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REPRESENTAÇÃO dos negociantes e homens bons da cidade de Luanda, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar, Conde da Barca, António de Araújo de Azevedo], a apresentar as justas queixas, a que depois de 4 anos, têm dado causa os iníquos procedimentos do bacharel Francisco Xavier Furtado, residente nesta cidade; faz uma descrição circunstanciada do percurso do suplicado, que veio para Angola degredado por 5 anos, por traição à Pátria, e foi recebido com sua "escandalosa" mulher em casa do "imbecil" e então juiz de fora, Manuel Pinto Ribeiro Pereira de Sampaio, tendo pedido licença para advogar nos auditórios da cidade, daí decorrendo a venda a peso de ouro da sua justiça; este é o resultado de ficar um degredado a governar o Cível e o Crime, o Juízo dos Orfãos e as Fazendas dos Defuntos e Ausentes; com a vinda do atual juiz de fora, Manuel Leite de Faria, houve a expetativa que cessasse o flagelo, mas este deixou-se também seduzir às sedições do suplicado; exemplifica com um caso de um simples despacho sobre uma herança, o qual parece uma sentença arbitrária proferida com escândalo, sem audiência nem defesa dos requerentes; nas atuais circunstãncias, em que por ordens régias se estão conhecendo os crimes do ex-juiz de fora, Manuel Pinto Ribeiro Pereira de Sampaio e em que o suplicado é assaz envolvido, muito mais perigosa se torna a sua residência nesta cidade; concluem, pedindo que o suplicado, Francisco Xavier Furtado, vá concluir o seu degredo num dos presídios de Angola, onde não possa continuar a sua péssima conduta e ser finalmente e devidamente castigado.

OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, José de Oliveira Barbosa, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar, Conde da Barca], António de Araújo de Azevedo, a informar que no fim de Dezembro de 1815 foi suspenso o trabalho do encanamento do Rio Cuanza, devendo ser reiniciado em Maio, quando abranda o calor e diminuem as águas; segundo o seu diretor, a extensão do canal é de 9 mil e 303 braças, tendo a obra passado do meio; descreve mais pormenores da obra; informa que a despesa dos meses de trabalho atingiu 2 contos, 271 mil e 590 réis, porém esta despesa é pouco onerosa à Câmara da cidade, porque além da quantia de 800 mil réis que já recebeu da Fazenda Real, existe 1 conto e 600 mil réis que S.A.R. mandou aplicar na obra, tendo alguns sujeitos feito donativos, que suavizaram a despesa da Câmara, o que já inclui a importância de 253 mil e 800 réis, em géneros já comprados para este ano; considera que o seu merecimento nesta obra foi a preserverança, ficando reservada toda a glória da execução deste projeto, para o diretor, Manuel José da Cunha e Sousa Alcoforado, o qual tem expiado o crime que cometeu contra a Pátria, por meio do benefício que se propôs fazer a esta colónia, sofrendo graves moléstias, fadigas inexplicáveis e privações de todo o género, sem outro partido que o de 2 mil réis diários nos meses de trabalho e 10 tostões nos outros dias; deve-se fazer também justiça, ao 2º tenente de artilharia, Bernardo José da Costa, porque em todo o tempo tem assistido aos trabalhos com infatigável atividade, zelo e inteligência, tendo sofrido também, todos os incómodos acima referidos.