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Este recorte de imprensa, recolhido pela Direção-Geral da Administração Política, datado 06706/1926, proveniente de uma publicação não identificada, informa que é posto à venda o novo livro de Judith Teixeira "NUA", que anuncia com um livro "forte e desassombrado(.. .)" que para chegar à beleza, despreza os preconceitos".
O seu anterior livro de poemas "Decadência" tinha sido publicado 3 anos antes, em Fevereiro de 1923, e viria a ser alvo da campanha de perseguição e silenciamento contra a "literatura imoral" dos primeiros poetas modernistas portugueses e que incluiu também os livros "Canções" de António Botto e "Sodoma Divinizada" de Raul Leal.
Estas perseguições foram movidas pela Liga da Ação dos Estudantes de Lisboa, dirigida por Pedro Theotónio Pereira, o que levou Raul Leal e Fernando Pessoa a escreverem alguns panfletos de defesa contra a campanha de "literatura imoral" na sequência da publicação pela editora de Pessoa, Olisipo, dos livros “Canções de António” Botto e “Sodoma Divinizada” de Raul Leal.
Sobre a poesia de Judith Teixeira, escreve a crítica literária Ana Klobucka, “o erotismo dos seus poemas devia parecer ainda mais indecente/indecoroso”, fazendo dela um alvo de chacota e humilhação pública, como prova a caricatura de Amarelhe n’ O Sempre Fixe (1926), onde Judith Teixeira surge nua e disforme, sob o título “viande de paraître”, seguindo-se uma paródia ao seu poema “A Bailarina Vermelha”.