete o pedido para o destinatário, [António de Araújo], [Ministro de Estado da Marinha e do Ultramar no Brasil], alcançar-lhe uma licença para ir para o Brasil, porque é evidente que aqui, em Lisboa, não tem direitos nem justiça que lhe dê alívio. A sua desgraça é excessiva, para uma Dama de Honor da Princesa. Até é acusada das "mais perfidas acusassões" quando, por motivos de saúde, não vai à Igreja. Quando chegou a Portugal, [em Julho de 1814], tudo era, aparentemente, a seu favor, mas na realidade os seus negócios estão entregues não aos magistrados, nem aos Governadores do Reino, mas a um solicitador do fisco que é um "reposteiro m[ui]to favorecido do P[rincipal] S[ousa], [Governador do Reino]". Pretende obter licença para ir para o Brasil e expor a S.A.R. o "rigor insultante" com que é tratada. Os Governadores do Reino têm declarado que nunca houve qualquer acusação contra si, mas isso já não lhe basta devido à opinião negativa que o público tem de si. Se o Soberano lêsse esta carta, acudi-la-ia sem demora.
O autor, Cônsul Geral de Portugal em Trieste em licença de viagem a Lisboa, solicita ao Conde da Barca que proteja o seu requerimento, que envia em anexo, visto que a sua casa de comércio em Trieste foi sequestrada pelos invasores e a sua família em Lisboa ficou desamparada após o falecimento dos seus irmãos, Francisco Manuel e o Cónego Carlos Manuel. Invoca os serviços prestados em Trieste, os quais podem ser comprovados nos ofícios que recebeu do governo e entre os quais se pode encontrar um ofício do Conde da Barca, datado de 25 de Fevereiro de 1805.
Agradece a carta de 15 de Fevereiro. Gostaria que [António de Araújo] participasse como se encontra de saúde depois da moléstia do ano passado. Remete a receita de um elixir que tem feito prodígios e que é o responsável pela sua longevidade. Ainda não sabe se chegou o resultado da sua consulta ao Desembargo do Paço, dizendo que em Lisboa "os misterios [...] excedem m[ui]to a prodencia do segredo". Pedro de Mello participar-lhe-á tudo o que se passa. Acredita que se a sua petição for "reformada" por ambos ficará adequada e o assunto exposto com clareza. Pretende uma licença para se deslocar ao Brasil e fugir assim das desgraças. Remete uma nota relativa aos seus negócios conforme foi solicitado. Comenta os fenómenos da revolução e contra-revolução que só são compreensivéis a quem os viu. Pede o envio de notícias e se por acaso não tiver tempo, autorize [Jacob Frederico] Torlade [Pereira de Azambuja], Oficial da sua Secretaria, a fazê-lo. Agradece a constante bondade e amizade do destinatário.
A Condessa de Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida Portugal], [1750-1839], remete o resto dos documentos que deveriam acompanhar a petição que Pedro de Mello levou em mão. Só da amizade de António de Araújo, Conselheiro e Ministro de Estado [da Marinha e do Ultramar] no Rio de Janeiro, pode esperar a sua redenção. Agradece a intervenção especial para o decreto régio de 13 de Outubro que transfere o seu filho para o exército de Portugal. Só agora soube os motivos pelos quais deixaram de pagar as pensões, sustentando que tal foi devido a "maldade subalterna" porque todos os decreto de S. M. estão em pleno vigor. Pede uma simplificação de todo este processo bem como o negócio referente a sua Casa porque os meios atuais não chegam para pagar os emolumentos que lhe são exigidos. De "V. Ex.ª espero os alivios que tanto nececito". Pede notícias sobre J[oão] Carlos de Oeynhausen, [Governador de Mato Grosso]. Na última página está o endereço do destinatário no Rio de Janeiro.
Participa a [António de Araújo], [Min. Da Marinha e do Ultramar no Brasil] que esgotou as forças em procurar no Governo e no Desembargo do Paço indícios de alguma resolução favorável aos seus negócios. Lamenta que nem as leis a amparem nem os privilégios a recomendem, sentindo-se desanimada perante a perseguição que lhe movem. O Governo recusa-se a decidir e os juízes subalternos são de um rigor tal, que parece que se comprazem em fazê-la padecer. Remete três petições para que o destinatário obtenha o despacho junto de S.A.R., as quais "me deffenderão dos insectos". A 4.ª petição é documentada e pretende que lhe sejam restituídos os bens de sua Casa. O Marquês de Borba, [Governador do Reino], com bondade e equidade, encarregou-se de remeter cópias ao destinatário e ao Marquês de Aguiar, [Min. do Reino]. Pede notícias da saúde. Em P.s. autógrafo informa que o navio parte de repente por ordem do Governo e ainda não chegaram os documentos selados e legalizados a respeito das casas, mas está certa de que S.A.R. se recordará dos Avisos. Remeterá os documentos na primeira ocasião.
A Condessa de Oeynhausen, [D. Leonor de Almeida Portugal], [1750-1839], agradece as notícias consoladoras de António de Araújo, Conselheiro de Estado e Ministro no Rio de Janeiro, Grã-Cruz da Ordem de Cristo. Teve conhecimento de que já estava restabelecido da moléstia e detinha [interinamente] a Pasta dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Continua a padecer muito devido à constância dos seus perseguidores e está certa de que o destinatário, se puder, prestar-lhe-á o auxílio devido. O General [Carlos Frederico] Lecor vai munido de uma procuração geral, e "melhor que ninguém" sabe o quanto a autora tem sofrido. Informa que a Consulta está no Desembargo do Paço mas sujeita às demoras que o destinatário bem conhece. Remeterá uma tradução de Claudiano que foi elogiada pelo erudito Desembargador António Ribeiro dos Santos [1745-1818]. Lembra o desejo de ver os seus filhos na carreira diplomática. Pretende o lugar de Nápoles ou de São Petersburgo para [João] Carlos [de Oeynhausen] e para o irmão [João Ulrico] o de Cavalheiro de Embaixada junto do primeiro. Espera rever o destinatário, embora comece a desesperar por não receber nenhuma resposta da licença pedida, [para ir ao Brasil]. Na última página está anotado o endereço do destinatário no Rio de Janeiro.
Agradece ao primo [António de Araújo de Azevedo] as expressões que lhe dirigiu em carta de Francisco Pereira [Peixoto Ferraz Sarmento] e informa que ficou preocupado com o estado de saúde do mesmo. Manifesta desejo em voltar a ver o destinatário e comenta a teimosia de Napoleão, achando que talvez a guerra não acabe durante a "m[inh]a vida". Pede proteção para a família e para o requerimento incluso, o qual é de um seu criado que muito bem o tem servido. Refere-se à ingratidão de Tomás Malheiro.
[D. Leonor de Almeida Portugal], Condessa de Oeynhausen, [futura Marquesa de Alorna], acusa a receção de uma carta para o seu filho. Teve o consolo de ver que o destinatário se lembra de si depois de lhe ter escrito cartas em Março e Abril e não ter recebido resposta. Teme o descaminho das cartas porque tem escrito sempre que há uma oportunidade, porque consta que Manuel Caetano Pinto, o intermediário, morreu. Esta segue em mãos de um Padre de São Domingos e vai outra pelo correio. Pede ao destinatário, [Min. da Marinha e do Ultramar no Brasil], para a acudir com um Aviso ou ordem de S.A.R. dirigida à regência para acabar com os embaraços que lhe provocam os juízes subalternos; um Decreto régio que ordena a entrega, com ou sem a apresentação de documentos, de tudo quanto pertence à Casa de Alorna; e outro Aviso Régio para que lhe sejam entregues os netos e com ordem para que o Administrador da Casa, o Desembargador José Guilherme de Miranda, fique às suas ordens, porque caso contrário arruinará a Casa. Pede restrições para o Letrado Pimenta. Há seis meses que tenta, sem sucesso, que estes homens lhe falem para poder prover as urgentíssimas necessidades dos meninos e da sua filha Marquesa [de Fronteira]. Os mesmos não se prestam a nada do que é necessário para a decência e comodidade dos netos e sobretudo para a educação liberal e cristã das crianças, que estavam nas mãos de um clérigo de 87 anos que os moía de pancadas e maus tratos. Apesar de saber bem latim e grego, era incapaz de ensinar devido à tirania e mau modo.
Solicita a proteção de [António de Araújo de Azevedo], para alcançar um emprego visto que se encontra numa situação de extrema necessidade juntamente com sua mulher e filhos.
Expressa o seu cuidado pela moléstia grave de que padece António de Araújo, Conselheiro e Ministro de Estado [da Marinha e do Ultramar] no Rio de Janeiro, Grã-Cruz [da Ordem de Cristo]. Não falará nos seus negócios enquanto o destinatário não melhorar. Escreve ao primo Pedro [de Mello] referindo-se aos seus negócios com a recomendação de que ele os comunique ao destinatário. Votos de melhoras. Na última página está anotado o endereço do destinatário.