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O bispo de São Tomé referia que a viagem tinha demorado três meses e seis dias tendo desviado para as Canárias porque o leme avariara, e que o repararam na ilha da Gomeira, motivo pelo qual demoraram "tanto tempo de navegação".
O rei pedia ainda a João da Silveira que lhe escrevesse sobre a rapidez ou demora com que se aparelhavam os navios que estavam para seguir para as partes da Índia, e que com a vinda do embaixador e a resposta que lhe dera o dito senhor tinha havido suspensão para que segundo o que escrevesse lhe ser mandado o que tivesse por seu serviço, acrescentando que muito lhe agradecia o conserto que fizera com certa pessoa mas desejaria antes que tivesse conseguido a sua vinda, mandando-lhe que se esforçasse para o conseguir.
A carta referia ainda que as parentes de António da Silveira já tinham conseguido uma bula para mandarem fazer o dito mosteiro, e que a uma delas um criado mulato, clérigo de missa e feitor da sua fazenda, não consentia que ninguém falasse para que não mudasse o seu propósito de lhe deixar a dita fazenda encabeçada em capela com uma missa quotidiana, entre outros assuntos.
D. Francisco lembrava ainda ao rei que D. Sancho estava na posse de muitas rendas e de muitas vilas tiradas ao seu pai, filho maior do primeiro possuidor das mesmas, entre outros assuntos.
Frei Jerónimo da Azambuja referia que ele e frei Gaspar foram a todas as congregações dos teólogos e dava conta ao rei das disposições que o rei de França tomara, mandando cardeais e embaixadores a Roma para que, no caso de o Papa falecer, o seu sucessor não fosse espanhol, entre outros assuntos.
O bispo referia ainda ter ordenado que o herege que fora por arrais da fruta ao cabo de São Vicente fosse entregue na Inquisição de Lisboa, assim como os respectivos autos, entre outros assuntos.
João Camelo dizia ainda que um dos prejuízos que as causas da Inquisição representava era desbaratar-se a ordem destes negócios, dando-se atrevimento aos maus de se compurgarem das suas culpas, e igualmente encomendava tudo o que escrevesse o Infante D. Henrique para da sua parte o representar ao Papa. Tem selo de chapa.
As capelas denunciadas são: em Almada, instituída por Violante da Silva, em Santarém, instituída por Afonso Anes e duas em Lisboa, uma instituída por Diogo da Fonseca e outra que estava no Mosteiro de São Francisco e que vagou por morte da Maria Aranha. Inclui despachos do doutor Tomé Pinheiro da Veiga.
A relação refere as seguintes cartas: de D. Catarina sobre a petição de Simão de Brito, dois pareceres da Mesa de Consciência, do capitão de Ceuta, de António da Rocha, corregedor de Coimbra, de Mateus de Mascarenhas, desembargador da Casa do Porto, de Cristóvão Machado de Miranda, de D. Pedro Vasques de Guevara, de Diogo de Mendonça, corregedor da terra de Moncorvo, do procurador da comarca de Moncorvo, dos soldados da companhia de D. Pedro de Guevara, corregedor da comarca de Portalegre, duas relativas a uma nau francesa aprisionada, do bispo de Viseu, do conde de Tentúgal, uma sobre Diogo Lopes de Sequeira, outra sobre Pedro Álvares de Freitas, administrador de Tomar, sobre o ofício do arcebispo, sobre os remadores da pauta do Porto e sobre o contrato que houve na cidade de Coimbra.
A primeira carta dizia ter sido entregue por Estêvão Vaz na qual o rei lhe ordenava que mandasse buscar nesses contos a arrecadação da conta de Fernão Lourenço, que lhe tinha sido tomada por Pedro da Mota e por João de Barros, assim como todos os livros de receita e despesa daqueles anos e à qual respondia que tendo mandado logo buscar todos os armários dos ditos contos, assim de uma casa como de outra, não se tinha achado na dita arrecadação outros livros senão os cinco que remetia por Manuel Moniz, guarda e escrivão destes contos, para dar conta da dita arrecadação e de alguns outros livros que faltassem, visto terem estado em seu poder; a segunda sobre o trato da cortiça em que lhe ordenava que mandasse meter em pregão, à qual respondia que logo tendo mandado apregoar as suas condições ainda não tinha aparecido ninguém a lançar, constatando no entanto que já havia pessoas interessadas.
O bispo referia ainda que o rei escrevera à rainha de Aragão chamando-lhe irmã por cortesia sendo mulher de seu pai, a quem a sua mulher escrevia "madre", dizia que parecia fora de estilo escrever irmã, e pedia-lhe, visto que era estilo comum dos outros reis, seus genros, dela se fizesse o mesmo, entre outros assuntos.
Diogo [Paz] Baracho referia ainda que todos os negócios dependiam do conde da Castanheira que dissera ao rei que tinha dele alguns desgostos e más informações, pelo que o dito senhor ordenara ao corregedor que o prendesse, pedia assim que falasse ao dito conde para o perdoar e ao rei que o mandasse soltar, porquanto havia três meses que estava preso e que estava muito velho e tinha três filhas muito pobres que ficavam sozinhas em casa enquanto o pai se encontrava na cadeia.
A carta referia que o rei gastava muito da sua fazenda ao ter muitos desembargadores na Casa da Suplicação; que os corregedores das comarcas não deviam ser mais que quatro, a saber, Estremadura, Entre Tejo e Odiana, Beira e Entre Douro e Minho; que não deviam existir juízes de fora senão em vilas notáveis e que as mais fossem ordinárias; e muitas outras coisas referentes ao governo do reino.
Francisco de Miranda referia ainda que relativamente à igreja lhe parecia que se costumavam dar os benefícios aos [meninos] no berço e as vigararias a homens casados, como sucedera com a vigararia do Redondo, que rendia quarenta ou cinquenta mil réis e que tinha sido dada a um criado do bispo D. Afonso, homem casado e com filhos.
Soeiro Soares referia ainda que as armas do dito senhor para os ditos arcos já estavam acabadas, tendo mesmo alguns estrangeiros de Castela dito que não havia outras iguais em toda a Espanha, e pedindo ainda ao rei que não se esquecesse dos seus serviços e lhe fizesse mercê do que tinha ordenado em seu regimento ao recebedor da obra, como o tivera João Martins antes de falecer.
A carta mencionava António da Silva, letrado, ouvidor na jurisdição de Machico, dizendo que o cargo que tinha não era suficiente para os pobres serem providos de justiça; que chegavam à ilha da Madeira muitos homens pobres e casados no reino que se assoldadavam com moradores por dois ou três anos, julgando que pelo seu trabalho poderiam alcançar remédio para as suas mulheres e filhas, mas que por falta de justiça andavam a maior parte do tempo excomungados pela igreja escondendo-se pelos lugares onde eram menos conhecidos e que pelo seu trabalho eram-lhes pagas as suas soldadas mas que quando pediam de vestir, forneciam-nos pelos preços que queriam, pelo que lhes tiravam o que lhes tinham dado a ganhar, por saberem que nunca haveria justiça para estes pobres homens.