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Biography or history
O Mosteiro do Salvador de Grijó era masculino, situava-se na antiga Terra e comarca da Feira. Aderiu à Ordem de Santo Agostinho. Esteve sujeito à jurisdição ordinária do Porto. Aderiu à reforma do Mosteiro Santa Cruz de Coimbra e foi unido à Congregação do mesmo nome.Foi também designado por Mosteiro de Grijó (1452).Dois irmãos de Nuno Soares, o Velho, fidalgo importante da Feira, chamados Guterre Soares e Ausindo Soares, fundaram uma pequena igreja, "Ecclesiola" em latim, em português Igrejó ou Igrijó, que evoluíu para Grijó, que dedicaram ao Salvador do Mundo, recebendo do seu irmão o sítio para edificarem o mosteiro e a igreja, numa quinta situada na terra e comarca da Feira, estando o mosteiro já fundado no ano de 922. O seu primeiro abade foi Guterre Soares. Viviam segundo a Regra do padre Santo Agostinho, chamada canónica.A rainha D. Teresa, mulher do conde D. Henrique, fez importantes doações ao mosteiro bem como Soeiro Fromariguez, filho de Nuno Soares, o Velho, e sua mulher D. Elvira Nunes Áurea, cujo filho foi abade do mosteiro. A reformação realizada em Santa Cruz de Coimbra com o padre D. Teotónio foi seguida pelo abade D. Paio Soares do Mosteiro de Grijó, recebendo como reformadores, D. João Peculiar e seu sobrinho D. Pedro Rabaldiz, que chegaram em 21 de Novembro de 1135. D. Paio rejeitou o governo do Mosteiro e o título de abade, tal como D. Teotónio, e mandou eleger o prelado com o título de prior, sendo o primeiro eleito canonicamente, o padre D. Trutesindo. Em 1479, 1482 e 1483, o prior D. João Álvares era comendatário ou administrador perpétuo dos Mosteiros de Grijó e de São Jorge de Coimbra.Em 1517, era prior de Grijó, D. João, bispo de Safim, provedor mor do Hospital Real de Todos os Santos, reitor da Universidade de Lisboa, e do Desembargo régio.A instituição da Congregação de Santa Cruz de Coimbra, confirmada por bula do papa Paulo III, de 26 de Fevereiro de 1540, foi precedida da reforma do Mosteiro de Santa Cruz, cometida por D. João III a frei Brás de Barros, da Ordem de São Jerónimo e a Frei António de Lisboa, com início a 13 de Outubro de 1527, no dia de São Geraldo confessor. A esta reforma aderiram os priores de São Vicente de Fora de Lisboa, e do Salvador de Grijó.Iniciou-se o processo de mudança do lugar de Grijó para o de Vila Nova do Porto, sendo transferido temporariamente para o Mosteiro de Santo Agostinho da Serra do Pilar, entre 1542 e 1566. O descontentamento de alguns cónegos vindos de Grijó, levou-os a alcançar do papa Pio V, uma bula de separação entre os mosteiros antigo e novo de Vila Nova do Porto, passada em 1566. Esta estabelecia que fossem dois mosteiros distintos e que se dividissem as rendas.Em 1595, a Rainha mandou executá-las por carta régia de 1 de Janeiro e o Prior Geral, comunicou-as à Congregação por carta patente datada de 9 de Fevereiro desse ano. Em 1770, por breve de Clemente XIV e beneplácito régio de 6 de Setembro desse ano, de que foi executor o Cardeal da Cunha, foi extinto com mais nove mosteiros da Congregação e os seus bens foram anexados ao Mosteiro de Mafra para nele se desenvolverem os estudos.Foi então vendido ao desembargador João Fernandes de Oliveira. Em 1792, a bula "Expositum nobis" concedida pelo papa Pio VI, em 3 de Abril, a instâncias da Rainha D. Maria I, foi executada por 3 sentenças de D. José Maria de Melo, bispo do Algarve e Inquisidor Geral, nomeado Juiz Comissário e Delegado para proceder com todas as faculdades apostólicas, recebendo também beneplácito régio. A primeira, dada em Lisboa a 10 de Maio de 1792, mandou remover os Cónegos Regrantes do Mosteiro de Mafra para outros mosteiros da sua Congregação, restituindo-o aos religiosos da Província da Arrábida da Ordem dos Frades Menores, e estabeleceu que a união e distribuição dos mosteiros extintos, cujas rendas tinham estado unidas a Mafra, se fizesse em benefício dos que continuassem a existir, restituiu-lhes os mosteiros extintos de São Vicente de Fora, de Grijó e provisionalmente o de Refóios de Lima, e aplicou os rendimentos dos outros a usos pios. Em 1794, a segunda sentença, dada a 1 de Julho, mandou distribuir e aplicar os bens e rendimentos dos mosteiros extintos, que tinham estado unidos ao extinto mosteiro de Mafra, ou aplicados a outros fins. A terceira sentença, dada a 24 de Dezembro, estabeleceu os mosteiros que deviam constituir a Congregação dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho: Santa Cruz de Coimbra, São Vicente de Fora de Lisboa, Salvador de Grijó, Santo Agostinho da Serra, Santa Maria de Refóios de Lima e o Colégio da Sapiência de Coimbra, restituídos "in integrum" ao estado regular e conventual, com todos os bens, rendimentos, privilégios, isentos e padroados de que eram possuidores ao tempo da sua extinção. Estabeleceu o número prefixo de cónegos em cada um, num total de 230, exceptuando os inválidos, bem como o número de conversos e as sanções para os piores gerais infractores. Os cónegos D. Diogo da Assunção e D. Luís de Miranda Henriques, moradores no extinto mosteiro, apresentaram-se, na cidade do Porto, à chegada do Exército Libertador, onde permaneceram e foram agraciados pelo imperador do Brasil e Duque de Bragança.Em 1833, a 27 de Agosto, os deputados da Comissão administradora dos bens dos conventos extintos, ou Comissão administrativa dos bens dos conventos abandonados, o abade António Manuel Lopes Vieira de Castro e Francisco da Rocha Soares, na presença de D. Luís do Patrocínio de Nossa Senhora, cónego regular de Santo Agostinho, do juiz imediato do couto de Grijó, e de outros elementos, procederam à descrição e inventário dos objectos existentes no Mosteiro, que incluía uma hospedaria, sendo escrivão, Nicolau Joaquim Pereira, escriturário da Comissão.Localização / Freguesia: Grijó (Vila Nova de Gaia, Porto)
Custodial history
Em 1833, o inventário do extinto Mosteiro refere três cartórios: o cartório (cujos documentos transitaram depois, na sua maioria, para o Arquivo da Torre do Tombo e para o Arquivo Distrital do Porto), o cartório eclesiástico com documentos da freguesia de Grijó (com livros de visitação ao Mosteiro, registos de testamentos, audiências, e despesas eclesiásticas, registos de termos de culpados, de ordens, de certidões de baptismo, registos de baptismos, do crisma, de casamentos, de óbitos), e das freguesias do Salvador de Perosinho, de São Mamede de Serzedo, de São Martinho de Argonce, de São Miguel de Travassô, e de Santa Eulália de Eirol, e ainda o cartório do Juízo privativo do Mosteiro, contendo autos, sentenças, execuções, penhoras. O inventário menciona ainda o dinheiro, pratas e objectos, apreendidos nas imediações de Grijó, por pertencerem ao Mosteiro, acondicionados em seis baús, três caixões e cinco embrulhos, conduzidos em carros para o depósito geral do extinto Convento dos Congregados do Porto. O auto de arrombamento foi realizado na igreja da Congregação do Oratório do Porto, em 28 de Agosto de 1833, na presença dos membros da Comissão administrativa dos bens dos conventos abandonados, em cujo inventário constam livros encadernados, papéis, e maços contendo pergaminhos.Em 1835, João Monteiro da Fonseca e Manuel Alves Ramos Camelo, empregados da citada Comissão, procederam ao inventário do que tinha ficado no Mosteiro sob a fiscalização do provedor do concelho de Grijó, mencionando diversos papéis de pouca importância que ainda se encontravam em gavetas de uma das estantes do cartório.Em data ainda indeterminada, entre 1860 e 1864, José Manuel da Costa Basto trouxe vários códices do cartório do Governo Civil do Porto (pertencentes ao Mosteiro de Leça, ao Mosteiro de Paço de Sousa, ao Mosteiro de Grijó, ao Convento de São Francisco do Porto, ao Mosteiro de São Simão da Junqueira), do cartório do Governo Civil de Coimbra (pertencentes ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra), do cartório do Governo Civil de Viana (pertencentes ao Mosteiro de Santa Maria de Refóios de Lima), dos arquivos da Sé de Coimbra, e da Sé de Viseu, dos Mosteiros de Lorvão e de Arouca, e do arquivo da Colegiada de Guimarães. Entre os códices trazidos do Governo Civil do Porto encontravam os códices que receberam os nº.s 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 39 e 41 quando foram integrados na Colecção Costa Basto.Em 1912, a documentação, que se encontrava na Biblioteca Nacional, foi enviada pela Inspecção das Bibliotecas e Arquivos para a Torre do Tombo.Em Outubro de 1998, foi decidido abandonar a arrumação geográfica por nome das localidades onde se situavam os conventos ou mosteiros, para adoptar a agregação dos fundos por ordens religiosas. Deste conjunto, foram retirados deste fundo, no ano de 1945, os seguintes livros:- liv. 9: "De probatis sanctorum historiis", v. VII - Portugal, Torre do Tombo, Série Preta n.º 4374;- liv. 14 a 31: Registos paroquiais de Grijó, Perorinho, Serzedo - Portugal, Arquivo Distrital do Porto, Paróquias de Grijó, Perorinho, Serzedo.
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