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Documentos relativos a D. Leonor de Almeida Portugal, 4.ª Marquesa de Alorna, irmã do 3.º Marquês de Alorna.
Identification
Description level
Series
Reference code
PT/TT/CFTR-ALM/019
Title
Documentos relativos a D. Leonor de Almeida Portugal, 4.ª Marquesa de Alorna, irmã do 3.º Marquês de Alorna.
Holding entity
Arquivo Nacional Torre do Tombo
Dimension and support
doc.; papel
Context
Biography or history
D. Leonor de Almeida Portugal, 4.ª Marquesa de Alorna, irmã do 3.º Marquês de Alorna. Nasceu em 1750. Morreu em 1839. Sobre a filha Leonor conta o 2.º marquês de Alorna, seu pai em carta dirigida ao filho Pedro (Casa Fronteira e Alorna, n.º 128, doc. 91): «Tua irmã que com estes ares teria passado excelentemente, se não estivesse encasquetada de que vista a sua perfeição, e o seu juízo infinito, toda a gente está obrigada em consciência a ser sempre da sua opinião, e a reputar as suas decisões como as do Papa em matéria de fé. Neste termos consome infinito com qualquer leve coisa, que lhe pareça contradição, de que se lhe seguem acidentes histéricos, onde lhe dá em falar sempre em francês. Com isto tem passado consumida, apurando também muito a paciência das filhas, e de todos os mais assistentes. Sem embargo disto come, e dorme muito bem, vai passear a cavalo, e vai de vez em quando a Lisboa, por conta dos seus negócios, e dos alheios» em carta endereçada ao filho Marquês d´Alorna em Estremoz. Oferece outros pormenores da atitude e temperamento da filha Leonor após a libertação do pai do forte da Junqueira, comparando-os com os dezoito anos e meio de prisão (Casa Fronteira e Alorna, n.º 128, doc. 115).
Custodial history
Em 2022, no âmbito do tratamento arquivístico prosseguido no fundo Casa Fronteira e Alorna, foram identificados documentos não descritos no inventário. Como a descrição segue o Inventário, foi-lhes dada a cota sequencial ao último atribuído a D. Leonor de Almeida Portugal, 4.ª marquesa de Alorna. Os novos números dos documentos são 19.34.
Content and structure
Arrangement
No inventário, a documentação de D. Leonor de Almeida Portugal, 4.ª Marquesa de Alorna, encontra-se descrita na Segunda Parte, ponto 19.
Access and use
Other finding aid
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000- . Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em actualização permanente.Instrumentos de Descrição, Casa Fronteira e Alorna: II - A. Inventário da Documentação da Família Almeida, L 505, p. 17-23.
Notes
Notes
D. Leonor de Almeida Lorena e Lencastre, condessa de Oeynhausen, 7.ª condessa de Assumar e 4.ª marquesa dehttp://www.arqnet.pt/dicionario/alorna4.htmlA rainha D. Maria II concedeu-lhe a banda da Ordem de Santa Isabel. A marquesa de Alorna também era dama da Ordem da Cruz Estrelada, da Alemanha. Faleceu com oitenta e nove anos de idade. Os títulos de 6.ª condessa de Assumar e 4.ª marquesa de Alorna foram renovados por decreto de 26 de outubro de 1833. A marquesa foi sempre súbdita muito respeitosa e obediente aos soberanos. Sendo pouco afeiçoada à medicina, e tendo por inúteis os remédios na sua idade, sua filha D. Henriqueta lembrou-se de lhe falar em nome da rainha, para que tomasse os remédios, que os médicos receitassem. Só assim consentiu em os tomar.Das filhas da marquesa de Alorna, contam-se também: D. Juliana, que casou com o segundo conde da Ega, Aires José Maria de Saldanha Albuquerque Coutinho Matos e Noronha; enviuvando, passou a segundas núpcias com o conde de Strogonoff, na Rússia, Gregório Alexandre Ironwisch; D. Henriqueta, que foi dama da rainha D. Maria II; D. Luísa, que casou com Heliodoro Jacinto Carneiro de Araújo, fidalgo cavaleiro da Casa Real, do conselho de D. João VI.As obras da marquesa de Alorna foram publicadas depois da sua morte, e são as seguintes: Obras poéticas de D. Leonor de Almeida, etc., conhecida entre os poetas portugueses pelo nome de "Alcipe", Lisboa, 1844, com o retrato da autora. São seis volumes. Tomo I: Notícia biográfica da marquesa, seguida de outra notícia histórica de seu esposo o conde de Oeynhausen; Poesias compostas no mosteiro de Chelas; Poesias escritas depois da saída do mosteiro de Chelas. - Tomo II: Continuação das poesias líricas, escritas depois da saída do mosteiro de Chelas.- Tomo III: A primavera, tradução livre do poema das Estações de Thompson; os primeiros seis cantos do Oberon, poema de Wieland, traduzidos do alemão; Darthula, poema traduzido de Ossian; tradução de uma parte do livro I da Ilíada em oitava rima -Tomo IV: Recreações botânicas, poema original em seis cantos; O Cemitério da aldeia, elegia, imitada de Gray; O Eremita, balada imitada de Goldsmith; Ode, imitada de Fulvio Testi; Ode de Lamartine a Flinto Elísio, traduzida; Epistola a lord Byron, imitação da 2ª meditação de Lamartine; imitação da 28ª meditação do mesmo poeta, intitulada: Deus - Tomo V: Poética de Horácio, traduzida com o texto; Ensaio sobre a critica, de Pope com o texto; O rapto de Proserpina, poema de Claudiano em quatro livros com o texto - Tomo VI: Paráfrase dos cento e cinquenta salmos que compõem o Saltério, em várias espécies de ritmo seguida da paráfrase do vários cânticos bíblicos e hinos da igreja. Parece que a paráfrase dos salmos não fora feita sobre a vulgata, mas sim sobre a versão italiana de Xavier Matthei. Uma parte do Saltério já fora publicada em vida da autora, num volume de 4.º, impresso em Lisboa, em 1833. A outra parte saíra também anteriormente com o título: Paráfrase e vários salmos, Lisboa, 1817; também haviam sido impressas em Londres em 8.º gr. as traduções da Poética de Horácio, e do Ensaio sobre a crítica, de Pope. Também foi publicada ainda em vida da autora: De Buonaparte e dos Bourbons; e da necessidade de nos unirmos aos nossos legítimos príncipes, para felicidade da França e da Europa: por F. A. de Chateaubriand. Traduzido em linguagem por uma senhora portuguesa, Londres, 1814; Ensaio sobre a indiferença em matéria de religião: tradução. de Lamennais, Lisboa, 1820, 2 tomos; Estudo biográfico-crítico, a respeito da literatura portuguesa, de Romero Ortiz, de págs. 61 a 96, que saíra também na Revista de España, tomo IX; Elegia à morte de S. A. R. o príncipe do Brasil o Sr.. D. José, Lisboa, 1788.Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre (São Jorge de Arroios, Lisboa, 31 de outubro de 1750 — Coração de Jesus, Lisboa, 11 de outubro de 1839) foi uma nobre e poetisa portuguesa.Conhecida como "Alcipe", era filha de D. João de Almeida Portugal, segundo marquês de Alorna e quinto conde de Assumar. Morreu na mansão do neto, veador honorário da Fazenda (Finanças) da Casa Real, D. José Trazimundo Mascarenhas Barreto, Marquês de Fronteira. Era filha do 2º Marquês de Alorna D. João de Almeida Portugal. A sua família foi perseguida pelo Marquês de Pombal por ter parentesco com os Távoras: D. João de Almeida casou em Lisboa, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, a 2 de Dezembro de 1747, com D. Leonor Tomásia Raimunda de Lorena e Távora (Santos-o-Velho, 14 de Dezembro de 1729 - Almada, 30 de Outubro de 1790), oitava filha de D. Francisco de Assis de Távora, 3º marquês de Távora por casamento, 3° conde e herdeiro da Casa de Alvor, 6º conde de São João da Pesqueira, ainda era donatário de Vila Mouta, governador de Chaves, Director-General da cavalaria do Reino, 45° Vice-Rei na Índia; comendador na Ordem de Cristo de Machico na ilha de Porto Santo, Santa Maria de Mesquitela, Santa Maria de Freixedo e de Duas Igrejas, era por sua vez filho de Bernardo António Filipe Neri de Távora (1681-1744), 2° conde de Alvor, e D. Joana de Lorena (1687-?), filha do duque de Cadaval. A mãe, por seu lado, era a famosa D. Leonor Tomásia de Távora, senhora e herdeira da casa, 6ª condessa de São João da Pesqueira, 3ª Marquesa de Távora e 20ª Donatária de Távora, Mogadouro, Paredes, Penela, Cedaveira, Ordea, Camudais, Paradela, Valença, Castanheiro, filha por sua vez de Luís Bernardo de Távora, 4° conde de São João da Pesqueira e D. Ana de Lorena.Leonor teve uma infância atribulada, pois os avós maternos, e seus tios foram executados barbaramente em decorrência do Processo dos Távoras, aos 8 anos, foi encerrada como prisioneira com a mãe e a irmã no convento de São Félix em Chelas, de 1758 a 1777, estando o pai preso e encarcerado na Torre de Belém, e depois no forte da Junqueira, suspeito de conhecimento do crime dos Távoras. Na verdade, segundo informa Hernâni Cidade em Marquesa de Alorna, Poesias, «era acusado de ter emprestado uma espingarda caçadeira a um dos conjurados.» Esteve no exílio de 1803 a 1814. Pombal ordenara a prisão dados os laços de parentesco que ligava os Alorna com a família dos Marqueses de Távora. 0 infortúnio durou dezoito anos, findos os quais, por morte de el-rei D. D. José, sua filha, a rainha D. Maria I, subindo ao trono, mandou libertar os prisioneiros do Estado. Alguns, porém, não quiseram usar da liberdade sem que primeiro fosse proclamada sua inocência, como seu pai. preso e encarcerado na Torre de Belém, e depois no forte da Junqueira, suspeito de conhecimento do crime dos Távoras. Na verdade, segundo informa Hernâni Cidade em Marquesa de Alorna, Poesias, «era acusado de ter emprestado uma espingarda caçadeira a um dos conjurados.» Esteve no exílio de 1803 a 1814. Pombal ordenara a prisão dados os laços de parentesco que ligava os Alorna com a família dos Marqueses de Távora. 0 infortúnio durou dezoito anos, findos os quais, por morte de el-rei D. D. José, sua filha, a rainha D. Maria I, subindo ao trono, mandou libertar os prisioneiros do Estado. Alguns, porém, não quiseram usar da liberdade sem que primeiro fosse proclamada sua inocência, como seu pai.Em Chelas passou a primeira quadra da vida, com a mãe e a irmã, entregando-se ao estudo das obras de Rousseau, Voltaire, Montesquieu, Pierre Bayle e até a Enciclopédia de D'Alembert e Diderot, e dedicou-se à composição de poesias que alcançaram grande fama e que figuraram nas suas obras completas com o título de Poesias de Chelas.Estavam em voga os chamados outeiros pela corte, e também pelos conventos. Além dos sócios da Arcádia, havia bons poetas, entre os quais se distinguia Francisco Manuel do Nascimento, com o nome Filinto Elísio. Este poeta, com alguns amigos, começou a ir ao convento de Chelas, recitando versos, pedindo motes às freiras, esperando encontrar D. Leonor de Almeida e ouvi-la na grade. Com efeito a jovem apareceu, brilhou e confundiu os admiradores do seu talento.«Data destes encontros o nome de Alcipe, com que eles a celebraram, assim como o de Daphne, que deram a sua irmã, D. Maria de Almeida. Era permitido e tolerado em todos os conventos, nessa época, quando alguma senhora, freira ou secular, se via gravemente enferma, algum parente insuspeito como pai, irmão ou filho, a visitasse, tomando o lugar de um dos criados do convento, e conduzir à cela da enferma qualquer coisa que por outra pessoa não conviesse que fosse levada.Achava-se a Marquesa muito doente, e vinha para lhe falar o filho D. Pedro de Almeida Portugal, depois 3º Marquês de Alorna; D. Leonor, vendo o irmão chegar à portaria, e estando ali o aguadeiro com o barril, fez com que pusesse o barril às costas, e assim fosse encontrar-se com sua mãe. Havia, porém, a circunstância desta senhora ser presa do Estado, o que causou grande impressão, havendo denúncia para o arcebispo de Lacedemónia. O prelado obrigou D. Leonor a ficar na cela, determinando-lhe que cortasse os cabelos e se vestisse de cor honesta. D. Leonor não fez caso desta ordem e quando o arcebispo voltou, ameaçou-a com o Marquês de Pombal, ao que a poetisa respondeu com altivez que não era professa. O arcebispo conteve-se, e desistiu de a apoquentar.Seu pai enviava-lhes com dificuldade cartas escritas com seu sangue, a que a jovem começou a responder, desde que completou 11 anos de idade, em consequência da enfermidade da mãe. Houve um momento em que mostrou desejos de professar, pelo desgosto inaudito que sofreu, vendo que tinha perdido uma das cartas de seu pai; chegou a fazer os exercidos espirituais de Santo Inácio de Loiola, que em lugar de dez dias, segundo a prática, foram de 20. Dissuadiu-a do propósito o frei Alexandre da Sagrada Família, tio de Almeida Garrett, e que depois foi bispo de Malaca e bispo de Angra.Além dos seus trabalhos artísticos e literários, D. Leonor entregava-se também à pintura, e dedicava-se ao serviço de enfermeira, de refeitoreira e de organista do convento. Conhecia a fundo várias línguas, tinha uma vasta instrução científica, desenhava e pintava admiravelmente. Era de carácter afável, sabia amenizar com a sua meiguice e candura as amarguras da mãe, tornara-se querida de todas as religiosas.»Quando o marquês, seu pai, saiu da prisão, dirigiu-se ao convento, onde na grade o esperavam sua mulher e filhas, acompanhadas de parentes, para o cumprimentarem. Foram viver para a Quinta de Vale de Nabais, nas proximidades de Almeirim e depois em Lisboa. D. Leonor era o encanto da sociedade, seu talento elevado, espírito finíssimo e puramente aristocrata, o prestígio do infortúnio que sofrera, a audácia de ter afrontado as iras de Pombal, a tornavam digna de consideração e respeito.Saiu do convento aos vinte e sete anos «em situação moral demasiadamente penosa para que sua poesia pudesse ser o risonho passatempo da época», diz Hernâni Cidade. Sobretudo, viveu quase toda a poesia realizada na prisão de Chelas.» «Bem mais interessantes são as composições poéticas em que, senão ainda com uma expressão romântica, ao menos com romântica sensibilidade a acentuar-se mais e mais, nos dá as impressões da sua vida conventual».´«E é grato reconhecer - grato e surpreendente! - que, no colectivo abastardamento que tanta vez transforma a lira dos poetas em rabeca de mendigos cegos, da de Alcipe jamais se elevasse um acento de súplica ao ministro que a sequestrava. Altivez que radicou nos contemporâneos impressão que floriu em lenda.Segundo ela, quando o arcebispo de Lacedemonia, criatura de Pombal, lhe comunicava a indignação do ministro por ter facilitado, sem respeito pelo estatuto claustral, a visita do irmão disfarçado em aguadeiro à mãe enferma, respondeu altivamente com dois versos de Corneille: 'Le cœur d'Eléonore est trop noble et trop franc pour craindre ou respecter le bourreau de son sang". Ou seja: «O coração de Leonor é nobre demais e franco demais para temer ou respeitar o carrasco de seu sangue». https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonor_de_Almeida_Portugal
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