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OFÍCIO do governador de São Tomé e Príncipe, coronel de Artilharia Gabriel António Franco de Castro, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar] visconde de Anadia [D. João Rodrigues de Sá e Melo] a informar que em 11 de Março, fundeou na praia de Fernandias, que dista do porto desta cidade para o Norte, duas léguas, a nau inglesa Argo, vinda da visita das fortalezas da costa de África e que pretendia água e mantimentos; é costume as naus de guerra daquela Nação fundearem naquele lugar, para obtenção de água mais fácil, de víveres e de lenha, que os povos descendo dos matos vizinhos lhes vendem mais baratos, por não haver naquela extensíssima e solitária praia, quem possa arrecadar os Dízimos para a Fazenda Real; participa que enviou um sargento-mor e dois subalternos cumprimentar o comandante, comodoro Benjamim Hallowell e oferecer-lhe toda a hospitalidade, sugerindo que viesse fundear na cidade, que nada lhe faltaria; recebeu um oficial por ele enviado, que lhe pediu licença para fazer água, víveres e lenha, o que recusou; enviou um destacamento para se situar distante da praia; o comandante quando viu que todos os pretextos que procurava para se prover, não resultavam, mandou à cidade buscar lenha e o resto dos víveres, só tendo cometido um excesso, o de levar lenha que um morador tinha ao pé da praia sem a pagar; o navio fez-se à vela em 17 de Março, tendo vindo despedir-se e agradecer a maneira como tinha sido tratado; considera que semelhante costume de fundearem as nações estrangeiras naquela praia, prejudica muitíssimo a colónia e tenciona enquanto governar a colónia, extinguir este abuso.

OFÍCIO do governador de São Tomé e Príncipe, coronel de Artilharia Gabriel António Franco de Castro, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar] visconde de Anadia [D. João Rodrigues de Sá e Melo] a informar que o desembargador ouvidor-geral de São Tomé, Luís Moutão Cordeiro do Vale, adoeceu com a moléstia da terra e tendo piorado, recolheu-se ao seu quartel, onde em poucos dias se restabeleceu e em 13 de Dezembro voltou a casa; nessa noite, alta madrugada, dirigiu-se ao Hospício de Santo António, acompanhado por alguns escravos, e levou para casa o que quis, causando a maior admiração na cidade, por envolver alguns quadros, duas alcatifas da igreja e uma cortina que servia para a exposição do Senhor; guardou silêncio por ver o estado doentio em que se encontrava, apesar de não ter deixado de fazer um auto de corpo de delito, pelo provedor interino da Fazenda Real; em 27 de Dezembro, recolheu-se novamente doente ao seu quartel, falecendo em 16 de Janeiro; participa que imediatamente mandou fazer sequestro em todos os seus bens, para indemnizar a Fazenda Real do que lhe ficou devendo e fez repor no dito hospício e igreja o que tinha tirado; os cónegos receberam mal a sua morte, não lhe querendo dobrar os sinos, tendo sido necessário que lhes ordenasse para fazerem as honras, por ser pessoa tão condecorada; nas disposições testamentárias, deixou-lhe como seu testamenteiro os seus bens, que apenas chegam para indemnizar a Fazenda Real, os quais, além do sequestro, encontram-se debaixo de guarda e as chaves num depósito, tudo inventariado, para algum destes dias irem à praça.

OFÍCIO do governador de São Tomé e Príncipe, coronel de Artilharia Gabriel António Franco de Castro, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar] visconde de Anadia [D. João Rodrigues de Sá e Melo] sobre o total desarranjo e desordem em que se encontra a arrecadação da Fazenda Real, a saber: quando as embarcações chegavam a este porto, cada mestre declarava o que queria, desembarcava quando queria e nas praias onde lhe convinha; as pessoas que embarcavam géneros, pagavam os direitos à sua vontade e os estrangeiros tinham toda a liberdade para circularem pela cidade e pelos campos; informa que expediu as ordens necessárias aos corpos das guardas e também ao desembargador provedor da Fazenda Real, para que se registasse na alfândega, os artigos referidos numa cópia que remete; o funcionamento da alfândega é o mais miserável que tem visto e pior a arrecadação da Fazenda; informa que exercia o lugar de provedor, o escrivão da Fazenda, António Soares e Noronha, sem provimento desde Janeiro de 1800, não pagando os novos direitos, tendo sido autuado em resultado de uma sentença da provedoria e obrigado a pagar os direitos a dobrar, mais um ano de ordenado, as custas, e inibido de exercer cargo algum da Fazenda Real; este mesmo escrivão, quis-lhe ocultar um depósito, que por ordem de S. A. R. está no Cofre e que o seu antecessor, João Baptista e Silva, levantou sem ordem; o almoxarife da Fazenda Real, José Monteiro de Carvalho que serve de capitão de Milícias, dá relações tão embaraçadas da Fazenda Real, que ninguém entende; não existe dinheiro no Cofre e o almoxarifado está cheio de fazendas velhas, ridículas e incapazes, as quais ninguém quer, encontrando-se os filhos da folha passando miséria; estas fazendas não servem senão para grande dano e prejuízo da Fazenda Real e descrédito de quem a administra ou de quem as lá meteu; também concorreram para esta situação os anteriores almoxarifes, João Ferreira Guimarães e Gil José Duarte Dias.