Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas
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Identification
Description level
Fonds
Reference code
PT/TT/TMB
Title
Tomás de Mello Breyner
Holding entity
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Initial date
1798
Final date
2015
Dimension and support
50 liv., 1 pt. (17 doc.), c. 2.696 (20 ui); papel
Context
Biography or history
Tomás Maria António Francisco d’Assis e de Borja de Mello Breyner nasceu em 2 de Setembro de 1866, em Lisboa, na Rua da Costa do Castelo n.º 42, numa casa arrendada por seu pai, o General D. Francisco de Mello Breyner, 2.º Conde de Mafra, que aos 50 anos ocupava o posto de Coronel e comandava o regimento de Caçadores 5, então aquartelado no Castelo de São Jorge. Foi o 3.º filho do citado General e de D. Emília Pecquet da Silva, neto pelo lado paterno, do 2.º Conde de Ficalho (Major de Infantaria que morreu em 1812 no Hospital Militar de Salamanca, após ter sido mortalmente ferido na batalha dos Campos de Arapiles, travada em Espanha durante as Guerras Peninsulares) e da Condessa de Ficalho, D. Eugénia de Almeida (filha mais velha dos 3.ºs Marqueses do Lavradio), a qual recebeu da Rainha D. Maria II, o título de Duquesa de Ficalho por uma vida, em reconhecimento dos serviços relevantes por ela prestados à causa liberal. Teve 2 irmãos: Maria Eugénia de Mello Breyner, 16 anos mais velha do que Tomás de Mello Breyner – que veio a casar com o Eng.º D. João da Câmara, filho dos Condes da Ribeira Grande, escritor e dramaturgo, e o Dr. Francisco de Mello Breyner, 10 anos mais velho e que viveu em Lourenço Marques, onde exerceu altos cargos administrativos e na empresa comercial Breyner e Wirth, que operava em Moçambique. O título de Conde de Mafra foi usado pela 1.ª vez por D. Lourenço de Lima, diplomata, filho dos Marqueses de Ponte de Lima a cuja casa pertencia o senhorio de Mafra. Ao morrer sem descendência, o título de 2.º Conde de Mafra passou para o seu sobrinho neto, General D. Francisco de Mello Breyner, pai do Professor Thomaz de Mello Breyner. Tomás de Mello Breyner cresceu num ambiente familiar de tradição aristocrática e militar, politicamente liberal, e em termos económicos, provindo de um dos ramos mais novos da casa dos Condes/Marqueses de Ficalho. Foi companheiro de infância do então Príncipe Real, futuro Rei D. Carlos, e do Infante D. Afonso. Aprendeu desde cedo música e línguas estrangeiras. A sua rabeca foi-lhe oferecida pelo rei D. Luís I. Participou em vários concertos. Recebeu lições de rabeca do rabequista russo Charles Gregorovitch. Teve lições de alemão com o Professor Henrique Steguer. Fez o exame de instrução primária aos catorze anos e em três anos completou o curso geral dos liceus no Colégio Académico Lisbonense, e completou o curso complementar. Em 20 de janeiro de 1885, requereu a sua emancipação. Em Outubro, entrou para a Escola Politécnica. Em 27 de julho de 1887, acabou os preparatórios na Escola Politécnica para entrar na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Matriculou-se no primeiro ano da citada Escola, em 29 de setembro. Fez publicar a forma da sua assinatura em Declaração no Diário do Governo n.º 136, anúncio n.º 43. Em 26 de novembro de 1887, começou a lecionar no segundo ano de Matemática no colégio do Villar, para sustentar as despesas da sua licenciatura. Foi interno no Hospital de São José, na enfermaria de Santo António. Em 14 de julho de 1892, a sua tese sobre "Retroflexão uterina. Histeropexia. Laparotomia", foi impressa na Companhia Nacional Editora. A 23 de julho, defendeu a Tese e terminou o curso. A 23 de agosto desse ano, foi nomeado chefe do Serviço Médico da "Companhia dos Tabacos de Portugal", tendo a seu cargo o serviço de expediente e fiscalização. Foi também nomeado médico supranumerário da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Entre 16 de novembro de 1892 e 20 de abril de 1893, trabalhou no Hospital Broussais e na Clínica do Dr. Réclus, em Paris. Em 30 de maio, pediu em casamento a Sofia Burnay. A 21 de julho de 1893, concorreu para o hospital de São José. Foi nomeado médico da Real Câmara por carta régia de 1 de agosto desse ano, entrando ao serviço a 7 de agosto, no Castelo da Pena. A 23 desse mês, o Rei ofereceu-lhe uma aguarela representando um barco. Fez as provas de concurso para o hospital de São José. Em novembro, prestou serviço no hospital dos variolosos em Arroios e na enfermaria n.º 7 do Desterro. Em 7 de janeiro de 1894 casou com Sofia Burnay, na capela do Palácio Burnay à Junqueira. Foi um dos três médicos que prestou serviço no Dispensário para crianças pobres, em Alcântara, instalado no antigo convento do Sacramento, patrocinado pela rainha D. Maria Amélia de Orléans, e que funcionava com o apoio das irmãs de Caridade da Ordem de São Domingos. Em agosto de 1895, demitiu-se do lugar de médico do Dispensário da Rainha. Em 1 de Fevereiro de 1897 foi nomeado Director da Consulta de Moléstias Sifilíticas e Venéreas, também chamada das “moléstias vergonhosas”. Em 20 de março de 1897, o Dr. Tomás de Mello Breyner principiou a organizar a consulta externa de sífilis e de doenças venéreas. Esta consulta foi transferida para o Hospital do Desterro e aí inaugurada a 27 Março. De 16 de fevereiro a 8 de março de 1897, acompanhou o Dr. Sousa Martins, representante de Portugal na Conferência Sanitária sobre a peste bubónica, realizada em Veneza. O Dr. Tomás de Mello Breyner deu "Conta sumária" da citada Conferência na Sociedade das Ciências Médicas, e falou “dos triunfos do Sousa”. Em 18 de abril, foi agraciado com o grau de cavaleiro da Ordem de São Tiago pelo Director-Geral do Ministério do Reino, por proposta do Dr. Sousa Martins, em reconhecimento dos serviços prestados na citada Conferência. No mesmo ano, foi primeiro secretário da Sociedade de Ciências Médicas. Em 1898, na eleição dos corpos gerentes da nova associação dos médicos, o Dr. Tomás de Mello Breyner foi eleito primeiro secretário da assembleia geral, e de 11 a 16 de maio, participou no Congresso Nacional de Medicina realizado na sala "Portugal" da Sociedade de Geografia. No mesmo ano, organizou a farmácia e a ambulância do iate Amélia preparando a visita ou viagem oceanográfica ao Algarve. Em 23 de novembro de 1899, foi nomeado com o Dr. Carlos Bello Morais para as duas vagas no Conselho Superior de Saúde Pública, tomando posse em 9 de março de 1900. Em 28 de janeiro de 1901, o Dr. Tomás de Mello Breyner registou a inauguração dos trabalhos para um novo formulário de medicamentos de que foi encarregue juntamente com os Professores Eduardo Mota e Oliveira Feijão e os farmacêuticos Silva Machado e Emílio Fragoso. Em 13 de abril de 1904, publicou no jornal “O Século” a comunicação por si apresentada na Sociedade de Ciências Médicas, acerca da necessidade de se identificarem os venenos, de forma adequada, assinando "Admirador muito obrigado". Em 31 de janeiro de 1906, foi nomeado Director de Enfermaria pelo rei D. Carlos. A nomeação foi despachada a 5 de fevereiro pelo Director-Geral João Torres de Macedo e publicada no Diário do Governo de 6 de fevereiro de 1906. No dia 8, tomou posse como Director da Enfermaria de Santa Maria Madalena do Hospital do Desterro, na Secretaria do Hospital de São José, tomando juramento nas mãos do Enfermeiro-Mor, Conselheiro José Curry Câmara Cabral. De 19 a 26 de abril, participou no 15.º Congresso de Medicina inaugurado na Sociedade de Geografia. Nesse ano, a 29 de maio, foi a casa do João Franco "entregar-lhe a minha influência em Mafra e assim fico ligado politicamente a um homem em quem tenho confiança. Sou português e sou pai de filhos por isso quero que a Pátria se endireite." Em 29 de setembro, participou na abertura das Côrtes como deputado, e nas diferentes sessões da Câmara dos Deputados que se lhe seguiram, representando o Círculo de Braga, em 1906 e 1907. Em 21 de dezembro, o Dr. Tomás de Mello Breyner conta no seu Diário que José Joaquim da Rocha Soares Barbosa (o fiscal Rocha dos Hospitais) o ajudou a embalsamar o cadáver do rei D. Carlos. Em 20 de abril de 1910, o "Mundo" publicava que o Dr. Tomás de Mello Breyner fora eleito membro da Academia de Medicina de Madrid. Em 20 de maio, foi agraciado com o grau de Comendador da Victorian Order. Em 1913, foi a São José com Alberto MacBride Fernandes preparar a organização do Museu dos Hospitais. Em 28 de novembro, foi convidado por Francisco Gentil, novo Director dos Hospitais, da parte do governo, para director e organizador do Museu Hospitalar, a instalar numas salas de São José, cargo que aceitou por não ser político. Em 22 de junho de 1914, a “Nação” publicou a notícia da sua eleição como prior da Ordem Terceira do Carmo, sendo investido em 12 de julho. Em 2 de dezembro de 1915, manifestava a sua vontade de escrever as suas memórias “Pena tenho eu de não me sobrar o tempo. Como eu gostaria de redigir eu mesmo a história das cenas a que assisti na minha já longa vida durante a qual, graças a um acaso da sorte, me foi dado ver muitas cousas e conhecer de perto muita gente notável”. Em 5 de outubro, com a implantação de República, terminou a sua função de médico da Câmara Real. Em 5 de novembro de 1915, tomou posse como presidente da Associação dos Médicos Católicos Portugueses. Em 17 de março de 1916, por iniciativa de Maria Ficalho, da viscondessa de Santo Tirso e de Tomás de Mello Breyner, foi estabelecido o compromisso de se formar um núcleo “de Senhoras e homens da sociedade de Lisboa para auxiliar a Cruz Vermelha". Em 29 de março, o Dr. Tomás de Mello Breyner iniciou uma série de quatro conferências preparatórias, no Palácio dos Caetanos, dirigidas às senhoras que se dedicariam à enfermagem em tempo de guerra. Em 27 de junho, foi eleito membro da Comissão Central da Cruz Vermelha com sede no Terreiro do Paço, havendo depois diversas reuniões. Em 12 de abril de 1917, o Dr. Tomás de Mello Breyner registou a reunião realizada por sua iniciativa na “Agrícola” para tratar da formação de um laboratório de preparação de soros e vacinas animais, juntando-se a dois colegas para estudarem o caso. De 2 a 18 de maio, participou no Congresso das Ciências credenciado pela Sociedade de Ciências Médicas. Em 7 de junho, foi recebido como sócio de primeira classe na Academia das Ciências. Em 20 de dezembro fez a comunicação sobre radioterapia e sífilis acompanhada com fotografias da sua colecção hospitalar. Foi eleito Procurador à Junta do Distrito de Lisboa. Em 6 de maio de 1920, apresentou na Academia das Ciências a comunicação sobre “Vacinoterapia antigonocóccica”. Em 1 de junho, recebeu o parecer favorável do Dr. Sobral Cid sobre a sua candidatura a professor de Venereologia, votada por unanimidade pelo Conselho da Faculdade de Medicina (12, 14 de junho); a sua candidatura foi ainda objecto de relatório do Professor Luís Viegas que visitou no Porto. Em fevereiro de 1921, realizou as provas de concurso para Professor livre de Venereologia, e em 2 de março foi aprovado no Concurso para Professor de Venereologia na Faculdade de Medicina de Lisboa; em 14 de março, festejou a sua entrada nesta Faculdade com um jantar oferecido aos empregados do Hospital do Desterro como demonstração da sua melhor estima e gratidão. Em 30 de abril, o Dr. Tomás de Mello Breyner menciona a inauguração da “Liga de Higiene Moral e Social” sob a sua presidência, “instituição saída por minha inspiração da Juventude Católica de Lisboa”, em sessão realizada na Sala Algarve da Sociedade de Geografia. A sua nomeação para Professor da Faculdade de Medicina foi publicada no Diário do Governo de 28 de maio, segunda série, n.º 121. Em 11 de junho, assinou o termo de posse na citada Faculdade. De 26 a 29 de junho, participou, com comunicação, no Congresso Científico no Porto. Em 12 de janeiro de 1922, deu a Primeira lição do Curso de Venereologia na Faculdade de Medicina. Em 18 de junho, o seu irmão Francisco de Mello Breyner solicitou ao rei D. Manuel II a concessão do título de conde de Mafra que pertencia ao pai, sendo-lhe concedido o título de 3.º conde de Mafra por telegrama de 25 de junho. Em novembro, o Prof. Tomás de Mello Breyner candidatou-se e foi eleito vereador efectivo da Câmara Municipal de Lisboa. Em virtude do falecimento do seu irmão Francisco, ocorrido a 29 de julho, o Prof. Tomás de Mello Breyner requereu para si o título de conde de Mafra. Datam de 22 e de 26 de dezembro, a carta de concessão do título e o telegrama do Rei autorizando o uso do título de 4.º conde de Mafra. Em 30 de novembro de 1924, tomou posse como representante da minoria monárquica na Câmara Municipal de Lisboa. Em 12 de dezembro, foi agraciado com o diploma e insígnias da Cruz Vermelha Alemã (Deutsches Rotes Kreuz) “em recompensa dos serviços por mim prestados (e não foram poucos) aos alemães pobres (marinheiros e prisioneiros) durante a guerra, cousa que me valeu o ódio da Legação de França”. Em 17 de abril de 1925, apresentou ao Senado da Câmara a proposta do busto de Júlio de Castilho, a qual foi aceite. Em 17 de junho de 1926, participou na Conferência sobre política monárquica, e nas sessões da Comissão Central da Cruz Vermelha sendo reconduzido em 21 de fevereiro de 1927. Em 15 de outubro, foi pela primeira vez ao Clube “Turf”. Em 22 de junho de 1927, no Porto, foi inaugurado o Congresso de Medicina, e a 24 de junho, o Prof. Tomás de Mello Breyner apresentou a comunicação ”Orientação Moderna da Luta Anti-Venérea”. Em 2 de julho, o Autor do Diário regista a sua participação como membro da Grande Comissão para a exposição de ex-libris. Em 12 de julho, tomou posse como vice-presidente da Companhia Portuguesa de Tabacos. Em 26 de setembro, dá conta da presença da sua colecção de ex-libris na próxima Exposição. Em 11 de outubro de 1927, em Paris, participou no 19.º Congresso Francês de Medicina aonde foi como delegado do Ministério da Instrução de Portugal. De 29 de abril a 4 de maio, participou no 3.º Congresso Nacional de Medicina, que decorreu na Sala dos Actos da Faculdade de Medicina. De 3 a 5 de Outubro, esteve patente a Exposição de ex-libris na Imprensa Nacional. Em 16 de dezembro, tomou posse como sub-prior da Ordem do Carmo. Em 18 de janeiro de 1928, manifesta a vontade de começar a redigir as suas memórias. “Se eu morrer já ou brevemente ficará tanto material perdido…”. Em 28 de abril, menciona os postos anti-venéreos que fundou na cidade de Lisboa. Em 14 de abril, estava empenhado na reforma do serviço médico da Companhia dos Telefones, que chefiava. Em 6 de outubro de 1928, começou a redigir as memórias, “Reminiscências e apontamentos não me faltam”. Em 12 de novembro, participou na reunião da Comissão Central da Cruz Vermelha. Em 30 de novembro de 1928 e em 25 de abril de 1929, tomou parte nas reuniões da Assembleia Geral e do Conselho da Companhia dos Tabacos. Em 27 de fevereiro de 1929, tomou posse como Director dos Serviços Mistos de Dermatologia, Sífilis e M. Venéreas no Hospital do Desterro, inaugurado a 1 de março, com três enfermarias. Em 29 de maio de 1929, o Prof. Tomás de Mello Breyner refere o ofício de nomeação como vice-presidente do Conselho Nacional da Causa Monárquica por determinação do rei D. Manuel II. Em 15 de julho, o Autor do Diário menciona o êxito obtido pela publicação de um excerto das suas “Memórias” no “Diário de Notícias”. Em 8 de janeiro de 1930, principiou a impressão da primeira parte. No mesmo ano, proferiu a conferência sobre “A Profilaxia da Sífilis” no Instituto Pasteur. Em 15 de outubro, participou no 13.º Congresso Internacional de Hidrologia Médica em Lisboa. Manteve a sua participação na Assembleia Geral e no Conselho Fiscal dos Tabacos, na Junta dos Telefones. Em Outubro, foi convidado para Director da Companhia Carris de Ferro em Lisboa, tomando posse a 3 de novembro. Em 1 de novembro de 1930, foi concluída impressão do seu primeiro livro de “Memórias”, em 9 de dezembro, recebia o primeiro exemplar no consultório. De 22 de janeiro a 4 de fevereiro de 1931, decorreram as sessões de pose para o seu retrato de béca a óleo pelo pintor Henrique de Medina de Barros. Em 12 de março de 1931, iniciou a sua função como delegado do Comité de Londres da Companhia Carris de Ferro. No mesmo ano, tomou posse como vice-presidente da Assembleia Geral da Companhia Bacalhaus de Portugal e a seu pedido, reformou-se do serviço médico da C. P., no qual esteve 34 anos. Data de 22 de janeiro de 1932, a dedicatória aposta pelo pintor Henrique Medina nas costas do retrato que fez ao Prof. Tomás de Mello Breyner. Acompanhou o arranjo do Panteón de São Vicente. Em 23 de maio de 1932, pensou em despedir-se da actividade docente, contudo, em 10 de março de 1933, concordou em ensinar mais um ano a pedido dos estudantes, dando a última aula a 1 de junho desse ano. De 27 de abril a 9 de outubro, prosseguiu no trabalho do segundo volume de "Memórias". Em 15 de junho, acompanhou a trasladação do caixão do rei D. Manuel II para o mausoléu feito no Panteão de São Vicente por subscrição pública, bem como a acomodação dos caixões das pessoas reais, que decorreu de 29 de setembro a 4 de outubro. Assinalou como sempre, o seu aniversário: fez 67 anos a 2 de setembro. No dia 11 de outubro, teve uma conferência com o Director Godfrey Pope sobre a “balbúrdia em que anda o serviço médico […]” e no dia 14, nova conferência com o mesmo Director sobre a reorganização do serviço médico na Companhia dos Telefones. O Prof. Tomás de Mello Breyner escreveu o seu Diário até dia 16 de outubro de 1933, apondo em cada registo a sua rubrica "TMB". O registo de dia 17 de outubro de 1933 foi ainda iniciado por si. À margem lê-se "Estas notas serão [?] escritas pela Sofia". E assim foi continuado por sua Mulher, escrevendo na primeira pessoa, terminando com a habitual menção ao estado do tempo. O mesmo se pode dizer dos registos dos dias 18, 19, 20 e 21 de outubro. No final do registo de 21 de outubro está escrito "Até aqui foi ditado por ele". O agravamento do seu estado de saúde marcou os registos dos dias 22 a 25 de outubro, incluindo o dia da sua morte, o velório e o funeral. "Foi vestido como ele desejava com a sua béca de professor, o escapulário do Carmo ao pescoço e o cinto de coiro dos irmãos de Nossa Senhora do Carmo [...] o caixão [...) foi depositado na sua livraria como ele tinha pedido". "O seu enterro foi a maior demonstração do que ele foi em vida; bom para todos e era dos que fazia o bem sem se saber. Foi muito chorado, nem creio que ninguém o tenha sido tanto! Todos os jornais falam dele com os maiores elogios e a sua memória fica abençoada por todos que tanto o queriam e mesmo por todos que o conheciam." O segundo volume de "Memórias" foi publicado a 30 de maio de 1934. O último volume do Diário termina, um ano depois, no registo do dia de aniversário do Prof. Tomás de Mello Breyner, a 2 de setembro de 1934.
Custodial history
Após a morte do Prof. Tomás de Mello Breyner, a sua mulher Sofia Burnay "[...] entendeu por bem riscar e apagar linhas e até páginas inteiras do 'Diário'. Deduz-se que as partes apagadas se relacionavam com escândalos da época ou com questões que poderiam tocar ou beliscar a Família Real, ou ainda com querelas da família Burnay". Em janeiro de 1948, Sofia Burnay morreu e as disposições que deixou escritas e que foram acatadas por todos os seus herdeiros, estabeleciam que: - A biblioteca e o arquivo do Professor Tomás de Mello Breyner seriam entregues ao seu filho mais velho, Francisco Burnay de Mello Breyner ("Chico"), tio bisavô do actual Depositante (por morte daquele, ficaram para o Comandante Tomás Plácido de Mello Breyner); - O Diário do Professor Tomás de Mello Breyner juntamente com a Correspondência trocada com Sofia Burnay seriam entregues à filha mais velha, Maria Amélia Burnay de Mello Breyner Andresen ("a querida Mary"), bisavó paterna do Depositante. Permaneceram na sua casa, no Porto, até à morte do marido, João Henrique Andresen, em dezembro de 1950, mudando-se em 1951 para a casa do filho Gustavo António de Mello Breyner Andresen, na Praia da Granja, "[...] para onde trouxe [...] fotografias [...]" e também o citado Diários e Correspondência. Por sua morte, com o acordo dos irmãos Sofia e Tomás, e da cunhada Margarida Mendonça de Sousa Andresen, viúva de João Henrique Andresen, os Diários e a Correspondência permaneceram na Casa da Granja, residência de Gustavo António de Mello Breyner Andresen, durante 54 anos. Por morte deste, e no dia do seu enterro, a 2 de janeiro de 2006, "Com os meus Pais, Gustavo João Lencastre de Mello Breyner Andresen e Ana Isabel Isasca Dias Marques Andresen] recolhi o Diário de casa de meu Avô na Praia da Granja [...], tendo nesse dia o Diário regressado a Lisboa depois de quase 70 anos de guarda no Porto [...] e [...] na Praia da Granja.". "Desde o falecimento de meu Pai, [...] no cinzento dia 23 de janeiro de 2013 que, juntamente com a minha Mãe, [...], temos conservado o Diário do Trisavô." Por carta datada do Porto, 8 de julho de 2015, dirigida ao Director-Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), Maria Teresa Lencastre Mello Breyner Andresen, pretendendo associar-se ao Protocolo de Depósito previsto para 16 de julho desse ano, fez doação de um conjunto de documentos fotográficos, desenhos, gravura "significativos para a ilustração do referido Diário que herdei de meu Pai Gustavo Andresen que por sua vez os herdou de sua Mãe Maria Amélia de Mello Breyner Andresen e de seus tios António e Amélia de Mello Breyner. Todos os documentos que agora [se] entregam pertenceram ao Professor Thomaz de Mello Breyner, meu bisavô paterno. Temos a expetativa de com este gesto estarmos a começar um acervo em memória de Thomaz de Mello Breyner." No dia 16 de julho de 2015, no edifício do Arquivo Nacional Torre do Tombo, foi assinado o Protocolo de Depósito do Diário do Professor Tomás de Mello Breyner, 4.º conde de Mafra, entre o Estado Português representado pelo Director-Geral da DGLAB, Dr. José Manuel Cortês, e os depositantes Ana Isabel Isasca Dias Marques Andresen e Xavier Dias Marques Andresen. O Diário ficou à guarda do Arquivo Nacional Torre do Tombo por um período de cinco anos, mediante a assunção por parte deste dos direitos e obrigações de fiel depositário (Ponto 1 da Cláusula 1.ª). A Torre do Tombo comprometeu-se a Descrever/Inventariar o Diário, no prazo de um ano a contar da data de assinatura deste Protocolo. (Ponto 2 da Cláusula 6.ª). Findo o prazo de depósito definido na cláusula 1.ª, e não se verificando incumprimento de nenhuma das cláusulas do presente Protocolo por parte da Primeira Parte Signatária, o Diário passará para a plena propriedade do Estado Português, permanecendo no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. (Cláusula 7.ª). O depósito da Correspondência do Professor Tomás de Mello Breyner na Torre do Tombo foi preparado pela Senhora Arquitecta Teresa Andresen e pela Arquivista Sandra Rede sob orientação técnica de Maria João Pires de Lima, responsável pelo Arquivo Distrital do Porto. A intervenção efetuada envolveu a sua higienização, acondicionamento e a descrição sumária das unidades arquivísticas, respeitando os elementos obrigatórios das ODA (sem introdução do assunto) e a criação de uma base de dados em Excel, permitindo desta forma a sua posterior exportação para o software DigitArq. A grande maioria da correspondência encontrava-se disposta em pequenos maços com indicação do ano a que respeitavam. A restante documentação estava distribuída por envelopes, 1 caixa, 1 pasta e 1 saco. Alguns destes envelopes continham juntamente indicações relativas à data e local. Verificou-se que em grande parte das cartas foram colocadas à posteriori indicações de data, que podem ter servido para de alguma forma as agrupar e ordenar. Em algumas cartas foi também colocada a marca “XX” a azul e vermelho, consoante o assunto era mais ou menos relevante. Esta marca pode ser vista também em volumes do Diário. A referida “organização” passou inicialmente pela mão de Sofia Burnay de Melo Breyner e posteriormente por Gustavo de Melo Breyner Andresen. No dia 28 de setembro de 2016, no edifício do Arquivo Nacional Torre do Tombo, foi assinado o Protocolo de Depósito da Correspondência do Professor Tomás de Mello Breyner, 4.º conde de Mafra, entre o Estado Português representado pelo Director-Geral da DGLAB, Dr. Silvestre de Almeida Lacerda, e os depositantes Ana Isabel Isasca Dias Marques Andresen e Xavier Dias Marques Andresen. A Correspondência ficou à guarda do Arquivo Nacional da Torre do Tombo por um período de cinco anos, mediante a assunção por parte deste dos direitos e obrigações de fiel depositário. (Ponto 1 da Cláusula 1.ª). A Torre do Tombo comprometeu-se a concluir o tratamento arquivístico da Correspondência no seguimento do já efetuado nos Diários e Documentos do arquivo “Professor Thomaz de Mello Breyner”, no prazo de dois anos a contar da data de assinatura deste Protocolo. (Ponto 2 da Cláusula 6.ª). Introduzir o catálogo entregue pelos Depositantes em ficheiro Excell na base de dados em uso nos serviços dependentes da DGLAB, no prazo de dois anos a contar da data de assinatura deste Protocolo. (Ponto 3 da Cláusula 6.ª). Findo o prazo de depósito definido na cláusula 1.ª, e não se verificando incumprimento de nenhuma das cláusulas do presente Protocolo por parte da Primeira Parte Signatária, a Correspondência passará para a plena propriedade do Estado Português, permanecendo no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. (Cláusula 7.ª).
Content and structure
Scope and content
Fundo constituído por dezassete documentos doados (2 gravuras, 1 aguarela, 4 retratos, 8 fotografias, 2 desenhos), por oito cadernos de notas (1880-01-01 a 1895-09-10), trinta e nove agendas (1897-01-01 a 1934-09-02), pelo "Livro de lançamento de receitas. Cães ferrados. Visitas médicas" (1894-1907), pelo "Discurso de homenagem ao Professor Thomaz de Mello Breyner. Conde de Mafra" por Gustavo João de Mello Breyner Andresen, edição de 2015 feita para assinalar o Depósito do Diário do Professor Thomaz de Mello Breyner (1866-1933) no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. A Correspondência tem a dimensão de 2677 documentos (com datas estremas de 1798 a 2004, embora a maioria dos documentos diga respeito aos anos de 1890 a 1940). Os volumes do Diário podem conter o registo de várias frases no verso da pasta superior da encadernação, nas folhas de guarda ou na página de título. Apresentam a indicação das datas tópicas dos registos, incluindo os barcos quando são feitos a bordo, e, com frequência, o número do quarto do hotel onde ficou alojado. Menciona a agenda diária, as idas aos hospitais e ao consultório, e às entidades ou serviços com que se foi comprometendo ao longo da vida. Menciona a morada dos seus consultórios. Escreve sobre o estado do país, comenta as atitudes de certos políticos, e escreve sobre a política estrangeira cujos acontecimentos acompanha retirando recortes da imprensa e colando-os no diário. Alude ao estado do tempo, a episódios da sua saúde, a momentos passados com a Família, aos aniversários - de nascimento, marcando sempre o seu, comemorado a 2 de setembro, aos do seu casamento, da sua tese de doutoramento, da morte dos seus pais, de acontecimentos históricos -, aos seus criados, aos cães que teve. Refere as idas a conferências, concertos e ao teatro. Menciona falecimentos de diversas personalidades, a propósito dos quais pode fazer comentários, dar detalhes das causas de morte, e colar ou inserir recortes de imprensa. Refere as visitas recebidas ou feitas e os passeios. Os volumes do Diário podem conter documentos soltos, que se encontram relacionados ou não com os assuntos neles mencionados, assim como notas com datas posteriores. Até 1925 escreve o Diário em Agendas. A partir de 1926, opta por cadernos que passa a datar e a paginar, com indicação do dia santo de guarda e do dia da semana. Podem conter registos de um só ano, podem dizer respeito a dois anos. Todos os registos do Autor feitos nas guardas da encadernação e em rótulos dos Diários, nas respectivas páginas de título, nas páginas do Diário, nos recortes de imprensa por ele seleccionados, na legenda ou informação deixada nas fotografias coladas em suporte secundário, apresentam a rubrica "TMB". Os volumes do Diário incluem também registos feitos pela sobrinha Maria Amélia nos primeiros dias de novembro de 1909 quando o seu Autor esteve doente dos olhos (liv. 21) e em 26 de dezembro de 1917 (liv. 29). Encontram-se registos feitos por Sofia Burnay de Mello Breyner nos livros 8 (1894), 28 (8 de março de 1916) e 48 (1933, 1934).A Correspondência do Professor Thomaz de Mello Breyner é constituída na sua maioria por cartas do Professor Tomás de Mello Breyner dirigidas a sua mulher, Sofia de Carvalho Burnay de Mello Breyner, por cartas dirigidas a sua mãe, Emília Pecquet da Silva, condessa de Mafra, por programas de concertos, telegramas, apontamentos, por Folha de escala de serviço do Hospital de São José, cartões, postais dirigidos a sua Mulher, cartas e postais dirigidos a Eugénia de Mello Breyner da Câmara, ao genro João Henrique Andresen, cartas e postais trocados entre Tomás de Melo Breyner, os Filhos e os Netos. Correspondência trocada entre Maria Amélia de Melo Breyner Andresen e Francisco de Melo Breyner. Correspondência do Padre Avelino de Figueiredo e de outras pessoas para Sofia Burnay de Mello Breyner em resultado da sua ligação com as instituições Assistência aos Monárquicos Necessitados e Cruz Vermelha Portuguesa. Carta de Amadeu Ruas para Tomás de Melo Breyner, cartão de Angel Pulido Fernandez para Tomás de Melo Breyner. Postais e cartas da Rainha D. Amélia para Tomás de Melo Breyner. Artigos de diversos jornais. Edição de diversos jornais publicando a notícia da morte de Tomás de Melo Breyner (1933). Artigos de diversos jornais publicando a notícia relativa ao centenário do nascimento de Tomás de Melo Breyner (1966). Documentos de identificação, retratos, fotografias, gravuras; desenhos; bilhetes de transporte; revistas; menus; souvenirs, santinhos e orações. Grande parte da documentação descrita foi produzida ao longo da vida de Tomás de Melo Breyner e ilustra a riqueza e diversidade da sua experiência de vida, desde o período em que se especializou em Paris (ainda solteiro), até aos seus últimos anos, passando pela nomeação como médico da Real Câmara por D. Carlos I e pelo trabalho enquanto professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Abrange os últimos anos da Monarquia, o Regicídio de 1908, com a partida da Família Real para o exílio, a Implantação da República, a instauração de uma Ditadura Militar e do Estado Novo.
Arrangement
Ordenação cronológica.
Access and use
Access restrictions
A consulta da documentação obedece ao respetivo regime de comunicabilidade do património arquivístico disposto no artigo nº 17, do Decreto-Lei n.º 16, de 23 de Janeiro de 1993. 1 - É garantida a comunicação da documentação conservada em arquivos públicos, salvas as limitações decorrentes dos imperativos da conservação das espécies e sem prejuízo das restrições impostas pela lei.2 - Não são comunicáveis os documentos que contenham dados pessoais de carácter judicial, policial ou clínico, bem como os que contenham dados pessoais que não sejam públicos, ou de qualquer índole que possa afectar a segurança das pessoas, a sua honra ou a intimidade da sua vida privada e familiar e a sua própria imagem, salvo se os dados pessoais puderem ser expurgados do documento que os contém, sem perigo de fácil identificação, se houver consentimento unânime dos titulares dos interesses legítimos a salvaguardar ou desde que decorridos 50 anos sobre a data da morte da pessoa a que respeitam os documentos ou, não sendo esta data conhecida, decorridos 75 anos sobre a data dos documentos.3 - Os dados sensíveis respeitantes a pessoas colectivas, como tal definidos por lei, gozam de protecção prevista no número anterior, sendo comunicáveis decorridos 50 anos sobre a data da extinção da pessoa colectiva, caso a lei não determine prazo mais curto.4 - Compete aos proprietários dos arquivos particulares proporem as regras e modalidades de comunicação da documentação, as quais serão objecto de apreciação e de proposta de homologação ao membro do Governo que superintende na política arquivística por parte do órgão de gestão.A cláusula 12.ª dos Protocolos de Depósito estabelece:1. A Primeira Parte Signatária não pode ceder a terceiros, a qualquer título, a documentação depositada sem que para isso seja expressamente autorizado pela Segunda Parte Signatária [os Depositantes].2. Quando a cedência a terceiros se destine exclusivamente a exposições ou outros eventos de manifesto interesse cultural, a cedência presume-se autorizada, desde que a Segunda Parte Signatária a tal não se oponha nos vinte dias seguintes ao recebimento do pedido de cedência. 3. A Segunda Parte Signatária autoriza a Primeira Parte Signatária a efectuar reproduções do Diário, solicitadas no âmbito da consulta pública do mesmo, com respeito pelas condições técnicas gerais de salvaguarda e preservação do Diário.
Language of the material
Português, inglês, francês, alemão, espanhol, latim.
Other finding aid
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000- . Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em actualização permanente.
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Notes
Notes
No dia 28 de setembro foi inaugurada a mostra documental "UM LENTE ENTRE OS CONDES… UM CONDE ENTRE 0S LENTES THOMAZ DE MELLO BREYNER (1866-1933), que estará patente até 14 de dezembro de 2016, no edifício da Torre do Tombo, Alameda da Universidade, Lisboa. Esta mostra visa documentar momentos representativos da vida individual, familiar, profissional, de amizade, de cidadania do Professor Tomás de Mello Breyner, propondo um percurso por documentos da Correspondência, em suporte papel e em suporte digital, conjugados com alguns volumes do Diário e Fotografias, da Monarquia à República, terminando com o acompanhamento da elaboração e publicação das suas Memórias. A mostra documental teve concepção de Maria dos Remédios Amaral e colaboração de Fátima Ó Ramos. Na mesma ocasião foi apresentado o tratamento arquivístico efectuado nos volumes do Diário, depositados em 16 de julho de 2015, e nos documentos doados em 8 de julho do mesmo ano, sob o título "O Diário do Professor Tomás de Mello Breyner um ano depois do depósito na Torre do Tombo" por Fátima Ó Ramos, assim como o tratamento arquivístico realizado na documentação da Correspondência sob o título "Arquivo Pessoal Tomás de Melo Breyner" por Sandra Rede.
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