Segundo António Tenreiro (Viagens por terra da Índia a Portugal, 2.ª parte) «Mestre Afonso, ou, como querem alguns autores, Mestre Martin Afonso ou Martim Afonso, era cirurgião-mor da Índia no tempo do Vice-rei D. Francisco Coutinho, conde de Redondo, por cuja morte lhe sucedeu, como Governador, D. João de Mendonça, apenas durante alguns meses, até à chegada do novo Vice-rei D. Antão de Noronha.
Mestre Afonso resolveu então regressar a Portugal, acompanhando D. João de Mendonça, embarcando na nau Santo António, que saiu de Cochim em 6 de Fevereiro de 1565. A viagem foi tormentosa e, depois de quatro meses, arribou a Ormuz, meio desmantelada, pelo que aí se iria demorar algum tempo para se proceder às necessárias reparações.
Nessa altura Mestre Afonso aceitou o pedido do ex-governador para continuar a viagem por terra para, como diz, 'fazer a vontade à minha curiosidade, que foi sempre mais de saber novidades e cousas do mundo que de adquirir fazendas nem riquezas', sendo também portador de cartas que lhe foram entregues por D. João de Mendonça, endereçadas ao Rei (D. Sebastião), Rainha, e fidalgos seus parentes.
Como na ocasião se preparava em Ormuz uma cáfila com destino ao Cairo, atravessando a Pérsia, Martim Afonso, fez-se nela incluir, e a 25 de junho iniciava a sua famosa e acidentada viagem (que iria durar pouco mais de catorze meses), cujos sucessos e trabalhos descreve no seu "Itinerário".»