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Carta escrita na frente e no verso da primeira folha de um bifólio, estando redigida em espanhol, mas à mistura com português, e assinada em latim, da autoria de mestre João, integrante da armada de Pedro Álvares Cabral e que se identifica como bacharel em Artes e Medicina, além de físico e cirurgião do rei de Portugal. O teor do texto evidencia que a redação foi iniciada em 28 de abril de 1500, tendo sido concluída em data idêntica à da célebre carta de Pêro Vaz de Caminha – são, de facto, os dois únicos originais epistolares que subsistiram da estadia da armada de Cabral no Brasil, ambos redigidos em "Vera Cruz" e dirigidos ao mesmo régio destinatário. Apesar de tudo o até agora se investigou, a identidade do remetente permanece bastante imprecisa, mas uma pista que se mostra consistente é a de que o mestre João missivista seja de facto o mestre João Faras, igualmente bacharel em Artes e Medicina, também físico e cirurgião do rei de Portugal, autor de uma tradução para espanhol da obra "De Situ Orbis", do geógrafo latino Pompónio Mela, cujo exemplar manuscrito, contendo estas informações sobre o tradutor, encontra-se na Biblioteca da Ajuda (Lisboa). Mestre João restringiu os assuntos da sua carta a apenas "dois pontos", que afinal dizem respeito a observações de âmbito geográfico e astronómico, respetivamente, implicando a realização dos primeiros procedimentos científicos, de que há notícia, em território brasileiro. No primeiro ponto, ele relata o seu desembarque na nova terra, juntamente com dois pilotos, para a obtenção da medida de latitude mediante utilização de astrolábio, mas no que se refere à longitude, ele prefere sugerir ao rei que consulte um antigo mapa-múndi, então na posse do navegador Pêro Vaz Bisagudo, onde já estaria representado o "sítio desta terra". Quanto ao segundo ponto, mestre João queixa-se das dificuldades com que se defrontava no que diz respeito à tomada de graus das estrelas, optando por desenhar um esboço dos conjuntos de estrelas que identificara no céu do hemisfério sul. A originalidade da ilustração é devida ao pioneirismo desse mapeamento sideral, destacando-se a constelação que ele chama de "Las Guardas" e que no texto designa também por "Cruz", e que hoje conhecemos como Cruzeiro do Sul. Finalmente, numa espécie de "post-scriptum", mestre João pondera que talvez fosse melhor para os navios continuarem tentando navegar pela altitude do sol, recorrendo ao astrolábio, do que esperar encontrar o esquivo "Polo Antártico", isto é, uma Estrela do Polo Sul, mediante o uso do quadrante. O verso da segunda e última folha do documento contém dois apontamentos quinhentistas (o subscrito "A El-rei, nosso senhor" e a nota "De mestre João, que vai a Calecute") e um apanhado setecentista (composto por resumo, data e cota do documento).
A capilha do documento contém a seguinte informação: "São semelhantes a este o Doc. 152. mac. 38. Doc. 168. mac. 47. Doc. 85. mac. 58. D. 39. mac. 64. e Doc. 177. Mac. 69. da Parte segunda"