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Biography or history
O Mosteiro do Salvador de Moreira era masculino, situava-se no lugar da Maia, junto ao Porto, pertencia aos Cónegos Regulares de Santo Agostinho, tendo estado sujeito à jurisdição do bispo do Porto até ser unido à Congregação de Santa Cruz de Coimbra.Era também conhecido por Mosteiro do Divino Salvador de Moreira, ou Mosteiro de Moreira da Maia.Foi fundado antes de 1027 na localidade de Gontão, sob a invocação de São Jorge, como mosteiro dúplice. D. Moor Viegas foi sua professa. Entre 1072 e 1079, os seus padroeiros Tructezindo Gomes e Dona Gontina, transferiram-no para Moreira e tomando a invocação do Salvador. O edifício foi construído entre 1092 e 1112, ano em que o bispo do Porto, D. Hugo, sagrou a nova igreja. Em 1145, Egas Trutesindes, sua mulher, e outros doadores fizeram doação, testamento e carta de liberdade ao Mosteiro de Moreira. Em 1133, já pertencia aos Cónegos Regulares de Santo Agostinho e, em 1147, deixou de ser dúplice. As religiosas foram transferidas para o Mosteiro de São Cristóvão de Rio Tinto, da Ordem de São Bento. Ao longo do tempo, foi recebendo doações respeitantes aos direitos de comedoria, pousada, cavalaria, casamento e outros.A doação do couto por D. Afonso Henriques, com data provável de 1170, vem citada na carta sobre o couto e jurisdição do Mosteiro dada por D. Afonso IV, em 13 de Novembro de 1335. Datam de 1178, as referências a propriedades localizadas no couto de Moreira. Em 1285, foi mandada fazer uma inquirição para definir as suas divisões e limites exactos.Em 1290, o bispo de Coimbra concedeu indulgências a quem ajudasse as obras da igreja e do Mosteiro. Em 1367, devido ao mau estado do edifício do Mosteiro e à carência de meios para se manter, D. Fernando manteve a taxa imposta por D. Afonso IV.Desde 1496, passou a preceder todos os mosteiros de Cónegos Regulares de Santo Agostinho existentes no bispado do Porto, por sentença do bispo D. Diogo de Sousa.D. João III concedeu aos seus caseiros os privilégios de que gozavam os caseiros, familiares e apaniguados do regedor e desembargadores do Desembargo Régio.Foram da sua apresentação as igrejas de São Cosme e Damião de Gemunde, de São Mamede de Perafita, de Santa Maria de Vila Nova da Telha, de São Tiago de Labruge e de São João Evangelista de Mindelo, de São Silvestre do Couço, de Santa Marinha de Vilar de Pinheiro, de São Fins da Terra de Santa Maria.Teve por comendatários D. Pedro da Costa, bispo de Osma, D. Manuel Santos, bispo de Targa, o senhor D. Fulgêncio, filho do duque D. Jaime de Bragança, do qual os padres do Mosteiro tinham procuração para fazerem os prazos pertencentes às mesas prioral e conventual, autorizarem vendas, receberem impostos, tomarem posse das igrejas e procederem à sua apresentação. Em 1565, por alvará de 13 de Novembro, e por bula de Pio V, dada em 17 de Janeiro de 1566, os Mosteiros do Salvador de Moreira, do bispado do Porto, de Santa Maria de Landim e de Santa Maria de Refóios do Lima, do arcebispado de Braga, foram reformados na Ordem do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e incorporados na respectiva CongregaçãoEm 1575, o prior D. Cipriano fez uma composição com D. Rodrigo Pinheiro, bispo do Porto, acerca da jurisdição das igrejas, para resolver a questão da isenção da visita episcopal, pela qual foi acordado fazer-se a visita aos fregueses do Mosteiro em lugar fora do isento. Em 1656, e em 1671, em Braga, foram dadas sentenças fixando a capela de São Silvestre para a referida visita. Em 1612, o Capítulo Geral de 17 de Maio, uniu o Mosteiro de São Simão da Junqueira ao de Moreira, por 9 anos, no âmbito da faculdade dada pela Bula "Quaecumque ad Religiosorum commodum" de Clemente VIII, dada em Roma a 16 de Junho de 1601; esta união incluía o benefício dos rendimentos e a apresentação dos curas e vigários perpétuos dos mosteiros anexados, ficando o Mosteiro de Moreira obrigado a pagar das rendas da Junqueira, uma pensão para as obras do Colégio de Santo Agostinho, em Coimbra.Em 1656, por alvará de 13 de Novembro, foi unido ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra a instância de D. Sebastião e do Geral da Ordem, ao qual renunciou D. Fulgêncio com o consentimento do cardeal D. Henrique, embora, em 1565, lhe tenha sido concedida uma bula de reserva dos frutos do Mosteiro somente durante a sua vida. Em 1565, a bula "Rationi congruit "de Pio V, dada em 17 de Janeiro, confirmou a união e os privilégios apostólicos, as jurisdições eclesiástica e secular e as doações régias que o Mosteiro recebera anteriormente. Foi juiz executor das Letras Apostólicas da união e processo descernido, D. Ambrósio de Sá, cónego da Sé de Coimbra, a quem coube dar posse do Mosteiro a D. Jorge, prior de Santa Cruz de Coimbra e geral de toda a Congregação, em 22 de Julho de 1567 e ao primeiro prior trienal de Moreira, D. Gregório. O mosteiro foi reconstruído entre 1588 e 1622.Nos anos de 1753, 1762, 1765 e 1768, o cofre dos quindénios do Mosteiro de Moreira pagou os quindénios do Mosteiro de São Vicente de Fora, enviando a quantia ao procurador geral da Congregação residente em São Vicente.A quinta da Lavra era o lugar da brevia dos religiosos do Mosteiro. A confraria do Santíssimo Sacramento estava erecta na igreja do Salvador de Moreira. Em 1770, em execução do breve "Sacrosanctum Apostolatus Ministerium" de Clemente XIV, datado de 4 de Julho de 1770, o Mosteiro foi extinto, para ser unido ao Mosteiro de Mafra, no âmbito da união de nove mosteiros da Congregação de Santa Cruz de Coimbra ao citado Mosteiro. O vigário presidente e mais cónegos residentes foram enviados para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Os bens de Moreira foram unidos e aplicados ao Mosteiro de Mafra, que recebeu a prata e os ornamentos do extinto mosteiro.Em 1794, a administração perpétua dos bens e rendimentos do extinto Mosteiro do Salvador de Moreira foi cometida aos priores de São Vicente de Fora.Em 1795, os bens foram unidos ao Mosteiro de São Vicente de Fora.Após 1834 a igreja passou a matriz.Localização / Freguesia: Moreira (Maia, Porto)
Custodial history
No século XVI, alguns documentos do cartório do Salvador de Moreira e outros respeitantes ao mosteiro, foram reunidos no maço 7 do armário 60 do cartório deo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, destinado aos documentos dos mosteiros da Congregação de Santa Cruz de Coimbra. Em 1770, o cartório estava organizado em 8 armários e 16 gavetas. O cofre dos quindénios, um dos que se encontrava na cela do prior, continha alvarás de obrigação da comunidade de São Vicente de Fora. Nesse ano, o cartório do extinto Mosteiro do Salvador de Moreira foi enviado para o Mosteiro de Mafra, aí permanecendo até à extinção deste, enquanto residência e colégio de Cónegos Regulares de Santo Agostinho. A documentação produzida neste período, relativa à administração dos bens do extinto mosteiro de Moreira, foi integrada no respectivo cartório, regressando ao edifício do extinto mosteiro do Salvador de Moreira na Maia, onde estava em finais do século XVIII, quando João Pedro Ribeiro a consultou.Parte significativa foi depois deslocada para o Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa, onde permaneceu até 1834. No séc. XIX, os documentos do extinto mosteiro, depositados em São Vicente de Fora, receberam um número de ordem, escrito a tinta carmesim, assinados na sua maioria por Carvalho. Este era o quarto cartório na ordem de arrumação.Os autos de inventário de São Vicente de Fora, terminados a 20 de Julho de 1834, demonstram que os livros e documentos dos mosteiros saídos de São Vicente se encontravam misturados. Foram depositados no edifício do convento de São Francisco da Cidade e aí permaneceram até 1836, quando, a 10 de Maio, deram entrada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em execução da Portaria de 1 de Março, integrando a primeira incorporação de cartórios monásticos.Na Torre do Tombo, os documentos mais antigos do Mosteiro de Moreira foram deslocados para a Colecção Especial, ficando organizados por ordem cronológica. Antes da publicação dos "Documentos medievais portugueses", os mesmos foram retirados e reunidos aos livros do fundo do Mosteiro de Moreira, enquanto que os restantes documentos permaneceram nos maços da segunda incorporação do Mosteiro de São Vicente de Fora.Em 1912, foram incorporados no Arquivo Nacional, documentos do Salvador de Moreira, integrados numa das remessas entradas de 15 de Maio a 2 de Setembro, remetidas pela Secretaria Geral das Bibliotecas e Arquivos, que se encontravam na Biblioteca Nacional.Os livros de prazos e o livro de actas de visitação entraram no Arquivo Nacional vindos dos Próprios Nacionais.Parte da documentação esteve integrada na designada Colecção Especial. Entre os anos de 1938 e 1990, sempre que possível e considerando a sua proveniência, a documentação foi reintegrada nos fundos, numa tentativa de reconstituição dos cartórios de origem. Estes documentos foram ordenados cronologicamente, constituídos maços com cerca de 40 documentos, aos quais foi dada uma numeração sequencial. As bulas de Moreira não foram retiradas da Colecção Especial.Em Outubro de 1998, foi decidido abandonar a arrumação geográfica por nome das localidades onde se situavam os conventos ou mosteiros, para adoptar a agregação dos fundos por ordens religiosas.Em 2010, a 14 de Dezembro um documento foi adquirido por compra em leilão de Pedro de Azevedo, Leiloeiro, Livreiro, (lote 589).
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