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Maria Açucena Matias das Neves nasceu em Covelo, concelho de Gondomar, a 2 de Março de 1932. Filha mais nova de proprietários rurais, foi a única dos irmãos que pode prosseguir os estudos, a expensas de um tio Abade. Frequentou o Colégio Liverpool, no Porto, e depois foi para a Universidade de Coimbra, tendo feito parte do Conselho Cultural da Associação Académica e onde se licenciou em Germânicas. Aí conheceu Joaquim António dos Santos Simões, opositor ao regime, que ocupava cargos de responsabilidade na Associação Académica e no Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, e casaram em 1956. Em 1957 foram leccionar na Escola Comercial e Industrial de Guimarães, actual Escola Secundária Francisco de Holanda e passaram desde então a residir nesta cidade. Em 1959 foi Bolseira pelo Instituto de Alta Cultura na Universidade de Göttingen, na Alemanha. Em 1963 foi eleita Presidente da Direcção do Cineclube de Guimarães, evitando assim que o regime fascista colocasse mais obstáculos ao funcionamento daquela associação. Por este motivo foi investigada pela PIDE. Foi colaboradora do Suplemento Cultural Artes e Letras do jornal Notícias de Guimarães. Apoiou e colaborou com a oposição no distrito de Braga, enfrentou corajosamente a prisão do marido pela PIDE, participou na redacção de centenas de documentos de esclarecimento e, no III Congresso da Oposição Democrática, em 1973, integrou o grupo de tradutores de mensagens, comunicações e moções saídas do Congresso e enviadas à Imprensa estrangeira. A partir de 1969 integrou o Movimento Democrático das Mulheres, lutou pelos direitos dos professores, participou nos denominados Grupos de Estudo do Pessoal Docente do Ensino Secundário e Preparatório (GEPDES) que surgiram em 1970 e em 1973, e apoiou a publicação e divulgação de um caderno que viria a transformar-se na Revista “O Professor”. Depois do 25 de Abril de 1974 continuou a colaborar activamente na luta pelos direitos das mulheres e dos professores. A partir de 1981 deixou de poder continuar a leccionar e a participar devido a problemas de saúde. Até à morte do marido, Joaquim António dos Santos Simões, acompanhou-o, sempre que lhe foi possível, nas suas actividades culturais. Faleceu a 5 de Janeiro de 2005.
Em 1956, Joaquim Santos Simões, natural da vila do Espinhal, concelho de Penela, casa com Maria Açucena das Neves, natural do Covelo, concelho de Gondomar. Tiveram 2 filhos: António (1957-) e Isabel Santos Simões (1961-).
Joaquim António dos Santos Simões nasceu em 1923 na vila de Espinhal, (Penela), distrito de Coimbra. Entre 1944 e 1947, já como aluno da Universidade de Coimbra (UC), participou nas movimentações reivindicativas dos estudantes, dedicando-se ainda no Teatro de Estudantes da UC, onde foi director, encenador e actor. No ano lectivo de 1950/51 acaba por ser eleito presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC) e conclui as suas licenciaturas em Ciências Matemáticas e Engenharia Geográfica. Já então se destacava por aquilo que alguns dos seus colaboradores mais próximos designam como um «profundo sentimento de justiça e intervenção social». Depois de leccionar no ensino particular, em 1957 transita para Guimarães, onde se torna professor do ensino público na então Escola Industrial e Comercial de Guimarães. Em 1961 é expulso do ensino oficial por razões políticas. É nesta cidade que Santos Simões começa a intensificar o seu trabalho ligado à cultura, vindo a iniciar, em 1963, uma actividade política organizada, militando na oposição democrática do distrito de Braga. Paralelamente, notabiliza-se como um dos fundadores do Cineclube de Guimarães e do Teatro de Ensaio Raul Brandão, ligado ao Círculo de Arte e Recreio, três instituições onde ocupou cargos e desempenhou um papel importante até à sua morte. Em 1968 foi preso pela PIDE. Um ano mais tarde, participa no II Congresso da Oposição Democrática, em Aveiro e é candidato da CDE por Braga, na campanha «eleitoral» para a Assembleia Nacional. No pós-25 de Abril, é reintegrado no ensino oficial, regressando à Escola Industrial e Comercial de Guimarães. Na mesma altura, participa activamente na criação do Partido Movimento Democrático Português (MDP/CDE), integrando os órgãos directivos nacionais e sendo um dos responsáveis pelo partido no distrito de Braga e em Guimarães. Chega a ser indicado pelo MDP/CDE para os cargos de governador civil e de Ministro de Educação, mas foi rejeitado por António Spínola «por ser comunista», segundo descrevem as notas biográficas sobre a sua vida que o próprio deixou escritas. Participou na criação de novas associações culturais em Guimarães, como a cooperativa editorial O Povo de Guimarães e a CERCIGUI - Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos com Incapacidades de Guimarães. Em 1990, é eleito presidente da direção da Sociedade Martins Sarmento. Faleceu em 2004.