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Os documentos afetos à secção A "Ação pastoral e assistencial" (certidões de ofícios e mandados, um parecer e uma carta de Kalley) refletem o pedido de Robert Reid Kalley para importar da Grã-Bretanha exemplares da Bíblia, traduzida em português, bem como medicamentos para distribuição gratuita aos pobres. Os documentos revelam, igualmente, a preocupação do governo pelo facto de "num reino católico", "um leigo, estrangeiro e seguidor de doutrinas heterodoxas", ler e interpretar as "Sagradas Escrituras" sem a devida autoridade eclesiástica, preocupação essa que desencadeou a implementação da Portaria de 26 de abril de 1841, que ordena ao bispo eleito do Funchal que as tome medidas necessárias para fazer cessar as palestras religiosas proferidas por Kalley. Clarificam, por fim, que tendo Kalley prometido ao bispo interromper as reuniões em casa, apenas alguns meses depois comunica, na sua carta de 9 de agosto de 1841, que irá retomar a leitura da Bíblia no domingo seguinte, dia 15 de agosto.
A secção B "Intimação, ação judicial e detenção", a que reúne maior volume documental, abarca certidões de ofícios, cartas e mandados que refletem as intimações feitas pelas autoridades a Robert Kalley para efeitos de suspensão de palestras, reuniões e discursos aos súbditos portugueses sobre matérias religiosas . Os documentos ilustram, também, o descontentamento de Kalley face à intimação de 17 de março de 1843 e ao edital do governador civil que proibia, expressamente, as práticas de cariz religioso, motivando o escocês a protestar contra a perseguição de que era alvo e o ataque à sua liberdade religiosa, a denunciar o comportamento das autoridades portuguesas e a publicar, um mês depois, o folheto intitulado "Exposição de factos". Além do mais, retratam o pronunciamento de Kalley pelos crimes de blasfémia, heresia e promoção da apostasia, a negação de fiança pelo juiz, a detenção do britânico em julho de 1843 e a saída da cadeia do Funchal em janeiro de 1844, aquando da obtenção do provimento do Tribunal da Relação de Lisboa no agravo que interpôs pela denegação de fiança.
A secção C "Diligências sobre os escritos de Kalley" é composta por recortes de imprensa contendo textos da autoria de Robert Reid Kalley, bem como certidões de ofícios, cujo conteúdo faz alusão aos apelos das autoridades administrativas para a necessidade de implementação de medidas legais eficazes no controlo e extinção do "foco de heresia" e de propagação de doutrinas "contrárias" à religião Católica.
A secção D "Seguidores da igreja presbiteriana escocesa" contém certidões de ofícios que fazem referência aos tumultos ocorridos a 16 de setembro de 1844, no Lombo das Faias, freguesia de Santo António da Serra, julgado de Santa Cruz, despoletado por Nicolau Tolentino Vieira, criado de Robert Reid Kalley. Outros documentos reportam às medidas de averiguação, autuação e detenção de indivíduos seguidores da igreja presbiteriana escocesa por possuírem escolas a funcionar em Santa Cruz e Machico, nas quais o material de ensino em uso era fornecido por Kalley. Aludem à preocupação das autoridades pela chegada à Madeira de William Herritson, pregador protestante, bem como pelo facto de muitos populares de Santo António da Serra não quererem voltar à religião católica. Por fim, fazem menção à violência praticada contra muitos seguidores daquela igreja e à necessidade urgente de adoção de medidas que façam cessar a propaganda protestante e a angariação de novos prosélitos para a igreja presbiteriana.
Os documentos da secção E "Tumultos de 9 de agosto de 1846" referem-se à narração dos acontecimentos de 9 de agosto de 1846 na Madeira, decorrentes da revolta popular contra o britânico Robert Reid Kalley, acusado de propagar entre o povo português "doutrinas contrárias às consagradas pela religião do Estado", revolta essa que culminou na sua fuga da Madeira.
Os documentos da secção F "Constituição da Comissão" resultam da atividade do conselheiro, ministro e secretário de Estado António José de Ávila, como encarregado da Comissão de inquérito aos tumultos de 9 de agosto de 1846. Nomeado por Decreto de 5 de setembro de 1846, António José de Ávila deslocou-se ao Funchal a 12 de setembro de 1846, na qualidade de comissário do governo do Reino, para indagar e conhecer os factos ocorridos no dia 9 de agosto de 1846, motivados pela revolta popular contra o escocês Robert Kalley. A Comissão tinha por objetivo a implementação de medidas administrativas e policiais, de modo a "reparar devidamente o mal ocorrido" e "extirpar todas as causas". (1) Esta secção compreende documentos de diferentes tipologias: correspondência, registo de correspondência, alvarás, apontamentos, mapas, documentos de nomeação de António José de Ávila e instruções confidenciais. (1) Decreto de 5 de setembro de 1846.