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As primeiras referências à criação de "caixas" ou sistemas de assistência escolar remontam ao final do século XIX. Com o Decreto de 24 de dezembro de 1901 seria estabelecido o funcionamento em cada escola de um caixa económica escolar(Art.º 117º) e ainda de uma comissão promotora de beneficência e ensino (Art.º 119). A determinação teria um reduzido impacto sendo reforçada, numa circular de 15 de fevereiro de 1908, a importância da criação das caixas económicas escolares para permitir a frequência escolar às crianças mais pobres. No entanto, o legislador refere a dificuldade de "estabelecer principios uniformes que regulem a organização e funcionamento das caixas escolares, porque as condições de existencia das mesmas dependem muito das circunstancias economicas e da cultura da localidade". Apenas seria mencionado o funcionamento de um sistema de cotas pagas pelos sócios da caixa que forneceria roupa, alimentos, livros e outro material escolar às crianças pobres. A prioridade deveria ser dada ao fornecimento de vestuário, calçado e material escolar e, no caso de as receitas da caixa o permitirem, à organização de excursões, cantinas escolares, colónias de férias e/ou bibliotecas populares. Em 1923, o Decreto n.º 9223, de 6 de novembro, criaria em cada escolar uma caixa escolar (Art.º 12º) cujas as principais receitas seriam as multas aplicadas pela falta da obrigação escolar. As receitas da caixa escolar deveriam ser utilizadas em pequenas reparações da escola, compra de material, financiar excursões/passeios escolares ou a compra de livros e material escolar para os alunos pobres. O Decreto-Lei n.º 38968, de 27 de outubro de 1952, reorganizaria a assistência escolar que seria prestada através das caixas escolares e das cantinas escolares. As caixas escolares e cantinas sendo financiadas em parte por verbas atribuídas pelo Orçamente de Estado, além das suas receitas habituais, o valor de multas e eventuais doações ou legados. Em Fão, a Caixa Escolar surge como uma associação destinada a "auxiliar moral e materialmente todos os alunos necessitados", assim como a "regularidade da frequência escolar". A principal fonte de receita da Caixa Escolar residia nas quotas dos seus sócios. Existiam três categorias de sócios: -Sócios ordinários: alunos que devidamente autorizados pagassem a quota estabelecida. - Sócios auxiliares: professores e indivíduos externos à escola. - Sócios benfeitores: indivíduos ou coletividades que fizessem uma doação à Caixa Escolar e o pagamento das respetivas quotas mensais. A Caixa Escolar era gerida por uma Direção, eleita entre os sócios, e a Assembleia Geral, formadas por todos os sócios com as quotas em dia. A assistência da Caixa Escolar traduzia-se no fornecimento de artigos escolar, vestuário e alimentos a alunos carenciados, a realização de pequenas reparações em equipamentos didáticos e mobiliário escolar e o custeio de excursões e passeios escolares. Além dos valores arrecadados pelas quotas dos sócios, a Caixa Escolar de Fão era ainda responsável por distribuir os montantes recebidos dos legados deixados ao Hospital de S. João de Deus de Fão por João Carlos Gonçalves, Francisco Campos Morais e António Mendes Morais. A Caixa Escolar de Fão seria desmembrada em Caixa Escolar Masculina e Caixa Escolar Feminina no dia 31 de maio de 1968, cumprindo as ordens superiores. https://files.diariodarepublica.pt/1s/1952/10/24101/10671084.pdf
A República determinaria, através da Lei de 29 de março de 1911, a criação em cada concelho de um conselho de assistência escolar que teria, entre outras obrigações, a "organização de cantinas escolares, destinadas a fornecer alimento às crianças e jardins de recreio" (Art.º 74º) . Um primeiro incentivo à criação de cantinas escolares que seria reforçado com o Lei n.º 821, de 8 de setembro de 1917, que criaria a Comissão Central das Cantinas Escolares com a missão de "promover e dirigir por todo o país a instalação e manutenção de cantinas escolares". A Comissão Central poderia ainda criar sub-comissões locais para promover a criação e gestão de cantinas escolares. No entanto, em 1941 o Estado reconhecia a sua incapacidade de solucionar o problema da falta de cantinas escolares: "não só não poderíamos construí-las por toda a parte, como sobretudo não poderíamos sustentá-las". A alternativa seria encontrada na generosidade de benfeitores que oferecendo os fundos para a sustentação das cantinas poderiam contar com o apoio do Estado com a construção de edifícios, anexos às escolas primárias, para as acolher. Uma medida reforçada com Decreto-Lei n.º 35769, de 27 de julho de 1946, que referia "A construção de cantinas escolares carece de prévia autorização do Ministro das Finanças, que a poderá conceder quando haja doação de benfeitores não inferior a 200.000 escudos para a manutenção de cada cantina ou entidade de carácter oficial que assuma a responsabilidade de mantê-la." Neste contexto, em 1951, graças ao benemérito Joaquim José Domingues Mariz que doou o valor de 350000 escudos foi criada "uma cantina anexa às escolas de Fão, concelho de Esposende, que será denominada Cantina Escolar José Mariz". A oferta e criação da cantina foi autorizada pelo Governo através do Decreto-Lei n.º 38:472, de 20 de outubro de 1951. Conforme previsto no Decreto-Lei, "A administração da cantina é autónoma e atribuída a uma comissão, nomeada pelo Ministro da Educação Nacional, de que será presidente o doador ou um seu representante". A primeira Comissão Administrativa da Cantina Escolar seria nomeada por despacho ministerial no dia 22 de fevereiro de 1952, sendo composta pelo José Pio Rodrigues, enquanto presidente e representante do doador, e as vogais Ida Augusta Gonçalves Eiras e Maria Cândida Ferreira Rodrigues de Areia. A Cantina Escolar iniciaria oficialmente o seu funcionamento no dia 1 de maio de 1952, servindo refeições para cerca de 50 alunos necessitados. Durante os primeiros anos, a Cantina funcionaria em instalações provisórias até à conclusão da construção de um novo edifício que seria inaugurado no dia 21 de fevereiro de 1954. No ano letivo 1955/1956 a Cantina Escolar apoiava cerca de 130 alunos com um refeição diária, constituída por pão e sopa, e um prato semanal ao sábado.