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OFÍCIO do governador de Cabo Verde, coronel, João da Mata Chapuzet, ao [ministro do Reino] Felipe Ferreira de Araújo e Castro, sobre a existência de um hospital da Misericórdia na cidade da Ribeira Grande, o qual não desempenha os fins do seu pio estabelecimento, apesar de ter 1 conto de réis de renda anual; em consequência, escreveu ao provedor da Santa Casa da Misericórdia, para o coadjuvar no objectivo de melhoramento do mesmo hospital; troca de correspondência entre si, o Bispo e o provedor; junto com o ouvidor, resolveu ir visitar o hospital, tendo ali reunido todos os irmãos que compõem a Mesa este ano; ficou admirado com a falta de caridade que havia com os desgraçados doentes, a saber: dormiam no chão numa esteira, por falta de camas, alguns tinham como cabeceira uma pedra, não existiam utensílios, nada para a aplicação dos remédios, etc; fez saber a todos os irmãos mensários, que não pretendia tomar lugar algum na Misericórdia e só unicamente assistir a todas as suas reuniões, para melhorar o estabelecimento; estabeleceu uma contabilidade clara e conhecida; mandou aprontar um cofre com 3 chaves, entregues ao provedor, ao escrivão e ao tesoureiro; depois de várias sessões, pode informar com satisfação, que todos os doentes dormem já em suas camas sobre barras, com lençois e cobertores, que têm tijelas, pratos, talheres, guardanapos, toalhas, bacias de lavar as mãos e uma botica provisória; apesar desta evolução, continuará os seus trabalhos a fim de melhorar o hospital; sendo os rendimentos da Santa Casa, de 1 conto de réis, 400 mil réis são aplicados em missas cantadas e rezadas; considera de absoluta necessidade, que se reduzam os impostos das missas; a Mesa é toda composta de cónegos e padres, à excepção do tesoureiro, do procurador e do escrivão; um grande número de habitantes tem representado sobre a mudança do hospital da cidade da Ribeira Grande para a vila da Praia; não concorda com a mudança, porque aqui é a morada do Bispo e existe um edifício próprio, com uma igreja decente que pertence à Misericórdia, onde o hospital se encontra estabelecido; considera no entanto, que no hospital militar da vila da Praia, haja uma enfermaria pertencente à Santa Casa, pagando a despesa com os remédios e a manutenção dos doentes, pelos rendimentos da mesma, visto que o facultativo do hospital militar se oferece a curar os doentes gratuitamente; esta medida é necessária, porque é à vila da Praia que se dirigem todas as embarcações, é onde residem as autoridades militares e civis e onde desembarcam e se estabelecem quase todos os degredados; o Bispo vendo o melhoramento feito no hospital da Misericórdia, ofereceu e entregou 50 mil réis para a sua despesa, tendo pelo mesmo motivos, os oficiais europeus aqui destacados, se reunido e concorrido também, tendo tudo junto, resultado na quantia de 61210 réis, 20 lençois e 5 toalhas, entregues à Santa Casa.

OFÍCIO do governador de Cabo Verde, João da Mata Chapuzet, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar] conde de Subserra [Manuel Inácio Martins Pamplona Corte Real], em que, tendo-lhe sido determinado que ficavam sem efeito todas as últimas inovações, em consequência de ter sido restituído aos seus antigos e legítimos Direitos, El Rei Nosso Senhor, o que foi fielmente cumprido nesta província com excepção da Lei de 20 de Julho de 1822; pergunta se esta Lei deve continuar a ter o mesmo vigor; a bem da província, roga que se continue a proibir a importação de toda a qualidade de licores espirituosos, de tabaco em folha e de algodão em rama, que vierem de países estrangeiros, não só, para animar os habitantes a plantar, mas também, porque serão obrigados a importar esses artigos de Portugal; quanto ao milho, ficou livre de Direitos pela referida Lei, o que considera uma grande desvantagem com grave prejuízo para a Fazenda Real; disparidade com as produções do algodão e da aguardente; o congresso procurou esclarecer-se com o único deputado da província, sendo este um dos maiores proprietários da ilha do Fogo, que produz a maior quantidade de milho em toda a província, tratou por isso, de ficar livre de Direitos; considera que o milho deve continuar a pagar os Direitos de 20 réis por alqueire; a exportação do sal tem diminuído, sendo a causa, o haverem os seus antecessores governadores, aumentado o Direito de Ancoragem para 6 duros, quando sempre se pagavam sómente 4 duros; a plantação de café tem crescido, considerando que deve ser livre de Direitos por 10 anos, sendo exportado para Portugal, a fim de que possam animar-se os plantadores.

OFÍCIO do governador de Cabo Verde, coronel, João da Mata Chapuzet, ao [Conde de Subserra] Manuel Inácio Martins Pamplona Corte Real, sobre: para evitar os contrabandos que se fazem constantemente nesta ilha, pelos navios que aqui aportam com grave prejuízo da Fazenda Real, dispôs os guardas que achou necessário nas praias e deu ordens para não deixar embarcar ou desembarcar coisa alguma, depois do Sol posto; aconteceu porém, que indo a bordo de um navio americano, Samuel Hodges Júnior, auto intitulado cônsul da América Inglesa, e voltando depois do Sol posto, um guarda se opôs as seu desembarque; reagiu e saltando em terra, quis agredir a sentinela, tendo sido preso e conduzido ao quartel general; mandou-o soltar, tendo trocado correspondência; mandou tirar uma devassa ao desembargador ouvidor-geral da província, a qual remete; posteriormente chegou a ratificação de S.M. Fidelíssima para o dito cônsul, e imediatamente o reconheceu como tal, tendo a partir daí reinado a normalidade; porém, declara que este cônsul mesmo antes de ser reconhecido por S.M., fazia um contrabando e monopólio extraordinário, de tal maneira que no tempo dos seus antecessores houveram gazetas inglesas, que disseram que Cabo Verde era governado pelo dito cônsul; o cônsul tem um grande mastro nas casas em que habita, no qual arvora a bandeira americana todos os dias de festa e pela entrada de todos os navios, de maneira que na capital de Cabo Verde tremulam duas bandeiras, a portuguesa e a americana, o que considera inapropriado; este é o único cônsul de nação estrangeira existente em Cabo Verde, tendo um seu delegado, na ilha do Maio.

OFÍCIO do governador de Cabo Verde, coronel, João da Mata Chapuzet, ao [ministro da Guerra], Manuel Gonçalves de Miranda, sobre: a guarda da Praia Negra, composta por 1 cabo e 3 soldados, foi surpreendida, amarrada e conduzida a bordo de uma das embarcações surtas neste porto, tendo escapado 1 soldado; imediatamente marchou para a Bataria Grande, fez carregar 6 peças com bala e reforçou as restantes Batarias, dando ordem aos seus comandantes para fazerem fogo sobre qualquer embarcação que pretendesse sair do porto; lançou ao mar a única lancha que aqui existe, com 20 soldados europeus, municiados com cartuchame e comandados pelo ajudante de ordens do governo, António Lourenço do Couto, com ordens para revistar todas as embarcações, para se examinar o motivo de um tal atentado; chegou-se à conclusão que o ataque sofrido, foi feito pela lancha de um navio inglês de nome Swift, consignado a um americano chamado Samuel Hodges, que se intitula cônsul da América Inglesa e que a mesma tinha surpreendido a guarda, aliada a alguns degredados, que embarcaram na mesma e se fizeram à vela, seguindo o rumo da ilha do Maio; utilizou uma pequena escuna inglesa, que mandou carregar com 28 marinheiros armados do brigue São Manuel, que estava no porto com carga para a Bahia, mas que não podia seguir o navio fugido por ter a bordo 80 bois vivos; depois de 2 dias a escuna voltou sem ter avistado o navio fugido; desconfiando que o navio em fuga se tinha convertido em corsário, logo oficiou ao desembargador ouvidor, para que abrisse uma devassa sobre tal facto e por ser a primeira vez que fugiam degredados desta maneira; este americano, Samuel Hodges, que se encontra aqui estabelecido, é prejudicial, tanto pelo contrabando que sinistramente faz, como pelo monopólio que exerce; os degredados em fuga não excedem o número de 12; pede instruções.

OFÍCIO do governador de Cabo Verde, coronel, João da Mata Chapuzet, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Inácio da Costa Quintela, a participar o envio para o Reino de 3 presos de Estado, cabeças dos levantados da Ribeira do Engenho, assim como de 2 marujos e do mestre da sumaca Sinceridade, que foi condenada neste porto; foi ordenado à escuna artilheira que se encontra ao serviço da província, que seguisse viagem para Lisboa, levando a bordo parte dos prisioneiros e comboiando o iate Santa Ana com os restantes; nos meses de Agosto a Outubro, devido aos tempestuosos ventos do Sul, não há um só ancoradouro capaz e seguro para qualquer embarcação, à excepção do porto da ilha de São Vicente, por isso, a escuna artilheira sendo uma embarcação muito pesada, pouco veleira, não pode acostar nestas ilhas, porque se perderia, o que já esteve muito perto de acontecer; quando foi necessário enviar a dita escuna, às ilhas do Maio, Boavista, São Nicolau, São Vicente e Santo Antão, onde só se demorava na entrega de ofícios e no recebimento de dinheiro dos feitores da Fazenda, demorou na ida e volta mês e meio; por aqui se vê, a sua incapacidade para o serviço da província; sendo assim, pede que se envie outra embarcação mais capaz e menos dispendiosa para o serviço e no caso de ainda não ter sido possível atender favorávelmente uma sua representação anterior, pedindo o envio de uma embarcação de guerra, que a mesma escuna volte, para a correspondência tão necessária entre estas ilhas.