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DIÁRIO da viagem do brigadeiro José Custódio de Sá e Faria da cidade de São Paulo à praça de Nossa Senhora dos Prazeres do rio Iguatemi . Saiu de São Paulo a 3 de Outubro de 1774 em direção do porto da freguesia de Araritaguaba, acompanhado de oficiais e de 22 soldados de artilharia do Rio de Janeiro. Passando pela aldeia dos Pinheiros e costeando o rio Tietê chegaram a uma fazenda de (D. José I), que pertenceu aos jesuítas, chamada Araçariguama, e daí dirigiram-se à vila de (Nossa Senhora da Candelária de) Itu. Dirigiram-se depois para a freguesia de Araritaguaba. Embarcaram em 10 canoas com 56 pilotos e remadores, levando também 19 presos para o Iguatemi e começaram a navegação do rio.. Continuando a navegar, chegam à cachoeira "Pirapora" e à dos Pilões e passaram por Curusuguasá, por Forquilha e por uns pequenos recifes Garcia e Matias Pires; de novo passaram um barranco Iaguacuará, os rochedos Itapema pequena e "Itapema grande. Na praia de Capivari pararam por causa da chuva; continuando a navegar, passaram a barra do rio Sorocaba. Passaram depois pela cachoeira das Pederneirase dirigiram-se para o noroeste, rumo aos serros de Araraquara, passaram a barra do rio dos Lanções e várias cachoeiras.. Depois passaram as barras dos rios Jaguaraí, Jacaré pipira e outras cachoeiras.. Prosseguindo na viagem, passaram o Ribeirão do Rio Morto de Avanhandava e muitas barras de ribeirões e cachoeiras, aaté atingir salto de Itapura., Encontraram mais adiante, o rio dividido em dois braços À direita desagua o rio Pernambuco que vem do rio Paraná, no qual existe a cascata Urubupungá. Deixando o rio Tietê, começaram a navegar o Paraná.. Prosseguindo, entraram pelo rio Pardo, por onde navegam os comerciantes que vem do Cuiabá e de Mato Grosso. Tem grande número de cascatas, o que obriga a passar as canoas em carros, no sítio de Camapuã até se lançarem no rio Cochim que deságua no Taquari . Descendo este, entram no rio Paraguai , e subindo-o, chegara ao Cuiabá que os conduz do Jaurú para o Mato Grosso Continuando, chegaram à barra do rio "Paraná pané". Passaram por várias ilhas na costa ocidental.. O rio Paraná é muito largo no sítio onde o rio Ivinheima deságua. Chegaram depois à barra do rio Ivaí, que vem dos campos de Tibagi e Garapuava. Por detrás de umas ilhas que contornaram, deságua o rio Amambaí, cuja nascente é próxima da do Iguatemi, Começaram a subir este e, após terem remado algumas léguas, chegaram à guarda da Forquilha, que tem um sargento e 12 homens e fica à direita, antes de chegar à junção do rio Escopil com o Iguatemi. Aqui tomaram oito homens para ajudarem os trabalhos das canoas. Tendo eles partido, chegou o sargento da guarda com quatro desertores: dois soldados de Infantaria e dois aventureiros que estavam a construir uma canoa para fugirem para São Paulo. Assim que avistaram as canoas da expedição, vieram oferecer-se para ir nelas. Aqui chegaram ao capitão Joaquim de Meira de Sequeira 15 homens que se tinham perdido da Forquilha, para ajudarem a passar as cachoeiras. Passaram mais duas cachoeiras, a última das quais, a do Ribeirão custou muito a passar, depois por outras - e na do "Urubú" encontra-se o capitão de aventureiros acima referido, Joaquim de Meira com 26, que semeiam milho, mandioca e feijão por conta de (D. José I) para sustento da tropa da praça de Nossa Senhora dos Prazeres. Passaram sem dificuldades a cachoeira Paiol e o ribeirão das "Bogas" e chegaram à praça de Nossa Senhora dos Prazeres do Iguatemi, terminando assim esta viagem.

OFÍCIO do (brigadeiro) José Custódio de Sá Faria para o (ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos) Martinho de Melo e Castro, dizendo que pela "carta de ofício", mapas e diários a ela juntos, lhe apresenta a informação dos pontos a que devia responder, decretados nas ordens de (D. José I), o que suavizaria o desagrado do Rei, cansado pela demora a que o obrigaram em São Paulo. Diz que o (governador) e o capitão-general da capitania de (São Paulo), (D. Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão, morgado de Mateus), não concordava com a sua ida para o Iguatemi , não lhe mostrando, para evitar que insistisse em partir, uma Carta de 20 de Novembro de 1772, na qual se renovava essa ordem. Perguntando porque não lhe dera ordem de marcha, conforme lhe fora mandado, respondeu o governador que o não fizera para evitar que corresse algum risco sem necessidade, apesar de ele ter insistido.. Acrescenta que, se não tomou a iniciativa de partir foi porque se encontrava debaixo das suas ordens, que já podiam ser diferentes, pois o governador evitava falar com ele acerca do Iguatemi. Resolvera aquele que antes da chegada das últimas ordens, fosse e voltasse à citada praça, porém passados oito dias ordenou o contrário, alegando que queria fazer ainda umas investigações. Diz que assim que chegou à vila de Santos, tendo saído do Rio de janeiro, lhe escreveu o dito governador, mandando que seguisse para São Paulo, o que assim fez, e tendo aí chegado ordenou-lhe que fizesse o papel que firmou em 21 de julho de 1772 sobre a defesa do Iguatemi, não lhe tornando a falar na sua viagem para ali. Verificou, então, que somente pretendia o dito papel antes de tomar conhecimento do estado em que se encontrava o Iguatemi e informando-o apenas que a serra de Maracaju era impenetrável. Referindo-se à sua chegada à citada praça, diz o dito brigadeiro que encontrou tudo num estado lamentável. Quanto às cinco Companhias de Aventureiros encontrou-as formadas de negros, mulatos, índios e criminosos, que eram pessoas em quem não se podia depositar confiança, e as quais continuamente desertavam. Falando acerca do governador de Iguatemi, o capitão-mor regente José Gomes de Gouveia, acha que não é pessoa indicada para o citado cargo, visto que era incompetente em assuntos militares e que praticara vários crimes em São Paulo. Aludindo à proposta que lhe fez o governador , à sua saída de São Paulo, dizendo-lhe que se tornasse seu aliado e confirmasse as suas contas, porque em troca o tiraria deste distrito, respondeu o citado brigadeiro que sempre fará as suas observações com toda a lealdade, interessando-lhe somente permanecer onde fosse do agrado de (D. José I).

OFÍCIO do (governador e capitão-general da capitania de São Paulo), D. Luís Antônio de Sousa (Botelho Mourão, morgado de Mateus), para o (ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos), Martinho de Melo e Castro, dizendo que pela carta de 10 de Agosto de 1774 lhe participou que recebera e ficara cumprindo as ordens de (D. José I) que, o dito ministro, enviara para este governo, em 21 de Abril de (1774). Nesta conformidade, ordenou que, imediatamente, se preparassem as canoas em que devia partir para o Igatemi (Guatemy), o brigadeiro José Custódio de Sá e Faria, o qual, em nome do Rei, informou acerca de tudo o que devia efetuar nesse local. Como ele tivesse adoecido em São Paulo, não conseguiu senão partir em 3 de Outubro, para "Araritaguaba", onde embarcou, e, navegando pelo rio Tietê, passou as últimas cachoeiras de Itapuna, chegando a salvo à praça de (Nossa Senhora dos Prazeres do Rio Iguatemi). Dali, partiu imediatamente para a serra de (Maracaju) e remeteu para esta capitania todas as canoas, com exceção de uma, para por ela enviar os ofícios dando conta das suas observações. Refere-se, depois, o dito governador às dificuldades que teve para formar o Regimento de Paulistas e as Companhias de Caçadores, e à maneira como ficaram constituídos, os quais, segundo ordens do Rei, deviam estar prontas para, a qualquer momento, serem enviadas para o Viamão. Acha que estas tropas deviam embarcar no porto de Santos para daqui passarem a Laguna, porque este era o caminho mais fácil e rápido. Finalmente, diz que comunicara todos estes fatos, com o fim de trocar impressões, ao vice-rei do Estado (do Brasil, marquês do Lavradio, D. Luís de Almeida Portugal Soares de Alarcão Eça e Melo Silva e Mascarenhas), ao tenente-general João Henrique de Böhm e a outros governadores do Sul, dos quais somente, o da ilha de Santa Catarina, Antônio Carlos, lhe respondeu dizendo que em Viamão não ocorrera novidade alguma.

CARTA do provedor da Fazenda Real de São Paulo, José Honório de Valadares e Aboim, para (D. José I), referindo-se a duas portarias do governador e capitão-general daquela capitania (D. Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão, morgado de Mateus) e às respostas que deu às ditas portarias. Informa que a referido governador não mandava registrar os documentos nos Livros da Secretaria. Mais informa que o dito governador proibiu o escrivão da Junta de lhe passar quaisquer certidões, o que implicava severa punição, obstando assim a que o dito provedor organizasse a sua defesa e demonstrasse a sua inocência. Queixava-se daquele governador o ter insultado, em pleno Tribunal da Junta, em virtude de o ter informado da impossibilidade de fazer pagamentos fora da Junta. Era sua intenção não abandonar a Provedoria nem a Junta, salvo ordem Régia, para livrar a sua responsabilidade, de presumíveis prejuízos na Fazenda Real, quando da sua ausência, em serviços pretestados pelo governador, para o afastar a fim de fraudulentamente lavrar documentos e justificações para usufruir dos bens seqüestrados aos Jesuítas, utilizando-se continuamente dos escravos da fazenda de Santa Ana. Servia-se, abusivamente, dos oficiais da Casa da Fundição, para trabalhos particulares, mandando fundir ouro, transgredindo assim as ordens Régias. Com o seu afastamento, evitava que tomasse conhecimento dos clamores de todo o povo, protestando contra a sua tirania. Acusa, ainda, o governador de mandar um criado retirar dinheiro do cofre, cuja chave possuía, dinheiro seqüestrado aos Jesuítas. Considera indispensável um inquérito rigoroso, para confirmar as suas afirmações e pôr termo a estas irregularidades.

OFÍCIO do (governador e capitão-general da capitania de São Paulo), Martim Lopes Lobo de Saldanha, para o (ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos), Martinho de Melo e Castro, informando que, logo que chegou ao Rio de Janeiro se dirigiu a casa do vice-rei de Estado do (Brasil), D. Luís de Almeida Portugal Soares de Alarcão Eça e Melo Silva e Mascarenhas), marquês do Lavradio, para trocarem impressões sobre as instruções que ambos possuíam. Assim comunicou-lhe o vice-rei as que tivera sobre a capitania que ele governador ia passar a governar e o que nela era preciso realizar, afirmando-lhe que estava pronto a auxiliá-lo em tudo quanto necessitasse. Falando dos oficiais maiores do Regimento de (São Paulo) diz que o marquês do Lavradio queria que ambos escolhessem para aqueles, os oficiais mais competentes, o que brevemente fariam porque devia estar a partir para a sua capitania. Para este transporte destinou o dito marquês a fragata de Pernambuco, na qual, igualmente, embarcariam 300 a 350 homens do Regimento de Infantaria, a fim de passarem à Ilha de Santa Catarina, e daqui ao continente do Rio Grande de (São Pedro do Sul). Considera uma grande vantagem para o serviço real o irem por mar, visto ser um corpo constituído por pessoas habituadas a uma certa comodidade, e não como as do Regimento de Voluntários, que partiriam por terra, por se encontrar formado quase exclusivamente por sertanejos, habituados a vencer só dificuldades dos sertões.

OFÍCIO do (governador e capitão-general da capitania de São Paulo) D. Luís Antônio de Sousa (Botelho Mourão, morgado de Mateus) para o (ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos Martinho de Melo e Castro) dizendo-lhe que recebera a sua carta, na qual estavam expressas as positivas ordens de (D. José I), acerca da capitania de São Paulo. Nesta conformidade, ordenou ao brigadeiro José Custódio de (Sá e Faria) que partisse para o Iguatemi .. Referindo-se aos socorros para o Viamão. mandou que as Companhias da praça de Santos, que se encontrassem espalhadas, recolhessem a esta cidade para do mesmo modo como enviara já parte delas e um reduzido corpo do Regimento de Dragões Auxiliares de São Paulo, serem dali enviados para Laguna ou Santa Catarina, dado que aquele porto era o local por onde mais fácil e rapidamente seriam expedidas. Pelo mesmo motivo conservou no dito porto o destacamento das Companhias do Rio de Janeiro, que dali partiram para a província do Rio Grande de (São Pedro do Sul) apesar da insistência em contrário do vice-rei que era de opinião que se mandassem as tropas pelo sertão de Curitiba, apesar de saber as dificuldades que ali encontrariam para o atravessar. Quanto às tropas Auxiliares, entre outras qualidades, alude à sua obediência e aprumo militar. Aludindo ainda ao Corpo de Caçadores que o Rei ordenara que formasse, diz que necessitava do auxílio de um oficial do Rio de Janeiro. No entanto, para que possa haver uma certa facilidade no envio destes socorros e como a capitania de (São Paulo) tem de contribuir com tão poderoso auxílio, acha que deve estar ao fato de todo o plano e de todas as operações militares que o Rei ordenar em Viamão, para conveniência do real serviço. Termina afirmando que só executa o que o ministro lhe determina e que o seu único desejo é cumprir lealmente o real serviço e aumentar os domínios do Rei, com grandes lucros para a Fazenda Real e para a Coroa.

CARTA do (governador e capitão-general da capitania de São Paulo, D. Luís Antônio de Sousa (Botelho Mourão, morgado de Mateus) para o (ministro e secretário do Estado dos Negócios do Reino, Sebastião José de Carvalho e Melo) marquês de Pombal, dizendo que na ocasião em que viera para a (capitania de São Paulo), lhe fora concedida licença para habitar em todas as casas que tinham pertencido aos jesuítas, devido ao mau estado em que se encontravam as que pertenceram aos seus antecessores. Com esta ordem chegou à dita capitania e instalou-se no colégio de Santos, o qual, por estar completamente arruinado, reconstruiu. Daqui, seguiu para São Paulo, onde estabeleceu no colégio que também estava danificado a sua residência, mas somente nos compartimentos a que alude, os quais, depois das obras, a que também faz referência, tornaram o colégio apto a servir de morada aos generais. Estando as coisas neste estado, informou, para a Corte, o Bispo de São Paulo, (D. Frei Manuel da Ressurreição), que o referido colégio se encontrava danificado e não existia domicílio próprio para os Bispos, pelo que pedia que lho entregassem. Foi lhe deferido o pedido. Sobre este assunto diz o governador de São Paulo, que, mesmo apesar de prever todos os inconvenientes que resultariam desta entrega e depois de ter consultado a Junta da Real Fazenda, a fizera imediatamente, à chegada do Bispo de São Paulo, porque, como era uma terra essencialmente religiosa, não lhe convinha incompatibilizar-se com o referido prelado atrair sobre si a má vontade do povo, do qual necessitava para enviar socorros ao Rio Grande de São (Pedro do Sul) os quais lhe eram pedidos insistentemente pelos governadores do Sul e pelo vice-rei do Estado (do Brasil, D. Luís de Almeida Portugal Soares de Alarcão Eça e Melo Silva e Mascarenhas), marquês do (Lavradio). Refere-se, então, o governador ao diminuto espaço em que reside, depois desta entrega, e à contrariedade que sofre em ser devassado pelas janelas do Bispo como pedindo ao marquês do Pombal, que se digne ordenar a construção dum palácio episcopal, que certamente sairá mais econômico, do que construir uma residência para generais tão completa como a que se encontrava presentemente naquele Colégio.

CARTA do provedor da Fazenda Real (da capitania de São Paulo, José Honório de Valadares e Aboim, para (D. José I), dizendo que, apesar de se encontrar suspenso, não pode deixar de informar o que se passou acerca do contrato dos dízimos. Tendo-se posto editais para que no mês de Junho de (1774), se arrematasse o contrato dos dízimos daquela capitania, por três anos, que começariam em 1 de Julho do mesmo ano, principiou, repentinamente, no dia 25 de Junho sem ter havido os pregões costumados. E, pelo porteiro da Junta (João Pedro Ribeiro da Veiga), foi então publicado um lanço, que lhe dera o capitão-mor Manuel de Oliveira Cardoso, o qual foi coberto pelo mercador (de São Paulo), Manuel José Gomes, que ordenou ao porteiro que desse, assim, o contrato por arrematado. Mas, o dito capitão-mor e o capitão Antônio Fernandes do Vale, não ficaram satisfeitos e cobriram aquele lanço com os seus, que não foram aceitos pelo porteiro. Para reclamar desta atitude, entrou o dito capitão-mor na Casa da Junta, e expôs o sucedido, dizendo que, mesmo havendo quem subisse o seu último lanço, ainda o tornaria a cobrir. Mas, o presidente da Junta e também (governador e capitão-general da capitania de São Paulo), D. Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão, (Morgado de Mateus), respondeu-lhe que, como ele já fora contratador durante os anos antecedentes, era justo que se entregasse agora, por outros três, ao mercador Manuel José Gomes, pois com o seu lanço já ficava satisfeita a Fazenda Real, Como o dito capitão-mor rebatesse esta decisão dizendo que o Rei ordenava que se entregasse o contrato à pessoa que lançasse mais, respondeu-lhe aquele presidente que tomaria a responsabilidade de todo o prejuízo.

OFÍCIO do (brigadeiro) José Custódio de Sá e Faria, para o (ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos), Martinho de Melo e Castro, dizendo que, se não cumpriu as Ordens enviadas por (D. José I) para partir para o Iguatemi, foi porque o (governador e capitão-) general da capitania de São Paulo (D. Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão, morgado de Mateus), não as transmitiu, alegando que o não queria expor às terríveis epidemias que assolavam aquela região e pedindo-lhe que, por escrito, desse a sua opinião acerca da defesa daquela praça. No entanto, tendo recebido novas ordens, disse ao dito brigadeiro que partisse , informando-o sobre o local, dizendo que o estar na margem do rio, do mesmo nome, não constitui defesa suficiente para impedir aos castelhanos a sua passagem para os "campos da Vacaria" ao norte do dito rio, sendo necessário fortificar o passo da serra de Maracaju por ser o único aberto para os mesmos campos. Parece-lhe que a dita praça não se poderá manter senão com grande despesa da Fazenda Real, devido às epidemias que a assolam causando grande número de mortesReferindo-se à entrada dos castelhanos nos sertões de Ivaíe Tibaji acha que só a podem fazer pelo passo da já citada cordilheira, tendo de embarcar no Iguatemi para passarem ao Paraná, visto que o salto grande (do Paraná) não é transitável e deste mesmo salto correm, para o nascente, altas montanhas, por entre as quais se despenha o "Rio Grande de Curitiba" que fecha, pelo sul, a entrada dos ditos sertões. Com grande dificuldade poderiam intentar aquela entrada pela outra "Vacaria" a nordeste das missões castelhanas do Uruguai e ao sul da nascente deste rio, saindo das ditas missões e vindo apanhar a estrada que vem do Viamão e Rio Grande de (São Pedro) do (Sul) para São Paulo. Também pelo Iguatemi não vê grandes possibilidades, pois não existem sítios propícios à navegação nem possuem os castelhanos prática da mesma, apesar de se terem antigamente estabelecido no Paraná. Acha que os ditos sertões se poderiam povoar, servindo o rio Paraná de barreira. Concluindo, acha que, se não se tivesse feito no Iguatemi aquela povoação, nunca os castelhanos tentariam contra os portugueses qualquer ataque por aquele lado, nem se lembrariam que estes o fizessem dada a grande distância entre as povoações castelhanas e portuguesas. Deste modo ficavam os portugueses com todas as vantagens de os poderem surpreender o que não se dá visto que com uma povoação tão perto estão os castelhanos sempre vigilantes, tornando-se mais difícil entrar no Paraguai.

OFÍCIO do (governador e capitão-general da capitania de São Paulo), D. Luís Antônio de Sousa (Botelho Mourão, morgado de Mateus), para o (ministro e secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos), Martinho de Melo e Castro, dizendo que tomara conhecimento da ordem de (D. José I), para que enviasse ao Iguatemi, o brigadeiro José Custódio de Sá e Faria e que todas as suas observações fossem enviadas para a Secretaria de Estado, onde seriam apresentadas ao Rei, que decidiria o que mais conviesse ao seu real serviço. Referindo-se ao dito brigadeiro, é de opinião que, apesar de o considerar uma pessoa muito competente, devia o Rei, igualmente, atender às observações do capitão-mor regente José Gomes Gouveia, que governava a praça e verificar por elas, quais as mais verdadeiras e convenientes. Quanto a achar o dito brigadeiro o "circuito" da praça muito basto, não está de acordo, pois parece-lhe muito mais conveniente estabelecer uma povoação que se baste a si própria do que uma que necessite de constantes socorros; e, quanto a ser rodeada de "padrastos", também não vê inconveniente, pois o Iguatemi, nunca poderia ser defendido, somente, das suas muralhas, sendo necessário recorrer aos passos estreitos e avançados da serra de Maracaju O brigadeiro José Custódio de Sá e Faria declarara antes que a passagem da serra de Maracaju era impraticável, mas agora verificava que se enganara. No entanto, esta última opinião era contraditória a todas as afirmações que fizera em diversos papéis, na ocasião em que fora comissário das demarcações. Transcreve uma passagem do diário das demarcações, datado de 4 de Setembro de 1754 alguns parágrafos do papel datado e assinado em São Paulo, a 21 de Julho de 1772, nos quais diz que, primeiramente, se devia ocupar o passo da serra de Maracaju este, seguindo de leste para oeste desde o Salto Grande do Rio Paraná ou seja o lugar das Sete Quedas e depois, para o norte, acompanhando os "Campos de Vacaria" até quase ao rio Taquari , que ainda próximo da sua confluência com o rio Paraguai, conservava um cerro chamado dos Cavaleiros. Diz que esta serra parecia ter sido disposta pela natureza, para servir de fronteira visto que, seguro o seu passo, com fortalezas, nunca poderiam os Espanhóis, mesmo que as conquistassem, penetrar nos ditos domínios portugueses Referindo-se à possibilidade de os castelhanos se apossarem da navegação dos rios que possuíam os portugueses acima do salto Grande do (Rio) Paraná e daí infiltrarem-se, facilmente, pelo Brasil e ocuparem as minas, parece-lhe conveniente, para evitar tais fatos, que além da praça de (Nossa Senhora dos Prazeres do Rio Iguatemi) se construa uma fortificação avançada que sirva, simultaneamente, de barreira e atalaia. Quanto às epidemias com que o mesmo brigadeiro procurava despovoar aquelas paragens, elas não se verificaram com a intensidade que declarou, tendo sido imediatamente debeladas, com os medicamentos e médicos, enviados pela governador Refere-se à conveniência que existia em manter-se aquela praça, dizendo que representava uma grande segurança contra qualquer possível ataque castelhano e impedia que estes pudessem navegar com a mesma facilidade pelo rio Jejuí por onde sempre que quisessem atacariam os portugueses. Ainda se poderiam criar outras ramos de comércio, com as mesmas conveniências que se obtiveram na (Nova) Colônia do (Sacramento), achando o dito governador, apesar de lhe afirmarem a inutilidade da dita praça, que o chefiar-se grandes Estados é que formava os grandes Impérios. Termina dizendo que era tudo quanto sobre o assunto lhe ocorria participar.

OFÍCIO (cópia do), do (brigadeiro), José Custódio de Sá e Faria para o (governador e capitão-general da capitania de São Paulo), Martim Lopes Lobo de Saldanha, dizendo que (D. José I), o mandara ao distrito do (Iguatemi) a fim de obter informações sobre a nova povoação ali estabelecida. Saindo do Rio de Janeiro, chegou a São Paulo disposto a partir para o dito distrito, porém, por causas que ignorava, o ex-governador (D. Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão, morgado de Mateus), sob cujas ordens se encontrava, o não permitiu. No entanto, em Julho de 1775, chegaram novas ordens do Rei estranhando não se ter efetuado, ainda, a sua partida e dizendo que se haviam iludido as reais ordens, com falsos pretextos. Constava-lhe, agora, que aquele ex-governador fizera passar certidões falsas aos cirurgiões de (São Paulo), nas quais declaravam que ele, brigadeiro, estivera doente, para se justificar de não ter cumprido a citada ordem. Em cumprimento da última que recebeu, embarcou na freguesia de Araritaguaba e, navegando pelos rios: Tietê, Paraná e Iguatemi chegou à dita povoação, onde executou as reais ordens, cujos resultados remeteu ao Rei, por intermédio do citado ex-governador, que na carta de que transcreve uma parte, respondeu que, de fato recebera as observações, mas, como estava a chegar o seu sucessor, lhas entregaria e lhe exporia, também, todas as coisas de que a dita praça carecia. Remetia inclusa a cópia do ofício dirigido ao (ministro) e secretário de Estado dos (Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro), assim como alguns outros documentos que, na mesma ocasião, enviara. Igualmente, lhe remete as cópias das relações do que haviam pedido ao governador antecedente, para a dita povoação, e do que nela existia. Refere-se ao elevado número de mortes, ali registado, motivado pelas epidemias que assolavam aquela região e queixava-se de que os medicamentos eram insuficientes e de que não havia um hospital. Diz que os soldados e o povo vivem num estado de desolação terrível, sendo necessária uma vigilância constante, para evitar que desertem.

OFÍCIO do (governador e capitão-general da capitania de São Paulo), D. Luís Antônio de Sousa Botelho (Mourão, morgado de Mateus), para o (ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarino), Martinho de Melo e Castro, dizendo que, em 30 de Março de 1775, lhe escrevera participando que o brigadeiro José Custódio de Sá e Faria tinha chegado ao Iguatemi de onde enviara todas as canoas que o transportaram, com exceção de uma.. Logo que expedira este ofício de São Paulo para o Rio de Janeiro, chegou de Iguatemi na canoa de reserva, o tenente Joaquim José Botelho, que consigo trazia as observações feitasno passo da serra e nos locais que (D. José I) lhe determinara. Diz que estando a examinar as observações feitas pelo brigadeiro, o informaram que chegara ao Rio de Janeiro o seu sucessor, governador e capitão-general, Martim Lopes Lobo de Saldanha, pelo que resolveu não enviar as ditas informações senão pela nau de guerra que transportaria ou, então, comunicá-las de viva voz. No entanto, como tivesse despendido muito tempo a preparar a capitania para receber o seu sucessor e na viagem que fizera para Santos e dali para o Rio de Janeiro, achava que não devia fazer esperar mais tempo o ministro ; assim enviava-lhe, pelo barco que partia antes da nau que o havia de transportar, os ofícios contendo as reflexões que lhe ocorreram sobre as informações citadas, mas reservando os originais para os conduzir consigo e poder então de viva voz, e a vista de mapas, expor tudo pormenorizadamente.