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A Real Mesa Censória foi criada por Alvará de 5 Abril de 1768, com o objectivo de transferir, na totalidade, para o Estado a fiscalização das obras que se pretendessem publicar ou divulgar no Reino, o que até então estava a cargo do Tribunal do Santo Ofício, do Desembargo do Paço e do Ordinário. O primeiro presidente, nomeado em 22 de Abril de 1768, foi D. João Cosme da Cunha (ou de Nossa Senhora da Porta, o conhecido Cardeal da Cunha), arcebispo de Évora, do Conselho de Estado, regedor das Justiças, e que seria nomeado inquisidor-geral em 1770. Ao novo Tribunal foi cometido o exclusivo da jurisdição relativa ao exame e consequente aprovação ou reprovação de livros e papéis que já se encontrassem em circulação no país que nele pretendessem entrar. Cabia-lhe, também, a concessão de licenças de comercialização, impressão, reimpressão e encadernação de livros ou papéis avulsos, bem como de autorizações para posse e leitura de livros proibidos. Devia, ainda, reformar e manter actualizado o Índice Expurgatório dos livros. Entre as medidas tomadas pela Real Mesa Censória para exercer o controlo dos livros em circulação conta-se a ordem, contida no Edital de 10 de Julho de 1769, para que lhe fossem enviadas relações de bibliotecas particulares. O Regimento, concedido por alvará, em Maio de 1769,estabeleceu que a Mesa seria constituída por um presidente e deputados, estes na sua maioria doutores, lentes e opositores às cadeiras da Universidade de Coimbra, oriundos geralmente do clero. Um deles devia ser inquisidor do Santo Ofício e outro vigário geral do Patriarcado. Poderiam ser nomeados deputados extraordinários, em número variável, sempre que tal se justificasse. A Mesa dispunha, ainda, de um Secretário que devia ser professor de Letras, bem como de um porteiro e contínuo.Por Alvará de 4 de Junho de 1771, foi confiada à Real Mesa Censória a administração das escolas de Estudos Menores do Reino, incluindo o Colégio dos Nobres, para cujas despesas foi lançado um novo imposto, designado por subsídio literário.A complexidade das suas atribuições levou à criação da Secretaria de Censura, já existente em 1775, específica para assuntos relacionados com a censura de livros.A instituição foi reformada por D. Maria I, por Decreto de 21 de Junho de 1787, passando a designar-se "Real Comissão Geral sobre o Exame e Censura de Livros" que apenas funcionou de 1787 a 1794, tendo sido abolida pela Carta de Lei de 17 de Dezembro desse ano. O exame e a censura dos livros voltou a ser exercido pelo Santo Ofício, pelo Desembargo do Paço e pela autoridade episcopal. Apesar de a censura ter estado a cargo da Real Comissão Geral sobre o Exame e Censura de Livros de 1787 a 1794, perdurou o nome de Real Mesa Censória e por ele é mais conhecido este Tribunal. As funções exercidas não sofreram alteração e os próprios livros de registo foram elaborados em sequência (ex.: Registo de leis, decretos e avisos; Registo de nomeações; Registo de licenças, provisões, avisos, ordens e editais expedidos.Fr. Manuel do Cenáculo, segundo presidente da Real Mesa Censória, idealizou transformar os seus depósitos de livros em biblioteca pública, para o que projectou a construção de um edifício próprio, com salas para leitura e catálogo, além de condições especiais para conservação de livros preciosos. Na realidade, ali estavam guardados os livros impressos com autorização da Mesa, obras que adquiria por serem necessários ao exercício das suas atribuições, outras que pertenciam aos censores e, ainda, as que haviam pertencido às casas da extinta Companhia de Jeus. Fr. Manuel do Cenáculo não chegou a realizar o projecto, mas a formação de uma biblioteca pública acabou por ser uma realidade.A biblioteca da Real Mesa Censória tinha como responsável um dos seus deputados, mas o considerável aumento obrigou à nomeação de um sub-bibliotecário e, depois, de um fiel, que tinham a seu cargo a guarda e conservação dos livros.Extinta a Real Mesa da Comissão Geral sobre o Exame e Censura de Livros, a biblioteca foi confiada a António Ribeiro dos Santos que a preparou para ser entregue à Biblioteca Pública da Corte, o que se concretizou em Fevereiro de 1796.
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ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000- . Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em actualização permanente.ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - Real Mesa Censória: catálogo. [documento electrónico em linha]. Lisboa: ANTT, 2018. Acessível na Torre do Tombo, Instrumentos de descrição, L 750. Disponível no Sítio Web da Torre do Tombo em <http://antt.dglab.gov.pt/informacoes-uteis/arquivo-de-documentos/>.Guias e Roteiros: AZEVEDO, Pedro A. de; BAIÃO, António - "Mesa Censoria". in O Arquivo da Torre do Tombo: sua história, corpos que o compõem e organização. Lisboa: ANTT; Livros Horizonte, 1989. (Fac-Símile). p. 161-1673 Reprodução fac-similada da edição de 1905. PORTUGAL. Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo - "Real Mesa Censória". in Guia de Fontes Portuguesas para a História de África. Elaborado por Isabel Castro Pina; Maria Leonor Ferraz de Oliveira Silva Santos. 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Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações Portuguesas; Fundação Oriente; Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1998. 1º vol.. ISBN 972-27-0903-8. p. 91-92. Publicado sob os auspícios da Unesco e Conselho Internacional de Arquivos. PORTUGAL. Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo. Direcção de Serviços de Arquivística - "Real Mesa Censória". in Guia Geral dos Fundos da Torre do Tombo: Instituições do Antigo Regime, Administração Central (3). Coord. Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha; António Frazão; elab. Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha; fot. José António Silva. Lisboa: IAN/TT, 1999. vol. 3. (Instrumentos de Descrição Documental). ISBN 972-8107-60-9. p. 195-221. Acessível na Torre do Tombo, ID L 602.SERRÃO, Joel; LEAL, Maria José da Silva; PEREIRA, Miriam Halpern - "Real Mesa Censória" in Roteiro de Fontes da História Portuguesa Contemporânea: Arquivo Nacional da Torre do Tombo. 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Arquivo Nacional da Torre do Tombo - "Requerimentos de pedidos de impressão e censura". [Manuscrito]. [195-?]. Acessível na Torre do Tombo, ID RMC F 3 a 8. Catálogo alfabético dos títulos das obras. Na ficha consta o título da obra, o nome do requerente, a licença pedida, o nome dos censores, a natureza do parecer e a indicação da existência do original.PORTUGAL. Arquivo Nacional da Torre do Tombo - "Processos para privilégios de impressão". [Manuscrito e dactilografado]. [195-?]. Acessível na Torre do Tombo, ID RMC F 9. Catálogo com várias séries de processos: livreiros e impressores; consultas; nomeação de funcionários.PORTUGAL. Arquivo Nacional da Torre do Tombo - "Publicações periódicas". [Manuscritos e impressos].[195-?]. Acessível na Torre do Tombo, ID RMC F 10. Catálogo integra descrição de: jornais portugueses e estrangeiros (originais manuscritos e impressos); publicações de carácter científico ou literário; almanaques; prognósticos.PORTUGAL. Arquivo Nacional da Torre do Tombo - "Catálogo dos livros que entraram no Reino". [Manuscrito]. [195-?]. Acessível na Torre do Tombo, ID RMC F 11 e 12. PORTUGAL. Arquivo Nacional da Torre do Tombo - "Requerimentos para entrega de livros retidos na Alfândega, na Casa da Revisão e na Secretaria da Mesa". [Dactilografado]. [195-?]. Acessível na Torre do Tombo, ID RMC F 15. Catálogo ordenado pelo nome do país de onde vieram os livros que se pedepara a Mesa entregar. Na ficha, constam os seguintes elementos de informação: nome do país e requerente; natureza do requerimento; despacho da Mesa; data do último despacho; indicação se o processo contém junto alguma relação de livros entrados no país.PORTUGAL. Arquivo Nacional da Torre do Tombo - Catálogo dos livros proibidos no Reino. [Manuscrito]. [195-?]. Acessível na Torre do Tombo, ID RMC F 16. Catálogo ordenado pelo nome do autor da obra visada, contemplando algumas indicações relativas à obra.PORTUGAL. Arquivo Nacional da Torre do Tombo - Real Mesa Censória: catálogo onomástico de autores.[Manuscrito]. [189-?]. Acessível na Torre do Tombo, ID C 613-620. Inclui todas as obras numeradas de 1 a 2179. Além do apelido e nome próprio do autor, regista ainda outros elementos como o título da obra, dimensão, tipo de licença concedida, data e observações complementares.PORTUGAL. Arquivo Nacional da Torre do Tombo - Catálogo das genealogias existentes na Biblioteca da Real Mesa Censória. [Dactilografado]. 1968. Acessível na Torre do Tombo, ID L 484A.Índices:FERREIRA, Carlos Alberto - Índice abreviado das Genealogias Manuscritas do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Lisboa: [s.n.]. 1937. Acessível no IAN/TT, ID L 484. Índice utilizado apenas para as genealogias existentes junto da Biblioteca da Real Mesa Censória.PORTUGAL. Arquivo Nacional da Torre do Tombo - Real Mesa Censória: índice onomástico. [Manuscrito]. 195-?]. Acessível na Torre do Tombo, ID RMC F 13. Índice onomástico pelo nome do autor da obra.PORTUGAL. Arquivo Nacional da Torre do Tombo - Real Mesa Censória: índice de títulos de obras. Manuscrito]. 195-?]. Acessível na Torre do Tombo, ID RMC F 14). Os livros indexados correspondem apenas aos livros compreendidos entre os números 2180 e 6592.
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Notes