Carta de autor com assinatura ilegível. Escreve o autor cuja idade é de 70 anos, acerca do discurso proferido pelo Dr. José de Arruela relativo à inauguração do retrato do Rei D. Carlos de Portugal. O autor descreve D. Carlos: como homem era "algumas vezes bom demais", como Chefe de Estado "foi péssimo". Dava ouvidos às intrigas e não era sensível à devassidão. Refere Mouzinho de Albuquerque, vítima dos invejosos. Também D. Carlos pedia avultados empréstimos aos seus ministros. O autor cita as palavras de D. Pedro V: "um príncipe digno e honesto só pode aceitar dinheiro da mão de outro príncipe ou pedir emprestado". Era um Rei sem escrúpulos embora fosse descendente, em linha recta, do Capitão Álvares Pereira. Quando passaram três meses do "Ultimatum de 1891", o Ministro Inglês deu uma festa em Sintra, tendo o Rei D. Carlos comparecido secretamente. Foi duramente criticado por Ramalho Ortigão, devido a afronta aos portugueses. Aludindo ao Marquês de Sobral, refere que D. Carlos de Bragança seria destronado pelo seu comportamento de "grande criminoso". Ao invés do príncipe herdeiro Luís Filipe, inocente e belo, recusando-se a assinar a pena de morte a um militar decretada pelo Tribunal. O autor menciona ainda, um episódio caricato ocorrido com um soldado que estava a fazer guarda ao Palácio, pensando ser uma criada que estava na janela fez-lhe sinais. Contudo, era a Rainha que reportou o caso ao seu comandante. Após várias peripécias, o Rei soube da prisão do soldado e mandou-o libertar.