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Transcrição: «Excelência: A Associação dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Famalicão, apela para o douto e sábio critério de V. Ex.ª da decisão do Ex.mo Governador Civil de Braga que dissolveu as direções das 2 Associações de Bombeiros e pretende a criação de uma única Associação que, extintas por fim aquelas, as substitua. / Torna-se necessário, para elucidação de V. Ex.ª, um sucinto relatório sobre a questão dos Bombeiros em Famalicão. / Com vénia respeitosa, comecemos pois: A)A Velha Associação: Em Maio de 1890 - há 48 anos! - fundou-se nesta Vila a nossa Associação - Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Famalicão. / Tão alto subiu a fama dos beneméritos serviços prestados pelos bombeiros da nossa Associação, que o Grande e Saudoso Rei D. Carlos I, oito anos decorridos desde a fundação, lhe concedeu o título de Real, por proposta do Governo a que presidia Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro. / Continuou a nossa Associação a prestar os seus amplos, eficientes, desinteressados e abnegados serviços à Humanidade. / E é então o Chefe do Estado, essa eminente figura de português que é S. Ex.ª o General Carmona, que em 28 de fevereiro de 1928, assina um Decreto que é o orgulho nosso, em que por se ter esta Associação salientado por atos que merecem uma especial distinção, a considera de Utilidade Pública. / Mais adiante, em 5 de outubro de 1935, o mesmo Chefe do Estado assina um Decreto que lhe apresentou o Governo de Salazar, concedendo à benemérita Associação dos Bombeiros Voluntários de Famalicão, a honra, a máxima distinção, de ser admitida na mui nobre Ordem Militar de Cristo, com o grau de Oficial. […] E sempre a Associação prestou o seu concurso às festas nacionais, às receções do Chefe do Estado, do Chefe do Governo, ou Ministros, e não fugimos à tentação de lembrar um facto, que muitos dirão ser sem importância: foi numa das suas salas que em 28 de maio se realizou uma reunião entre Oficiais da Revolução Nacional e o Chefe da Coluna Governamental que para Braga seguia a atacar Gomes da Costa. E essa reunião decidiu da sorte ou da atitude da Coluna Governamental, que aderiu ao Movimento Nacionalista. / E ainda não fugimos a recordar que foram os nossos bombeiros quem acorreu á Ponte Pênsil de Ribeirão, a extinguir o fogo que os revolucionários lhe haviam criminosamente pegado, para evitarem a passagem da coluna que constituída pelas forças de Braga, Viana e Santo Tirso, seguia para o Porto a fim de combater os reviralhistas de 7 de fevereiro. […] B)A Associação Nova: Há dez anos, por motivo provado e que vinha sendo já notado, foram expulsos da Corporação dos Bombeiros de Famalicão, alguns elementos indisciplinados. / Encontraram esses elementos algumas pessoas de espírito irrequieto, desta Vila, que os apoiaram, lhes deram força e os animaram para a organização de uma nova Associação, que denominaram dos Bombeiros Voluntários Famalicenses. […] Começaram logo que tiveram carro automóvel, por criar rivalidades e emulações, com a colocação de uma bandeirinha no seu carro pronto-socorro, sempre que este chegava ou se fazia chegado em 1.º lugar, ao local do sinistro. E tão longe foi a mania desses orientadores, criando esse espírito de retaliação e de luta entre irmãos da mesma causa, que bastará contar um só entre tantos casos criminosos: seguia, em marcha acelerada para um incêndio, o carro dos Bombeiros Famalicenses. De repente apanhou um homem, que caiu no para-choque e se agarrou para se salvar. O motorista e os bombeiros da equipa gritaram-lhe que se agarrasse bem, e continuaram na desfilada até um caminho estreito onde pararam por já não ser possível a ultrapassagem pelo carro dos nossos bombeiros. Só então tiraram o homem da sua crítica e horrível posição. O pobre homem, tempos depois, morria… […] Dissolução: Em certo dia de setembro, à noite, os bombeiros foram chamados para um grande incêndio. À frente seguiam os famalicenses, que não deram passagem, insistentemente pedida, pela mão, ao nosso carro. Este, para evitar um choque, ultrapassou pela direita. / Houve um desastre, e queremos fugir a dizer como ele se teria dado. Morreram 2 mulheres e 3 crianças e feriram-se alguns bombeiros, além de perdas materiais, enormes, no nosso carro. / No dia seguinte o Sr. Governador Civil vem a esta vila e manifesta o desejo da dissolução das direções das 2 Associações, com a nomeação de uma Comissão Administrativa que tomasse conta de ambas, e ficasse com o encargo de em 20 dias apresentar os estatutos de uma única Associação, que substituísse as 2, que seriam extintas. […]
Carta aberta ao Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão sobre a dissolução das duas corporações de bombeiros. Transcrição: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão. Traz-nos até junto de Vossa Excelência, o desejo de vermos resolvida, - a bem do Concelho -, a momentosa questão dos Bombeiros. / Para que a nossa presença, no Município, não possa oferecer errada interpretação, começamos por afirmar a Vossa Excelência toda a gratidão que, como munícipes, a acção delicada e desinteressada de Vossa Excelência, na direcção dos negócios camarários, justamente nos merece. / Tão pouco queremos deixar de apreciar a obra, também a todos os títulos notável, do Excelentíssimo Senhor Governador Civil, cuja atitude, relativamente ao assunto de que vamos cuidar, nos merece o devido respeito, pois ninguém põe a menor dúvida de que Sua Excelência, agindo como agiu, pensou resolver - pelo melhor critério -, esta questão. / Lealmente colocada a nossa posição perante a Autoridade, a cujo respeito e acatamento nos entregamos, passamos a solicitar que nos seja permitido pedir o regresso à liberdade de acção das Corporações de Bombeiros locais. […] Pode ainda afirmar-se, em boa verdade, que as suas Direcções sempre respeitaram os Estatutos, e estes têm a aprovação superior; justificação desnecessária mas que se frisa, para saber-se que viviam à face da Lei. E ao nosso geral reconhecimento, pelos prestimosos e incontestáveis benefícios que sempre recebemos dos Bombeiros Voluntários locais, até o próprio Governo se associou condecorando uma e outra Corporação com medalhas que ficam a marcar, eternamente, a obra de elevado humanitarismo que uma e outra tão abnegadamente e desinteressadamente, têm realizado. Tudo nos anima, aliás, tudo portanto nos impõe a necessidade de manifestar perante Vossa Excelência, Senhor Presidente, o desejo que formulámos em nome do Concelho, para que Vossa Excelência se digne conseguir do Excelentíssimo Senhor Governador Civil, que revogue a sua decisão de dissolver as Associações dos Bombeiros Voluntários de Famalicão e a dos Famalicenses, verificado como está que os elementos delas não encontrariam fácil entendimento, e provado como está, igualmente, que o facto de ficar uma só não evita a repetição de acidentes, que já têm ocorrido. […]
Ofício dirigido ao Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Vila Nova de Famalicão a informar o dia de tomada de posse de uma comissão, nomeada pelo Governador Civil de Braga, para administrar as duas corporações de Bombeiros de Famalicão, em Setembro de 1937 Transcrição: «Tendo sua excelência o Senhor Governador Civil do Distrito por alvará de 14 do corrente, dissolvido as Direções dessa Associação e da dos Bombeiros Voluntários Famalicenses e nomeado, para administrar as duas Corporações, uma Comissão composta dos signatários do presente ofício, vimos comunicar este facto a V. Ex.cia e que vamos tomar posse no dia 20 do corrente pelas 16 horas, rogando, para esse efeito, a comparência de V. Ex.ª e seus colegas da Direção, na sede dessa coletividade, no dia e hora indicada. A bem da Nação. A Comissão Administrativa João Machado da Silva, Joaquim José Teixeira de Melo, Armindo Alves Correia de Araújo.
Nota datilografada na f. com a fotografia: "Desastre com o Maybach em 16 de Junho de 1933 guiado pelo Joaquim Fonseca. Embate com o carro do Snr. José Graça, de Braga. Houve julgamento do caso sendo o Fonseca condenado em um ano de prisão suspensa. A associação nada sofreu. O outro carro estava (Berliet) também avariado na ocasião. Foto na oficina do Fonseca." Assinado Hilário
Transcrição: «Excelência: A Associação dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Famalicão, apela para o douto e sábio critério de V. Ex.ª da decisão do Ex.mo Governador Civil de Braga que dissolveu as direções das 2 Associações de Bombeiros e pretende a criação de uma única Associação que, extintas por fim aquelas, as substitua. / Torna-se necessário, para elucidação de V. Ex.ª, um sucinto relatório sobre a questão dos Bombeiros em Famalicão. / Com vénia respeitosa, comecemos pois: A)A Velha Associação: Em Maio de 1890 - há 48 anos! - fundou-se nesta Vila a nossa Associação - Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Famalicão. / Tão alto subiu a fama dos beneméritos serviços prestados pelos bombeiros da nossa Associação, que o Grande e Saudoso Rei D. Carlos I, oito anos decorridos desde a fundação, lhe concedeu o título de Real, por proposta do Governo a que presidia Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro. / Continuou a nossa Associação a prestar os seus amplos, eficientes, desinteressados e abnegados serviços à Humanidade. / E é então o Chefe do Estado, essa eminente figura de português que é S. Ex.ª o General Carmona, que em 28 de fevereiro de 1928, assina um Decreto que é o orgulho nosso, em que por se ter esta Associação salientado por atos que merecem uma especial distinção, a considera de Utilidade Pública. / Mais adiante, em 5 de outubro de 1935, o mesmo Chefe do Estado assina um Decreto que lhe apresentou o Governo de Salazar, concedendo à benemérita Associação dos Bombeiros Voluntários de Famalicão, a honra, a máxima distinção, de ser admitida na mui nobre Ordem Militar de Cristo, com o grau de Oficial. […] E sempre a Associação prestou o seu concurso às festas nacionais, às receções do Chefe do Estado, do Chefe do Governo, ou Ministros, e não fugimos à tentação de lembrar um facto, que muitos dirão ser sem importância: foi numa das suas salas que em 28 de maio se realizou uma reunião entre Oficiais da Revolução Nacional e o Chefe da Coluna Governamental que para Braga seguia a atacar Gomes da Costa. E essa reunião decidiu da sorte ou da atitude da Coluna Governamental, que aderiu ao Movimento Nacionalista. / E ainda não fugimos a recordar que foram os nossos bombeiros quem acorreu á Ponte Pênsil de Ribeirão, a extinguir o fogo que os revolucionários lhe haviam criminosamente pegado, para evitarem a passagem da coluna que constituída pelas forças de Braga, Viana e Santo Tirso, seguia para o Porto a fim de combater os reviralhistas de 7 de fevereiro. […] B)A Associação Nova: Há dez anos, por motivo provado e que vinha sendo já notado, foram expulsos da Corporação dos Bombeiros de Famalicão, alguns elementos indisciplinados. / Encontraram esses elementos algumas pessoas de espírito irrequieto, desta Vila, que os apoiaram, lhes deram força e os animaram para a organização de uma nova Associação, que denominaram dos Bombeiros Voluntários Famalicenses. […] Começaram logo que tiveram carro automóvel, por criar rivalidades e emulações, com a colocação de uma bandeirinha no seu carro pronto-socorro, sempre que este chegava ou se fazia chegado em 1.º lugar, ao local do sinistro. E tão longe foi a mania desses orientadores, criando esse espírito de retaliação e de luta entre irmãos da mesma causa, que bastará contar um só entre tantos casos criminosos: seguia, em marcha acelerada para um incêndio, o carro dos Bombeiros Famalicenses. De repente apanhou um homem, que caiu no para-choque e se agarrou para se salvar. O motorista e os bombeiros da equipa gritaram-lhe que se agarrasse bem, e continuaram na desfilada até um caminho estreito onde pararam por já não ser possível a ultrapassagem pelo carro dos nossos bombeiros. Só então tiraram o homem da sua crítica e horrível posição. O pobre homem, tempos depois, morria… […] Dissolução: Em certo dia de setembro, à noite, os bombeiros foram chamados para um grande incêndio. À frente seguiam os famalicenses, que não deram passagem, insistentemente pedida, pela mão, ao nosso carro. Este, para evitar um choque, ultrapassou pela direita. / Houve um desastre, e queremos fugir a dizer como ele se teria dado. Morreram 2 mulheres e 3 crianças e feriram-se alguns bombeiros, além de perdas materiais, enormes, no nosso carro. / No dia seguinte o Sr. Governador Civil vem a esta vila e manifesta o desejo da dissolução das direções das 2 Associações, com a nomeação de uma Comissão Administrativa que tomasse conta de ambas, e ficasse com o encargo de em 20 dias apresentar os estatutos de uma única Associação, que substituísse as 2, que seriam extintas. […]