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Entre 1788 e 1789, o médico Gaspar Lopes Henriques de Chaves, elabora uma análise diária e mensal do ano de 1788. Neste sentido, efetua o registo dos dias, nomeadamente, dias de lua, vento, termómetro, barómetro, estado do céu e destaca as várias semanas, enumerando também as mesmas. [Im. 3014_0007 e 3014_0008 Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74417 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74418 Conclui que o dia de maior calor foi a 29 de agosto e o dia de mais frio, foi a 27 de dezembro, em que, na noite deste dia, o frio atingiu uma temperatura de 33º [F] e passo a citar: “perto da congelação da água”. [Im 3014_0019] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74429 Constitui uma relação exata das doenças que aumentaram em 1788, descrevendo variadíssimas situações ocorridas em diversos meses do mesmo ano, relacionando os vários estados de tempo (seco, pouca ou nenhuma chuva, bom tempo, frio e outros) com a ocorrência de diversos tipos de patologia. Assim, no início do referido ano, menciona tempo seco e pouca ou nenhuma chuva com o aparecimento de doenças, tais como: flexões de peito, constipações e diarreias. Refere que o sarampo e a febre escarlatina são doenças que não apareceram…[Im 3014_0021] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74431 Em janeiro de 1788, o médico conta a situação de doença de Manuel José, 60 anos, de constituição frouxa e atacado de muito tempo de fluxo asmático, tomava muitos remédios que os médicos da Corte lhe tinham prescrito mas não lhe tinham feito qualquer efeito; pelo contrário, piorou do mal que padecia…caiu em deplorável estado sem poder dar nenhum passo; com febre, suor noturno e respiração curta e muco expetorante. Prescreveu leite de peito, caldos e outros expetorantes. Ia aliviando mas aos 12 dias da sua doença, chamaram Manuel Joaquim Henriques de Paiva, famoso médico que lhe disse que ele estava à porta da morte. Na opinião do médico Gaspar, as palavras do outro médico fez com que apressasse a morte pois ficou com a respiração alta, despido de espíritos e, por isso, em poucos dias faleceu… Outra situação de doença: um filho pequeno de Rodfort, 8 anos de idade, temperamento seco, foi atacado de febre lenta com diarreia - sintoma mortal, segundo opinião de alguns mestres. Este menino foi tratado e medicado por Francisco Gonçalves, cirurgião da vila de Almada. Contudo, por meio desse método, o paciente não melhorou e obrigou a chamarem o médico Gaspar. Assim, prescreveu o cozimento branco feito com água, leite de peito, como específico remédio balcânico, que tem renovado a vida a muitos, quando é dado a tempo. Na situação em causa, a natureza não estava recuperada por já estar abatido; logo, não fez o efeito desejado. [Im 3014_0022] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74432 Relata a situação de doença de Manuel Barbosa, tendeiro, no Lugar do Pragal, temperamento sanguíneo, fibra frouxa, obeso, ficou doente, em 20 de junho, de cólera-morbus, com sintoma de vómito verde, pulsação, por minuto 190, ventre húmido e duro, pressão de dor hepática, flatulência com ruído. Quando o chamaram, já estava a sangrar do pé. É comum nestas doenças, temer-se a inflamação pois a bílis mostra-se exaltada, pelos sintomas relatados e o facto de haver febre, prescreveu laxantes e clisteres. Ao terceiro dia receitou o óleo de amêndoas doces. Ao quinto dia, as dores continuaram, não obstante, os laxantes que prescreveu, como o soro de leite anti-bilioso e outros. A febre diminuiu bastante e, numa palavra, o indivíduo entende que o médico tem o poder de curar em poucos dias, o que muitas vezes, é incurável. [Im 3014_0030 e 3014_0031] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74440 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74441 Posteriormente, conduziu o doente ao Hospital de S. José, onde o receberam e prescreveram clisteres que é o remédio drástico e mais forte, o que provocou uma grande evacuação, o que, segundo opinião do médico, não duvidou que acontecesse, dado que os sintomas estavam no início e quase, na perda do seu mal. Ainda na opinião do médico: os tempos não são iguais, e assim o que convém, no último estado da doença. Caso contrário, poderia causar a morte. Porém, o povo não conhece nem conhecerá jamais esta diferença. Rezam porque o médico estará sempre sujeito a crítica, que, a ser Louvado, do que goza atualmente de saúde. [Im 3014_0034 e 3014_0035] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74444 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74444 Nos meses de julho, agosto e setembro não houve calor intenso, como aconteceu, recorda os anos de 1786 e 1787 em que surgiram doenças de tipo certo: febre intermitente; no entanto, houve poucos os que faleceram, como foi o caso do que aconteceu em alguns lugares, principalmente, nesta vila; não obstante, ter havido acessos violentíssimos e horrorosos, o que vulgarmente se designa de [ ? ] perniciosa. Foram curados através de água chamada de Inglaterra e outros remédios febris que provocaram, na realidade, um restabelecimento total em todos aqueles que ele curou. Realiza e descreve uma explicação sobre as diferenças, consequências e os sintomas de vários tipos de febre. Normalmente, para estas situações, o médico receitava alixifármacos, juntando alcânfora e enxofre que, segundo o médico, era um medicamento dos mais poderosos corretivos. [Im 3014_0048] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74458 Em Almada, a 15 de março de 1789, finaliza, afirmando que, parece-lhe ser inútil, fazer mais história das doenças que surgem em 1788, dado serem semelhantes, de sintomas iguais, e estes, serem mais fortes em algumas pessoas do que noutras, não dará uma noção diferente que, pela mesma razão, o médico possa, tendo em conta, os princípios e a praxe necessária, para o bom êxito e, daí, prescrever o remédio, afim de combater o mal a que está sujeita a condição humana. [Im 3014_0057 e 3014_0058] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74467 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4945&FileID=74468 Médico: Gaspar Lopes Henriques de Chaves.
De acordo com a tábua, no primeiro documento, foram realizadas observações do termómetro e barómetro, com as suas graduações, maior, médicas e menor, em cada um dos meses do ano de 1792, como também as maiores graduações dos ventos que existiram naquele ano. [Im. 3016_0007] Disponível em: Inicia uma pequena introdução, falando no mal epidémico que teve o seu princípio, em março, até ao dia presente, em que o médico Gaspar Chaves escreve este texto. Valoriza o amor que se deve ter, nos nossos corações, obrigando a fazer o trabalho, com mais cuidado e exatidão, destacando aqueles que vivem na Pátria. Destaca os valores de obrigação e reconhecimento, os quais estão ligados à família, com quem se tem uma estreita relação. Refere o amor e sentimento que a vila tem por ele, embora seja obrigado por Sua Majestade mas o próprio trabalharia igualmente pois paga o benefício, com a forma como o tratam. Enumera algumas doenças, como sejam, esporádicas, designadamente, as bexigas, sarampo, febres intermitentes, de fluxos, e estes, a grande parte são catarrais, acompanhado de outros sintomas, como sejam, as faces vermelhas, língua inflamada e dificuldade em respirar. [Im. 3016_0011] Disponível em: Foram prescritas as indicações exatas durante 3 meses, ainda que os fenómenos que surgiram, não provocaram nenhum mal, uma vez que todos ficaram curados. Os referidos sintomas foram reduzidos com: expetorais catarrais, sangria em pessoas que tinham febres frequentes e debilidade de fibra. Quem sofria de bexigas, havia mais febre. Nestes doentes, dava remédios estimulantes e outros remédios que poderiam colocar a natureza em movimento. Estes últimos medicamentos eram dados a pessoas de fibra fraca e frouxa. Nos meses de janeiro a março, segundo o médico, existiram doenças esporádicas e relata algumas histórias ou situações clínicas de várias pessoas. Refere um homem morador, na Trafaria, 36 anos, de idade, temperamento bilioso, muito dado à bebida de aguardente e no mês de janeiro, ficou imobilizado, ficando sem nenhum movimento, língua seca, secura, febre ardentíssima, pulsação de 70 por minuto, falta de apetite e ventre húmido. Prescreveu: clisteres, laxantes, juntando-lhe mel, para ter vontade de evacuação; enquanto a bebida água de frango com sementes frias, maiores, foram-lhe abrandando todos os sintomas, à exceção das dores que incomodavam, e para acalmar as mesmas, deu-lhe pós [?], por causa de lhe provocar transpiração, que se quer em semelhante caso. Ainda bebeu um composto de polpa de caja, dado que sofria de uma irritação de fibra e, de acordo, com o médico este doente fez história. [Im. 3016_0012] Disponível em: Continuando com o mesmo método, fazendo uso dos pós sudorificante [?], que era uma bebida salina. Toda a quantidade de remédio causou o restabelecimento, quer pela via do suor, quer pela via inferior. Deste modo, o êxito foi perfeito, como sucedeu. [Im. 3016_0013] Disponível em: Menciona que não há dúvida, que o carácter crítico da maior parte do fluxo hemorroidal, dá a entender que está exclusa a causa de que se juntam tantos fenómenos; é o facto de haver uma ideia da evolução que o sangue tem no círculo, percorrendo os vasos capilares, independente de tudo isto da ação do coração e artérias. [Im. 3016_0014] Disponível em: Em abril, as febres que apareceram tinham o mesmo carácter, sendo quase todas contagiosas. Dá a entender que se trata de epidemia, mas considerando que o referido mal, sendo epidémico, ataca o rico e o pobre […]. [Im. 3016_0017] Disponível em: Dos sintomas que acompanhavam normalmente as febres, salienta: angústias, ânsias, língua fusca, abatimento (este, como se já estivessem doentes há muito tempo), suores frios. Noutros doentes: vómitos secos com dor fortíssima, entre outros. [Im. 3016_0018] Disponível em: Importa referir que a pouca limpeza, na vila, a imundície que se juntam, a quantidade de porcos que andam por aí, fazem respirar um ar fétido insuportável, que faz mal, tanto ao que passa, como aquele que tem a infelicidade de existir em semelhantes lugares. Afirma que é do conhecimento geral que, os alimentos de má qualidade é causa de discrasia que dá na massa sanguínea, os malignos e heterogéneos humores [?] que se introduzem nos vasos, de que somos compostos, que perturbação e desordem não causa; há alguns doentes que vomitam cólera verde, dando mais aparência de uma cólica que uma febre contagiosa que foi o que sucedeu. [Im. 3016_0019] Disponível em: A família de José da Costa foi atacada de febre maligna complicada, acompanhada de lombrigas de formidável grandeza [Im. 3016_0020] Disponível em: Um dos seus filhos, necessitou de cirurgia, tendo estado no Hospital de São José, queixava-se de dor de cabeça, sede insuportável, olhos inchados, indicando delírio, ansiedade fortíssima, prostrado e abatido de forças. Colocou em praxe a sangria alta. Como tinha febre, acompanhada de convulsões, prescreveu limonada, juntando-lhe nitro, afim de lhe facilitar a urina, que de algum modo estava suspensa […]. Como prescrição: remédio de Le Conte, remédio muito experimentado em semelhantes casos. [Im. 3016_0021] Disponível em: A idade e o bom tratamento fez com que o restabelecimento se fizesse, tendo ficado num estado perfeito, gozando de saúde. [Im. 3016_0022] Disponível em: Não é importante recomendar as sangrias que existirão nesta vila e arredores, vendo que as doenças são mais procedidas de podridão do que de inflamação, motivo, pelo qual, é mais útil e muito necessário o purgante e este repartido, de acordo com os sintomas que aparecem, e para que as forças do doente não diminuem, sendo os acessos de febre muito violentos, será mais que necessário usar, como referido anteriormente, noutras observações, o antefebril de Hoxh [?] […]. Põe em prática os sanapismos e os cáusticos, não só para as febres podres mas ainda nas inflamatórias […]. [Im. 3016_0023 e 3016_0024] Disponível em: Cita Baglivio, que observava gangrenismos pelos visicatórios (medicamento externo que faz levantar bolhas na pele; caustico) que aplicava numa das epidemias que observou e tratou, dando a entender a muita cautela que deve haver ao aplicar os mesmos, principalmente, havendo convulsão e delírio. [Im. 3016_0026] Disponível em: Numa palavra, em toda a doença em que não há crise, e pressentindo quase todos os sintomas, deve-se aplicar visicatórios, ou seja, por atração, à evolução que faça o seu efeito. Exemplifica a situação clínica de uma das filhas de Manuel de Oliveira, moradores, na Calçada de Cacilhas, criatura de 25 anos, de idade, temperamento fleumático, no ano de 1786, a sofrer de uma ascite, com muitas queixas, atacada de uma febre contínua, faces vermelhas, pulsação de 80 por minuto. Atendendo a estes sintomas e o facto de estar atacada do mal ascético, prescreveu tisana diurética e purgante. No segundo dia, evacuou água escura abundante; no terceiro dia, fez uso de tisana amarga e salina, aplicando também, para que esta bebida fizesse mais efeito. Faria moderar a febre, como os acessos, do sétimo para o oitavo dia, sonolência. Prescreveu: caustico. [Im. 3016_0028 e 3016_0029] Disponível em: Nos meses de outubro, novembro e dezembro continuaram as febres contagiosas e sempre na freguesia do Castelo, nomeadamente aquela que fez história, e sucedeu, na rua da Oliveira, sítio de Cacilhas: Frutuoso, barqueiro, 36 anos, de idade, temperamento sanguíneo, fibra seca, vivacidade forte, foi atacado de febre inflamatória, língua seca e áspera, vista perturbada, ventre constipado. Prescreveu: sangria e a limonada é proibida. Atendendo à dureza do ventre, deu-lhe clister laxante. Causou diarreia que provocou fraqueza mas alívio total nos sintomas que sofria, e a seguir deu-lhe geleia e caldo. Restabeleceu-se com pouco custo e o seu estado perfeito, gozando de perfeita saúde. [Im. 3016_0039 e 3016_0040] Disponível em: Os medicamentos que prescreveu e praticou nos seus doentes, tiveram a relação entre tempo e as doenças que surgiram, no presente ano. Entre aqueles salienta a sangria, laxante, catárticos, vomitórios, visicatórios, entre outros. Durante esse ano, o tempo era variável, havendo calor excessivo, vento sobre a tarde que suspende totalmente a transpiração que é absolutamente necessária, para a conservação do nosso estado. [Im. 3016_0044] Disponível em: Conclui que as mudanças de estação perturba o equilíbrio do sólido e fluído constitutivo da saúde. [Im. 3016_0045 e 3016_0046] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4947&FileID=74582 Médico: Gaspar Lopes Henriques de Chaves.
O médico Gaspar Lopes Henriques de Chaves realiza uma análise diária e mensal, para o ano de 1789. Efetua o registo dos dias, tendo em conta, a lua, o vento, o termómetro, o barómetro e o estado do céu. Em cada mês, menciona o dia mais frio e o dia mais quente. [Im. 3015_0007 e 3015_0008] Disponível em: Conclui que, em 1789, foi um ano quase sempre fresco, acrescentando que o dia de temperatura mais baixa foi o dia 14 de janeiro, e o dia mais quente terá sido, o dia 4 de julho, referindo ainda a direção do vento. [Im. 3015_0013] Disponível em: Explica qual deverá ser o verdadeiro método curativo, para tratar os doentes, de acordo com as circunstâncias que estarão “neste tempo ou noutro tempo”, afim de os mesmos estarem restabelecidos, dado que, por vezes, encontram-se em sítios onde lhes faltam forças, referindo que os alimentos podem ser de inferior qualidade. Segundo o médico, o magistrado deverá visitar e fazer examinar os víveres que se encontram à venda. Menciona a construção das casas, designando, como principal inimigo do ser humano, a humidade. Pede a construção de um canal, de forma a que haja evacuação do que é mais nocivo, quer aos que estão presos, quer aos que respiram ar livre. [Im. 3015_0017 e 3015_0018] Disponível em: Preocupa-se com a falta de uma cadeia e de um hospital, em Almada, afirmando que os arquitetos raramente se ocupam desse tipo de construções. Na opinião do médico, deverão afastar a vaidade e substituir aquela, por empregar o tempo, em construir o que é tão necessário, pois as doenças aumentam. Na sequência do aumento de patologias, observa os habitantes macilentos, pálidos, lacónicos, por causa de vários fatores, enumerando, por exemplo, a idade e a constituição das pessoas. Cita Santório, afirmando que o ar e o vento são variáveis. O povo e a humanidade exigem que deverão apressar a construção de um canal, de forma a diminuir o aparecimento de doenças a que estão sujeitos. Acrescenta que, os últimos meses observados (janeiro, fevereiro e março) foram, na grande maioria, de chuva e névoas. Motivo, pelo qual, só tiveram constipações e alguma febre inflamatória. [Im. 3015_0019] Disponível em: Relata a situação clínica de Rita, 45 anos, de idade, temperamento sanguíneo, fibra forte, dada ao trabalho, em janeiro apareceu com febre e aflição de peito, tosse convulsiva e seca, dificuldade em respirar e dor insuportável de cabeça. Ordenou que lhe dessem a beber cozimento peitoral, que facilitaria a saída de expetoração, diminuiu a expetoração, provocando suor pelo kermes que lhe juntou; a febre diminuiu…do 16.º ao 17.º dia desapareceram todos os sintomas que caraterizavam a doença. Afirma que o médico deve saber distinguir os movimentos salutares, que a natureza procura combater o mal, que tanto persegue o ser humano e, assim, através deste meio alcançar a convalescença, sem temer recaída. Neste sentido, o médico deve ordenar ao doente, que esteja sóbrio, comer pouco, comer frutos maduros e bem sazonados. Não é comida que sustenta mas o que se digere, o sujeito que come muito, faz peso no estômago, e fica cansado de suportar o mal. Afirma ainda que, para que, uma recaída não aconteça, será útil o médico receitar a tintura de quina, como tónico, afim de adquirir um perfeito equilíbrio, em que consiste a saúde, de que goza o doente, que está a tratar no momento presente. [Im. 3015_0020] Disponível em: Outro quadro clínico é o de José Fernandes, lavrador, 60 anos, de idade, temperamento sanguíneo, fibra frouxa, febres altas (em 1786, 1787 e 1788 teve semelhante observação), diarreia, com dor fortíssima, língua saborrenta, febre ardentíssima, sede insuportável, flatulência excessiva, estômago débil, digestão difícil. Prescreveu água, clister de leite serrado [?], óleo de amêndoas doces, para acalmar a grande irritação. Ao 3.º dia a febre baixou. As dores abrandaram. Ao 6.º dia o suor que tinha, desapareceu. Administrou-lhe o cozimento branco, adoçado com xarope de alteia, pois havia ardor na urina. Do 10.º para o 11.º dia começou a ter apetite; satisfazia-se pouco a pouco, pois comia frango assado e a sua gota de vinho. Restabeleceu-se, por este método, em poucos dias, e goza de perfeita saúde. Preventivamente e para não reincidir, quase todos os dias, toma uma colher de infusão de quina em vinho branco, remédio que lhe dá força e forma as fibras do estômago e, por isso, sente pouca ou nenhuma flatulência. [Im. 3015_0025 e 3015_0026] Disponível em: Nos meses de abril, maio e junho, o tempo está inconstante: nublado, chuvoso ou claro. Os campos estão, sem aquele ornamento, de que se veste a primavera. Os frutos são poucos e estes dados à podridão, antes de estarem maduros, faltando a terra. [Im. 3015_0031 e 3015_0032] Disponível em: Critica o povo, pelo facto do mesmo chamar o primeiro cirurgião que lhe aparece, entregando, nas suas mãos, os seus filhos e filhas, mas ignoram a veracidade dos sintomas que se descobrem, ignoram os diferentes estados de doença, guiados por uma praxe, sem discernimento algum; se não fosse a sábia natureza, as vítimas seriam em maior quantidade, feitas pelos mesmos sujeitos que se entregam a esta arte médica cirúrgica. [Im. 3015_0033 e 3015_0034] Disponível em: Muitos de pequena idade foram atacados de cólica biliosa, procedida de alimentos de má qualidade. Prescreveu: sangria em situações de existência de febre, ministrando, para beber limonada. A estes que bebiam limonada, a sede terminava e restabeleciam-se em pouco tempo, com exceção, de um menino de 12 anos, atacado de lombrigas, tendo indigestão, e por o menino se encontrar denegrido por todo o corpo, e não querendo dar os remédios que se lhe ofereciam, ao fim de 8 dias morreu. [Im. 3015_0052] Disponível em: Outubro, novembro e dezembro com tempo fresco, agradável. Pouca chuva e dias quase iguais aos da primavera, havendo pouco nevoeiro e alguma chuva. As doenças que surgiram foram esporádicas. Os sintomas das mesmas eram sintomas não esperados, e portanto, o médico não conseguiu alcançar o conhecimento, e, por isso, a natureza seguia o seu caminho. Refere a história de algumas doenças observadas, nos anos de 1786 e 1787, em que não se podia temer que à morte, alguns escapassem. [Im. 3015_0055 e 3015_0056] Disponível em: Finaliza dizendo que, a existência de doenças, por mais tempo, tinham o mesmo carácter, que tem relatado, isto é, com carácter fastidioso. [Im. 3015_0060 e 3015_0061] Disponível em: Médico: Gaspar Lopes Henriques de Chaves.
O médico José Joaquim Alvares afirma que, uma das obrigações do médico do partido da Câmara da vila de Almada, é relatar, através de um diário, todas as moléstias epidémicas, salientando quais as mais notáveis naquele ano, e os respetivos remédios, que, pela sua prática e observação serão os mais indicados. No fim, transmitir o sucesso para cada doença. Deve, ainda, acrescentar as observações meteorológicas no mesmo ano, dando destaque à atmosfera, ao calor, ao vento e à chuva, tendo, para os mesmos, os instrumentos próprios e exatos. O principal objetivo será dar a conhecer o clima da terra, o costume dos habitantes, as doenças a que mais habitualmente estão sujeitos e os remédios mais úteis. Neste sentido, o médico e, de acordo, com as obrigações a que está sujeito, dirá quais as moléstias, o tempo exato, os remédios receitados e o respetivo êxito, relacionando com o calor, o vento e a chuva, onde todos estes elementos constarão numa “tábua”, referindo ainda, com a maior exatidão que lhe for possível. Menciona que a primeira observação a constar, no referido diário, deverá ser a situação da vila, a qualidade da água, a alimentação e os lugares, onde surgem as epidemias; porém, o assunto está descrito, nos diários do médico antecessor: Dr. Gaspar Lopes Henriques de Chaves. [Im. 3017_0009 e 3017_0010]Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74769 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74771 Conta que foi chamado, em 23 de março, para ver o Padre Amaro Pereira de Sousa, morador, na Quinta do Olho de Vidro, 76 anos, de idade, alto, magro e de pescoço comprido, tórax [?], goza de uma vida sedentária e muito desordenada, com exceção da alimentação que era muita, quer em qualidade, quer em quantidade, temperamento bilioso. Há muitos anos que sofria de sucessivos ataques no peito, acompanhados de dificuldade em respirar e rouquidão, o que, normalmente, acontecia de noite (depois da meia noite) e durava até de madrugada. Aquando da sua observação, reparou que tinha alguma dispneia, respiração sibilante, pulso muito pouco desigual, sem tosse, sem expetoração, alguma sede. De acordo com os sintomas apresentados e conforme teorias de alguns autores, designadamente, Hoyer, Rivier, Busqulhon, entre outros, caracterizou a doença como uma asma espasmódica. Mandou colocar o doente em posição própria, o tórax estava mais elevado que o abdómen, e mais baixo que a cabeça e que se mantivesse nesta posição. Receitou uma infusão de flor de sabugo, arruda e cerejas negras, adoçado com xarope de casca de laranja; para além disso, prescreveu clisteres laxantes. No dia 24, regressou, teve novo acesso, cheio com um visicatório no peito, receitou uma infusão de estromáticos brandos, com o auxílio de ópio, segundo a fórmula de Cintura Tebaica, com a autoridade de Wellis e Paul, e xarope de cidra. Melhorou após 5 dias. No dia 29 observou a respiração natural e pulso igual, podendo deitar-se para baixo e, por isso, livre de outro ataque. No mesmo dia, depois do jantar, dormiu a sesta, depois de acordado, subitamente teve outro ataque com grande pressão de respiração e no espaço de 5 minutos, morreu. [Im. 3017_3011, 3017_0012 e 3017_0013] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74772> http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74774 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74775 No dia 3 de abril foi chamado, para ver Margarida Caetana, casada com Rodrigo José, moradores, em Cacilhas, 38 anos, de idade, após ter dado à luz, no dia 23 de março, no dia 28 levantou-se da cama e constipou-se. Quando a observou, achou-a febril, pulso 120 pulsações por minuto, a língua seca, com insónia e delírio. Prescreveu sanapismos. Noutro dia achou-a com o pulso fluente, muito abatida, tremor de extremidades e língua negra. Sintomas que conduzem ao diagnóstico de uma febre puerperal degenerada. [Im. 3017_0015] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74779> No dia 25 de abril foi ver Bernardo Lavre, de Mortassém, 50 anos, de idade, bastante gordo, temperamento bilioso, com febre e língua saburrosa, dores de cabeça, vontade de vomitar e fastio. Considerou ser uma febre gástrica. Receitou um evacuante de tártaro emético e por ser muito fácil vomitar, não tomou mais que um grão, com o que vomitou bastante bílis. No dia 27 não tomou mais que um leve diluente e no dia 28 repetiu, outra vez, o emético, com o qual evacuou superior e inferior [?] grande quantidade de saburra e bílis; a febre diminuiu, aumentando a vontade de comer e sem ser necessário dar mais remédios, restabeleceu-se. No dia 9 de maio viu Francisco de Salles, neto de José Pedro do Vale, assistente, em Almada, de 5 anos, de idade, tinha o pulso frequente, queixas de dor de cabeça e estômago, a língua saburrosa mas muito tenaz. Receitou um cozimento de raiz de almeirão, a que juntou uma oitava de sal alcalino saturado com sumo de limão, e por este meio foi atenuando o vício das próprias vias. No dia 11 do mesmo mês, deu-lhe um evacuante de tártaro emético, com o qual evacuou suficientemente; porém, e pelo motivo de ter lançado alguns vermes, ordenou que tomasse os clamolanos doses. Lançou inferiormente muitos vermes e sem lhe dar mais nenhum remédio, desvaneceu-se todos os sintomas do morto. [Im. 3017_0020, 3017_0021 e 3017_0022] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74787 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74788 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74790 No dia 12 de outubro observou, no Pragal, Gregório José, marítimo, de 16 anos, de idade, temperamento bilioso, o qual, por se encontrar a bordo de uma nau fazia a comida para alguns oficiais e, por isso, exposto ao calor do lume e ao ar do mar e, por essa causa, apanhou uma constipação. O vício foi acumulando, o que necessariamente já devia existir; em razão dos maus alimentos que comia e do mau regime em que vivia; o novo vício foi-se formando em razão das más digestões feitas pelo afluxo de líquidos para o estômago, em contraposição à construção dos vasos periféricos e, por isso, originou uma febre com todos os sintomas de vício gástrico. Prescreveu um emético, com o qual vomitou mas como o vício estava muito tenaz, no dia seguinte usou uma mistura salina feita em cozimento de cevada e grama e com este se diluía e atenuou o vício. Depois de ter tomado 2 grãos [?] de tártaro emético, evacuou o suficiente e, mais tarde, tinha bastante febre; porém, estava numa grande prostração e sonolência. Em semelhantes moléstias, o abatimento é muito temível, daí que receitou uma onça de raiz de almeirão e meia onça de quina, para tomar 3 vezes ao dia. Continuou com este tratamento durante 4 dias, conseguindo achar-se melhor. No dia 1 de novembro foi chamado para observar Mariana Teodora, assistente, na Boca do Vento, 21 anos, de idade, que após ter dado à luz, no mesmo dia, e ainda antes do parto tinha um edema volumoso, ocasionado pela compressão do feto sobre os vasos dos artus [?] inferiores. Entretanto, constipou-se por se ter aberto uma janela. Suprimiram-se-lhe os lóquios, transpiração da periferia de todo o corpo, houve ansiedade, dificuldade em respirar e pulso muito frequente, embora muito pequeno e comprimido que dificultava o seu estado. Tendo, em conta, o estado da doente, o diagnóstico da moléstia é a supressão dos lóquios. Depois de banho tomado, nos pés, com água bem quente, e feito uma fricção forte, pela parte interna das coxas […], ordenou que a sangrassem. No dia 2 repetiram a sangria, com o que reduziram a ansiedade e a frequência da respiração e apareceram os lóquios. No entanto, como o volumoso edema estendeu-se ao ventre e passava rapidamente ao tórax, resolveu receitar um remédio diurético e evacuante […]. Depois do remédio dado, teve melhoras. Porém, no dia 6, de noite, porque foi necessário levantar-se da cama, repetiu nova constipação, com os mesmos sintomas da anterior, com exceção, do abatimento de forças da doente. Perante a situação clínica, a doente sofreu nova sangria; com a nova sangria experimentou algum alívio pois respirou com mais suavidade. Repetiram mais duas ventilações, com as quais se pôs a doente em estado de poder jazer de todo o modo. Entretanto, no presente estado, o médico recorreu novamente do remédio diurético e evacuante; do mesmo, tendo tomado durante alguns dias. Dessa forma, a natureza foi adquirindo forças que só por si, provocou o aumento da secreção que, então lhe tinha alcançado, pela indústria da arte. [Im. 3017_0029, 3017_0030, 3017_0031, 3017_0032, 3017_0033 e 3017_0034] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74801 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74803 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74805 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74807 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74808 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74810 Termina, acrescentando que: "são estas as moléstias a que [?] merecem entrar neste diário, pois outras por vulgares e insignificantes, omiti". [Im. 3017_0039] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4948&FileID=74817 Médico: José Joaquim Alvares.
O médico José Joaquim Alvares afirma, que as observações médicas de 1797, deveriam ter sido apresentadas, em diário, à Câmara, no final de março do ano seguinte, mas nesse ano não aconteceu, porque o próprio adoeceu devido a uma febre biliosa que, por causa da mesma, esteve às portas da morte, tendo recuperado perfeitamente, em maio. Justifica ainda, dizendo que, numa casa, onde existe uma doença grave, há desgosto, desordem e liberdade, para abrir gavetas, tirar, rasgar e queimar papeis, sem verificar se os mesmos têm interesse e, por essa razão, tendo os apontamentos necessários, para escrever o diário, em diferentes papeis numa determinada gaveta, e após o período de convalescença, quando foi à procura dos referidos documentos, não os encontrou…a desculpa apresentada: os papeis tinham sido queimados pois todos julgavam que o médico não iria escapar à doença e, portanto, os papeis mencionados, não iriam servir, para cumprir as referidas obrigações. [Im. 3018_0007 e Im. 3018_0008] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4949&FileID=74846 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4949&FileID=74847 Pela razão atrás referida, é obrigado a descrever algumas moléstias que se vai lembrando. Assim, num intervalo (pouco mais ou menos) de um ano, assistiu a Maria Pinta, de 70 anos, de idade, moradora em Vila Nova, bastante obesa, temperamento melancólico, foi tratada por alguns cirurgiões, no espaço de três meses, porque sofria de umas [?], em cujo período de tempo tomou algum vomitório de tártaro emético, purgantes, quina em pó e outros remédios que julgavam apropriados. Relata que, após observação, considerou as referidas [?], pelos sintomas apresentados, receitou epicacuanha, em pequenas doses, como o melhor evacuante nas febres intermitentes, mistura salina composta, no espaço de 24 horas, tendo evacuado com a toma destes remédios uma grande quantidade de bílis porrácea, superior, e inferiormente, pelos quais, os acessos melhoraram, não na quantidade, mas na qualidade. Repetiu o uso da epicacuanha, com o que evacuou, depois de ter usado a água de Inglaterra, em pequenas doses, tendo-se restabelecido, com muita brevidade. [Im. 3018_0009 e Im. 3018_0010] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4949&FileID=74849 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewerre?id=4949&FileID=74851 Paulo José do Cabo, 28 anos, de idade, robusto, esteve doente, com uma febre intermitente. Tinha uma febre ardente, pulso muito duro e cheio, face vermelha, olhos salientes, com uma dor muito grande de cabeça e algum delírio, bastante sanguíneo. Pelos sintomas apresentados, determinou manda-lo sangrar. No dia seguinte, repetiu a sangria, e como o acesso naquele dia foi maior, tomou à tarde e à noite, uma libra de água de Inglaterra, afim de diminuir os acessos, enquanto não evacuava. No dia seguinte, tomou um seropulo de epicacuanha, por 3 vezes, mas não o fez evacuar; no quarto dia, tomou 4 grãos de tártaro emético, o que não o fez vomitar. Tudo isto fê-lo pensar: ou o remédio não tinha a virtude devida, ou não era bem administrado, ou finalmente, seria efeito da idiossincrasia (conceito: predisposição particular de um organismo, para reagir de maneira individual a um estímulo ou agente externo) do doente. De forma a averiguar esta dúvida, prescreveu tártaro emético, que foi o próprio a administrar e depois de alguns resultados, concluiu que era efeito da natureza do doente e não do remédio. [Im. 3018_0012, 3018_0013, 3018_0014 e 3018_0015] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4949&FileID=74854 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4949&FileID=74856 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4949&FileID=74858 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4949&FileID=74859 Foi chamado para observar o Dr. Brotero, em casa da Condessa de Caparica. Tratou-o de uma angina inflamatória, a qual se tinha exacerbado mais, porque usou de um banho de vapores estimulantes, com o fim de resolver espasmos. Não podia falar, respirava com muita dificuldade. Foi sangrado e colocou um visicatório na nuca que teria que chegar aos lados da laringe. Não apresentou melhoras sensíveis. Sujeitou-se ao cáustico: primeiro, foi feita uma fricção com a tintura de cantaridas; segundo, colocou-se-lhe a massa cáustica. Face aos remédios dados, o doente sossegou, uma vez que falava claramente e respirava muito melhor. Passou a usar de uns cozimentos de cevada com vinagre, com o que se restabeleceu, em menos de 24 horas. [Im. 3018_0017 e Im. 3018_0018] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4949&FileID=74862 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4949&FileID=74864 Termina afirmando, que as observações meteorológicas não as conseguiu mencionar, pois faz parte de um dos papeis perdidos, na sequência da sua moléstia. [Im. 3018_0025] Disponível em: Médico: José Joaquim Alvares.
No diário médico do ano de 1798, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, dizendo que, o diário de 1798 não é possível completar-se, em virtude da razão exposta no antecedente, isto é, o médico adoeceu e enquanto estava doente, os seus apontamentos relativos ao diário daquele ano, muitos deles perderam-se…por esta razão, somente irá descrever as moléstias a partir de maio, altura em que se restabeleceu da sua doença. Durante os meses de maio, junho, julho e agosto, em Almada e arredores, apareceram febres biliosas e gástricas. Menciona alguns sintomas relacionados com a causa nervosa, embora não muito frequente, acrescentando que, ao serem tratados por cirurgiões, com poucos conhecimentos, não conseguindo diagnosticarem a doença, esta seria tratada como moléstia de pouca importância, pois não lhe viam grande aparato. Quando o doente sucumbia repentinamente, os remédios não faziam efeito, pelo motivo de desordem em que estava a natureza. Desta forma, faleceram dois: o filho de António Francisco, assistente, na Calçada de Cacilhas, que, quando o foi ver já estava no nono dia de moléstia; e um barqueiro de Cacilhas que morava nas Serras, chamado Francisco. Em julho e agosto surgiram febres inflamatórias, porém, nenhuma foi funesta. [Im. 3019_0007 e 3019_0008] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74940 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74942 No dia 15 de maio, foi chamado, para assistir uma doente chamada Ana Maria Agostinha, 67 anos, de idade, temperamento fleumático, muito gorda, tendo adoecido há 9 dias, com dor de cabeça, febre, mau gosto na boca, língua saburrosa e vontade de vomitar. Foi tratada por um cirurgião com remédios próprios, como: vomitórios, diluentes e ácidos. No dia em que visitou a doente, no nono dia da doença, a enferma encontrava-se com a face vermelha, a língua saburrosa e já com tendência a ficar negra, muito seca, grande secura, o pulso frequente com 112 pulsações, em um minuto. Estes sintomas ainda estavam no início, que foram transmitidos pelo cirurgião, fizeram com que o médico decidisse que tinha sido uma febre biliosa, com tendência a passar a um synocho podre, pelo que, não deixando a indicação de diluir e evacuar, optou mais por erigir forças, que já estavam em forma de abatimento e opôs-se à decisão de degeneração, que estava presente. Prescreveu um cozimento de grama, azedas, em polpa de samarindos, com um sal neutro e adoçado com casca de laranja, como diluente evacuante e antipútrido, para além deste, um cozimento chicoreáceo, com quina e qualia, como tónico e antipútrido. Tomou os remédios até ao décimo primeiro dia da doença, e por causa da natureza estar a declinar e, tendo em conta, a face que, em vez de estar rubra, estava lívida; além do pulso frequente e muito mais mole, não querendo jazer, senão de costas e a língua algo mais negra. Os sintomas mostravam a decadência das forças naturais e o auge do morbo. Receitou um cozimento de quina com porto, mandando vir tintura de quina composta, de forma a vigorar o cozimento, no caso de aumentar ou continuar o abatimento. No dia décimo segundo da moléstia sobreveio o delírio, e o pulso intercadente; usou-se dos cáusticos volantes pelo corpo e fixo na nuca, da tintura de quina […], clisteres de infusão de macela e vinagre, outros com electuário lenitivo. Os remédios foram dados até ao dia décimo quarto da moléstia, em que se fez a crise por um suor copioso, a que se seguiu uma pequena soltura de ventre; no dia décimo quinto repetiu os mesmos remédios, porém, em menor dose, porque o delírio estava quase desvanecido, o pulso já não estava intercadente e principiava a eliminar-se o morbo, pela anacataros [?], juntamente com a diarreia. Passados dois dias, nos quais a moléstia tinha feito uma grande diferença, mudou novamente, para o cozimento chicoreáceo, com quina, afim de não desamparar a natureza repentinamente, nem de perturbar o caminho que ela tinha tomado. Gradualmente, todos os sintomas foram desvanecendo, e ao décimo nono dia, a convalescente restabeleceu-se em breves dias. [Im. 3019_0009, 3019_0010, 3019_0011 e 3019_0012] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74943 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74945 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74946 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74948 No início de setembro tratou de [?], que tem tenda defronte da cadeia, por causa de uma febre inflamatória. Quando foi chamado, o doente tinha o pulso frequente, duro e pungente, a cara muito vermelha, uma grande secura na boca, dor de garganta, a ponto de lhe dificultar a deglutição. O doente dizia que tinha sido por estar perto de um grande fogão, durante 3 dias, de noite e dia, com o agravamento do tempo estar bastante seco e quente. Mandou-o sangrar no pé e no braço […]. No fim de 4 dias tomou um purgante laxante e todos os dias, à noite, tomava um banho em todo o corpo, para laxar a pele, que estava muito árida, e para absorver os líquidos que lhe fossem necessários. Ao fim de 11 dias teve um perfeito restabelecimento. [Im. 3019_0022 e 3019_0023] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74964 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74965 No dia 2 de novembro assistiu um doente, barqueiro, que morava nas Terras, próximo de Cacilhas. Sofria de uma moléstia análoga, a qual acabou por tratar; porém, receitando-lhe os remédios próprios, no entanto, durante 2 dias não os tomou, por conselho de outro professor. Em consequência disso, quando o quiseram acudir, foi tarde, dado que morreu ao nono dia de moléstia. No dia 10 de dezembro foi ver Francisco Palhaço, barqueiro de Cacilhas, 35 anos, de idade, teve um pleuriz catarroso, porém, tratado com remédios caseiros, tinha passado o estado inflamatório, e estava sem forças para expelir a matéria catarrosa e, por isso, ia declinando a passos largos. Receitou um cozimento peitoral, para tomar três onças, com uma oitava de oximel (conceito: mistura de água, mel e vinagre) saliclico de 2 em 2 horas. A seguir iniciou a expetorar, e prescreveu um evacuante inferior, cujo remédio provocou a pressão da respiração, continuou com os expetorantes e em breves dias se restabeleceu. [Im. 3019_0027 e 3019_0028] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74972 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74973 Finaliza, realizando uma tabela, na qual observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, média e menores, juntamente com o vento e a chuva, entre os meses de maio a dezembro de 1798. [Im. 3019_0029] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4950&FileID=74975 Médico: José Joaquim Alvares.
No diário médico do ano de 1805, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando algumas situações clínicas, entre as quais, a de: Henrique José, 37 anos, de idade, morador, em Caparica. O médico terá sido chamado, para assisti-lo, no dia 20 de janeiro. Ao observa-lo, constatou que o doente era uma pessoa robusta, vigorosa, sanguíneo, e de vida bastante exercitada. Havia 2 dias, às 6 horas da tarde, caiu, devido a uma síncope. A seguir, teve uma dor de cabeça intensa, dor pungente, no lado esquerdo, que o sufocava e o proibia de respirar, apesar de naturalmente tossir e o calor, por todo o corpo era tanto, que se queixava, como se o estivessem queimando. A febre e todos os sintomas continuaram, no dia seguinte, altura em que foi chamado o cirurgião que, imediatamente, o sangrou. Mais tarde, recorreram à assistência do médico Dr. José Joaquim Alvares. Além da informação anteriormente descrita, o médico considerou que, apesar da sangria, que já tinha levado, o pulso estava muito frequente, que passava de lento com 20 pulsações, a muito cheio, muito forte e pungente, e deste modo, decidiu continuar com a sangria. O ventre estava intumescido (conceito: inchado) e duro. Prescreveu: clisteres laxantes, que produziram grande evacuação. A sangria e os clisteres causaram algum descanso ao doente, mas teve pouca duração, porque nessa mesma tarde, todos os sintomas tornaram a aparecer e até aumentaram. O doente passou a uma inquietação e frenesim; para além dos sintomas atrás mencionados. Tomou outro clister e levou outra sangria. As 3 sangrias foram abundantes e o sangue que saia era muito vermelho […]. No dia seguinte, mandou-o tomar uma tisana com tamarinho (conceito: usado em farmácia, sobretudo pelas suas propriedades laxantes e como condimento, na preparação de doces e molhos). Este remédio lubrificou o ventre, consequentemente, passou melhor a noite […]. Percebeu existir inflamação; e o doente tinha dores. Como não havia expetoração, concluiu que a causa do morbo (conceito: estado patológico; doença) existia da mesma forma, e que só tinham remetido alguns sintomas como a plenitude de vasos sanguíneos. Na tarde do dia 23, regressaram sintomas, como, por exemplo, o calor extraordinário, o aumento da dor de lado, a ansiedade e frenesim. Tudo isto fez com que decidisse, que a moléstia tinha remitências (conceito: diminuição temporária e interpolada dos sintomas de uma doença) periódicas, e que era prudente aproveitar-se desses intervalos, para a aplicação dos remédios possíveis. Atendendo à tensão de ventre, e a língua que indiciava vício de primeiras vias, receitou-lhe uma oitava de sal alcalino vegetal saturado, com sumo de limão, a que mandou juntar 3 grãos de tártaro emético, e duas onças de maná, para se dissolver em uma libra de água quente, e tomar 4 onças deste remédio de 3 em 3 quartos de hora, até evacuar, superiormente ou inferiormente. Este remédio, à segunda porção, principiou a fazer vomitar o doente; com muita bílis à mistura, e pouco depois, houve 20 dejeções abundantes e fáceis de bílis de mau carácter. Na tarde, noite, deste dia e manhã seguinte, o doente esteve tranquilo, relativamente aos sintomas; porém, de tarde, apareceram, novamente, todos em igual auge. Voltou a sangrar-se e a tomar clisteres e cozimentos diluentes; o que provocou o mesmo que, nos dias antecedentes, até que, no dia 27, mandou que lhe pusesse um vesicatório, sobre a dor, ao mesmo tempo, que ia fazendo estímulo, o remédio atrás referido iria desembaraçar-se mais, e a respiração e todos os outros sintomas que se seguiram. No dia 28, curou-se e, segundo o doente, por causa do cáustico, conseguiu notar o estado em que estava o seu pulmão, porque foi muito longo e profundo. Houve grande descarga de matéria biliosa e pelo uso em que estava de remédios laxantes, teve grandes evacuações alvinas. Com estes únicos remédios, desvaneceram-se todos os sintomas e, no dia 30, passou a ser convalescente. [Im. 3026_0003, 3026_0005, 3026_0006, 3026_0007, 3026_0008, 3026_0009 e 3026_0010] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75323 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75325 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75326 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75327 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75328 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75329 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75330 No dia 6 de setembro, foi chamado, para observar José António, 40 e tantos anos, residente, em Caparica, bastante robusto e forte, e havia 2 anos que padecia de uma dor reumática, no quadril do reto, que o impossibilitava de poder andar bem, principalmente, no tempo de mudança de lua ou tempo. Para esta moléstia, tinha feito alguns remédios, no decurso de tanto tempo; porém, quando lhe causavam alguma melhoria, era momentânea. O médico examinou o lugar da dor e viu que era uma dor ciática e muito inveterada, e após o doente ter tomado tantos remédios e todos infrutíferos, o médico resolveu basear-se na supuração (conceito: produção ou corrimento de pus) e aplicou a mesma, no sítio da dor. O remédio atrás mencionado causou uma melhoria no estado do doente, durante alguns dias e este teve a satisfação de se encontrar tão bem curado, que depois desta época, não tornou a sentir o mais leve indício do seu reumatismo. [Im. 3026_0012, 3026_0013 e 3026_0014] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75332 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75333 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75334 No dia 4 de dezembro, foi chamado a casa de João Francisco, 50 anos, de idade, temperamento bilioso e colérico, vida marítima, muito robusto. Queixava-se de uma dor no baixo ventre que o mortificava muito, dificultando a respiração, causando-lhe vómitos e não consentia nada no estômago. Estava doente em grande aflição, não conseguindo dormir nada em toda a noite, até não podia jazer na cama. O médico pensou tratar-se de uma cólica biliosa, porque o doente não se acusava, isto é, o doente não se queixava nem da quantidade, nem da qualidade do alimento, em virtude de ter comido um bom peixe cozido que era o alimento a que estava mais acostumado. Receitou-lhe clisteres de uma onça de electuário lenitivo, desfeito em água morna, para tomar de 2 em 2 horas, e para dispor a matéria biliosa que, segundo o sintoma que a língua apresentava, estava muito crassa [?], acompanhado de uma oitava de sal de lorna saturado com vinagre, juntamente a uma libra de água pura em que dissolvesse 2 grãos de tártaro emético, para tomar 2 onças de hora a hora, tomou a primeira, e a segunda, e com esta iniciou o vómito […]. No dia seguinte, aquando da sua visita, o doente encontrava-se melhor, porém, muito pouco. Fez com que vomitasse com 3 grãos de tártaro emético dissolvido em água. Vomitou tanta bílis que não parecia bílis. De tarde, quando o visitou, já quase não sentia nenhuma dor. Receitou um catártico de infusão de sene tartarizada. No dia seguinte, comia, conseguia deitar-se de ambos os lados, o pulso já não estava comprimido, como, no princípio, a língua sem crosta biliosa, e conseguia dormir bem. Com o purgante que tomou, teve muitas e abundantes dejeções de bílis, que acabou por concluir a moléstia. Prescreveu-lhe o uso de infusão de Marcela, para tomar todos os dias de manhã, e restabeleceu-se em breve tempo. [Im. 3026_0017, 3026_0018, 3026_0019 e 3026_0020] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75337 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75338 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75339 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75340 Finaliza, realizando uma tabela, na qual, observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos, chuvas e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1805. [Im. 3026_0021] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4957&FileID=75341 Médico: José Joaquim Alvares.
No diário médico do ano de 1806, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando algumas situações clínicas, entre as quais, a de: António da Costa, 25 anos, de idade, temperamento pituitoso, em que o consultou, queixando-se, de uma tosse seca, existente há muito tempo, voz rouca, magro, e o pulso não tinha muita frequência, porém, pequeno e mole, língua branca, carregada de vícios e sem gosto, na boca. Receitou: cozimento de espécies peitorais, de forma a usar remédios mais eficazes. Desde o dia da sua primeira visita ao doente (dia 25 de janeiro), até ao dia 28, receitou seropulo de ipecacuanha, dado em porções de 6 grãos. No dia 31, verificou que não tinha melhorado o apetite, e a afonia era a mesma, a cara e o ventre inchados e, tendo em conta, a extensão da moléstia, considerou que a existência de glândulas, no peito e no baixo ventre, e desta forma, decidiu utilizar incisivos fortes, acompanhados de sais neutros. Estes remédios duraram até ao dia 12 de fevereiro, período em que lhe fez tomar fumigações (conceito: exposição de uma parte do corpo à ação de vapores de substancias medicinais) de plantas peitorais emolientes, através de um tubo que passasse pelo peito. Concluiu que nenhum remédio fez qualquer efeito favorável; pelo contrário, provocaram diminuição de forças do doente, causando agravamento da doença. A febre, a falta de apetite e a expetoração aumentaram. No dia 13 de fevereiro, receitou um evacuante emético tartico, dado que a língua estava viciosa e o ventre tardo; no dia 14, colocou o doente, no uso de cozimento peitoral, com quina, xarope de diacódio, com xarope balsâmico. Com este remédio, teve alguma melhoria. Contudo, as melhoras foram esporádicas, porque a natureza sucumbiu, ao fim de poucos dias. Passou a dar-lhe vesicatórios, tanto fixos, como volantes: leites asininos. Tudo isto foi infrutífero, pois a febre aumentou, a tosse, a afonia e expetoração também, e deste modo, no dia 10 de março, a natureza sucumbiu. [Im. 3027_0005, 3027_0006 e 3027_0007] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4958&FileID=75349 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4958&FileID=75350 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4958&FileID=75351 No dia 3 de maio, foi chamado à Trafaria, para ver José Francisco, 35 anos, de idade, vida exercitada, robusto, pletórico e, segundo informação dada pelo próprio doente, sofria de disenteria, havia mais de 2 meses, que, apanhando chuva, constipou-se, pelo que tomou algum remédio, para curar a mesma, e encontrando-se melhor da constipação; ficou de diarreia. Como este estado teve continuidade, consultou um cirurgião, que prescreveu algum remédio, para a suspender. Em virtude de o médico desconhecer qual o remédio dado ao doente, pois não havia receita nem conseguiu saber pelo cirurgião; contudo, calculou tratar-se de algum adstringente ou purgante drástico. De qualquer modo, o efeito foi contrário, porque, no fim da aplicação, além da diarreia, passou a ter dores, com deposição de matéria e sangue. Exteriormente, não sentia calor, porém, lamentava o calor que sentia interiormente, principalmente, na região epigástrica. Este calor impedia-o de respirar com facilidade. O pulso estava pequeno e muito frequente, muito mau gosto, na boca, e ansiedade. Mandou que fosse sangrado, o que lhe causou muito alívio, porém, de curta duração, o que foi determinante, para repetir a sangria; além disto, pediu que tomasse 12 gotas anódinas, em 2 colheres de cozimento de cevada. Com isto passou um pouco melhor. No dia 6, receitou-lhe 6 onças de água destilada de flor de sabugueiro, com 30 gotas de láudano líquido, em que dissolvesse 10 grãos de cânfora, e juntasse 1 onça de xarope de avenca, para tomar uma colher, de hora, em hora. Este remédio produziu tão bom efeito que, no outro dia, às 4 horas da tarde, quanto o visitou, já não tinha ansiedade, não sentia o calor que o devorava e o pulso estava bom e natural. [Im. 3027_0010, 3027_0011 e 3027_0012] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4958&FileID=75354 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4958&FileID=75355 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4958&FileID=75356 No dia 20 de junho, o médico foi chamado, para observar Joaquim José, 50 anos, de idade, vida bastante exercitada, magro, estando bem, repentinamente, foi atacado de uma hemiplegia (conceito: paralisia que atinge uma das metades do corpo), e afonia. Assim que o doente foi visto, o médico mandou fazer fricção pelo lado afetado, com tintura de cantaridas, pedilúvios bem quentes, e tomar algumas doses de tártaro emético desfeito em vinho. Estes remédios não surtiram efeito favorável, mais que algum movimento, no pé afetado. No dia 21, puseram-lhe um cáustico nas vértebras cervicais, e dois nas coxas e receitou infusão de Arnica; Angelica, e mandou juntar-lhe tintura de Valeriana Volátil, em pequenas doses, de 2, em 2 horas […]. No uso deste remédio por 8 dias, principiou a fazer alguns movimentos com o braço e perna. O tratamento continuou, as melhoras continuaram; porém, não articulando nenhuma palavra. Depois de ter tomado um remédio composto por: tintura de Valeriana Volátil, tintura de quina composta, a que juntou Alcali Volátil, melhorou, dado que, passados 3 dias de uso do referido remédio, o doente iniciou a pronúncia de algumas palavras […]. Na sequência da doença ser prolongada e o doente ser de constituição débil e na presente moléstia, os sintomas de fastio, febre (provocando uma debilidade grande) e esta passou a carácter de contínua, passados 2 meses de moléstia, o doente movia-se imperfeitamente e pronunciava algumas palavras inteligíveis […]. Apesar de muita atenção e cuidado, e de usar dos digestivos mais fortes, como: cozimentos aromáticos, quina, bálsamos de arceo, mel egecino e outros, desta ordem, não foi possível curar, o que resultou: o doente passou a um estado de marasmo e a uma febre ética de supuração, que, tendo durado alguns meses, acabou por falecer. [Im. 3027_0013, 3027_0014 e 3027_0015] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4958&FileID=75357 Médico: José Joaquim Alvares.
No diário médico do ano de 1803, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando algumas situações clínicas, entre as quais, a de: Francisco José, 50 anos, de idade, robusto, vida exercitada e muito regular, nos seus costumes. Estando a sofrer por retenção de urina, por ter estado num jantar político, e após o mesmo, não se levantou, para urinar, e terminando o jantar, foi passear, à noite, de cavalo. Nesse mesmo dia, teve uma crise de estrangúria (conceito: desejo frequente de urinar, acompanhado de dificuldade, na expulsão da urina e de dores violentas) tão forte, dado que a extensão da bexiga foi muito rápida, que o obrigou a chamar o cirurgião, e este vendo o estado de dilatação da bexiga, as dores e as aflições do doente, meteu-lhe a algália. Saiu grande porção de urina e o doente ficou mais consolado; porém, durou pouco tempo, porque, pouco depois, tornou a sentir os mesmos incómodos, em virtude de novo depósito de urina. Pela segunda vez, o cirurgião foi chamado e novamente introduziu a algália, e desde aquele dia não tornou a urinar, sem este auxílio. Passados 45 dias, a urina saia ainda com grande dificuldade, e em muito pequenas quantidades, que, com bastante incómodo se dispensava a introdução da algália. Durante este período de tempo, foi tratado por um Professor bastante hábil, que não se esqueceu de nada, de forma a evitar as funestas consequências de uma inflamação, que seria muito natural. O tratamento usado: banhos, emulsões, fomentações e dietas. Apesar do tratamento ser considerado metódico, não suavizou nada; muito, pelo contrário, os incómodos continuaram e a urina depositava-se em qualquer vaso e não tardava em depositar uma grande porção de matéria mucosa e puriforme […]. O médico conclui que aquele depósito não era somente composto dos princípios que a urina tem em dissolução, e deixa precipitar pelo esfriamento, mas que era devido, pela maior parte, à congestão, que se havia feito, nas membranas da bexiga, e assim também, nas vesículas seminais, e tecido esponjoso, que cobre o bulbo (conceito: órgão ou porção de órgão de forma arredondada ou globosa) da uretra. [...] determinou mudar de sistema em relação ao médico antecessor, que tinha abraçado. Deste modo, tendo em conta que, durante o espaço de 2 meses e meio de uso, o doente não conseguiu nenhum alívio, porque quando o Dr. José Joaquim Alvares visitou o doente, encontrava-se em mau estado. Compreendeu que não necessitava de usar ajuda, para a introdução da algália; todos os dias a colocava duas vezes, e alguns dias, três vezes, apesar da urina que corria espontaneamente. O depósito tomava cada vez mais o carácter puriforme. As forças estavam muito perdidas, as pernas inchadas, a pele sem cor, perdeu o apetite e o pulso muito fraco. A junção destes sintomas caraterizavam uma espécie de coligação caquética (conceito: senil) e permitiam a possibilidade de existência de alguma chaga irremediável. Contudo, algumas esperanças animaram o médico, de forma a tomar conta do doente, porque a febre […] não estava confirmada e a debilidade observada era, em parte, devida ao abatimento do doente, e a outra parte, não menor, ao continuado uso de laxantes, que, no início da moléstia tinha sido receitado, além da estação ser imprópria, e a melancolia profunda em que o doente se encontrava. Iniciou o seu método curativo, por este capítulo de melancolia, animando-o com expressões que se coadunavam, com os seus desejos, e tendo em conta, o estado do doente. Receitou um seropulo de ipecacuanha, dividido em 4 papeis, para tomar um papel, em cada dia, pela manhã, não tanto, como emético, porque a dose não era suficiente, mas sim, para dar um choque às vísceras abdominais. As esperanças do médico foram atendidas, e ao segundo dia que tomou a ipecacuanha, o pulso desenvolveu-se, e ao quarto dia, a diferença era sensível. Com isto, o doente animou-se, deixando para trás a profunda melancolia em que se encontrava. Mais tarde, mandou fazer de uma onça de quina e três oitavas de quana [?], um cozimento, para duas libras, e adoçar com xarope de casca de laranja, e tomar deste, três vezes ao dia, a primeira, às sete horas, a segunda, às 11 horas da manhã, e a terceira, às cinco horas da tarde. A utilização do remédio teve tanto sucesso que, no fim de 8 dias de uso do mesmo, já o pulso estava muito erigido, a cor natural, as pernas deixaram de inchar, o depósito era menos de metade, e já não necessitava da algália. A urina saía com projeção e o apetite era muito maior. Continuou com o mesmo remédio e os progressos nas melhoras foram mais rápidos, que o médico e os assistentes esperavam, porque ao fim de 45 dias de tratamento, deixou de visitar o doente, por este estar convalescendo, e não precisar de socorros da Medicina. [Im. 3024_0003, 3024_0005, 3024_0006, 3024_0007, 3024_0008, 3024_0009 e 3024_0010] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75275 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75277 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75278 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75279 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75280 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4955&FileID=75281
No diário médico do ano de 1804, o médico Dr. José Joaquim Alvares, afirma que, durante os meses de janeiro a março, as doenças que proliferaram foram: pleurises, isto é, pleurisia (conceito: inflamação da pleura), catarros e febres biliosas. Destas, irá descrever algumas, dado que as outras, por serem tão triviais, não merecem a descrição. Neste sentido, relata algumas situações clínicas, destacando-se, a de: Maria Teresa, 40 anos, de idade, solteira. Visitou-a, no dia 10 de janeiro. Teria adoecido havia 6 dias, com febre, dor sobre o lado esquerdo, tosse e fastio, tremor de frio, dor de cabeça e, pouco depois, sentira uma pontada, no lado mencionado; a seguir a ter frio, teve febre alta, e esta continuou, até ao dia em que a observou, e isto apesar de ter tomado, no mesmo dia (dia 4), à noite, infusão de flor de sabugo. No dia 5, chamou o cirurgião, que lhe receitou cozimento temperante (conceito: em medicina, dizia-se de um medicamento com propriedades lenitivas ou calmantes) de Palatio (?), que tomou, até ao dia em que o médico Dr. José Joaquim Alvares a assistiu. Neste dia, a doente não conseguia dormir, sobre o lado esquerdo. Queixava-se de tosse, expetoração, pulso frequente de 120 a 125 pulsações, pequeno e duro, a língua árida, com crosta biliosa e pelo meio, muito vermelha. Receitou um evacuante inferior de infusão de sene tartarizada, pelo motivo de há 3 dias, não evacuar, além de um cozimento de espécies peitorais, que tomou de 4, em 4 horas. Durante a toma deste remédio, teve evacuações suficientes e passou melhor da ansiedade. No dia 11, mandou que lhe pusessem um vesicatório sobre a dor e tomasse xarope de [?] e de diacódio (conceito: xarope preparado a partir de xarope de ópio), a que juntou algum quermes (conceito: em zoologia, designação comum, extensiva aos insetos hemípteros do género Kermes, que parasitam carvalhos e outras árvores e que inclui espécies cujas fêmeas, de corpo avermelhado e esférico, eram usadas para obtenção de uma substância corante de tonalidade avermelhada; substância corante obtida a partir desses insetos). No dia 12, o pulso estava igualmente frequente, porém, mais desembaraçado e menos duro. Continuou a utilizar o cozimento peitoral, a que juntou algum oximel selítico, para promover a expetoração. No dia 14 e décimo da doença, a doente iniciou a diminuição de forças e a expetoração, a não ser tão abundante, o pulso a diminuir de frequência, a língua seca, temendo a degeneração e a falta de forças naturais. A seguir, prescreveu um cozimento de espécies peitorais, a que juntou meia onça de quina, para duas libras, e uma onça de oximel selítico, juntando também uma onça de tintura de ruibarbo, de forma a promover a evacuação inferior, no caso de supressão da expetoração. No dia décimo terceiro da moléstia, a doente teve melhoras, porque estava a respirar, com menos dificuldade, a expetoração diminuiu, o pulso menos frequente e mais regular e forte, a língua com cor natural, e as evacuações seguiram a ordem habitual. No dia décimo quinto, houve diminuição de quantidade de remédio e qualidade por suprimir, no que diz respeito à fórmula de oximel e à tintura de ruibarbo. Tomou este remédio, até ao dia vigésimo, momento em que se encontrou convalescente. Esta doente foi diagnosticada com pleuris biliosa. No dia 20 de março, foi chamado, para tratar de José Francisco, em Caparica. Sofria de uma vómica (conceito: expetoração súbita e muito fétida correspondente a um abcesso pulmonar) - doença considerada das menos vulgares. Doente com 25 anos, de idade, tinha uma enfermidade inflamatória. Depois do cirurgião o ter observado, e de ter sangrado o mesmo, melhorou um pouco, mas depois de ter andado à chuva, teve uma recaída. Entretanto, teve febre muito alta, a língua e a pele árida, sem evacuar há 3 dias. Para diminuir a febre e a secura, mandou o doente tomar evacuantes laxantes, tisanas diluentes e clisteres; todos os remédios num espaço de 3 dias. A dificuldade em respirar era cada vez maior. Tinha o pulso pequeno, a boca com mau cheiro e grande dificuldade em urinar. Mandou-o deitar horizontalmente. As extremidades inferiores estavam inchadas e a mão direita ainda estava mais inchada. Tendo em conta, a dificuldade em urinar e a sensibilidade do canal da uretra, não fez uso do vesicatório, prescrevendo-lhe, como bebida, cozimento de cevada grama e linhaça em grandes e frequentes doses. Com isto, a irritabilidade do canal foi diminuída e facilitou a saída da urina. No dia 23, receitou a ipecacuanha em doses de 6 grãos, e no dia 24, tomou mais algumas porções de ipecacuanha, o que fez com que tivesse náuseas. À meia noite, foi chamado porque, além da aflição de náusea, seguiu-se um grande vómito de pus e sangue, em quantidade de 20 onças, pouco mais ou menos. Mandou-o lavar a boca e gargarejar com vinagre e água. Dormiu 4 horas com mais sossego; não dormia há muitos dias. Mais tarde, ainda deitou algum pus e sangue; porém, em muito menos quantidade. Com isto, surgiu uma membrana, que lhe pareceu, tratar-se de um quisto da vómica. O doente não voltou a ter nenhuma evacuação superior, de pus ou sangue. Por aplicação efetuada de alguns brandos evacuantes, foi eliminado algum resto que poderia existir de moléstia. Gradualmente, foram desaparecendo todos os sintomas, que acompanhavam a referida vómica e o doente foi adquirindo forças, dado que, passados 8 dias, da saída da vómica, levantou-se. [Im. 3025_0005, 3025_0006, 3025_0007, 3025_0008, 3025_0009, 3025_0010 e 3025_0011] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75301 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75302 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75303 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75304 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75305 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75306 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75307 Era a terceira vez, que a doente utilizava remédios tópicos, para secar o leite, por ocasião de três partos. No primeiro, teve grandes tumores, o que fez com que passasse muito mal; no segundo, teve dores vagas, designadas como dores reumáticas, e no terceiro, que era a origem da presente moléstia, teve, poucos dias depois da aplicação dos referidos remédios, frio e febres de que se tinha queixado, no princípio. Alguns dias depois, começou a sentir dores no peito, fastio e indigestões, não podendo tratar-se, foi sofrendo estes incómodos, sem compreender qual a causa deles. Pela informação dada pela doente, o médico decidiu designar a origem da doença, como sendo, o leite retido e deu o nome de tísica pulmonar lactosa. Os cáusticos continuaram a purgar, e no dia 17, mandou juntar ao cozimento peitoral, duas onças de Maná, para o fazer mais laxante […]. No dia 20, principiou a diminuir a expetoração, respirava melhor e o pulso mais forte e natural. A dor do peito passou a ser mais fina e menos extensa. Até ao dia 27, as melhoras foram progressivas, em virtude, da respiração estar natural e os restantes sintomas da mesma forma. Repentinamente, no dia 28, teve vários sintomas: febre, ansiedade, dispneia, dor no peito e tosse, e grande tensão no ventre. Prescreveu: soro de leite extraído, com cremor de tártaro, clisteres emolientes e que respirasse vapores de plantas emolientes […]. De tarde, surgiu uma erupção miliar que ocupou a cabeça e o peito. No dia 30, o corpo estava todo coberto com a mesma erupção. Só com a toma de soro de leite e clisteres, desapareceu a mencionada erupção. Por se terem passados 6 dias, em que as melhoras continuaram, a tal ponto, que o edema das mãos e pés estava terminado, já não sentia dor no peito, o pulso estava natural e todas as excreções eram regulares. Contudo, no dia 11 de agosto, as esperanças desapareceram, pois renovou-se a opressão, juntamente com a afeção de garganta, não conseguindo engolir. Prescreveu-lhe a dieta antecedente e mandou a doente gargarejar com cozimento de cevada, adoçado com xarope de limão. No dia seguinte, sofreu a mesma erupção miliar, com os mesmos sintomas. Prescreveu remédios diluentes e diaforéticos (conceito: relativo à diaforese, que produz suor; sudorífico), e durou, até ao dia 18; dia em que iniciou a limpeza de pele […]. Teve grandes melhoras. Estas continuaram progressivamente, até que, no dia 25, deixou de visitar a doente, por se encontrar absolutamente restabelecida. Acrescenta que, esta moléstia, no início, pareceu-lhe ser irremediável, mas desvaneceu-se, em tão pouco tempo, com tão leves remédios. [Im. 3025_0014, 3025_0015, 3025_0016, 3025_0017 e 3025_0018] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75310 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75311 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75312 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75313 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75314 Finaliza, realizando uma tabela, na qual, observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos, chuvas e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1804. [Im. 3025_0021] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4956&FileID=75317 Médico: José Joaquim Alvares.
No diário médico do ano de 1801, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando diversas situações clínicas, entre as quais, a de: José Cocho. Foi chamado a assisti-lo, no dia 18 de janeiro. Morador, em Cacilhas, 16 anos, de idade, vida exercitada. Havia adoecido há 3 dias, com febre e frio, devido a constipação que tinha apanhado, por andar transpirado, a trabalhar, na embarcação. No primeiro dia da doença, tomou um chá sudorífero, que fez com que suasse bastante, porém, a febre não baixou. Na primeira vez que o viu, tinha o pulso tão frequente, que passava de 130 pulsações, a língua árida e com grande crosta biliosa, a cara muito vermelha, o ventre meteorizado (conceito: ventre inchado, por efeito de gases nele acumulados) e tardo (conceito; vagaroso, lento). Devido aos sintomas atrás referidos, o médico pensou tratar-se de uma febre biliosa e, portanto, resolveu dar ao doente, uma mistura salina feita com a saturação do sal de Lorna, em vinagre destilado, a que juntou, o tártaro emético e água pura, de forma a dispor a matéria a evacuações, de que tanto indicava, havia necessidade. No dia seguinte, mandou que tomasse o tártaro emético em água, e tendo havido, no dia anterior, algumas dejeções alvinas (conceito: relativo ao baixo-ventre; intestinal), com o vomitório, lançou muita bílis, superior e inferiormente, com má cor e mau cheiro. Assim, prescreveu-lhe, para o quinto dia, e seguinte, ao emético, um cozimento de raiz de Almeirão, azedas, em que dissolvesse em duas libras deste, uma onça de polpa de tamarindos (conceito: fruto (vagem) dessa árvore, usado em farmácia (sobretudo pelas suas propriedades laxantes) e como condimento (na preparação de doces e molhos; tamarinho, tamarino), meia onça de sal de glauba [?], e adoçasse com xarope de ruibarbo, uma onça. No sétimo dia e ainda sob o tratamento daquele remédio, o pulso continuava muito frequente, mas já não era tão frequente, como antes, alguma coisa mole, a língua, com tendência a escura. Deste modo, receitou e prevendo a degeneração e o abatimento, o cozimento de quina composto e sanapismos. Do sétimo, para o oitavo dia, fez grande mudança: principiou o delírio, e intercadências no pulso, o abatimento aumentou […]. De imediato, mandou pôr-lhe vesicatórios nas pernas, renovar-lhe os sanapismos, ao cozimento de quina composto, juntou em cada porção, que tomava, que eram duas onças de 3 em 3 horas; meia onça de tintura de quina espirituosa e duas oitavas de tintura de Valeriana volátil. Contudo, não houve melhoria, porque os sintomas continuaram, até aumentaram. Além dos remédios já prescritos, receitou um elixir antifebril de Huxan [?], duas onças, com duas onças de Tulipo [?] Autoro [?] e uma onça de moscado, para tomar às colheres de hora a hora, e um forte cozimento de quina, marcela, em que juntasse, para duas libras, meia onça de Necoriana [?] e uma oitava de Alkali [?] volátil, para lhe darem três mezinhas, em cada dia. Depois de lhe darem estes remédios, a doença cedeu, e no décimo dia, estabeleceram-se as evacuações alvinas em grande abundância e diminuíram os subsultos dos Vendões [?], e as forças regressaram. Continuou com os mesmos remédios, até ao dia 13, em que já não existiam subsultos, as Petéquias desapareceram, a língua principiou a limpar-se, e o pulso a erigir-se. Cedeu à utilização do elixir, cânfora e morco [?]. […]. No dia 16, já tinha melhoras decisivas e só deixou o doente, com o uso de cozimento de quina composto, duas vezes ao dia, e suspendeu os clisteres. Com este remédio, o doente, até ao dia 23, restabeleceu-se, e nessa altura, mandou-o levantar-se. [Im. 3022_0005, 3022_0006, 3022_0007, 3022_0008 e 3022_0009] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75233 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75234 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75235 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75236 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75237 No dia 20 de agosto, o médico foi ao Pragal, a casa de Domingos da Silva, trabalhador, ver a sua filha, de 27 anos, de idade, de natureza muito robusta, e vida bastante exercitada, dado que era lavadeira. Há 4 dias tinha adoecido. Estando a lavar, sentiu muitos arrepios de frio, por todo o corpo, depois febre, estando esta, até à noite. Refere que, desempenhava o seu trabalho de lavadeira, no Sítio da Romeira. À noite, quando veio para casa sentiu frio e dor, entre as últimas costelas, no lado esquerdo, que dificultava a respiração. Já tinha chamado um cirurgião que lhe receitou um purgante e óleo de amêndoas doces, com unguento de alteia, para fomentar o lugar da dor […]. Apesar da toma dos remédios, a doente encontrava-se pior da dor e da febre. Perante aqueles sintomas, o médico foi chamado e o estado em que a encontrou, foi o seguinte: tinha pulso frequente e pequeno, a língua muito seca e vermelha, com afta inflamatória, pelo meio; devido à dor, não se conseguia mexer e quando tossia, ficava com uma espécie de convulsão; expetoração com veios de sangue. Receitou uma fomentação de tintura de cantaridas, bem forte, no lugar da dor, e que terminando a fomentação, deviam pôr-lhe a massa cáustica, em cima, afim de abreviar o mais possível, o efeito do cáustico, e para tomar o cozimento das espécies peitorais, a que mandou juntar, em duas libras, duas onças de maná (conceito: suco resinoso e açucarado que encerra manitol e que escorre, espontaneamente ou por incisão, do tronco ou dos ramos de diferentes espécies de freixos e de outras árvores, sendo usado, para diferentes fins) e uma onça de polma de tamarindos. O cáustico, no fim de 3 horas, principiou a fazer flitena (conceito: bolha na pele que contém um líquido seroso, geralmente causada por queimadura), e, no fim de horas, cortou-se, porque a doente não podia, além da aflição da dor, sofrer o incómodo do cáustico. Assim que se curou, e sossegou do ardor do unguento, a doente sentiu diferença nas melhoras, relativamente à dor, em virtude de conseguir respirar e não sentia tanto incómodo, quando tossia. Continuou com o tratamento, dando à doente, um pleuris inflamatório, tendo pensado em mandar sangra-la, por causa da natureza e moléstia da doente; porém, como o tratamento ia no quarto dia e havia escarros sanguíneos e purulentos, compreendeu não estar no devido tempo e poderia surgir algum abatimento, em tempo, pois são necessárias todas as forças, e com auxilio, para a decorção [?] da matéria, e a explosão. Portanto, receitou-lhe o mesmo cozimento […], como expetorante; a moléstia seguiu a ordem natural, estabeleceu-se a expetoração purulenta, misturada com sangue e a evacuação inferior, na mesma ordem, não trazendo sangue. Só no oitavo dia, receitou o xarope de alhos, duas onças; xarope de diacódio, uma onça; oximel (conceito: bebida composta de água, vinagre e mel) selítico, uma onça, para tomar às colheres, porque diminuiu, um pouco, a expetoração. A natureza obedeceu a este uso; e a expetoração continuou da mesma forma. O cáustico teve grande descarga; continuaram as evacuações alvinas e a doente, por sorte, restabeleceu-se, dado que, no dia 15 de setembro deixou-a, por convalescente. [Im. 3022_0012, 3022_0013, 3022_0014, 3022_0015 e 3022_0016] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75240 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75241 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75242 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75243 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75244 No dia 12 de novembro, visitou a casa de António José Calafate, morador, na vila, afim de ver o seu filho, 9 anos, de idade, que há meses, estava doente. Dois cirurgiões o haviam tratado. Um tratou-o como se fosse uma constipação e o segundo tratou-o, como se tratasse de sezões (conceito: febre intensa e intermitente). Quando tomou conta do menino, o que tinha, eram vermes. Tinha o pulso pequeno e frequente, todos os dias tinha acréscimo de febre, mas irregular, em horas e em extensão. Tinha as pupilas muito dilatadas, o ventre meteorizado, até tinha caído grande parte do cabelo, grande comichão no nariz, tinha muita vontade de comer e o ventre estava livre. Mandou que tomasse, todos os dias, 3 grãos de clamiolanos (?) de riverio (?), pela manhã, em jejum, e de tarde, mandou que tomasse uma infusão de hortelã. Este remédio não surtiu nenhum efeito. A seguir, usou de infusão de folhas de pessegueiro e das sementes de Alexandria e, no fim, tomou um purgante de infusão de sene tartarizada e com estes evacuou muitas fezes e algumas lombrigas. Continuou com o mesmo remédio mais 6 dias e, no fim, repetiu o purgante, e teve grande evacuação de vermes […]. Foi necessário parar com o uso destes remédios, porque se conservavam no estômago. Mandou-o vomitar com um seropulo de Ipecacuanha (conceito: planta de porte herbáceo ou subarbustivo, da família das Rubiáceas, nativa das florestas tropicais americanas, pode atingir cerca de 30 centímetros de altura e tem flores esbranquiçadas e frutos bacáceos vermelhos, sendo as raízes, com propriedades eméticas, antidisentéricas e anti-inflamatórias, utilizadas para fins terapêuticos; ipeca), dado em porções de 4 grãos […]. Saíram três lombrigas grandes, cada uma tinha mais de meio palmo [...]. Mandou-o tomar clisteres de aloé socotrino (?). Depois de ter iniciado a toma destes remédios, em conjunto, com os clisteres, começou a deitar quase todos os dias grande porção de vermes tão pequenos, que, a maior parte deles, não chegaram a ter meia polegada, e alguns teriam duas ou três linhas. Continuou com este tratamento durante 20 dias e, de cada vez, que saiam os vermes, o doente ia adquirindo forças e, ao mesmo tempo, diminuindo todos os sintomas. Com sorte, restabeleceu-se perfeitamente, até ao dia 11 de janeiro próximo, dia em que o deixou de visitar. [Im. 3022_0016, 3022_0017, 3022_0018, 3022_0019 e 3022_0020] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75244 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75245 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75246 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75247 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75248 Finaliza, realizando uma tabela, na qual, observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos, chuvas e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1801. [Im. 3022_0021] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4953&FileID=75249 Médico: José Joaquim Alvares.
No diário médico do ano de 1802, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando diversas situações clínicas, entre as quais, a de: pai de José António, morador, na Trafaria. O senhor estava doente havia 3 meses, 59 anos, de idade, acamado, sem se poder mexer, há mais de 2 meses […]. No início da doença, fez uso de banhos aromáticos, por conselho de um particular, mas ficou pior. Querendo saber a causa desta paralisia, o médico procurou aconselhar-se, junto de vários autores, nomeadamente, sobre os especialistas em espinha vertebral; queria determinar se o defeito ou causa tinha origem em alguma vértebra. Contudo, não conseguiu encontrar nenhuma deformidade ou sensibilidade extraordinária. O doente alegava que esta moléstia teria principiado, por um frio excessivo, que o tinha tolhido, e que, pouco a pouco, tinha perdido o movimento da cintura para baixo. Mandou que fizesse fomentações de tintura de cantáridas, por todos os membros paralíticos, e que pusesse um vesicatório, que cobrisse as últimas vértebras lombares, e se estendesse sobre o osso sacro […]. A supuração (conceito: produção ou corrimento de pus) foi muito breve, porque ao terceiro dia a cicatriz estava seca […]. A seguir, mandou que pulverizasse o unguento com as cantáridas em pó. No dia da terceira visita, o doente reclamou contra a aplicação do segundo vesicatório, dizendo, que antes preferia ficar paralítico por toda a vida, que continuar, com o uso de tal emplastro. O pouco tempo, que o referido emplastro esteve, foi suficiente, para novamente se restabelecer alguma supuração, que durou 3 dias. O doente ficou escandalizado com o remédio e despediu o médico. Porém, passados 10 dias, voltou a chamá-lo, dado que se encontrava muito melhor, por causa do uso dos vesicatórios, que tanto tinha detestado e, por isso, queria que o acabasse de curar. Mandou novamente pôr-lhe outro vesicatório, no mesmo lugar. Entretanto, o tratamento durou vinte e tantos dias, em cujo tempo desenvolveram-se os movimentos; por sorte, só com o uso de vesicatórios e alguns purgantes salinos, recuperou os seus movimentos e, com o tempo, fortificaram-se. [Im. 3023_0003, 3023_0005, 3023_0006 e 3023_0007] Disponível em: No dia 20 de julho, foi chamado para ver Maria da Conceição, 45 (?) anos, de idade, moradora, em Caparica, gozando de perfeita saúde, e sendo uma pessoa robusta, foi “atacada” por uma febre intermitente. Anteriormente, o cirurgião já tinha sido chamado para a assistir, e receitou-lhe um catártico que diminuiu a violência dos acessos subsequentes. Passados alguns dias piorou, pois teve evacuações excessivas que, em poucas horas, puseram a doente em grande perigo. Após aquele tempo, o médico foi chamado, e a doente estava de cama, depois de ter tomado, no dia anterior (19 de julho) um purgante. Tinha uma cor amarela que mais parecia infiltração, que icterícia, não só na cara, como, em todo o corpo. O aspeto não parecia a bílis. O pulso era lento, as turinas raras, as dejeções involuntárias, não falava, sem grande dificuldade, a respiração fraca e entrecortada de suspiros profundos, de vez em quando, alguns soluços. A região gástrica, principalmente, o epicôndilo direito, parecia ter perdido a sua elasticidade e, reparou que o braço e mão do mesmo lado estavam como [?]. Na sequência de informação do cirurgião (quis perceber, não fosse provocado por algum engano na receita), asseguraram-no que a causa teria sido o purgante, feito de folhas de sene, ruibarbo, Maná, sal de Glauber e isto, em doses ordinárias […]. Devido aos sintomas, a doente sofria de uma atonia do fígado […]. De acordo com estes pontos de vista, a indicação mais urgente era reanimar a ação dos órgãos. Assim, prescreveu uma forte decocção de quina em bom vinho, para lhe dar às colheres, misturada com cânfora, clisteres de infusão de cabeças de Marcela e meliloto (conceito: planta herbácea, da família das Leguminosas, aromática, tem caule ereto, folhas oblongas, com as margens denteadas e pequenas flores amarelas dispostas em cimeiras axilares, sendo cultivada, pelas suas propriedades medicinais e para uso em perfumaria; trevo-de-cheiro), além de, fomentações na região torácica com cânfora, óleo de marcela e vesicatórios sobre as pernas. Os efeitos destes diferentes remédios foram tão felizes que, ao terceiro dia da sua aplicação, apenas existiam algumas nódoas amarelas. O olhar era mais animado, o pulso mais forte e mais igual, a respiração natural e o soluço tinha desaparecido. O restante tratamento foi a continuação do uso da infusão de quina em vinho, como brando tónico e, em breves dias, a doente restabeleceu-se. [Im. 3023_0011, 3023_0012, 3023_0013 e 3023_0014] Disponível em: No dia 17 de setembro, foi chamado, para ver Francisco José, 18 anos, de idade, morador, em Cacilhas. Ofício: marítimo. Adoeceu com frio e febre. Tinha a face vermelha e os olhos estavam também vermelhos, o pulso muito frequente, a língua muito saburrosa, o ventre constrito e falta de evacuações. Receitou-lhe a saturação do Alcali (conceito: em QUÍMICA: Hidróxido solúvel em água), com sumo de limão, a que juntou três grãos de tártaro emético, para duas libras de água. Com este remédio, vomitou […]. Como percebeu, que se tratava de uma febre biliosa, continuou o tratamento, por meio de delecentes (?) e leves evacuantes. A febre não subiu, porém, também, não diminuiu. A língua passou a estar mais amarela e o doente foi diminuindo as suas forças. Passou a dar-lhe cozimento de chicoriácea, com meia onça de quina, para duas libras de cozimento. Esperava alguma mudança: o doente abateu as suas forças e, por isso, receitou o cozimento de quina composto, clisteres de infusão de Marcela, sinapismos (conceito: cataplasma feito à base de mostarda, que se aplica sobre a pele, e que é usado, sobretudo, para aliviar ou combater afeções pulmonares, devido aos seus efeitos relaxantes e anti-inflamatórios) e, ao nono dia, mandou pôr vesicatórios. Com estes remédios, o doente passou a estar prostrado […]. Ao fim de 14 dias, o delírio, a surdez e a língua negra desapareceram e começou a dar sinais de crise perfeita: sobreveio a soltura de ventre e com diminuição dos remédios, o doente melhorou, tendo se restabelecido, no dia 23, dia em que o mandou levantar-se. [Im. 3023_0014, 3023_0015 e 3023_0016] Disponível em: Finaliza, realizando uma tabela, na qual, observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos, chuvas e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1802. [Im. 3023_0017] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4954&FileID=75269 Médico: José Joaquim Alvares.
No diário médico do ano de 1799, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando diversas situações clínicas e uma delas é a de Joaquina Rosa, 18 anos, de idade, moradora, no Pragal, débil e magra, teria adoecido, no dia anterior à observação médica (dia 24 de janeiro), tendo sido vista pelo cirurgião, que a mandou sangrar no pé. Um mês antes, a doente teve alguns acréscimos de febre, que curou com um emético e um purgante. A seguir, ficou bem, apesar de lhe faltar, no mês anterior, o fluxo mensal. Na primeira vez, em que o médico a viu, queixava-se de dor de cabeça que, não teria diminuído com a sangria. Tinha uma grande prostração de forças e o abatimento muito considerável. O pulso estava pequeno, fraco e irregular, a língua estava coberta de uma crosta amarela, muito espessa e, por informação dos assistentes, soube, que, na madrugada tinha sangrado grande porção de sangue, querendo examinar com mais pormenor. Afinal, percebeu que, pela cor, teria havido engano; teria sido o vómito bílis muito corado e não sangue. Isto combinou com os sintomas precedentes, pensando que a dor de cabeça era simpática e produzida pela comunicação do oitavo par de nervos com os ramos do nervo auditivo e, por isso, podia classificar esta moléstia por uma cefalgia biliosa. Atendendo ao grande abatimento em que se encontrava a doente, mandou que lhe pusessem dois cáusticos nas pernas e passadas duas horas, deveria tomar um seropulo de epicacuanha, em doses de seis grãos, até vomitar. À segunda porção que tomou, vomitou muita bílis amarela e verde. No dia 27 estava um pouco melhor: pulso um pouco erigido, a dor de cabeça diminuiu e o abatimento não era tão grande; porém, a crosta da língua estava quase a mesma. Os vesicatórios tinham levantado grandes flitenas (conceitos: bolha na pele que contém um líquido, geralmente causada por queimadura ou pústula contendo linfa ou líquido seroso). No dia seguinte, tomou o resto da epicacuanha pois pensou ser suficiente, dado que, no dia anterior, a natureza não estava disposta, e teria bastado igual porção. Porém, não foi preciso mais que a primeira dose de seis grãos, para vomitar muita bílis e de qualidade igual, ou ainda pior, que a do dia antecedente; com este segundo vomitório teve melhoras muito vantajosas, pelo que suspendeu a supuração dos vesicatórios e no dia 30 tomou um catártico. Obrou bastante e com facilidade e no dia 4 de fevereiro repetiu outro emético, com o qual lançou muita bílis; porém, já de boa qualidade. A doente ficou de dieta por mais alguns dias e teve o seu restabelecimento em muito pouco tempo. [Im. 3020_0005, 3020_0006 e 3020_0007] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75106 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75108 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75110 A 27 de maio foi à Sobreda, ver um homem chamado José António, 50 anos, de idade, de vida saboriosa (conceito: semelhante a laborioso, que labora, diligente, ativo), que tinha icterícia. Este doente, meses antes, teve uma febre aguda […] que degenerou em febre intermitente irregular, tendo sido acompanhada de icterícia, de elevação, na região hepática e dureza, que bem denotava obstrução no fígado. De forma a curar esta moléstia, o doente utilizou (sem resultados): os cozimentos de plantas saponáceas, os sucos das ervas, águas minerais, eméticos, unguentos desobstruentes, porque a obstrução aumentava, dia pós dia, e o doente estava em tal estado, que o volume do fígado o perturbava de ter a respiração perfeita, e de poder dormir horizontalmente. Sendo a falta de repouso, grande causa de prostração de forças e vendo que os narcóticos não eram contraindicados, prescreveu, para tomar à noite, uma onça de xarope de diacódio (conceito: xarope preparado a partir de extrato de ópio). Dormiu alguma coisa; no dia seguinte teve a excreção renal mais abundante e mais corada. Mandou que fizesse uso diário da infusão das cabeças das dormideiras (conceito: planta herbácea, lactescente, da família das Papaveráceas, espontânea em Portugal, tem folhas denteadas, flores grandes de coloração variada e frutos capsulares de que se extrai o ópio) e que adoçasse com meia onça do mesmo xarope. Utilizou durante dois dias, no fim dos quais, receitou um emético catártico […]. Com o emético catártico, teve grande evacuação de bílis negra e inferiormente não foi menor. Continuou no uso dos narcóticos, como antes, e principiou a diminuir a cor do doente, e o volume do fígado, as fezes a serem mais amarelas, pois eram negras, e a urina que era branca, a fazer-se mais corada. Como a natureza abraçou estes remédios, continuou no mesmo uso, pelo espaço de 20 dias, intercalando somente dois catárticos brandos, com os quais, conseguiu o perfeito restabelecimento do doente. [Im. 3020_0008 e 3020_0009] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75111 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75113 A 27 de setembro, foi chamado à Trafaria, para ver Joaquina Inácia, 17 anos, de idade, temperamento fleumático, vida pouco exercitada, magra, muito débil, havia alguns meses que não era embaraçada, o pulso era frequente, mas pouco e pequeno, a língua natural, o estômago e o ventre elevados, com dores por todo o corpo, principalmente, no estômago, dificuldade em obrar. Tratou-a como tendo uma febre alta ou dismenorreica, lembrando-se de curar a doente por desembaraçar as primeiras vias e inferiormente. A doente tomou 3 onças de infusão, de sene tartarizada (conceito: designação comum, extensiva a diversas plantas, de diversas famílias (sobretudo das Leguminosas), cujas folhas e/ou os frutos são usados para fins medicinais pelos seus efeitos purgativos), evacuou alguma coisa, mas pouco…o médico mandou fazer um cozimento de marroios, poejos e artemísia ou infusão, juntando-lhe a dedaleira, em pequenas quantidades. Contudo, não melhorou. Por isso, mudou os remédios: uso de pílulas feitas de extrato de marroios, aloés, ferro e arnica. Durante 4 dias, tomou este remédio mas não passou melhor. Lembrou-se que o sangue podia deixar de sair, ou por falta de abundância e força, ou por grande resistência, que se encontre nas bocas dos vasos uterinos e próximos. Daí que lhe receitou remédios opostos. Convencido que os remédios receitados eram suficientes, para provocarem alguma mudança e o facto de não terem feito algum efeito, mandou que a doente usasse clisteres de cozimento de plantas emolientes; fizesse um cozimento das mesmas plantas e que tomasse banho nele, cobrisse a região renal e para beber somente uma limonada nítrica, para diminuir o excitamento, causa da toma dos primeiros remédios. Usou este método durante 6 dias, próximo tempo em que costumava ser menstruada e ao sexto dia teve a demonstração de sangue. […]. Repetiu o referido método mais 3 meses, e foi quanto bastou, para ter boa cor e saúde perfeita. [Im. 3020_0012, 3020_0013 e 3020_0014] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75118 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75119 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4951&FileID=75121 Finaliza, realizando uma tabela, na qual observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1799. [Im. 3020_0015 e 3020_0016] Disponível em: Médico: José Joaquim Alvares.
No diário médico do ano de 1800, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando algumas situações clínicas, entre as quais, destaca a de: Maria Inácia. Foi chamado a assisti-la, no dia 18 de janeiro. Moradora em Cacilhas, 14 anos, de idade, temperamento delicado, magra, pescoço comprido. Há 2 meses que estava doente, tendo iniciado a sua doença com uma constipação, tendo desprezado, no início. Surgiu-lhe o ajuntamento de vício de primeiras vias que lhe causou vómitos e dores por todo o corpo. Obrigou-a a chamar o cirurgião. Este receitou um vomitório, algum purgante e cozimentos, que continuou por muito tempo, sem, contudo, melhorar. Durante algum tempo, não tomou nenhum remédio, até que surgiu o aumento de febre, dor de cabeça e por todo o corpo, o que fez com que fosse necessário chamar o médico. Os sintomas eram: o pulso frequente e pequeno, à tarde, a febre aumentava, dor no peito constante, com tosse e expetoração de matéria purulenta, o ventre constrido (conceito: constrangido, apertado) e tardo (conceito: lento, retardado), muita magreza e debilidade. Atendendo aos sintomas verificados à diuturnidade da moléstia, pensou que se tratava de uma febre contínua, remitente, e que seria difícil o êxito desta; porém, como a expetoração não era verdadeiramente purulenta e faltavam outros sintomas que poderia caraterizar por incurável. Assim, receitou cozimento das species peitorais com quina, uso de clisteres laxantes e deveria colocar um vesicatório no peito. O uso destes remédios por 8 dias fizeram com que os escarros com mais abundância, fossem mais sintáticos, a dor no peito e a tosse diminuíram um pouco. Sobreveio o tempo da menstruação e aqui não usou nenhum remédio. Apesar de continuarem a diminuir os sintomas funestos, aos 15 dias de tratamento, a febre tinha remitências perfeitas, a tosse era muito menor, a expetoração quase natural; contudo, havia muita debilidade. Neste sentido, utilizou alimentos de muita nutrição, entre os quais, leites, saleas [?] e carnes tenras, não deixando de utilizar os remédios peitorais e tónicos. As melhoras foram progredindo, até que, no dia 27 de fevereiro deixou de visitar a doente, por não ser necessário. [Im. 3021_0005, 3021_0006 e 3021_0007] Disponível em: Comunica que, durante os meses de junho e seguintes, na vila e arredores (Mutela, Caramujo, Piedade e Pragal), houve uma grande epidemia de febres intermitentes de todas as espécies […], querendo examinar a causa legítima da mesma; porém, não conseguiu compreender nem ter o conhecimento exato da causa. Constata que, durante esse tempo e por aqueles locais consumiram alguns alimentos estragados, dando o exemplo de: bacalhau e feijão, acrescentando que, algumas pessoas não comeram daqueles alimentos. Observa que, durante o verão não existiram águas estagnadas e afirma que, com o mesmo tempo atmosférico e com uma distância de cem passos, entre vários sítios, não consegue explicar a razão porque em determinados locais aconteceu a epidemia e noutros, não houve nenhum doente com semelhante moléstia. Compreende que, em pequenas povoações surgiram mais de 300 doentes de febres daquela ordem; porém, com tanta felicidade, que todos se curaram através do mesmo método e muito simples. Iniciou o tratamento com eméticos, de acordo com os sintomas e a debilidade do indivíduo; tártaro emético ou de epicacuanha mas uma só vez, ou duas até três; em caso de grande turgência de bílis: passar a tomar um electuário feito de três onças de quina, uma oitava de sal amoníaco, duas oitavas de sal de losna, um seropulo de ruibarbo e nove onças de xarope de Macela. Este electuário terá sido dado 4 vezes ao dia, na dose de meia onça, de cada vez, fez efeitos imediatos, que foi quase certo ser suficiente uma só das receitas, para se desvanecerem as febres intermitentes, e quando não sucedia deste modo, o motivo seria por desordem do doente. Entre tantas doenças, não houve nenhuma digna de se descrever circunstancialmente, dado que todas elas seguiam a ordem vulgar de todas as moléstias. Algumas apresentavam-se com maior aparato e sintomas mais críticos; porém, aconteciam dado a complicações existentes, algumas devido a gravidezes, outras devido a vícios venéreos, escorbúticos ou outros quaisquer. Afirma que faleceram dois doentes, dá o exemplo de: António Joaquim Vergasta, assistente, na rua da Oliveira, 40 anos, de idade, muito debochado em todo o género de vício […]. Aconselhado por particulares, tendo, por fim, tomado duas onças de aguardente com sumo de limão e pimenta pisada. Depois de tomar isto, foi-se deitar ao sol. Segundo o médico, foi tal a sessão, que a doença durou 38 horas, tendo terminado com a vida do doente. [Im. 3021_0010, 3021_0011, 3021_0012 e 3021_0013] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4952&FileID=75174 Finaliza, realizando uma tabela, na qual observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente com os ventos e tempos mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1800. [Im. 3021_0017] Disponível em: Médico: José Joaquim Alvares.
No diário médico do ano de 1807, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando algumas situações clínicas, entre as quais, a de: mulher de Silvestre José, 23 anos, de idade. O médico terá sido chamado, para assisti-la, no dia 3 de janeiro. Ao observa-la, constatou que, a senhora teria dado à luz, havia 3 dias, apesar de, no tempo de gravidez ter passado muito incomodada. Neste dia, teve muita febre, com arrepios de frio. Sendo natural, neste período de tempo, ter febre derivado ao leite, não teve qualquer receio; contudo, a febre não desapareceu, pois não só, a mesma continuou, como teve progressos rápidos, porque o leite, em vez de procurar as glândulas mamárias, espalhou-se pelo corpo, tendo tido, o seguinte resultado: o ventre meteorizou-se, as extremidades enfartaram-se e estabeleceu-se uma diarreia de matéria láctea, ao oitavo dia. Quando, mais tarde, viu a doente, esta delirava, tinha o pulso impercetível, a grossura dos braços era monstruosa e a matéria láctea era muito abundante. Tudo isto, obrigou o médico a usar um emético e mandou dar 20 grãos de ipecacuanha em pó, dividida em 2 papeis, para tomar um e decorrida 1 hora, tomar outro. Com este remédio, vomitou muito. Mandou também, que dessem à doente, 2 onças de óleo de amêndoas doces, em 2 grãos de quermes, e suficiente quantidade de xarope de alteia, para tomar às colheres. No dia 9, voltou a vomitar. Depois de vomitar, os braços diminuíram de volume, o pulso erigiu-se muito, os lóquios que se tinham suprimido, apareceram, pouco a pouco, e a diarreia diminuiu. Embora houvesse melhoras, a doente continuava em grande abatimento, pelo que, no dia 12, repetiu o mesmo vomitório e com este teve igual ou maior descarga e os resultados foram iguais. Nos dias 13 e 14, a doente descansou. No dia 15, receitou um evacuante composto de 2 oitavas de folhas de sene, 2 onças de Maná e 2 oitavas de sal de Glauber. Este último remédio foi repetido no dia 18, e foi o suficiente, para a doente ficar restabelecida de uma moléstia tão grave. Restava-lhe algum edema e debilidade de estômago e, para isto prescreveu infusão fria de quina que tomou e, por fim, a doente ficou bem. [Im. 3028_0005, 3028_0006 e 3028_0007] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75377 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75378 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75379 No dia 4 de março, foi chamado, para observar Maria Teresa, 19 anos, de idade, moradora, em Caparica. Temperamento forte e sanguínea, que estava no sexto mês de gravidez (grávida pela primeira vez). Ao observa-la, verificou que a senhora estava deitada sem ordem, na cama. Tinha os olhos abertos; porém, o olhar era espantado, queixo fechado, a boca cheia de espuma, os membros inflexíveis, e não dava nenhuma demonstração de os sentidos terem tido algum exercício. À primeira vista, pensou tratar-se de uma epilepsia. Contudo, depois de perguntar aos assistentes, se os referidos ataques eram habituais, percebeu que, de facto, tratava-se do primeiro espasmo. Assim, refletindo na palidez do rosto, na extinção de respiração quase completa e na fraqueza da pulsação das artérias, concluiu ser um ataque convulsivo diferente dos epiléticos. Os assistentes informaram-no, que a doente, havia dias em que comia pouco e queixava-se de não ter bom gosto na boca, vómitos, dores de cabeça e aflições interiores. Para evitar isto, foi sangrada. Reparou que a maxila inferior e todos os membros da doente moviam-se convulsivamente, principalmente, os olhos, que pareciam ter movimento circular muito rápido, nas órbitas. Teve vómitos de matéria amarela e espessa e este estado durou perto de 2 horas. Sintomas como: atonia e prostração foram consequências de um acesso tão longo e forte. Nessa tarde, mandou tomar uma emulsão de sementes frias com xarope de diacódio e clisteres laxantes. De noite, teve 3 acessos pequenos, em que só a maxila inferior e os braços tinham sido afetados. De manhã, aquando da sua visita, a doente tinha um leve delírio, atormentada, com náuseas contínuas, dores de cabeça violentas e dores esporádicas, na região lombar e ventre, que pareciam anunciar a proximidade do parto. As referidas dores eram acompanhadas de movimentos convulsivos, que terminavam num vómito bilioso. Tinha o pulso pequeno muito comprimido, intercadente e irregular, a língua ferida pelos dentes, nos movimentos convulsivos, e coberta de uma crosta viciosa, o ventre desembaraçado, por causa do uso efetuado, no dia anterior, com os clisteres, a urina clara e transparente. Pensou que devia tratar o estômago dos humores acres e estimulantes que continha e que, na opinião do médico, era a causa principal de tantas crises de espasmos. Prescreveu: emético de ipecacuanha e tártaro [?] em pequenas doses. A seguir, vomitou […] e teve mais um acesso convulsivo igual aos dias antecedentes, com a diferença de durar somente 5 minutos. Seguiram-se: sonolências, mas com pouca duração, dado que as dores lombares e uterinas a despertavam. [...]por não ter evacuado, mandou que lhe dessem 2 oitavas de cremor de tártaro, desfeitas em água, que originou 2 dejeções biliosas. Na noite seguinte, não teve vómitos nem convulsões. As dores abdominais foram menos frequentes e menos fortes. No dia seguinte, a doente estava consciente. Tinha a cara mais corada, os olhos naturais e quietos, o pulso regular e as dores do abdómen eram suportáveis. No dia 11, purgou-a com um laxante, que obrigou a ter bastantes dejeções biliosas. Posteriormente, as melhoras foram progredindo, até ao dia 23 do mesmo mês; dia em que teve um novo ataque convulsivo, apesar de não ser tão grande. Para este ataque, prescreveu: tintura tebaica e água de canela espirituosa, para tomar em doses ordinárias, com o que se restabeleceu. Após 15 dias, deu à luz, com muita facilidade e felicidade, e tanto neste período de tempo, como mais tarde, não voltou a ter nenhum indício de repetição de semelhante moléstia. [Im. 3028_0008, 3028_0009, 3028_0010, 3028_0011, 3028_0012 e 3028_0013] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75380 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75381 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75382 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75383 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75384
No diário médico do ano de 1813, o médico Dr. José António Morão, inicia a sua exposição, afirmando e cita-se: “A Medicina, este ramo, tão útil, tão importante, da filosofia, não teria adquirido a celebridade, de que hoje goza, não teria chegado ao grau de perfeição, que se lhe conhece em nossos dias, não seria imerecido o nome de ciência, se homens infatigáveis, se médicos possuídos da maior filantropia, e do mais ardente zelo, pelo bem da humanidade, não tivessem tomado o trabalho de juntar factos dispersos, de coligir, e transmitir à posteridade observações, sobre as coisas, que dão lugar às moléstias, sobre os sintomas com que estas se apresentam, marcham e progridem, sobre aqueles que anunciam sua feliz, ou infeliz terminação, e finalmente, sobre método curativo, que, com melhor sucesso empregarão, ou que melhor efeito lhe surtiu, em aliviar ou livrar a humanidade do aflitivo peso da enfermidade. Todavia, estas observações seriam insuficientes, e ficaria frustrado o árduo trabalho de tão dignos escritores, se eles deixassem de ser sobremaneira atentos às circunstâncias do clima, de temperamento, e modo de vida próprio do país, em, o qual, foi empreendida sua relevante tarefa, ou deixassem de mencionar estas importantíssimas circunstâncias, que ensinam o método filosófico e pensador, que, com dignidade exerce a sua profissão no mesmo, ou em outro clima alheio, e diverso, como deve, em casos análogos àqueles, cuja descrição tem à vista, seguir mais ou menos estritamente, modificar ou variar as regras de tratamento médico, que aproveitarão, quando manejadas por seus colegas”. Refere as vantagens do trabalho prático, principalmente, se os factos que servem de lição e de guia, metodicamente expostos, são acontecimentos verificados, na mesma região e na mesma terra, em que o médico tem que prestar a sua ajuda médica aos enfermos. Menciona a história anual das doenças, esporádicas e epidémicas que são observadas fielmente e coligidas, com todos os seus apêndices e guardadas de uns, para outros anos, sendo útil, para enriquecer a ciência médica de factos, no sentido de formar o médico observador, em suas ideias […]. Afirma que, aos médicos da Câmara, da vila de Almada, foi-lhes imposto o dever de enumerar as moléstias, que ocorrem em todas as estações de cada ano, referindo os sintomas, particularizando aqueles casos mais relevantes, expondo o método curativo empregue, juntando numa tábua meteorológica, onde na mesma, sejam observados os pontos máximo, médio e mínimo, do peso do ar, calor da atmosfera, chuvas e ventos, mais destacados, em cada um dos meses do ano, conseguindo, desta forma, demonstrar o constante carácter e modificação das moléstias, relacionando com o fator da constituição atmosférica das estações. [Im. 3029_0005, 3029_0007 e 3029_0008] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75401 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75403 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75404 O médico Dr. José António Morão afirma que, primeiro, dará uma relação das moléstias que, em cada mês são apresentadas, as suas causas e tratamentos e, por fim, fará uma descrição de alguns diários de moléstias, considerados mais importantes. O presente trabalho é dividido em duas secções e a meteorologia será referenciada, na parte final do trabalho. Secção I - Relação sumária das moléstias desenvolvidas em cada mês, as suas causas em geral, e o seu tratamento: Meses de fevereiro e março: 1.º Catarros, devido ao frio da estação e tratados com sudoríficos; 2.º Falsos e verdadeiros pleurises, devidos também ao frio e tratados com antiflogísticos (conceito: que combate a inflamação ou a febre), raras vezes, sangria; 3.º Febres remitentes gástricas […]. Tratados com eméticos, laxantes, tónicos e estimulantes. As suas causas foram o frio e alimentos impróprios; 4.º Bexigas. A sua causa é o contágio e o seu tratamento, quando antiflogístico e evacuante, foi proveitoso e nocivo; 5.º Sarampo. A sua causa é o contágio e o seu tratamento: antiflogístico, sudorífico e evacuante; 6.º Hemiplegia (conceito: perturbação da mobilidade que consiste num défice total ou importante da capacidade de efetuar movimentos voluntários, incidente, nos membros de uma metade do corpo). A sua causa é o frio, inércia e bebidas torpentes. Tratamento: estimulantes; 7.º Histerismo grave […]. Aparecimento de um herpes e paixões deprimentes. Cura: nervinos, anti-histéricos e rubefacientes (conceito: que causa vermelhidão); 8.º Sarna. Causa: contágio. Cura-se com depurantes. Mês de abril: 1.º Catarros. Causa e tratamento, como, no mês anterior; 2.º Pleurisias e pneumonias. As suas causas, as mesmas que, em fevereiro e em março. Nenhum doente chegou a ter pneumonia. O seu tratamento foi indicado e relativo a todas as diferenças, circunstâncias e condições dos enfermos; 3.º Febres em menor número, mais benignas que, no mês de março, ainda que a origem seja de natureza gástrica; 4.º Anginas gástricas, devidas ao uso de alimentos impróprios e a supressões de transpiração - cediam facilmente a um emético e a gargarejos emolientes; 5.º Bexigas, geralmente, em menor número e mais benignas que, em março, exceto num caso, que foi fatal - tratamento idêntico; 6.º Diarreias - devidas a indigestão, que cederão a vomitório; 7.º Obstruções de fígado e de baço, provenientes de intermitentes sofridas, no verão e outono passado. Curam-se com os solventes próprios das entranhas afetadas; 8.º Paralisia. Dá o exemplo de uma mulher de 60 anos, de idade. Dependeu de um torpor em origens nervosas dos músculos da perna. Recuperou, em parte, os movimentos interrompidos, sendo tratada, com nervinos internos e externos; 9.º Bubão (conceito: intumescência dos gânglios linfáticos da virilha, observada em algumas doenças sexualmente transmissíveis e na peste bubónica) venéreo. Devido a infeção primitiva. Cura: aplicação de tópicos mercuriais; 10.º Tosses convulsas. Causa: contágio e frio. Remete, para o mês de maio. Mês de maio: 1.º Catarros, pleurisias falsas e verdadeiras, muito menos e mais benignos; 2.º Tosses convulsas que se agravaram mais neste mês, talvez, em razão da constituição atmosférica. Tratamento: emético; 3.º Dispneia idiopática, devida a tubérculos […]; 4.º Hemoptise (conceito: expetoração de sangue proveniente de hemorragia dos órgãos respiratórios) venosa, devida a má formação do tórax; 5.º Dois casos de convulsões, um, devido a vermes, e, portanto, curado com antelmínticos (conceito: medicamento que serve para combater os vermes parasitas), o segundo, dependente de uma constituição de moderadas menorragias e, sobretudo, de afeções morais. Tratamento: aplicação de pílulas de flores de zinco e valeriana e banhos de mar; 6.º Bexigas; 7.º Anginas. A maior parte gástricas e outras inflamatórias. Causa: exposição ao ar frio. O tratamento é o mesmo do mês anterior. Mês de junho: 1.º Pneumonia. Dá o exemplo de uma senhora, de 56 anos, de idade, que esteve perto de sucumbir, mas foi salva, através de remédios peitorais, quina, oximel selítico, xarope de alhos, elixir e vesicatórios volantes […]; 2.º Tosses convulsas. Tanto se desenvolveram nos meses anteriores, como, no presente mês. Apesar da generalidade do contágio, refere uma situação fatal de um menino de 20 meses. Afirma que os vermes tiveram grande parte na determinação da última doença, bem como, na primeira; 3.º Apoplexia mental. Refere a situação de uma mulher de 82 anos, de idade, temperamento de sensibilidade aumentada. Fortes desgostos causaram a doença. O tratamento posto, em prática, não a salvou; 4.º Anginas. As mesmas causas, tratamento e terminação, que, nos meses anteriores; 5.º Bexigas. Todos os afetados foram benignos, exceto dois, num afetou a febre e, o segundo, teve a bexiga confluente, trabalhosa, com uma obstrução no fígado e baço; 6.º Sarampo. Tratamento: meios antiflogísticos. Mês de julho: 1.º Apoplexia. Causas: morais. Tratamento: eméticos, clisteres catárticos e estimulantes, excitantes internos e externos dos nervos; 2.º Hepatite. Exemplo: falecimento de um doente em que as suas causas foram, principalmente, a intemperança em bebidas; 3.º Intermitentes. Cura: simples eméticos ou com plantas amargas e quina, depois da ação do emético. Mês de agosto: 1.º Bexigas e sarampo; 2.º Intermitentes. Nada de notável a assinalar nos seus sintomas e curativo. A condição foi benigna. Tratamento: mistura de casca de carvalho e macela em pó; 3.º Aborto. Temível, pela enorme hemorragia que causou. Exemplo: uma senhora, delicada e de temperamento sensível. Após a expulsão do feto, teve gula e sonhos aterradores. Conseguiram suspender a hemorragia, desenvolvendo, pelo meio da debilidade geral, pelo torpor uterino e pela retenção de fezes numa febre que foi curada. Mês de setembro: 1.º Bexigas e sarampo. Continuaram como, nos meses anteriores; 2.º Febres adenomeníngeas (conceito: relativo a meningite). Produzidas pelo calor da estação e terminavam com êxito. Tratamento: evacuantes, tónicos brandos, tais, como: genciana, taráxaco, água fria e quina; 3.º Gota atónica. Mês de outubro: 1.º Embaraços gástricos, resultantes das frutas da estação. Tratamento: emético; 2.º Febres adenomeníngeas. Causas e tratamento, iguais ao mês anterior; 3.º Reumatismos crónicos. Origem: lombalgias e ciáticas. Afetaram, principalmente, os habitantes de lugares baixos e húmidos, e os expostos continuadamente às intempéries do ar. Tratamento: tópicos resolutivos, acrescentando-se, raramente, internos sudoríficos, purgantes, cozimentos de guaiaco e banhos quentes; 4.º Dispepsias (conceito: dificuldade em digerir, com dor e sintomas de desconforto; indigestão). A maior parte delas eram idiopáticas (conceito: inflamação simultânea de vários nervos de diferentes regiões do organismo, em geral, por causas tóxicas ou infeciosas), outras, porém, sintomáticas de origem histérica. Cura: paliativa e radical. Tratamento: amargos, aromáticos e solventes; 5.º Cólica saturnina. Tratamento: fomentações emolientes aplicadas no ventre, e para, uso interno, emulsões, a seguir, catárticos pela boca e pelo ânus e, por fim, fricções estimulantes pelo cólon, braços, espinha dorsal e abdómen. Proibiram os ácidos na dieta; 6.º Paralisia. Exemplo: um homem de, 70 anos, de idade, que abusava do café e que tinha sido, por muitos anos, reumático. Tratamento: nervinos, cefálicos e estimulantes internos e externos. Restituíram ao doente o uso da perna afetada, mas não do braço. Mês de novembro: 1.º Diarreias, sobretudo, em pessoas de 74 e 76 anos. Causa: frio, alimentos maus, torpor de sistema absorvente intestinal. Tratamento: adstringentes; 2.º Escarlatina e esquinências (conceito: antiga designação de amigdalite). Todas de espécie benigna, que, apenas exigiam um emético, no princípio; na continuação, um catártico e, em alguns casos, um aporético, em que a doença procedia do frio. Tratamento: gargarejos, vapores emolientes, aplicações tópicas, mais ou menos, resolventes, mais ou menos, estimulantes, sendo precedido e acompanhado do uso de catárticos, principalmente, dos calomelanos (usado, como purgante); 3.º Pleurisia (conceito: inflamação da pleura). Desprezo, no princípio, das evacuações sanguíneas e, em razão disso, terminavam, com a supuração. Tratamento: aplicação de sanguessugas, na parte correspondente à dor. Causa: frio; 4.ª Insulto histérico. Dá o exemplo de uma senhora que, havia 2 anos, sofria da referida doença. Causa: ar frio e húmido. Tratamento: estimulantes, designados, como anti-histéricos e cerveja. Mês de dezembro: 1.º Tinha [?] branda. Degeneração de uma febre meníngo-gastrica remitente, a qual, derivou da exposição muito continuada ao frio; 2.º Hepatite. Tratamento: sanguessugas, vesicatório, na zona do fígado, cozimentos de taráxaco, marroios brancos, ácido nítrico alcoolizado, pílulas de taráxaco e calomelanos; 3.º Pneumonia. Exemplo: mulher de 82 anos, de idade. Causa: frio da estação. Tratamento: incitantes pulmonares. A doente faleceu; 4.º Paralisia de braço e músculos faríngeos, dependendo da afeção hipocondríaca. Tratamento: uso de estimulantes e vesicatórios, na região abdominal; 5.º Afeções catarrais e reumáticas. Causa: frio. A cura foi efetuada, pela mesma ordem de meios, já mencionado, anteriormente, em outros lugares, nas presentes observações. [Im. 3029_0009, 3029_0010, 3029_0011, 3029_0012, 3029_0013, 3029_0014, 3029_0015, 3029_0016, 3029_0017, 3029_0018, 3029_0019, 3029_0020 e 3029_0021] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75405 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75406 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75407 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75408 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75409 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75410 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75411 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75412 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75413 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75414 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75415 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75416 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75417 Secção II - Descrição de algumas moléstias antecedentes: Menciona que as bexigas se desenvolveram, durante os meses de fevereiro e março, acrescentando, tratar-se de uma moléstia terrível e, algumas vezes, fatal; quando tratada, através de um plano estimulante. Alerta os pais de família, para o perigo que correm, ao exporem os seus filhos à possibilidade de serem vítimas da doença: bexigas. O médico deve convencer os pais de família, na qual, se manifesta a febre variolosa, para a necessidade de os doentes serem vistos, imediatamente, que a doença os invada. Relata a situação clínica de José, filho de José Nunes, morador, na vila de Almada, de 7 anos, de idade, temperamento sanguíneo, a sofrer de febre variolosa. Não tendo sido sujeito a nenhum tratamento medicinal, foi tratado com uma dieta abundante, acompanhada de vinho generoso. Na sequência da bexiga estar seca, desenvolveu-se uma violenta febre, com delírio, dor e constipação de ventre. Ao 17.º dia, foi chamado um cirurgião, o qual, observando sinais de abatimento, tratou a febre, por meio de estimulantes externos e internos, sem, contudo, existir melhorias. Quando o médico foi chamado, encontrou o doente prostrado, cara sumida, ventre elevado e muito sensível, grandes dores em todo o corpo, grande calor ao tato, muito frio, respiração acelerada e pulso muito pequeno […]. Queixava-se da garganta, mas engolia, sem maior dificuldade. Não tinha aversão aos caldos e tendo estado o ventre, havia dias, constipado, solicitou um clister emoliente, a duas evacuações alvinas fétidas e líquidas, uso de cozimento antifebril de [?] e colocação de dois cáusticos, em supuração, cada um, em sua perna, os quais parecia terem sido aplicados somente, por estimulo. Informado de tudo, anteriormente transmitido, a falta de evacuações (no início da moléstia) e os erros cometidos na dieta, teriam sido a causa de ter surgido uma inflamação, nos intestinos, a qual, poderia, em tempo, ser combatida, por antiflogísticos, mas, não, nesse momento, mas sim, quando a gangrena estava presente, na língua, em axilas e quando a diminuição exaltada, sensibilidade de ventre, lhe indicava, haver aquela estabelecido tão bem. Considerou continuar o plano de tratamento excitante e antissético adotado pelo cirurgião e, para isso, ordenou o uso de cozimento de quina composto com ácido vitriólico e túlio canforado, clisteres de quina, macela e arruda, gargarejos do mesmo, com mel rosado, e aplicação de fios molhados, em linimento, feito de tintura de quina e mirra, com quina e cânfora, sobre a parte ulcerada […]. Ao 24.º dia, o doente piorou. Porções de língua se destacavam ao mais ligeiro toque, os dentes caíram, acompanhados de descargas espontâneas de ventre. No final do 25.º dia, o doente não quis tomar nem caldos nem remédios. Faleceu, na manhã, do 26.º dia (18 de março). Saliente-se que, a este pai, anteriormente, faleceram outros 3 filhos, com a mesma doença. [Im. 3029_0024, 3029_0025, 3029_0026 e 3029_0027] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75420 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75421 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75422 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75423 Finaliza, realizando uma tabela, na qual, observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente, com os ventos e qualidades de tempo mais gerais, tendo, em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de março e dezembro de 1813. [Im. 3029_0046 e 3029_0047] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75442 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4960&FileID=75443 Médico: José António Morão.
Entre 1785 e 1786, o médico Gaspar Lopes Henriques de Chaves, realiza um diário de observações clínicas, no qual, efetua uma breve descrição sobre a saúde pública. Menciona a limpeza da cadeia de Almada e, em particular, as moléstias a que os habitantes estão sujeitos, principalmente, as crianças. Relaciona a localização baixa de certos lugares, tais como, Caramujo, Mutela e Piedade, com o problema da estagnação de águas, dado que provocam doenças; para além disso, refere o facto dos mesmos beberem água de poços, embora refira a boa qualidade da água da Fonte da Pipa. Destaca a importância do clima (excesso de frio, variação do ar e vento), quer para o agravamento de algumas patologias, quer, para acompanhar com a prescrição terapêutica (sangrias, purgantes, soro de leite composto, com plantas, tisanas expetorantes, remédios feitos de flor de enxofre, narcóticos - láudano, ópio, entre outros) de algumas doenças. Inclui ainda o uso das águas termais das Caldas da Rainha, das de Banieres, em França, das de Bath, em Inglaterra, muito indicadas, para problemas de reumatismo. Ressalva algumas doenças esporádicas, nomeadamente, o reumatismo, a asma, a gota e a apoplexia. Receia o aparecimento de epidemias, recordando que, em 1732 e 1733, o aparecimento de uma tosse cruel e seca, tendo se espalhado, por França, Inglaterra, Holanda, Escócia e Alemanha. Realiza um diário de análise, entre janeiro, fevereiro e março (im. 6); outro, entre março e abril (im. 11) e, o último, entre abril, maio e junho (im. 15). Descreve as doenças, das quais, os pacientes sofrem, designadamente, o exemplo de Bernarda, 54 anos, sofre de fortes ataques de asma que a sufocavam e, por isso, é sujeita a vapores, coloca os pés em água bem quente, 2 vezes, pelo espaço de 20 minutos, em cada sessão. A seguir, fará sangrar o pé e o braço, simultaneamente. Remédio: dar flor de enxofre. [Im. 6210_0001, 6210_0002, 6210_0003] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74299 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74300 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74301 [Im. 6210_0006, 6210_0007, 6210_0008, 6210_0009, 6210_0011, 6210_0012, 6210_0013, 6210_0014 e 6210_0015] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74304 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74305 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74306 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74307 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74309 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74310 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74311 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74312 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74313 [Im. 6210_0026 e 6210_0027] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74324 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74325 Em Almada, a 1 de março, do ano de 1788, o juiz vereador José Pedro de Sequeira, assina um documento designado, como o termo de impugnação, ao diário de observações clínicas. Neste documento critica negativamente, afirmando que o médico Gaspar deveria ter efetuado uma descrição das doenças epidémicas doutrinais e, em vez disso, limitou-se a escrever as doutrinas gerais, sem qualquer ordem; ainda acrescentando que, deveria ter efetuado as histórias de todas as moléstias, pela sua raridade ou pelos sintomas. Estes deveriam ter tido mais atenção. E, no final, deveria contemplar uma lista de mortos ocorridos naquele ano. [Im. 6210_0107, 6210_0108, 6210_0109, 6210_0110, 6210_0111 e 6210_0112] Disponível em: http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74405 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74406 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74407 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74408 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74409 http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=85315&FileID=74410 Médico: Gaspar Lopes Henriques de Chaves. Em anexo, termo de impugnação ao diário das observações, escrito pelo vereador mais velho.